Capítulo 2
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A sala dos professores estava tranquila naquela tarde, com apenas o som suave das teclas do notebook de %Woodz% quebrando o silêncio. Ele estava concentrado em seu trabalho, os olhos fixos na tela enquanto digitava, mas seu foco começava a ser desafiado pela presença silenciosa de %Keumhee% à sua frente.
%Keumhee% estava sentada de maneira calma, com a postura ereta, o caderno aberto diante dela. Ela parecia completamente absorvida no que estava anotando, a ponta do lápis movendo-se delicadamente sobre o papel. Seus olhos seguiam o movimento da caneta, como se cada palavra fosse cuidadosamente escolhida e pensada. Ela estava tão focada que mal notava a atenção de %Woodz% sobre ela.
Ele, por outro lado, não conseguiu resistir a observar. A diferença entre os dois não poderia ser mais clara. Enquanto ele teclava rapidamente no computador, de vez em quando batendo a caneta contra o lado da mesa ou fazendo pequenas anotações rápidas em seu próprio bloco de notas, %Keumhee% estava quieta e meticulosa, dedicada ao seu caderno com um cuidado quase...
artístico.
Foi quando ele notou algo peculiar. Ele desviou o olhar do notebook e olhou para o caderno de %Keumhee%, que parecia brilhar com uma suavidade incomum. O caderno, simples em sua capa, mas algo sobre ele o fez parecer... diferente.
Rosa. Um tom claro e delicado. Ele não pôde deixar de olhar mais de perto. Quando ela virou uma página, ele percebeu que não era só o caderno, mas todos os itens sobre a mesa dela. A borracha, com uma cor rosada e suave, repousava ao lado da caneta, que também tinha a tampa em um tom rosa claro. O lápis, discretamente colocado ao lado da borracha, era da mesma cor, e até o pequeno laço que ela usava no cabelo, amarrado delicadamente,
era rosa. %Woodz% franziu o cenho, surpreso com a forma como tudo parecia harmonioso e tão...
rosa. Era como se cada detalhe fosse meticulosamente escolhido, um reflexo da personalidade de %Keumhee%. Ele nunca imaginaria que ela fosse tão dedicada aos pequenos detalhes, mas ao mesmo tempo, tão... delicada.
%Keumhee% parecia não perceber o olhar de %Woodz%, já que estava imersa em seu trabalho. O silêncio da sala foi interrompido apenas pelo som de sua caneta riscando o papel com suavidade, uma suavidade que parecia refletir sua própria personalidade — calma, serena, minuciosa.
%Woodz%, no entanto, não pôde evitar um pequeno sorriso diante da cena. Ele se perguntava o que exatamente ela estava escrevendo ou desenhando, mas havia algo em sua forma de trabalhar que era tão oposto à sua própria maneira impulsiva de agir. Enquanto ele vivia em um ritmo acelerado, jogando-se em seu trabalho de forma quase caótica, %Keumhee% parecia sempre controlada, calculando e planejando cada movimento com uma precisão impressionante.
Por um momento, ele se sentiu um pouco desajeitado, como se estivesse perdendo algum sentido de ordem que ela naturalmente possuía. Ele voltou a olhar para o seu notebook, mas não conseguiu mais se concentrar como antes.
— Você escreve muito? — %Woodz% perguntou, quebrando o silêncio, sua voz suave, mas com uma curiosidade genuína.
%Keumhee% levantou os olhos, surpresa com a pergunta, mas sorriu com suavidade.
— Eu gosto de anotar minhas ideias e pensamentos. Às vezes, é uma forma de organizar a mente.
%Woodz% observou o sorriso dela, ainda intrigado com a maneira como ela se dedicava aos detalhes, enquanto ele, muitas vezes, se sentia sobrecarregado com a pressa e o ritmo frenético do seu próprio trabalho.
— Eu... nunca fui bom nisso — Ele admitiu, balançando a cabeça com um suspiro. — Eu prefiro resolver as coisas rapidamente, de forma mais prática.
%Keumhee% sorriu de novo, mas dessa vez seu sorriso parecia mais compreensivo.
— Eu entendo. Às vezes, a pressa pode ser necessária. Mas, quem sabe, um pouco de pausa e reflexão também pode ajudar a ver as coisas de um jeito diferente.
%Woodz% a observou com uma expressão pensativa. Algo na maneira como ela falava parecia tão distante da sua própria abordagem apressada, mas ao mesmo tempo havia algo nela que o fazia querer desacelerar e refletir um pouco mais.
A sala dos professores ficou em silêncio novamente, mas agora, em vez do som constante de teclas batendo, havia um tipo de entendimento silencioso entre os dois. Uma diferença de personalidades, sem dúvida, mas talvez, apenas talvez, algo mais que eles poderiam aprender um com o outro.
Depois de algum tempo, a sala voltou a ser preenchida apenas pelo som dos movimentos suaves de %Keumhee% com sua caneta e os ocasionais cliques do teclado de %Woodz%. Ele finalmente fechou o notebook, deixando escapar um suspiro discreto enquanto se recostava na cadeira. Seus olhos voltaram para %Keumhee%, que ainda estava concentrada no caderno.
— %Keumhee% — Ele chamou, a voz baixa mas firme, como se estivesse testando a reação dela.
Ela levantou os olhos imediatamente, curiosa:
%Woodz% ajeitou-se na cadeira, cruzando os braços sobre a mesa.
