Capítulo 5
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Nos dias seguintes, a escola se encheu de energia com os preparativos para a feira cultural. %Keumhee% e %Woodz% dividiram as responsabilidades, transformando a sala dos professores em uma espécie de centro de operações para o evento.
No primeiro dia, eles organizaram o recebimento das inscrições dos alunos. %Keumhee% era um mar de paciência, ouvindo cada estudante com atenção enquanto eles explicavam suas ideias e projetos. Sua maneira gentil e encorajadora fazia com que até os mais tímidos se sentissem à vontade. %Woodz%, mais reservado, focava em registrar as informações e validar os detalhes técnicos, garantindo que tudo estivesse em ordem. Ele não pôde deixar de admirar a forma como %Keumhee% conectava-se tão facilmente com os alunos, mesmo tentando ignorar o calor que isso despertava nele.
No segundo dia, ambos trabalharam na triagem das inscrições. Sentados lado a lado, discutiam quais projetos estavam prontos para serem aprovados e quais precisavam de ajustes. %Keumhee% insistia em dar oportunidades a alunos que ainda estavam desenvolvendo suas habilidades, argumentando com paixão que a feira era uma chance de aprendizado. %Woodz%, inicialmente mais rígido, acabou cedendo, contagiado pelo entusiasmo dela. Ele percebeu que, embora pensassem de maneiras diferentes, havia algo incrivelmente harmonioso na forma como colaboravam.
No terceiro dia, os dois se dedicaram a responder dúvidas dos alunos. Enquanto %Keumhee% explicava com gestos animados e um sorriso constante, %Woodz% mantinha sua abordagem objetiva, mas surpreendeu-se ao perceber que os estudantes começaram a procurá-lo mais, talvez influenciados pela presença inspiradora de sua colega. Ele tentou ignorar o quanto a presença de %Keumhee% estava começando a mexer com ele, mas a forma como ela ria ao ajudá-lo a resolver pequenos contratempos, ou como parecia iluminar qualquer ambiente em que entrava, tornava cada vez mais difícil se manter indiferente.
À noite, enquanto organizava os papeis sozinho, %Woodz% se pegava pensando nos pequenos detalhes dela:
o entusiasmo ao falar de arte, o jeito cuidadoso com que tratava cada aluno, e até o perfume floral que ela sempre usava. Ele balançava a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, lembrando a si mesmo que estavam ali para trabalhar.
Mas, a cada dia, ele sentia que a tarefa mais difícil não era organizar o evento, e sim conter o crescente encanto que %Keumhee% despertava nele.
🎀🎀🎀
%Woodz% caminhava em direção ao estacionamento, o dia cansativo finalmente chegando ao fim. Com a pasta em uma mão e o celular na outra, ele percorria os corredores silenciosos da escola. A essa hora, quase todos já tinham ido embora, mas, ao passar pela sala de artes, um leve brilho o chamou a atenção. A luz estava acesa, e, ao espiar pela porta entreaberta, viu %Keumhee% lá dentro.
Ele parou, hesitando por um momento. Do lado de fora, encostado no batente, ele a observou. Ela estava tão absorta no que fazia que parecia nem perceber a presença dele. Com um pincel delicado entre os dedos, ela pintava com concentração, o rosto próximo à tela, enquanto um pequeno sorriso se formava em seus lábios.
A cor
rosa dominava a tela. Era um tom vibrante, cheio de vida, que combinava perfeitamente com o jeito dela. Cada pincelada parecia contar uma história; havia uma leveza no movimento de sua mão, mas também uma intensidade que ele não havia percebido antes.
Por um instante, %Woodz% se pegou sorrindo. Ela parecia completamente no seu elemento, como se aquele fosse o lugar onde mais pertencia. Era diferente do ambiente de trabalho, onde ela era meticulosa e prática. Aqui, havia algo mais livre, mais íntimo.
