Três
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Diggory passou um bom tempo na cabine de %Sam% e seus amigos, conversando amigavelmente com Potter, inclusive jogando uma partida de snap explosivo com ele e xadrez bruxo com Rony, perdendo de lavada, o que não foi surpresa para ninguém já que todos perdiam para o ruivo no jogo.
Horas depois, despediu-se deles e foi para a cabine dos amigos antes de juntar-se com o restante dos monitores (incluindo Granger, Weasley e, para surpresa dos três, Malfoy), tirando algumas dúvidas e ensinando-lhes como agir com os outros alunos.
Entre a confusão de ajudar Hagrid a separar os alunos do primeiro ano e confirmar que todos os outros pegaram as carruagens, Diggory não tornou a ver a namorada, só a encontrando com o olhar rapidamente na mesa da Grifinória durante o jantar de boas-vindas. A menina conversava empolgada com alguns colegas da Casa, enquanto esperavam o discurso de Dumbledore.
Cedrico parecia que não comia há dias, embora fizesse apenas algumas horas desde que tinha comido alguns pedaços de bolo que comprou no trem, mas sentia um buraco em seu estômago e começou a tamborilar os dedos da mesa, esperando a comida que não vinha. Seu desespero só aumentou quando percebeu que o discurso de Dumbledore não seria curto, muito pelo contrário. E, para surpresa de todos, a nova professora, Dolores Umbridge, interrompeu o falatório do diretor, começando um monólogo chato que começou a dar-lhe sono, embora, no final, ele tivesse entendido ao que a mulher se referia e não gostou nem um pouco do que ela havia dito. Não sabia dizer o quanto de
poder ela teria na Escola, mas se fosse maior do que de McGonagall, a qual era Vice-Diretora, o ano seria, no mínimo,
complicado. Cedrico havia terminado sua ronda antes de seguir com sua mochila para a biblioteca, pronto para colocar algumas matérias em dia e estudar para seu NIEM’s. Tinha apenas uma semana que as aulas haviam retornado, mas já era incrivelmente exaustivo o número de matérias acumuladas, principalmente em Poções e Transfigurações. Suspirou frustrado ao não encontrar Black em nenhuma das mesas de estudo, e logo juntou-se aos amigos mais ao fundo, retirando os livros grossos e pesados, enquanto puxava alguns rolos de pergaminhos, tinteiro e pena.
Sempre que ouvia um barulho na porta, olhava na direção, esperando ver a namorada entrar a qualquer momento. Apenas confirmou no relógio em seu pulso que as aulas da garota já tinham terminado há uns bons quarenta minutos, mas nem sinal dela. Eles não haviam realmente combinado de se encontrar para estudarem, mas Cedrico tinha esperanças que acontecesse, embora parte de si achasse bom ela não estar ali; era difícil para ele se concentrar nos estudos quando a loira estava ao seu lado, mas notou que também era complicado prestar atenção em todas as suas anotações quando não a via.
Tinha dois dias que não conseguiam conversar direito, Diggory estava mais atarefado do que o normal com suas tarefas de Monitor agora que havia sido
promovido, e a quantidade de estudos não facilitava nenhum dos lados; %Samantha% tinha começado a se preparar mais cedo do que gostaria para seus NOM’s no final do ano. E nenhum dos dois teve tempo de sequer pensar no Quadribol, embora o lufano já devesse estar se preocupando com a nova temporada.
— Cedrico, se você não fizer a lição eu não consigo copiar, sabia? — Emmett sussurrou para o amigo, vendo-o rolar os olhos no instante seguinte, rindo baixo.
— Talvez você devesse fazer hoje, e eu copiar, apenas para variar.
— Não queremos diminuir suas boas notas, não é? — Monty sorriu enquanto Diggory negou com a cabeça, suspirando antes de voltar sua concentração para o pergaminho à sua frente.
%Samantha% esticou-se na cadeira, estalando os dedos após deixar a pena ao lado do pergaminho.
— Por Merlin, eu não aguento mais escrever, meus dedos doem! — reclamou antes de prender os cabelos que soltaram-se de seu coque preso com lápis.
— Poderíamos estar lá fora, aproveitando que ainda não é inverno! — Rony concordou frustrado, olhando pela janela da torre para os gramados verdes.
— Podem ir, mas quando vocês reprovarem em seus exames, não digam que eu não avisei! — Hermione murmurou, antes de voltar a prestar atenção em suas anotações.
— Alguém aqui sabe mesmo como motivar os amigos! — %Sam% sorriu irônica, levantando-se pouco depois.
— Não é como se funcionasse com você, é? — a amiga respondeu no mesmo tom, olhando-a rapidamente.
— Relaxa, Mione, só vou esticar as pernas um pouco. E eu já terminei o resumo de Adivinhação e a lição de Feitiços. Aproveito para ver se Harry ainda está com a Cara de Sapo, faz mais de duas horas que ele saiu, e eu ainda não jantei! — falou antes de retirar-se, podendo escutar o ruivo reclamar por também estar com fome, embora tivesse jantado mais cedo.
