Capítulo 3
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O dia finalmente chegou ao fim, e a sala dos professores estava silenciosa, exceto pelo som de papéis sendo guardados e teclas sendo pressionadas pela última vez. %Keumhee% fechou seu caderno rosa com um gesto delicado, prendendo-o junto com seus outros materiais em sua bolsa.
%Woodz% desligou o notebook, encostando-se na cadeira enquanto observava %Keumhee% se preparar para sair. Do lado de fora, as janelas refletiam o céu escuro da noite.
— Você parece animada… — Ele comentou, casualmente.
— Claro que estou! Conseguimos muita coisa hoje. — Respondeu %Keumhee% com um sorriso sincero, pendurando a bolsa no ombro.
%Woodz% hesitou por um momento antes de perguntar, tentando soar desinteressado:
— Como você vai pra casa? Está tarde.
— De metrô, como sempre — Disse ela, tranquilamente. — É rápido e prático.
Ele franziu levemente o cenho, como se ponderasse algo, enquanto ela se dirigia para a porta.
— Boa noite, %Seungyoun%! — %Keumhee% acenou, animada, já a poucos passos de sair da sala.
Por um instante, ele ficou em silêncio, assistindo-a ir. Mas então, algo o fez chamá-la de volta…
Ela parou e virou-se, curiosa.
%Woodz% levantou-se, ajustando o casaco.
— Eu posso te dar uma carona. Estou indo de carro, e... é perigoso voltar sozinha a essa hora.
%Keumhee% piscou algumas vezes, surpresa pela oferta inesperada.
— Oh, não precisa se preocupar! Eu faço isso o tempo todo.
— Eu sei — Ele disse, caminhando até ela. — Mas hoje você não precisa. Vamos lá, não é problema pra mim.
Havia algo no tom dele — firme, mas sem ser invasivo — que fez %Keumhee% sorrir.
— Bem, se você insiste... Obrigada, %Seungyoun%. É muito gentil da sua parte.
— Não é nada… — Ele respondeu, já saindo da sala com ela ao seu lado.
Enquanto caminhavam pelos corredores vazios em direção ao estacionamento, %Keumhee% se pegou pensando que talvez %Seungyoun% não fosse tão distante quanto aparentava. E, do outro lado, ele tentava ignorar a pequena sensação de satisfação ao vê-la aceitar sua ajuda.
🎀🎀🎀
Ao saírem do prédio e chegarem ao estacionamento, %Keumhee% abraçou a si mesma quando o ar frio da noite a envolveu. Era um daqueles ventos que cortavam mesmo as camadas mais grossas de roupas.
— Está esfriando rápido… — ela comentou, esfregando os braços.
%Woodz%, já com as chaves em mãos, apontou para um carro preto brilhante estacionado a poucos metros. Quando chegaram mais perto, %Keumhee% parou por um momento, impressionada com o veículo. Era um modelo luxuoso, com detalhes reluzentes que refletiam a luz fraca dos postes do estacionamento.
— Esse é o seu carro? — Ela perguntou, surpresa evidente em sua voz.
Ele assentiu, destravando as portas com um clique.
— É só um carro… — Respondeu de forma casual, mas o sorriso de canto sugeria que ele estava acostumado com reações como a dela.
%Keumhee% piscou, se lembrando de um detalhe que havia lido sobre ele antes de começarem a trabalhar juntos: além de professor, %Seungyoun% era herdeiro de uma das famílias mais ricas de Seul. Não era algo que ele fazia questão de mencionar, mas claramente estava ali, em pequenas coisas como aquele carro impressionante.
— Claro — Ela murmurou, meio para si mesma, enquanto entrava no veículo.
O interior era tão elegante quanto o exterior, com estofados de couro impecáveis e tecnologia de ponta. Assim que %Woodz% ligou o carro, um leve ronco ecoou, mas foi rapidamente abafado por uma música instrumental suave que começou a tocar.