Ele não sabia por quanto tempo ficou ali, apenas observando. A cada detalhe que notava — o laço rosa no cabelo preso, a pequena mancha de tinta em sua bochecha, o brilho de satisfação em seus olhos enquanto dava mais uma pincelada — ele sentia a barreira que vinha tentando manter se desfazer um pouco mais.
Finalmente, ele limpou a garganta, chamando suavemente:
— Trabalhando até tarde, senhorita %Lim%?
%Keumhee% se sobressaltou ligeiramente, virando-se na direção dele. Ao vê-lo parado ali, relaxou e sorriu, com o pincel ainda na mão.
— Ah, professor %Cho%! Não esperava companhia a essa hora.
— Eu poderia dizer o mesmo — respondeu ele, entrando na sala. — Não sabia que tinha o hábito de pintar fora do horário de trabalho.
— Às vezes, as ideias simplesmente vêm, sabe? E eu não gosto de deixá-las escapar. — Ela apontou para a tela, com as bochechas levemente coradas. — É algo para o evento. Achei que um toque de cor poderia inspirar os alunos.
%Woodz% aproximou-se, os olhos fixos na pintura. Ele não entendia muito de arte, mas havia algo na tela que parecia pulsar vida, exatamente como ela.
— Rosa de novo? Você realmente tem algo com essa cor, não é?
Ela riu, ajeitando o laço no cabelo.
— Não consigo evitar. Rosa é alegria, é paixão, é esperança... tudo que eu quero transmitir.
Ele a olhou, mais atento do que gostaria, e murmurou:
%Keumhee% o encarou com uma expressão curiosa, mas antes que pudesse perguntar, ele desviou o olhar, fingindo examinar a tela.
— Bem, parece que você está no caminho certo. Mas não deveria ficar tão tarde aqui sozinha.
— Obrigada pela preocupação, %Seungyoun%. Só mais alguns retoques e já vou embora.
— Certo. Vou esperar para garantir que você vá direto para casa — respondeu ele, com um tom firme que não permitia contestação.
%Keumhee% piscou, surpresa, mas não pôde deixar de sorrir ao perceber o quanto ele parecia mais atencioso do que deixava transparecer.
%Woodz% hesitou por um momento antes de entrar completamente na sala. Fechou a porta suavemente atrás de si e cruzou os braços, observando enquanto %Keumhee% voltava a pintar. Ela parecia à vontade novamente, como se a presença dele não a incomodasse nem um pouco.
Depois de alguns minutos de silêncio, ela perguntou, sem desviar os olhos da tela:
— Por que você sempre fica até tarde também, %Seungyoun%?
A pergunta o pegou de surpresa. Ele passou a mão na nuca, desviando o olhar momentaneamente para o chão.
— Acho que... — começou ele, mas parou, escolhendo as palavras.
%Keumhee% continuava pintando, mas agora parecia esperar a resposta dele com mais atenção. %Woodz% umedeceu os lábios, ponderando se deveria realmente responder ou apenas dar uma desculpa vaga. Mas algo no ambiente, talvez a vulnerabilidade que ela demonstrava ao se dedicar à arte, o encorajou a ser honesto.
— Porque não há muito esperando por mim do lado de fora. — Ele deu um sorriso sem humor, enfiando as mãos nos bolsos. — Minha vida fora daqui é... bem, digamos que é um pouco solitária.
%Keumhee% parou de pintar por um instante, virando-se para ele com a expressão suavizada. Não havia pena em seus olhos, apenas um interesse genuíno.
— Solitária como? — perguntou, com delicadeza.
%Woodz% suspirou, encostando-se a uma das mesas.
— Minha família é...
distante. A gente se fala, mas não é como se tivéssemos muita conexão. E amigos? Bom, a maioria já seguiu caminhos diferentes. Acho que o trabalho acaba sendo o lugar onde sinto que faço parte de algo.
%Keumhee% largou o pincel, agora completamente focada nele.
— Eu não imaginava... Você sempre parece tão focado, tão seguro de si.
Ele deu uma risada curta.