Black desceu as escadas até o Salão Principal encontrando poucas pessoas jantando, não localizou nem Cedrico na mesa da Lufa-Lufa, nem Harry junto com os amigos da Grifinória, mas aproveitou para pegar um pedaço de torta de rins, ovos e bacon para comer.
— Acho que você tem estudado muito, porque isso é café-da-manhã, não jantar, Tonks! — Dino Thomas riu apontando com a cabeça para o prato da colega.
— Tão engraçado esse rapaz! — Negou com a cabeça, mastigando um pouco de bacon. — Vocês viram o Potter? — perguntou entre uma garfada e outra. Simas rolou os olhos, Neville e Dino negaram. — Você sabe que é bem ridículo acreditar no Profeta ao invés de acreditar em Harry e Dumbledore, não é? — comentou em voz baixa com o colega ao seu lado, tomando um gole de suco antes de virar-se para o mesmo. — Quantas vezes Potter estava errado sobre alguma coisa, e quantas ele já enfrentou Voldemort? Pense um pouco nisso antes de ficar contra ele, Simas. — Terminou antes de levantar-se, não finalizando sua refeição e deixando o Salão em seguida.
Olhava para baixo enquanto andava, distraída com o cadarço desamarrado, esbarrando em alguém ao passar pela porta.
— Hm, oi — o rapaz respondeu, rapidamente colocando as mãos dentro dos bolsos, ato que não passou despercebido pela loira, que arqueou a sobrancelha por alguns instantes antes de tornar a conversar.
— Estava indo te procurar. Como foi?
— Nada demais… — Deu de ombros, entrando no Salão Principal junto com ela. — Umbridge me fez repetir uma frase várias vezes…
— Qual frase? — perguntou no tempo em que os dois sentaram lado a lado na mesa da Grifinória, um tanto afastados de Simas.
— Não devo contar mentiras. — Sorriu de lado, esticando a mão direita para pegar um pouco de suco de abóbora.
%Samantha% o olhou por alguns instantes enquanto o colega se servia do jantar e, ao notar que ele não diria muito mais a respeito, suspirou mexendo nos cabelos, agora soltos, e sentando mais despojadamente no banco, preferindo puxar outro assunto ao invés de ficarem em silêncio.
— Você sabe que a Angelina é a nova Capitã, certo? — perguntou retoricamente, vendo-o concordar com a cabeça. — Ela vai começar as inscrições para goleiro… — explicou olhando em volta, suspirando enquanto encarava alguns colegas que ainda jantavam. — Vamos ser massacrados, não vamos?
— Por que diz isso? — Harry perguntou ao levar um pedaço de bacon na boca, mastigando devagar.
— Porque é a verdade. Ninguém é tão bom quanto Olivio e soube por fontes confiáveis, sendo a fonte eu mesma — contou rindo —, que McLaggen vai tentar ocupar a posição.
— E isso é ruim? Ele sempre fala que é maravilhoso no Quadribol…
— Se ele fosse tão bom já estaria no time, não concorda? Ele não entrou nem como reserva. Olivio deveria saber que ele não é tudo aquilo, espero que Angelina não cometa o erro de aceitá-lo.
Potter riu com gosto. Não admitiria aquilo para ninguém, mas gostava quando %Sam% falava de alguém com ele, mesmo se fosse sobre algum aluno que ele não conhecia direito, principalmente porque lhe permitia pensar em outros assuntos e esquecer momentaneamente os problemas, parecia que ela sempre sabia o momento exato de puxar assuntos aleatórios ao invés de pressioná-lo em algum que ele não tinha interesse em conversar, diferente de Mione e Rony, por exemplo.
%Samantha% passou a língua pelos lábios e virou-se na direção de Harry ao ouvi-lo gargalhar.
— Gosto de ouvir sua risada, sabia? — comentou de repente, tornando a olhar para frente, pegando uma maçã do cesto, Harry sentiu as bochechas esquentarem rapidamente, mas %Samantha% não pareceu notar. — Fazia tempo que não te via rindo. Eu sei que tem motivos, mas… Tente relaxar mais, está mais estressado que a Mione com os NOM’s! — Virou-se para olhá-lo rapidamente, sorrindo de lado. — Aliás, falando em NOM’s, como eu sou muito legal, deixo você copiar minha lição. Só não deixe a Granger ver. — Piscou antes de levantar-se, mordendo a maçã vermelha. — Nos vemos no Salão Comunal, Raio — avisou passando a mão pelos cabelos curtos e arrepiados do rapaz, antes de sair do Salão.
Potter acompanhou com o olhar a amiga se afastar, sentindo o coração bater acelerado e o rosto ainda quente pelo comentário da garota. Suspirou antes de voltar sua atenção para o jantar, de repente Umbridge não parecia mais ser o pior dos seus problemas naquele ano!
