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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Cena Inesperada

Escrita porNyx
Editada por Lelen

Capítulo 2 • Manchetes e Mal-entendidos

Tempo estimado de leitura: 33 minutos

  %Isa% saiu do estúdio quase tropeçando nos próprios pés, os braços cruzados como se pudesse, de alguma forma, esconder o calor que ainda sentia no rosto. O coração martelava tão alto que parecia ecoar pela calçada.
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  Não olhou para trás. Não queria ver ninguém. Não queria que ninguém a visse. Desceu apressada pela rua até a parada de ônibus. O vento da manhã já começava a perder suavidade, e o tráfego pesado de Los Angeles parecia zombar da urgência silenciosa que queimava dentro dela.
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  No ônibus lotado, %Isa% se encolheu num canto, o olhar perdido pela janela, mas os olhos insistiam em escanear as pessoas ao redor. Uma mulher mexendo no celular, um adolescente mastigando chiclete, um senhor lendo jornal. Ninguém parecia reparar nela. Ainda assim, a paranoia a consumia.
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  "Eles sabem. Todo mundo sabe."
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  Tentou afastar o pensamento com um suspiro longo. “Foi só um acidente. Só isso. Nada vai acontecer. Logo eles vão cortar a cena. Ou ninguém vai perceber. É só mais uma filmagem normal...” Mas uma parte mais realista e cruel dentro dela sussurrava o contrário. Algo tinha acontecido. Algo que não se desfazia.
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  A brasileira apertou ainda mais os braços contra o próprio corpo, como se pudesse conter o redemoinho que girava dentro do peito. O ônibus sacolejava pelas avenidas, ignorando completamente o fato de que a vida dela, ou pelo menos a estabilidade mental, estava despencando ladeira abaixo.
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  "Por que eu fiz aquilo?", pensou pela décima vez.
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  Fechou os olhos. De novo, como num replay involuntário, sentiu o toque das mãos dele na sua cintura. Os olhos castanhos, tão perto. O silêncio pesado entre os dois, tão denso que parecia uma parede prestes a desmoronar. E o beijo.
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  Ela tinha beijado %Ethan% %Blackwell%.
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  Ou… será que ele tinha beijado ela? Foi simultâneo? Uma reação em cadeia? Uma confusão de impulso, instinto e loucura coletiva?
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  — Meu Deus — sussurrou, baixinho, cobrindo o rosto com as mãos.
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  Não era só sobre o beijo. Era o que tinha se passado antes dele. A forma como ele a segurou. Como os olhos dele encontraram os dela. Como, por um segundo que parecia fora do tempo e do espaço, ela se sentiu escolhida.
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  E talvez... talvez tenha sido isso.
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  O olhar.
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  O silêncio.
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  A pressão da mão dele na sua cintura.
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  O fato de ele não ter se afastado.
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  O fato de ele ter se inclinado também.
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  Foi o clima. Foi aquele maldito instante de suspensão onde tudo parecia possível — até mesmo ser a protagonista de uma cena que jamais seria dela. %Isa% se viu presa no vácuo entre a realidade e a ficção. E caiu. De boca. Literalmente.
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  — Eu sou louca… — murmurou.
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  Mas era mentira. Ela não era louca. Só estava cansada de ser invisível. E por um segundo, nos braços dele, nos olhos dele, ela tinha sido vista.
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  E agora?
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  Agora o peito dela parecia pequeno demais para tanta pergunta.
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  Quando desceu do ônibus na esquina conhecida, o toldo vermelho do Luna’s Coffee & Bakery apareceu como um porto seguro no meio do caos que ainda martelava dentro dela.
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  Entrou quase em transe, mal registrando o tilintar da campainha sobre a porta. O cheiro acolhedor de café moído e pão recém-saído do forno preencheu o ar — mas %Isa% não sentiu nada. Só caminhou.
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  Atrás do balcão, Mrs. Jenkins finalizava uma fornada de donuts, polvilhando açúcar com precisão quase militar. Ao levantar o olhar, franziu o cenho de imediato.
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  — %Isadora%? Você tá quase uma hora adiantada.
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  %Isa% piscou, confusa, como se só então se desse conta de onde estava. Virou devagar e olhou para o relógio na parede. Eram pouco mais de uma hora. Ela tinha vindo direto do set. Nem percebeu.
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  — Eu… achei melhor chegar antes — respondeu, a voz mais baixa do que o habitual.