— Isso é o que acontece quando você se acostuma a manter tudo para si. No fim das contas, trabalho e rotina acabam sendo uma distração confortável.
%Keumhee% inclinou levemente a cabeça, como se estivesse tentando entender melhor.
— Mas você nunca tentou mudar isso? Fazer algo que o tire dessa... solidão?
%Woodz% a olhou nos olhos, surpreso com a franqueza dela.
— Acho que nunca pensei muito sobre isso. Talvez eu tenha me acomodado.
Ela sorriu de leve, voltando a pegar o pincel.
— Bom, então talvez a feira cultural seja um bom começo. Fazer parte de algo mais... humano, quem sabe?
%Woodz% ficou em silêncio, absorvendo as palavras dela. Algo sobre a simplicidade e sinceridade de %Keumhee% fazia com que ele se sentisse um pouco menos desconfortável consigo mesmo.
— Talvez você tenha razão — respondeu ele, finalmente.
Ela riu, um som leve e suave, voltando a pintar com um toque mais solto. Ele a observou em silêncio por mais alguns minutos, sentindo uma sensação estranha, como se algo dentro dele começasse a se abrir lentamente.
%Woodz% começou a andar pela sala, observando os trabalhos espalhados pelas mesas e prateleiras. Ele pegou algumas esculturas inacabadas, estudou desenhos pendurados em um painel e até analisou algumas paletas de cores. Era visível que ele tentava entender melhor o mundo que era tão natural para %Keumhee%.
Enquanto caminhava, seus passos o levaram de volta até ela. %Keumhee% estava completamente imersa na pintura, com o pincel deslizando pela tela em movimentos precisos e delicados. Ele parou bem atrás dela, observando-a por um momento em silêncio, fascinado pela leveza com que ela manejava as cores.
%Woodz% inclinou-se levemente para mais perto, o suficiente para que sua respiração fosse sentida no cabelo e nas costas de %Keumhee%. Ela congelou por um instante, surpresa pelo calor daquela proximidade. Um arrepio sutil percorreu sua espinha, tão discreto que ela se perguntou se ele havia notado.
— Rosa... de novo — ele disse, a voz baixa, quase um sussurro, próximo ao ouvido dela.
%Keumhee% estremeceu levemente, apertando o pincel um pouco mais forte entre os dedos. Virou a cabeça de lado, mas não completamente, ainda relutante em encará-lo tão perto.
— É... — Ela limpou a garganta, tentando manter o tom casual. — Rosa é uma cor cheia de possibilidades, sabe? Pode ser vibrante, delicada, ou até melancólica.
%Woodz% permaneceu onde estava, seu olhar ainda fixo na tela.
— Melancólica? Não parece muito o seu estilo.
Ela sorriu, um sorriso pequeno e tímido, ainda focada em sua pintura.
— Acho que todos temos um pouco de melancolia, mesmo quando preferimos focar nas cores mais alegres.
Ele ficou em silêncio por um instante, ponderando a resposta dela. Então, com um tom levemente provocador, disse:
— Você sabe que essa é a resposta perfeita para uma pergunta que não fiz, não sabe?
%Keumhee% finalmente virou a cabeça para ele, rindo suavemente, embora seu rosto estivesse ligeiramente corado.
— Talvez seja minha maneira de tentar te confundir.
%Woodz% ergueu uma sobrancelha, finalmente se afastando um pouco, mas não completamente.
— É uma tática interessante, professora %Lim%.
Ela voltou sua atenção para a tela, embora seu coração ainda estivesse acelerado pela proximidade. Ele permaneceu ali por mais alguns minutos, observando-a trabalhar, agora com um olhar mais contemplativo. Havia algo em %Keumhee% que o puxava como uma corrente invisível, e ele começava a perceber que não seria fácil se desvencilhar disso.
🎀🎀🎀
%Woodz% olhou ao redor, percebendo que havia materiais espalhados por toda a sala. Ele se aproximou de uma mesa cheia de pinceis e tubos de tinta e começou a organizá-los sem dizer nada. %Keumhee% o observou por um momento, surpresa, mas logo sorriu e voltou ao trabalho, sentindo-se agradecida pela ajuda inesperada.