— Eu estava pensando... Acho que nós poderíamos começar a conversar sobre o evento. O que acha?
Os olhos dela brilharam, e ela fechou o caderno com delicadeza, colocando a caneta em cima.
— Claro! Acho uma ótima ideia.
Ela puxou a cadeira levemente para mais perto dele, cruzando as mãos sobre a mesa em um gesto de atenção total.
— Por onde você gostaria de começar?
%Woodz% hesitou por um momento, inclinando-se para frente e apoiando os cotovelos na mesa.
— Bom, pra ser honesto, eu ainda não tenho uma ideia clara do que você imaginou para isso. Talvez você possa me dar um panorama geral antes de começarmos a dividir as responsabilidades?
%Keumhee% sorriu, animada.
— Com certeza. Minha ideia é que o evento não seja apenas uma exposição das obras dos alunos, mas também um espaço para que eles possam interagir com a comunidade, compartilhar suas histórias e inspirações.
%Woodz% levantou uma sobrancelha, intrigado.
— Como assim, interagir com a comunidade?
— Bem, pensei em algo mais dinâmico. Além da exposição tradicional, poderíamos incluir pequenas oficinas. Cada aluno poderia demonstrar uma técnica ou compartilhar algo sobre o processo criativo. Isso tornaria tudo mais pessoal e acessível.
%Woodz% coçou o queixo, processando a ideia.
— Hum... Parece interessante. Mas isso significa mais trabalho na organização. E tempo. Você acha que é viável?
%Keumhee% inclinou a cabeça, refletindo.
— Vai dar trabalho, sim. Mas acho que o resultado compensará. E também... bem, eu gosto de desafios.
O tom suave, mas determinado dela fez %Woodz% sorrir de canto.
— Desafios, hein? Eu não diria que essa palavra combina com
rosa. — Ele lançou um olhar rápido ao caderno e aos itens sobre a mesa dela, provocando com um pequeno sorriso.
%Keumhee% riu, descontraída.
— Ah, você ficaria surpreso com o que as cores podem fazer. Rosa também é força, sabia?
%Woodz% riu baixo, mas algo na resposta dela o fez pensar. Havia mais profundidade ali do que ele havia imaginado inicialmente.
— Ok, %Keumhee%. Vamos fazer do seu jeito. Quero ver até onde esse seu
rosa pode nos levar.
— Você não vai se arrepender, %Seungyoun%.
Enquanto ela abria o caderno novamente e começava a listar ideias, ele a observou com mais atenção. Talvez trabalhar com %Keumhee% não fosse tão ruim assim. E, quem sabe, ele até aprenderia algo novo nesse processo.
🎀🎀🎀
A partir daquele momento, %Keumhee% e %Woodz% mergulharam na elaboração do cronograma e dos detalhes do evento. Ela, com seu caderno rosa sempre à mão, anotava cada ideia e sugestão com entusiasmo, enquanto ele digitava no notebook, estruturando o que discutiam de forma objetiva e organizada.
%Keumhee% propôs começar com uma exposição tradicional das obras dos alunos, dividida por categorias como pintura, escultura e fotografia. %Woodz% acrescentou a ideia de criar um mapa interativo para que os visitantes pudessem explorar as peças com mais facilidade.
— Podemos disponibilizar QR codes ao lado de cada obra, direcionando para depoimentos em vídeo dos alunos explicando suas inspirações… — Sugeriu ele.
— Isso é incrível! Além de conectar o público ao artista, daríamos uma dimensão mais pessoal à exposição.
Enquanto ajustavam o cronograma, discutiram a logística de montar as oficinas. %Keumhee% sugeriu que os próprios alunos liderassem as atividades, mas %Woodz% insistiu que seria melhor selecionar alguns que se sentissem mais confortáveis com isso, para evitar pressões desnecessárias.
— Nem todo mundo tem facilidade para falar em público… — Ele ponderou.
— Você tem razão… — %Keumhee% admitiu, fazendo uma nota no caderno. — Podemos deixar claro que participar das oficinas será voluntário. Assim, eles se sentirão mais à vontade.
A conversa fluiu com naturalidade, e mesmo as diferenças de estilo entre os dois — ela mais intuitiva e espontânea, ele mais pragmático e analítico — acabaram complementando o trabalho um do outro. Em pouco tempo, já tinham uma estrutura básica para o evento:
Abertura do evento: Um breve discurso dos alunos, com um representante de cada categoria.
Exposição principal: Galerias separadas por tipo de arte, com QR codes para vídeos explicativos.
Oficinas interativas: Sessões curtas lideradas por alunos selecionados.
Encerramento: Uma apresentação musical ou performance artística ao vivo.
No fim da tarde, ambos estavam cercados de anotações, desenhos e diagramas espalhados pela mesa. %Keumhee% fez uma pausa, esticando os braços acima da cabeça e suspirando satisfeita.
— Estamos indo bem, não acha? — ela perguntou, olhando para %Woodz%.
Ele inclinou a cabeça, um pequeno sorriso surgindo no canto dos lábios.
— Até que sim. Quem diria que organizar um evento podia ser tão... criativo?
Ela riu, guardando as anotações e o caderno.
— Criatividade é o que faz tudo acontecer, %Seungyoun%. Bem-vindo ao mundo das cores.
Ele não respondeu, mas havia algo em seu olhar — uma mistura de admiração e curiosidade. Talvez, ele pensou, %Keumhee% estivesse certa.
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