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  Mrs. Jenkins a observou por cima dos óculos, olhos apertados em uma análise silenciosa.
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  — Você tá branca feito farinha. Aconteceu alguma coisa? — %Isa% forçou um sorriso.
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  — Só um dia estranho. Nada demais.
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  A dona do café continuou olhando por mais um segundo, mas não insistiu. Apenas apontou com a cabeça na direção da cozinha.
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  — Se quiser adiantar o turno, a máquina de expresso tá com birra. Pode ser um bom jeito de ocupar a cabeça.
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  %Isa% assentiu, aliviada pela sugestão. Qualquer coisa era melhor do que continuar parada, remoendo. Caminhou até a cozinha e pegou o avental pendurado atrás da porta. As mãos ainda estavam levemente trêmulas quando amarrou o nó atrás das costas.
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  "Se eu ficar aqui. Se eu fingir que nada aconteceu. Se eu agir como se fosse só mais um dia..."
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  Mas era uma mentira. Uma daquelas confortáveis, fáceis de repetir pra si mesma. Porque nada parecia normal. Nem dentro dela. Nem fora. Precisava de ar. De voz conhecida. De algum sinal de que ainda existia chão sob os pés.
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  Tirou o celular do bolso da jaqueta, destravou com o polegar, e sem pensar muito, discou o número que sabia de cor. O peito ainda arfava, e as mãos não paravam de tremer.
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  Ela precisava da Jae. Agora.
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  — Alôoo? — a voz cantada de Park Jae surgiu do outro lado da linha, com aquele entusiasmo típico de quem vive num musical da Broadway. — %Isa%, se for pra pedir pizza à noite, saiba que hoje eu tô me dando o luxo da borda recheada.
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  — Jae… — %Isa% sussurrou, olhando ao redor como se conspirasse contra o próprio destino. — Eu fiz uma besteira. Uma besteira gigante.
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  O barulho de fundo do lado de Jae cessou como um disco riscado.
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  — Que tipo de besteira? Tá tudo bem? Você tá machucada? Tá presa? Quer que eu leve um advogado ou um cupcake?
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  %Isa% respirou fundo, o nó na garganta mal permitindo que a voz saísse.
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  — Eu tava no set hoje… era só uma figuração. Uma fala. Um dia normal. Mas… o assistente gritou uma marca errada e eu… eu esbarrei no %Ethan% %Blackwell%.
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  — . — Jae pareceu processar. — Ok. Você… esbarrou nele. Tipo, deu uma topada, caiu em cima, tropeçou no ego dele? Ou…?
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  — E a gente se beijou. — %Isa% soltou de uma vez, apertando os olhos como se quisesse apagar sua existência. — Eu beijei o %Ethan% %Blackwell%, Jae. Sem querer. Na frente da câmera.
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  Silêncio.
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  Literalmente. Silêncio.
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  — ...você O QUÊ?! — Jae gritou tão alto que %Isa% se encolheu na parede da cozinha, desesperada.
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  — Shhh! — sussurrou, tapando o celular com a mão. — Quer que a Mrs. Jenkins me demita por escândalo?
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  — %Isa%, pelo amor dos meus deuses coreanos e ocidentais, você BEIJOU o %Ethan% %Blackwell%??? Assim? No meio da gravação??? Isso é real ou você bateu a cabeça na cena? — %Isa% apoiou a testa na parede fria.
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  — Eu tropecei, Jae. Ele me segurou pra eu não cair. E… não sei. A gente se olhou por um segundo, e… ACONTECEU. A boca foi, eu não sei explicar. Não teve script, não teve intenção. Só… teve beijo.
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  — E FOI BEIJO MESMO ou tipo esbarrão de k-drama?
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  — Foi beijo, tá?! Com lábios e tudo mais! — %Isa% sussurrou de volta, em pânico. — E agora eu acho que minha carreira acabou antes de começar!
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  Jae prendeu a respiração por um segundo.
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  — Ok. Respira comigo. — E começou a fazer um barulho exagerado de respiração no telefone. — Isso. Inspira. Expira. Beijou uma celebridade mundial sem querer. Normal. Segunda-feira comum. Acontece com todo mundo.
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  %Isa% soltou um som que era metade riso, metade choro.
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  — Jae, não brinca. Eu tô nervosa de verdade. Eu não consigo parar de pensar nisso. Se alguém viu… se alguém filmou…
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  — Calma, calma. Se ninguém filmou, é só guardar esse momento como uma lenda urbana. Um dia, você conta que beijou o %Ethan% e ninguém acredita. Vai parecer fanfic.