Ele ajustou o aquecedor, percebendo como %Keumhee% ainda esfregava os braços.
— Está melhor assim? — Ele perguntou, lançando-lhe um olhar rápido.
— Muito melhor, obrigada.
Enquanto se ajeitava no banco, colocando a bolsa no colo, %Woodz% não pôde deixar de notar o objeto. Era, claro,
rosa — como tudo mais que ela carregava. Ele arqueou uma sobrancelha, olhando de relance para ela.
— Deixa eu adivinhar… — começou ele, um leve tom divertido na voz. — Sua cor preferida é rosa?
%Keumhee% riu, surpresa pela pergunta.
— Bem, considerando o caderno, a caneta, o laço no cabelo, e agora a bolsa... diria que é um palpite seguro.
Ela deu de ombros, sorrindo.
— Eu gosto de rosa, sim. Tem algo contra?
— Não — ele respondeu, balançando a cabeça. — Só achei... interessante. Não é exatamente uma cor discreta.
— Exatamente! — Disse ela, com um brilho nos olhos. — Rosa não precisa ser discreto. É vibrante, positivo. Um lembrete de que as coisas podem ser mais leves, mesmo em dias difíceis.
%Woodz% ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras dela enquanto dirigia para fora do estacionamento. Ele nunca tinha pensado no rosa desse jeito antes — e, talvez, nunca tivesse conhecido alguém como %Keumhee% para explicar isso.
— Então, para onde vamos? — %Woodz% perguntou, ajustando os espelhos retrovisores antes de sair do estacionamento.
%Keumhee% puxou o celular da bolsa rosa e abriu o aplicativo de mapas.
— Ah, eu moro no bairro
Mangwon — respondeu, enquanto procurava o endereço exato. — É bem perto da estação de metrô, mas tem algumas curvas meio confusas. Vou te guiando.
— Perfeito. Só espero que você seja boa copiloto… — ele brincou, um sorriso leve no rosto.
Ela riu, digitando rapidamente o endereço e mostrando para ele.
— Pode deixar. É só pegar à direita aqui na saída e seguir em frente. Eu aviso quando for pra virar.
%Woodz% assentiu, concentrando-se na direção. Enquanto o carro deslizava suavemente pelas ruas de Seul, %Keumhee% olhou pela janela, observando as luzes brilhantes da cidade e pensando em como a noite havia tomado um rumo inesperado.
— Depois desse cruzamento, você vai ter que virar à esquerda. — Disse ela, apontando com a mão.
— Entendido — ele respondeu, fazendo a curva com precisão.
A conversa fluiu com facilidade enquanto ela o guiava, pontuando com orientações entre algumas observações sobre o trânsito ou sobre os bairros que passavam.
— Aqui é onde costumam ter mercados noturnos aos sábados. — Comentou ela em certo ponto, indicando uma praça iluminada.
%Woodz% olhou de relance para onde ela apontava.
— Interessante. Nunca andei muito por essas bandas.
— É uma área tranquila, mas cheia de vida. Talvez você devesse explorar mais… — disse ela, com um sorriso encorajador.
— Quem sabe… — ele respondeu, sem se comprometer, mas guardando a sugestão na memória.
— Agora, vai em frente mais umas duas quadras — %Keumhee% orientou novamente, enquanto o carro se aproximava de seu destino.
Enquanto %Woodz% dirigia pelas ruas iluminadas de Seul, %Keumhee% quebrou o silêncio com uma pergunta curiosa:
— Fica muito longe de onde você mora?
Ele deu de ombros, os olhos fixos na estrada à frente.
— Nem tanto. Eu moro em
Hannam-dong, então é uma boa distância, mas nada absurdo.
—
Hannam-dong? — ela repetiu, arqueando uma sobrancelha. — Aquele bairro cheio de gente rica e famosa?
— Algo assim. Mas nem todo mundo que mora lá é famoso, viu?