— Você não precisava fazer isso — disse ela, enquanto arrumava algumas telas menores.
— Não é como se eu tivesse algo mais importante para fazer agora — ele respondeu casualmente, colocando os pinceis em um suporte próximo.
Os dois continuaram guardando os materiais em um ritmo quase sincronizado, cada um focado em uma parte diferente da sala. Em certo momento, %Woodz% pegou uma caixa de tintas enquanto %Keumhee% se abaixava para recolher alguns papeis. Quando ela se levantou e ele se virou ao mesmo tempo, os dois se esbarraram.
Foi um momento rápido, mas que pareceu durar mais do que deveria. Os corpos colaram por um instante, e os narizes quase se tocaram. %Keumhee% arregalou os olhos, sentindo o calor dele tão próximo, enquanto o olhar de %Woodz% vacilava, indo dos olhos dela para seus lábios por uma fração de segundo.
— Ah... desculpe — ela murmurou, tentando dar um passo para trás, mas seus pés pareciam presos no chão.
%Woodz% também ficou paralisado por um momento, sua respiração tão próxima que fazia os fios soltos do cabelo dela se moverem levemente. Ele umedeceu os lábios, hesitante, como se estivesse tentando decidir se deveria dizer algo ou apenas se afastar.
— Não foi culpa sua — ele finalmente disse, a voz mais baixa do que o normal.
A proximidade era quase desconfortável de tão íntima, e, ao mesmo tempo, nenhum dos dois parecia com pressa de se afastar. %Keumhee% sentiu o coração acelerar, suas mãos ainda segurando alguns papeis enquanto ela tentava desviar o olhar dos olhos intensos de %Woodz%.
Por fim, ele deu um pequeno passo para trás, quebrando o momento, embora a tensão ainda pairasse no ar.
— Acho que já guardamos tudo, né? — ele perguntou, tentando soar casual.
%Keumhee% assentiu, embora sua voz saísse quase como um sussurro.
— Sim... está tudo pronto.
Os dois trocaram um último olhar antes de se afastarem completamente, ambos conscientes de que aquele instante havia sido mais do que apenas um simples esbarrão.
🎀🎀🎀
Do lado de fora da sala de artes, %Keumhee% trancava a porta enquanto %Woodz% esperava ao lado, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco. O silêncio entre eles era confortável, mas havia algo não dito pairando no ar desde o momento dentro da sala.
— Eu te levo para casa — ele disse de repente, sem encará-la diretamente, a voz baixa e quase hesitante.
%Keumhee% parou, as chaves ainda na mão, e olhou para ele com uma expressão surpresa e ligeiramente divertida.
— De novo? Eu não quero te incomodar.
— Não é incômodo. Já estou aqui mesmo — respondeu ele, tentando soar casual, mas seu tom traía um leve desconforto.
Ela sorriu, fechando a bolsa depois de guardar as chaves, e começou a caminhar ao lado dele em direção ao estacionamento. Enquanto andavam, a noite estava silenciosa, o frio da brisa fazendo-a ajeitar o cachecol ao redor do pescoço.
%Keumhee% se lembrou da conversa na sala de artes, especialmente de quando ele mencionou sua solidão. A lembrança a fez olhar para ele de soslaio, estudando a expressão neutra em seu rosto enquanto caminhavam sob as luzes amareladas do estacionamento.
Ela abriu a bolsa, pegando o celular para verificar as horas, e, impulsivamente, parou de andar, fazendo com que ele também parasse e a olhasse com curiosidade.
— O que foi? — ele perguntou.
— Nada — ela disse com um sorriso, guardando o celular de volta. — Eu só estava pensando... já que ainda não é tão tarde assim e você mencionou aquela coisa de ser solitário... o que acha de pararmos para comer alguma coisa? Talvez um soju ou uma cerveja para acompanhar…
%Woodz% arqueou uma sobrancelha, claramente pego de surpresa pela sugestão.