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  — Parece fanfic! — %Isa% murmurou, rindo sem graça. — Daquelas bem ruins, ainda por cima. A figurante desastrada e o astro de cinema.
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  — Ah, por favor. Você sempre foi personagem principal pra mim. — Jae falou, a voz mais suave agora. — E olha, eu sei que você tá surtando, mas... posso fazer uma pergunta que importa DE VERDADE? — %Isa% fechou os olhos. Já sabia o que vinha. — Foi bom?
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  %Isa% gemeu, cobrindo o rosto com a mão.
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  — Jae!!!
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  — Só tô perguntando porque, assim, se a boca dele tiver o mesmo talento da atuação, amiga… você precisa me passar o contato do treinador vocal.
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  %Isa% riu de novo, as lágrimas ameaçando cair, mas agora por outro motivo.
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  — Eu te odeio.
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  — Você me ama. E eu te amo também. Agora vai lavar o rosto, ajeita o coque e vai servir café como se nada tivesse acontecido. É isso que figurantes profissionais fazem.
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  %Isa% suspirou, enxugando os olhos com a manga da blusa.
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  — E se alguém descobrir?
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  — A gente dá o nome pro fandom. Que tal “%Ithan%”? Soa tão bem…
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  — JAE!
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  — Tá, parei. Mas ó: você não tá sozinha, tá? Eu tô com você. Mesmo que você tenha dado um beijo cinematográfico no %Ethan% %Blackwell% sem me consultar antes.
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  %Isa% mordeu o lábio, respirando fundo.
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  — Nada aconteceu — murmurou, mais pra si do que pra amiga.
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  — Esse é o espírito. Te amo! — Jae respondeu com aquele jeitinho doce e firme, que sempre fazia %Isa% se sentir menos sozinha.
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  — Também te amo — ela sussurrou de volta, deixando um pequeno sorriso escapar.
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  A ligação caiu. E, por um momento, o silêncio pareceu pesar mais do que ajudar. %Isa% guardou o celular no bolso, endireitou os ombros e tentou seguir com o dia como se tudo estivesse no lugar.
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  Mas não estava. Aquilo era tudo… menos normalidade. E ela sabia — bem no fundo — que nada, absolutamente nada, seria como antes.
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🎬⭐🎥

  O dia seguinte nasceu como qualquer outro em Los Angeles. O céu levemente acinzentado, a cidade despertando em meio ao ruído de carros, sirenes ao longe, pessoas apressadas pelas calçadas rachadas.
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  Na pequena kitnet de %Isa%, um feixe de luz atravessava as cortinas finas, desenhando listras douradas no lençol amassado. O despertador tocava de forma insistente na mesa de cabeceira, até que uma mão surgiu debaixo do cobertor, tateando até encontrar o botão para silenciá-lo.
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  %Isa% virou de lado, ainda com os olhos semicerrados, e soltou um suspiro preguiçoso. A cabeça latejava levemente — não de dor, mas de confusão. Aquele tipo de cansaço mental que não se curava com sono.
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  Ela se obrigou a levantar, os pés descalços tocando o chão frio. Puxou o celular do carregador, destravou com o polegar por hábito. A primeira notificação era do WhatsApp — mensagem do pai, como sempre, com um bom dia e uma figurinha animada que ele adorava mandar.
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  Ela sorriu de canto, mas logo deslizou a tela. Abriu o X. Só por costume. Sempre fazia isso antes de escovar os dentes, mas algo travou seu dedo no meio do movimento.
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  O nome dele.
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  %Ethan% %Blackwell%.
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  No topo dos assuntos mais comentados. A hashtag #MisteryKiss logo abaixo.
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  %Isa% franziu o cenho, o coração começando a bater mais rápido sem motivo aparente. Clicou. A tela carregou.
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  E congelou.
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  Ali estava.
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  A cena. O exato momento em que ela e %Ethan% se esbarravam no meio da rua cenográfica. O toque. O desequilíbrio. O beijo. O vídeo pausava milésimos depois do contato, mas a imagem era clara demais. A mão dele em sua cintura. O rosto inclinado. Os olhos fechados. A forma como pareciam perfeitamente sincronizados, como se tudo tivesse sido milimetricamente coreografado.
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  Mas não era.
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  Ela sabia que não era.