%Keumhee% sorriu, brincando:
— Bem, você é rico. Famoso, ainda não. Acho que dá metade do requisito, né?
Ele riu mais uma vez, mas não respondeu. Em vez disso, %Keumhee% continuou:
— Você mora sozinho ou ainda com seus pais?
%Woodz% lançou-lhe um olhar breve, surpreso pela pergunta. Depois, voltou os olhos para a estrada, um sorriso divertido nos lábios.
— Moro sozinho. Por que perguntou? Parece que eu ainda moro com meus pais?
Ela riu, percebendo o tom leve dele.
— Não sei, talvez. Você tem aquele ar... como posso dizer... de alguém que não precisa se preocupar com as coisas básicas da vida, sabe? Tipo, tem quem lave suas roupas, faça sua comida...
— Ah, entendi — ele respondeu, claramente achando graça. — Então é isso que você acha de mim? Que eu sou um herdeiro mimado que nunca precisou fazer nada por conta própria?
%Keumhee% levantou as mãos em rendição, rindo.
— Ei, você disse isso, não eu!
%Woodz% balançou a cabeça, divertido.
— Bom, para sua informação, eu sei muito bem lavar minhas próprias roupas e cozinhar o básico, obrigado. Mas confesso que prefiro pedir comida ou comer fora. Acho que é mais prático.
Ela o observou com um sorriso intrigado.
— Ok, confesso que estou surpresa. Você realmente faz suas próprias coisas?
— Faço sim senhora! — ele respondeu, fingindo indignação. — Você achava o quê? Que eu tinha uma governanta 24 horas à disposição?
— Bem... talvez. — Ela admitiu, dando de ombros com um sorriso travesso.
%Woodz% balançou a cabeça, ainda rindo.
— Você tem uma visão interessante sobre mim, %Lim% %Keumhee%. Vou precisar trabalhar para mudar isso.
— Ou talvez você só tenha que aceitar que está lidando com alguém que vê o mundo em tons de rosa. — Ela provocou, apontando para sua bolsa no colo.
— Justo! — Ele respondeu, rindo novamente.
🎀🎀🎀
O carro desacelerou quando %Keumhee% apontou para o prédio à frente, um edifício modesto e aconchegante com algumas luzes acesas nas janelas.
— É aqui… — Ela disse, apontando para a entrada principal.
%Woodz% estacionou o carro cuidadosamente ao lado da calçada. Ele olhou para o prédio e depois para ela, ainda com um leve sorriso nos lábios.
— Você mora aqui há muito tempo?
— Alguns anos — respondeu %Keumhee% enquanto pegava sua bolsa. — Gosto daqui. É tranquilo e tem tudo o que preciso por perto.
— Bem, parece um bom lugar… — ele comentou, desligando o motor do carro.
%Keumhee% já estava prestes a abrir a porta quando hesitou, olhando para ele.
— Obrigada pela carona, de verdade. Você não precisava fazer isso, mas foi muito gentil.
%Woodz% deu de ombros, os olhos fixos nela por um instante mais longo do que o esperado.
— Não foi nada. Já estava no caminho, de qualquer forma.
Ela sorriu, inclinando levemente a cabeça.
— Não estava, e nós dois sabemos disso. Ainda assim, obrigada. Boa noite %Seungyoun%.
— Boa noite, %Keumhee%. — Ele respondeu, observando enquanto ela saía do carro e caminhava em direção à entrada do prédio.
Antes de desaparecer pelas portas de vidro, %Keumhee% virou-se uma última vez e acenou. %Woodz% ergueu uma mão em resposta, um pequeno sorriso ainda em seu rosto enquanto a observava entrar.
Quando ela desapareceu de vista, ele encostou a cabeça no banco por um momento, soltando um suspiro.
— Cor de rosa, hein? — Murmurou para si mesmo, ligando o motor novamente antes de partir pela rua iluminada.
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