— Você quer sair para beber comigo?
— Por que não? — %Keumhee% respondeu com naturalidade. — Um pouco de companhia e comida boa nunca fizeram mal a ninguém.
Ele hesitou, claramente ponderando se deveria aceitar. Sua rotina geralmente envolvia ir direto para casa e evitar esse tipo de interação fora do trabalho, mas o sorriso dela era desarmante, e havia algo em sua espontaneidade que tornava difícil dizer não.
— Tá bom, mas só se você prometer que não vai me culpar por qualquer ressaca amanhã — ele brincou, finalmente cedendo.
— Fechado! — %Keumhee% disse, sorrindo amplamente.
Eles continuaram caminhando até o carro, o clima entre os dois mais leve e descontraído, como se aquele pequeno convite tivesse dissipado qualquer tensão que restava entre eles.
Enquanto %Woodz% dirigia pelas ruas de Seul, o silêncio no carro era quebrado apenas pelo som baixo da música que tocava no rádio. %Keumhee%, olhando pela janela, pareceu se lembrar de algo e virou-se para ele com um sorriso.
— Já pensou onde vamos parar? — ela perguntou.
— Não faço ideia — ele respondeu, rindo baixinho. — Você sugeriu, então acho que é sua responsabilidade decidir.
%Keumhee% inclinou a cabeça, pensativa.
— Hum, podemos ir a um bar tranquilo... Ou prefere algum lugar com comida tradicional?
%Woodz% olhou para ela de relance, divertido.
— Você tem mais energia do que parece para alguém que passou o dia inteiro trabalhando.
— Eu sou movida a bons momentos — ela retrucou com um sorriso, e depois estalou os dedos, como se tivesse acabado de ter uma ideia. — Que tal aquele pequeno restaurante de
tteokbokki na esquina da rua principal? É simples, mas o
tteokbokki deles é incrível, e eles servem soju.
Ele riu suavemente, balançando a cabeça.
— Você parece ter um carinho especial por lugares acolhedores.
— Claro! — %Keumhee% respondeu, animada. — Lugares assim têm mais alma, sabe? Sem frescuras, só boa comida e boas conversas.
— Parece justo — ele concordou, sorrindo levemente. — E, honestamente, acho que algo mais simples combina mais com a noite.
Ela assentiu, satisfeita, e então passou a dar as direções para o pequeno restaurante. A conversa fluiu naturalmente, ambos parecendo mais relaxados agora que o destino estava decidido.
%Woodz% olhou de canto de olho para %Keumhee% enquanto ela explicava animadamente como descobriu o restaurante. Algo na maneira como ela falava, cheia de paixão por algo tão simples, o fez sorrir sem perceber. Talvez aquela noite fosse diferente de todas as outras que ele costumava passar sozinho.
🎀🎀🎀
O carro parou em frente ao pequeno restaurante de
tteokbokki. A luz amarelada do letreiro iluminava a entrada simples, mas acolhedora. %Keumhee% desceu animada, respirando fundo o aroma que vinha da cozinha.
— Você vai adorar — ela disse, puxando a porta de vidro com um sorriso que parecia iluminar a noite fria.
%Woodz% a seguiu, tentando não reparar no quanto a empolgação dela era contagiante. Eles se sentaram em uma mesa próxima à janela, o ambiente aconchegante preenchido pelo som das panelas e risadas ocasionais dos outros clientes.
%Keumhee% pediu o tteokbokki e uma garrafa de soju, enquanto ele apenas observava, como se tentasse decifrá-la.
— Você deveria tentar escolher algo também, sabe — ela comentou, divertida, quando percebeu o olhar dele.
— Acho que vou deixar você ser minha guia por essa noite — ele respondeu, com um sorriso discreto.
Quando a comida chegou, acompanhada por pequenos pratos de acompanhamentos, %Keumhee% serviu o soju em dois copos. Ela levantou o seu, esperando que ele fizesse o mesmo.