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  A legenda era simples, cruel na sua objetividade:
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  "EXCLUSIVO: vazou o momento em que %Ethan% %Blackwell% beija misteriosa figurante no set. Quem é ela?"
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  %Isa% sentiu o estômago despencar.
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  O celular escorregou da mão, mas ela conseguiu segurar antes que caísse. A respiração ficou curta. Os dedos gelaram. O mundo pareceu mais estreito.
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  Não era mais uma suposição. Não era mais um pensamento paranoico. Tinha viralizado.
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  E ela... era agora o centro de tudo.
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  %Isa% soltou o celular como se tivesse queimado sua pele. Pegou o aparelho nas mãos novamente, desacreditada.
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  Cenas de timelines rolando frenéticas, perfis anônimos de fofoca, threads no X, cortes do vídeo sendo compartilhados em todas as plataformas possíveis.
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  Fãs em choque:
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  "Ele não estava filmando com a Sienna? Por que beijou outra garota?"
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  "É namoro secreto? Ensaio? Quem é essa mulher?!"
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  Fãs obcecadas:
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  "Ela é linda! Ela parece tão nervosa, deve ser fofa demais!"
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  "Shippo já!"
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  Hashtags explodindo:
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  #%Ethan%MisteryKiss
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  #QuemÉEla
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  #%Blackwell%Affair
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  Memes pipocavam:

  Fotos comparando o beijo com posters de comédias românticas. Capturas de tela do exato segundo em que %Ethan% segurava %Isa% pela cintura. “Figurante do ano”, “Beijo mais icônico de 2025” e outras legendas bombavam.
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  Mas, como sempre, nem tudo era amor:
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  Haters apareceram:
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  "Ela só quis aparecer."
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  “Querendo se promover às custas do %Ethan%."
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  “Totalmente antiética. Profissionalismo zero."
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  O caos só estava começando.
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  %Isa% respirou fundo antes de empurrar a porta do Luna’s Coffee & Bakery. A campainha soou como sempre, os aromas familiares de café moído e massa assando envolveram o ambiente… mas, por dentro, tudo nela estava fora do lugar. Seu mundo parecia virado de cabeça pra baixo, mesmo que o balcão continuasse ali, brilhando com a mesma camada fina de açúcar de sempre.
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  Ela ajeitou o avental na cintura, prendeu os cachos no puff e caminhou para trás do balcão tentando parecer casual, embora cada passo pesasse mais do que deveria.
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  — %Isadora%! — chamou Mrs. Jenkins, sem tirar os olhos do celular. — Vem cá, menina.
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  %Isa% congelou. Engoliu seco. E caminhou lentamente, como se soubesse exatamente o que vinha pela frente.
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  Mrs. Jenkins virou a tela do celular sem nenhuma dramaticidade, como se estivesse apenas mostrando um meme ou a cotação do dólar.
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  — Já viu isso? Está em todo lugar.
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  %Isa% parou. O coração martelava alto demais. E lá estava: o vídeo. Ela. %Ethan%. O beijo. Congelado em looping infinito, com direito a zoom, hashtag e comentários em capslock. Um pesadelo editado em 4K.
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  Forçando um sorriso tenso, %Isa% soltou uma risadinha nervosa.
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  — Ah, nossa… já vi esse vídeo. Que loucura, né?
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  Mrs. Jenkins estreitou os olhos, levantando a sobrancelha com calma.
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  — Parece muito com você. — %Isa% arregalou os olhos e balançou a cabeça depressa, tentando soar casual.
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  — Não tem nada a ver, Mrs. Jenkins. Milhares de garotas têm cabelo assim em LA… coincidência total.
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  A senhora ficou em silêncio por tempo demais, o que fez o suor escorrer pelas costas de %Isa%.
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  — Hm. Se você diz...
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  Ela se virou rápido demais, fingindo que precisava limpar algo no balcão, mas o pano tremia na sua mão. O estômago parecia encolher, o peito estava apertado, e cada segundo parecia durar horas.
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  E foi aí que a porta se escancarou.
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  — %ISADORA% %CAMPOS%! — gritou Jae, entrando como um furacão, cabelo azul em desalinho e celular em punho.
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  Mrs. Jenkins quase deixou a jarra de café cair.
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  — Shhh! — %Isa% correu, agarrou a amiga e a puxou pro canto do balcão. — Fala baixo, mulher!
