Coletâneas de Amor – vol 02

Escrita porRay Dias
Revisada por Mariana

Faixa 4 • Quando Bate Aquela Saudade

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

“Olha bem mulher, eu vou te ser sincero. Quero te ver de branco, quero te ver no altar. Não tem medo não, eu sei vai dar errado. A gente fica longe, e volta a namorar depois.”
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2020.

  As risadas gostosas de Flávia ecoavam pela casa enquanto Peter corria atrás dela numa brincadeira infantil, que os dois ora ou outra faziam, de fugir das massas de bolo batidas em conjunto e pingadas em suas faces um pelo outro.
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  O telefone de Flávia tocou e numa pausa forçada, Peter sentou-se ao braço do sofá lambendo a colher de massa e os dedos. Ela pegou o aparelho e atendeu olhando para o namorado, sem dar-se conta de, por quem era feita a chamada.
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  — Alô!
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  — Flá? Tudo bem? É o Jão!
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  — João? – ela perguntou confusa deixando o sorriso que dava ao namorado esmorecer.
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  O olhar trocado entre ela e Peter foi de um homicídio culposo ao amor secreto à confissão sincera do crime. Peter ficou olhando-a, desde os trejeitos até o apertar nervoso dos lábios dela ao telefone. Havia encontrado. Era ele, era João o fantasma de Flávia. E era ele quem agora, fazia Peter estremecer de medo. Enquanto o passado estivesse distante, Peter não tinha o que temer, mas agora, o problema era que o passado sempre foi mais presente do que ele poderia imaginar. Era Peter quem agora estava extremamente apavorado.
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  — Entendo... Claro, claro que eu vou, João! Você já contou para todo mundo?... Ah, sim... Pode mandar sim, eu ainda moro no mesmo endereço... Sim, estou bem, e vocês?... Ah que ótimo! Peter manda um abraço. Sim... Quem sabe, não é? Então tá... Boa viagem! Até a vinda!
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  Flávia desligou a chamada e encarou suas mãos por um momento longo de silêncio. Aos pouquinhos e devagar foi se dando conta do ramo de sentimentos no seu peito, e o sorriso travesso foi surgindo em sua face. Peter que ainda a observava atento, bufou fundo, bufou sem medo de mostrar a contrariedade, e encarou o chão.
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  — Era o João. – ela falou se aproximando do namorado.
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  — É. Era o João. – ele assimilou como se afirmasse algo diferente dela.
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  — Ele está voltando para o Brasil com a Marcela.
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  — Hm...
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  — E... Eles vão casar.
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  Os olhos tristes e distantes de Peter aos poucos subiram para encarar o rosto de Flávia. Ela sorria tranquila, como se estivessem acabado de sair de um banho quente num dia frio. Havia algo que ele desconheceu ali. Peter, agora que sabia quem era a “esperança” de Flávia, quem era seu adversário, sentia um medo descomunal. Ele estava fora de seu conforto, fora de suas bases e seguranças.
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  — Ele já contou para todos os nossos amigos de infância e está enviando os convites. Vai enviar o nosso.
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  — Quando é o casamento?
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  — Ele não disse. E ele ficou feliz com o abraço que você mandou. – Flávia falou com tom brincalhão e provocante.
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  — Eu não mandei abraço nenhum.
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  — Mas ele ficou feliz. Ele perguntou se estávamos juntos e eu disse que sim, e ele ainda falou que podíamos nos casar também.
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  O rosto irritado de Peter por escutar a voz melodiosa de Flávia narrar a ligação de seu amor do passado não pôde evitar encará-la surpreso.
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  — O que você disse?
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  — Eu respondi... “Quem sabe, não é?”.
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  Ele não estava se referindo à resposta que ela havia dado. Ele na verdade estava confuso, mas ouvir aquele “quem sabe” fez seus olhos encherem de lágrimas que ele segurou.
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  — Está falando sério, Fla?
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  — Eu não sei, eu nunca fui pedida.
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  — Eu não podia pedir.
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  — Por quê? – o tom brincalhão dela era quase sádico.
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  — Porque você nunca me deu sinais de que estaria tudo bem.
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  — Eu assumo. Eu estou apaixonada por você faz é tempo, e eu disse que te amava menos do que queria, eu acho... Mas, a verdade é que eu tinha medo de fazer planos futuros com você e...
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  — O João voltar. – ele interrompeu duro, olhando os olhos dela.
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  — É não vou negar que um pouco disso. Mas, recentemente, do ano passado para cá, eu tinha mais medo de que esses planos se tornassem uma fantasia irreal.
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  — Irreal por quê? Olha o tempo que eu estou ao seu lado só esperando você me dizer que seu coração tem espaço para mim...
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  — Por isso mesmo... E se eu dissesse e você entrasse nele, e visse que não tem nada demais nesse coração a ponto de descobrir que esperou todo tempo por tão pouco?
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  — Definitivamente você não sabe o tamanho do meu amor, Fla.
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  Peter da irritação que sentia já não tinha mais traço algum, na verdade ele estava rindo. Um riso que se tornou risada, uma risada que se tornou gargalhada. E os dois ficaram rindo de si, e do triste fato que se João tivesse ligado antes falando algo daquele tipo para Flávia, tanto Peter quanto ela teriam se tocado que não havia fantasma algum há tempos. E que na verdade eles estavam só vivendo um dia após o outro há tanto tempo, sem darem-se conta, de que não havia mais um só dia em que os dois não fossem um.
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  — E agora? – Fla perguntou.
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  — Hm...
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  Peter pensou e pegou o telefone do bolso, abriu num aplicativo de música, digitou uma canção, e aos acordes primeiros deixou o aparelho entre eles. Flávia encarava o rosto do namorado, com quem morava junto há um ano na sua casa, reconhecendo aquela música. Aos poucos Peter aproximou-se dela, beijando seus lábios de forma calma e delicada. O beijo se transformou em abraço, o abraço que se apoderou do corpo dela no colo dele, e que ao som da voz cantarolada de Peter gerou uma confissão:
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  — Olha bem mulher, eu vou te ser sincero. Quero te ver de branco, quero te ver no altar...
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  Uma confissão que gerou uma dança divertida e romântica na sala, uma dança que foi envolvida pelo cheiro doce da baunilha invadindo a casa, e que por pouco não os fez esquecer o bolo que estava no forno.
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FIM
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