— A um bom trabalho e a... boas companhias? — ela brincou, levantando a sobrancelha.
— Boas companhias, com certeza — ele concordou, batendo levemente o copo no dela antes de beber.
A conversa fluía facilmente entre uma mordida no tteokbokki e outra. Ela contou sobre como descobriu o restaurante com alguns colegas anos atrás, enquanto ele dividia pequenas histórias de sua infância e juventude. Apesar de reservado, %Woodz% começava a se abrir, algo na energia dela o deixando mais à vontade.
Ele, no entanto, não conseguia deixar de observá-la. A forma como ela ria de algo bobo que ele dizia, ou como ajeitava o laço rosa no cabelo distraidamente entre uma conversa e outra. Até mesmo os pequenos gestos, como ela limpando os dedos com um guardanapo após provar o molho picante, pareciam fasciná-lo.
%Keumhee% também notava detalhes sobre ele. A maneira como ele segurava o copo de soju com elegância, os traços fortes de seu rosto suavizados sob a luz amarela do restaurante, e o leve sorriso que surgia quando ele achava graça de algo.
Conforme a noite avançava e a garrafa de soju ia esvaziando, ambos estavam mais descontraídos, rindo de histórias que antes poderiam parecer sem graça. %Woodz% percebeu que estava sorrindo mais do que o habitual e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que o silêncio habitual de sua vida não fazia falta.
Quando o último pedaço de tteokbokki foi comido, %Keumhee% inclinou-se para trás na cadeira, suspirando satisfeita.
— Eu te disse que valeria a pena.
— Não vou discordar — ele admitiu, olhando para ela por um momento antes de pegar a conta.
Enquanto saíam do restaurante, o ar frio da noite os envolveu novamente. %Keumhee% abraçou os próprios braços, enquanto ele, mais uma vez, se pegava pensando em quanto ela conseguia transformar algo simples em algo especial.
— Pronta para voltar? — ele perguntou, abrindo a porta do carro para ela.
— Pronta. E obrigada por ter vindo — ela respondeu com um sorriso genuíno, entrando no carro.
%Woodz%, enquanto dava a partida, percebeu que a noite havia sido diferente de todas as outras. E, mesmo tentando resistir, ele sabia que algo dentro de si começava a mudar.
🎀🎀🎀
O carro deslizou suavemente pelas ruas tranquilas enquanto eles voltavam. A atmosfera dentro do veículo era diferente daquela de antes; não havia silêncio desconfortável, mas sim uma espécie de calmaria carregada de algo mais. %Woodz% mantinha os olhos na estrada, mas sua mente estava parcialmente presa à risada dela, ao brilho nos olhos que o acompanhara durante toda a noite.
Quando chegaram ao prédio de %Keumhee%, ele parou o carro e desligou o motor. A luz fraca do poste iluminava parcialmente o interior, criando um contraste entre sombras e pequenos reflexos nos rostos de ambos.
— Obrigada por hoje. Foi divertido, de verdade — ela disse, virando-se para ele, os olhos suaves e sinceros.
— Foi. Você tem bom gosto para lugares — ele respondeu, o tom casual, mas a intensidade do olhar dele revelava algo mais.
%Keumhee% soltou o cinto de segurança e hesitou por um segundo, como se decidisse algo em sua mente. Então, inclinou-se na direção dele, os lábios pressionando suavemente a bochecha dele em um gesto caloroso e inesperado.
%Woodz% ficou paralisado por um instante. O calor e a suavidade daquele toque o pegaram de surpresa, mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, virou o rosto por reflexo, exatamente quando ela estava se afastando. O movimento os deixou a poucos centímetros de distância, o ar entre eles carregado de eletricidade…
Os olhos dela encontraram os dele, arregalados por um momento, antes de suavizarem. Ele podia sentir a respiração quente dela contra seus lábios, o perfume delicado de seu shampoo misturado ao momento. Era como se o mundo ao redor tivesse parado, e os dois estavam presos em uma bolha particular, onde só eles existiam.