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  — Eu vi o vídeo — sussurrou Jae, com os olhos brilhando. — Eu. Vi. O. Vídeo.
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  %Isa% cobriu o rosto com as mãos, gemendo:
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  — Eu quero morrer.
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  — Você beijou o %Ethan% %Blackwell% e agora o mundo inteiro sabe! — Jae sacudiu os ombros dela, empolgadíssima. — O %ETHAN%. %BLACKWELL%. Cê tem noção do que isso significa? Isso é mais bombástico do que o divórcio da Shakira!
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  %Isa% arfou, dramática:
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  — Eu só queria um turno normal. Uma fornada de muffins. E agora virei meme.
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  — %Isa%, você viralizou! É a figurante mais famosa de Los Angeles! — Jae arregalou os olhos, rindo. — Daqui a pouco vão criar uma tag tipo #%Ethan%Dora ou sei lá!
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  — Não fala isso. — %Isa% murmurou, pálida. — E se eu nunca mais conseguir um trabalho depois disso?
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  Jae se acalmou por um segundo, e segurou as mãos da amiga com carinho.
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  — Ou… — ela disse, com aquele jeitinho esperançoso que só ela tinha — e se isso for só o começo?
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  %Isa% engoliu em seco. E, no fundo, soube que não tinha mais como voltar atrás. O mundo tinha visto.
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🎬💕

  O escritório de Oliver Grant refletia exatamente quem ele era: elegante até o osso. Minimalista, luxuoso, estratégico. Nenhum objeto fora do lugar, nenhuma cor sem função. As paredes de vidro deixavam a vista panorâmica de Los Angeles roubar a cena, com o sol filtrado pelas cortinas pesadas criando um brilho dourado quase cenográfico. Era um ambiente feito para vender poder.
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  Mas nem todo aquele equilíbrio impecável foi capaz de conter a tempestade que andava de um lado para o outro no carpete de lã italiana.
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  %Ethan% %Blackwell%.
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  Camisa cinza amassada, jeans escuros, o cabelo ainda úmido de um banho apressado que não conseguiu fazer o que ele mais precisava: esfriar a cabeça. Seu maxilar estava travado. As mãos inquietas. E o olhar, puro incêndio.
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  Num gesto brusco, ele jogou o celular sobre a mesa de madeira escura. A tela, como uma provocação cínica, exibia o vídeo do beijo em looping.
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  — Isso tem que parar, Oliver. — a voz saiu baixa, tensa, carregada de veneno contido. — Tem que sumir. Agora.
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  Oliver Grant sequer piscou. Sentado com a coluna ereta, perfeitamente alinhado ao centro da poltrona de couro, limitou-se a ajeitar os punhos da camisa com calma calculada. Nem olhou para o celular.
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  — Impossível. — respondeu, num tom quase clínico. — O vídeo foi replicado mais de duas mil vezes em menos de uma hora. Agora já são milhões. Apagar isso seria o mesmo que tentar impedir a chuva com um guarda-chuva furado.
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  %Ethan% soltou uma risada seca e passou a mão nos cabelos, mais irritado consigo mesmo do que com o mundo.
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  — Eu construí uma carreira inteira sem um único escândalo, Oliver. Uma. Carreira. Inteira. Você tem ideia do que é isso? Sem paparazzi. Sem boatos de namoro. Sem nada fora do script.
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  — Eu sei. — Oliver respondeu, com um aceno contido. — E por isso você é quem é. E por isso também… que esse vídeo virou o que virou.
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  %Ethan% se virou abruptamente, os olhos faiscando.
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  — Eu não quero fama assim. Não preciso disso.
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  — O mundo não funciona mais com o que você quer, %Ethan%. Funciona com o que explode.
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  O ator começou a andar de novo, os passos pesados no carpete macio. Seu corpo todo era tensão — como se estivesse prestes a lançar um soco em alguém ou em si mesmo.
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  — Ninguém nunca me pegou com ninguém. Nunca fui esse tipo de matéria. E agora? Agora eu sou o maldito "homem do beijo misterioso"?
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  — A internet prefere chamar de "o beijo que parou Los Angeles", mas tudo bem — disse Oliver, sem alterar o tom, deslizando as notificações no tablet como se estivesse analisando ações na bolsa.
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  %Ethan% bufou alto.
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  — Eu nem sei o nome dela.
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  — E precisa? — Oliver rebateu, levantando uma sobrancelha. — O mistério é o charme.
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  — Isso é um pesadelo — %Ethan% murmurou, esfregando o rosto com as mãos. — Eu não entendo… como deixei isso acontecer. Aquilo foi um erro. Um impulso. Eu não sou assim.
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  Oliver fechou o tablet com um leve estalo e se recostou na cadeira, observando o cliente com a paciência de quem assiste a um jogo de xadrez.
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  — Foi um erro técnico. Um mal-entendido de set. Simples assim.
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  %Ethan% virou de costas, encarando a cidade que se estendia do outro lado do vidro. Mas não havia paz naquela vista. Nenhuma explicação plausível o convencia por completo.
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  Porque, no fundo, o que mais incomodava… era o fato de ele ainda estar pensando naquilo.
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  Naquela garota.
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  Na sensação.
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  Na pergunta que não saía da cabeça: por que diabos eu beijei ela daquele jeito?
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  Oliver cruzou os braços com leveza. Estava deixando %Ethan% queimar um pouco antes de jogar a próxima carta.
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  — Confia em mim — disse, enfim, com o tom de quem já estava cinco passos à frente. — Eu vou resolver.
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  %Ethan% se virou devagar, desconfiado.
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  — E isso quer dizer o quê, exatamente?
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  Oliver apenas sorriu.
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  — Ainda não é hora de te contar.
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  Mas nos olhos dele… já havia uma ideia em construção. E, como sempre, isso só significava uma coisa: problemas à vista.
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🎬💕

  O sino da porta do Luna’s Coffee & Bakery tilintou mais uma vez naquela manhã, mas %Isa% mal ouviu. De costas, empoleirada no banquinho atrás do balcão, ela repunha xícaras nas prateleiras, tentando focar em qualquer coisa que não fosse o X.
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  "Se eu ficar quieta, tudo passa. Ninguém vai me reconhecer."
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  Respirou fundo. Ajustou o coque alto no puff. Virou-se para o balcão com um sorriso treinado.
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  Mas algo… estava errado.
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  Os cochichos. Os olhares furtivos. O casal na fila trocando risadas cúmplices enquanto espiavam a tela do celular e depois… ela.
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  %Isa% engoliu seco e forçou o foco. Avançou para atender o próximo cliente. Um homem de boné e óculos escuros se aproximou com o celular na mão, o corpo ligeiramente curvado como quem não quer parecer óbvio.
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  Antes que %Isa% pudesse dizer “bom dia”, ouviu o clique.
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  O som seco da câmera.
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  O sangue escoou das extremidades do corpo. A garganta secou.
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  O homem sorriu, agradeceu como se nada tivesse acontecido e saiu quase trotando pela porta. %Isa% ficou parada por um segundo, sentindo o coração bater no lugar errado. Depois, largou a caneca na pia e se forçou a seguir. Um pedido, dois. Açúcar. Guardanapos. Limpeza das mesas. Tudo feito no automático, como uma atriz que esqueceu o texto, mas ainda precisa sorrir no palco.
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  As horas se arrastaram, pesadas, sufocantes. O café enchia e esvaziava como ondas. Mas %Isa% não via mais nada. Não ouvia. Era só o som da própria respiração curta e o coração pulsando feito alarme disparado.
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  Por volta das seis da tarde, a porta se escancarou com força, abrindo espaço para um redemoinho azul.
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  Park Jae-min.
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  — %Isa%... — sussurrou, já atravessando o salão e puxando a amiga para trás do balcão. Os olhos arregalados, o celular tremendo nas mãos. — Te acharam.
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  A brasileira pegou o aparelho.
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  Ali, na tela iluminada, uma foto nítida: ela de avental, atrás do balcão do Luna’s. Servindo café. Olhar distraído. E abaixo, a legenda que acabou de implodir o pouco de anonimato que restava:
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  A garota do vídeo foi localizada. Luna’s Coffee, LA. #MisteryGirl
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  — Não, não, não, não… — %Isa% sussurrava, os olhos fixos na tela, a pele empalidecendo como se o sangue tivesse desistido.
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  Mrs. Jenkins surgiu da cozinha, secando as mãos num pano já gasto.
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  — O que está acontecendo? Por que tem gente parada do lado de fora?
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  %Isa% correu para a vitrine. Do outro lado do vidro, quatro fotógrafos já se posicionavam com câmeras gigantes. Um deles ajustava a lente. Outro apontava direto para a entrada.