Então, sem pensar, ele diminuiu a distância. O toque inicial foi hesitante, como se ambos testassem o terreno. Os lábios se encontraram com uma suavidade inicial, mas logo se moldaram com uma mistura de urgência e curiosidade.
O beijo era quente, cheio de emoção contida. Ele sentiu o gosto doce do soju misturado com algo que era unicamente dela. Sua mão foi instintivamente para o rosto dela, os dedos deslizando pela pele macia, como se quisesse confirmar que aquilo era real.
%Keumhee%, por sua vez, deixou-se levar, sentindo o calor dele se espalhar por seu corpo. O beijo não era apenas um toque físico; era um encontro de algo mais profundo, algo que ambos estavam relutantes em admitir até então. Ela sentiu um arrepio subir pela espinha quando a mão dele tocou levemente seu pescoço, como se ele tivesse descoberto um segredo que nem ela sabia que tinha.
Quando finalmente se afastaram, ambos estavam ofegantes, os olhos arregalados como se tentassem processar o que havia acabado de acontecer. O silêncio no carro era denso, mas não desconfortável.
— Eu... — ele começou, mas a voz saiu rouca, e ele limpou a garganta antes de continuar. — Isso não estava nos planos.
%Keumhee% ainda sentia os lábios formigando. Ela riu baixinho, tentando aliviar a tensão, mas não conseguia esconder o leve rubor que subia por seu rosto.
— Acho que os melhores momentos nunca estão.
%Woodz% a encarou por mais um instante, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Ele sabia que aquele momento mudaria tudo entre eles. E, pela primeira vez em muito tempo, ele não sentia vontade de fugir.
%Keumhee% manteve os olhos fixos nos dele, o silêncio entre eles falando mais do que qualquer palavra poderia dizer. Havia algo no olhar dela, uma mistura de determinação e doçura, que o desarmava por completo.
Antes que ele pudesse reagir ou sequer pensar em dizer algo de novo, ela inclinou-se novamente, dessa vez levando a mão ao rosto dele, seus dedos tocando de leve sua mandíbula, como se pedisse permissão sem precisar dizer uma palavra. Então, seus lábios encontraram os dele mais uma vez.
Dessa vez, o beijo foi diferente, mais intenso, mais decidido. %Keumhee% se entregou completamente, sua outra mão indo para o pescoço dele, enquanto os dedos deslizavam suavemente por sua nuca, fazendo-o se arrepiar. %Woodz% não conseguiu resistir; suas mãos, que antes estavam repousadas ao lado, encontraram a cintura dela, segurando-a com firmeza, mas sem agressividade.
O toque entre eles se aprofundava, a conexão crescendo a cada segundo. Ele inclinou-se levemente, puxando-a para mais perto, até que não houvesse espaço entre os dois. Seus dedos se moveram para as costas dela, enquanto os dela traçavam pequenos círculos no pescoço dele, causando uma deliciosa mistura de calor e arrepio.
O beijo era uma mistura perfeita de paixão e ternura, um encontro de duas pessoas que pareciam finalmente estar se permitindo sentir o que antes evitavam. A respiração deles era ofegante, e o som do beijo preenchia o silêncio do carro.
Quando finalmente se afastaram, %Woodz% olhou para ela, o rosto corado e os lábios ainda entreabertos. Ele balançou a cabeça levemente, a confusão evidente.
— %Keumhee%... Isso... — Ele hesitou, suas mãos ainda em sua cintura. — Isso é certo? Somos colegas. Se alguém descobrir…
Ela sorriu, um sorriso tranquilizador, enquanto tocava suavemente o rosto dele, o polegar acariciando sua bochecha.
— Ninguém precisa saber de nada agora, %Seungyoun%. Não há pressa. Temos tempo para nos conhecer, para descobrir o que isso significa para nós.
Ele fechou os olhos por um instante, absorvendo as palavras dela. Quando os abriu novamente, havia uma vulnerabilidade que ela não esperava ver.