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  — Paparazzi… — a voz de %Isa% saiu quase sem som. Ela recuou, tropeçando nas cadeiras, puxando o avental como se quisesse desaparecer dentro dele.
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  — Eles me acharam. Eu... eu não posso ficar aqui.
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  Mrs. Jenkins se aproximou e segurou os ombros dela com firmeza, os olhos pequenos mas determinados.
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  — Respira, %Isadora%. Você está segura. Aqui, ninguém toca em você.
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  Jae apertou a mão da amiga.
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  — Calma, %Isa%. A gente vai pensar em alguma coisa. Vai sair dessa.
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  %Isa% olhou para as duas, desesperada, os olhos começando a marejar.
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  — Eu só queria sumir…
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  Do outro lado da cidade, Oliver Grant estava sentado calmamente em seu escritório com vista para LA. O gráfico de engajamento no tablet subia como foguete.
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  — Localizem a garota — disse ao telefone, o tom sereno de quem já previa o caos. — Discretamente. Agora.
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  De volta ao café, %Isa% tirou o avental com os dedos trêmulos. Cada movimento era mais difícil que o anterior. Jogou a jaqueta sobre os ombros, a bolsa atravessada no peito.
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  Respirou fundo. Uma vez. Duas.
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  Empurrou a porta.
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  A rua era um teatro de horrores. Flashes estouraram de imediato — clique-clique-clique — como se o som fosse parte de uma guerra invisível. %Isa% se encolheu, abaixando a cabeça. Tentou puxar o capuz, se proteger.
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  — %ISA%! — Jae apareceu como um escudo humano, puxando a amiga pela mão. — Rápido, vem comigo!
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  Mrs. Jenkins, sem perder a compostura, posicionou-se na entrada como uma muralha.
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  — Deixem ela em paz! — gritou, voz firme. — Vão arrumar outra vida pra arruinar!
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  %Isa% tropeçou no meio-fio, os flashes piscando sem dó.
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  Foi quando notou.
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  Um carro preto. Estacionado do outro lado da rua. Discreto. Luxuoso. E com as janelas escuras.
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  O vidro traseiro abaixou devagar.
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  Lá estava ele.
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  %Ethan% %Blackwell%. Óculos escuros mesmo de noite. Maxilar tenso. Ombros rígidos. O olhar, impossível de decifrar. Nem raiva, nem empatia. Apenas… algo.
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  A porta do carro se abriu. A voz do motorista ecoou:
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  — Senhorita, por favor. Entre logo.
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  %Isa% congelou. Os paparazzi aumentaram o ritmo. Gritavam perguntas. Alguns já começavam a atravessar a rua. Ela olhou para Jae, que estava vermelha de exaustão. Olhou para Mrs. Jenkins, ainda protegendo a porta do café como uma guardiã de armadura invisível.
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  Depois… olhou para %Ethan%. Que não dizia nada. Só esperava, como se soubesse que ela não tinha mais escolha.
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  A garganta de %Isa% fechou. Os olhos ardiam. As mãos tremiam.
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  Mas ela deu o passo.
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  Entrou no carro.
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  E o mundo, do lado de fora, explodiu em cliques.
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  Nota da autora: E VAZOU, MINHA GENTE! 😭🔥
  O que era pra ser “só um beijo acidental” virou trending topic, manchete, caos midiático e… o início de tudo. A %Isa% só queria servir um café e pagar os boletos, mas agora? Está sendo seguida por paparazzi, viralizando no X e... sendo encarada de dentro de um carro pelo próprio %Ethan% %Blackwell% 😳
  Esse capítulo foi um divisor de águas — agora não tem mais volta! %Isa% entrou oficialmente no mundo dele (mesmo que contra a vontade) e as consequências disso vão bater na porta com força nos próximos capítulos.
  Obrigada por estarem comigo em cada passo dessa jornada que só tende a ficar mais caótica (e deliciosa). Agradeço muito o quarto lugar no Supernovas da Semana, vocês arrasam, foi surpreendente.
  Nos vemos no próximo capítulo, onde o jogo começa a virar de vez. 💋📸

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Lelen

EU SOU A JAE TODINHA MONTANDO O FANCLUB DO SHIPP JÁ HAHAAHAH
Adoro um fake dating e… Não tenho muita paciência pra homem dramático, mas vamos ver pra onde o Ethan vai, né IOASPDOIASNDP
E é agora que a carreira da Isa decola? Porque eu tô esperando decolar OIHASOIDASBDOI

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