— Mas e se... E se eu estragar tudo?
Ela riu baixinho, inclinando a cabeça.
— Você não vai. Sabe por quê? Porque eu não vou deixar.
Ele piscou, surpreso com a confiança dela.
— Só... não fuja de mim, nem desse sentimento — ela continuou, a voz suave, mas firme. — Vamos ver onde isso nos leva, juntos.
%Woodz% suspirou, sentindo o peso das próprias dúvidas começar a diminuir. Ele assentiu lentamente, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.
— Tudo bem, %Keumhee%. Vamos ver onde isso nos leva.
Ela sorriu de volta, um sorriso brilhante e cheio de esperança. Por um momento, o mundo parecia menos complicado, e os dois estavam prontos para enfrentar o que viesse.
🎀🎀🎀
O festival de cultura foi um sucesso estrondoso. A escola estava vibrante, com alunos mostrando seus talentos em diversas formas de arte, de pinturas a apresentações de música e dança. O pátio estava repleto de vida, risos e conversas animadas, e os professores, especialmente %Keumhee% e %Woodz%, estavam orgulhosos do que haviam ajudado a criar. Todos os detalhes que haviam planejado se encaixaram perfeitamente, e a dedicação de todos os envolvidos foi claramente refletida no entusiasmo dos alunos e na energia positiva que permeava o ambiente.
O evento finalmente chegou ao fim, com os últimos alunos deixando o pátio, cansados mas felizes, e os professores começando a se preparar para a arrumação do local. %Keumhee% e %Woodz% ficaram para ajudar na organização, depois que os outros colegas começaram a sair. O silêncio se instalou enquanto eles recolhiam as últimas coisas e guardavam os materiais.
Eles trocaram olhares ocasionais, como se as palavras sobre o sucesso do evento fossem desnecessárias, já que ambos sabiam o quanto haviam trabalhado e o quanto o resultado fora gratificante.
— Foi incrível — %Keumhee% comentou com um sorriso cansado, mas sincero, enquanto organizava as últimas coisas.
%Woodz% olhou para ela, sentindo algo diferente agora, mais claro, mais próximo. Ele estava cansado, mas a satisfação do trabalho bem feito e a presença dela ali ao seu lado fez com que ele se sentisse mais vivo do que nunca.
— Sim, superou minhas expectativas — ele disse, aproximando-se dela, a voz mais suave do que ela esperava. — Você realmente sabe como fazer as coisas acontecerem.
%Keumhee% sorriu, mas antes que pudesse responder, %Woodz%, que sempre havia sido mais reservado e controlado, se aproximou de repente, como se não conseguisse mais resistir. Em um movimento inesperado,
ele a beijou. Foi um beijo rápido, mas cheio de intensidade, como se todo o sentimento que ele havia guardado até aquele momento viesse à tona. %Keumhee%, surpresa a princípio, se entregou ao beijo com a mesma paixão que ele transmitia, sentindo o mundo desaparecer por um momento. Quando se separaram, ambos estavam respirando pesadamente, os corações batendo mais rápido do que antes.
— Isso foi... — %Keumhee% começou, mas %Woodz% a interrompeu com um sorriso leve.
— Eu sei. Eu não devia, mas não aguentei mais. — Ele fez uma pausa, parecendo pensar nas palavras certas. — Eu só... precisava fazer isso.
%Keumhee% olhou para ele, o sorriso em seus lábios transformando-se em algo mais doce, mais pessoal. Aquelas palavras, aquele momento, pareciam selar algo que ela sabia ser verdadeiro.
— Não precisa se preocupar, %Seungyoun% — ela respondeu, tocando seu braço suavemente. — Eu também queria.
E ali, naquela escola vazia, no final de um dia bem-sucedido, os dois sabiam que algo novo começava, algo que nem eles mesmos podiam prever completamente, mas que ambos estavam dispostos a explorar.
A história deles, de algum modo, estava apenas começando.
Fim