Cedrico voltava junto com os colegas do sétimo ano para o Castelo quando viu a namorada subindo as escadas.
— Ei — chamou mais alto, subindo alguns degraus para poder alcançá-la.
Black virou-se pouco antes do lufano a encontrar no meio do segundo lance.
— Olha só quem apareceu! — Sorriu para o rapaz que parou dois degraus abaixo. — Fui te procurar na biblioteca, mas já estava fechada… Achei que estivesse no seu Salão Comunal…
— Tive aula de Astronomia — ergueu o braço direito, mostrando o livro que carregava —, e você? Não te vi o dia inteiro…
— Pois é, senhor Monitor Chefe, agora que você está com mais este cargo, fica difícil mesmo. — Arqueou a sobrancelha, encostando-se de braços cruzados no corrimão. — Mas na verdade eu passei as horas vagas estudando. Acredita nisso?
Cedrico riu baixo, concordando com a cabeça, apontando para a maçã que a garota segurava.
— Você vai terminar isso? Estou com fome… — Fez cara de sofrido, vendo-a estender a fruta pouco depois. — Já vai dormir? — perguntou enquanto mastigava.
— Não, ainda não terminei meu trabalho de DCAT. — Olhou para o lado por um instante para ter certeza que ninguém se aproximava. — O que achou da Cara de Sapo?
Diggory arqueou a sobrancelha antes de sentar-se no degrau do lado oposto, encostando-se na parede e esticando as pernas, deixando seu livro de astronomia no degrau de cima.
— Achei ok. Não tivemos muitas novidades, ela chegou na sala, fez um discurso sobre os outros professores, falou sobre o Ministério e passou alguns textos para lermos. — Deu de ombros. — Você pelo visto já está de implicância, não? — Black abriu a boca indignada.
— Não estou de implicância. A mulher é louca! Não vai nos deixar treinar os feitiços, disse que é desnecessário sabermos nos defender! Para que serve uma aula de Defesa se a gente não vai saber se defender? — questionou abrindo os braços, frustrada. — E nos tirou cinquenta pontos!
— O que você fez? — questionou ao terminar de comer, conhecia a namorada bem o suficiente para saber que ela era bem capaz de perder até duzentos pontos para a Grifinória.
— Nada. — Rolou os olhos, logo fazendo menção de sentar-se, de forma que Diggory puxou as pernas, dando-lhe espaço. — Dessa vez não fui eu. Harry começou a falar sobre a última tarefa do Torneio, sobre Voldemort, e bem, você pode imaginar, não é? — Cedrico suspirou, concordando com a cabeça.
— Potter também não perde uma chance de arrumar problemas. Poderia simplesmente ter ignorado tudo… — %Samantha% o encarou por longos segundos.
— Você está
mesmo defendendo a mulher? Não foi você quem me disse que esse ano seria mais difícil com ela aqui?
— Eu não estou defendendo ninguém! — Negou com a cabeça. — Estou dizendo que ele poderia ter evitado. Só isso.
— Você evitaria se estivessem te chamando de mentiroso? Eu sei que
eu não evitaria. Poderia perder quinhentos pontos.
— Tenho certeza que sim. — Riu baixo, notando que a namorada ainda parecia incomodada. — Potter não está errado em tentar se defender, mas ele pode evitar alguns dos problemas, não é? Por exemplo, se ele tivesse se mantido em silêncio não teria ficado de castigo. — %Samantha% franziu o cenho por alguns instantes.
— Como sabe que ele estava de castigo?
— Precisei entregar alguns trabalhos na sala da Umbridge, ele estava lá quando entrei. — Passou a mão pelos cabelos. — Será que podemos mudar o assunto agora? Realmente não queria ficar falando sobre essas coisas no único momento que estamos juntos.
— Tudo bem… — concordou suspirando, sabia que se mantivessem a conversa, acabariam brigando e era a última coisa que ela queria naquele momento. — Quer falar sobre o quê? — Diggory sorriu de lado.
— Na verdade, não estou realmente interessado em conversar nesse instante.
Viu a loira o olhar chocada, embora um sorriso tomasse os cantos de seus lábios, o que só aumentou quando o lufano aproximou-se o suficiente para encostarem os lábios.
— Eu só quero ver se te encontram
se agarrando no meio das escadas, vai perder seu título de Monitor-Chefe! — Soprou contra os lábios finos do rapaz, ouvindo-o rir baixo.
— Eu vou me arriscar dessa vez.
Com um mês que as aulas retornaram, a única novidade era o número de decretos criados por Dolores que havia sido nomeada
Alta Inquisidora pelo Ministro, o que significava que a mulher tinha liberdade para fazer o que quisesse em Hogwarts, principalmente aterrorizar os alunos.
As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas continuavam tão ruins quanto na primeira semana e tão entediantes quanto as de História da Magia, e agora Umbridge também estava encarregada de avaliar os outros professores, podendo demitir quem quisesse, se achasse necessário. O mais impressionante em tudo aquilo era o número de pais que concordavam com aquelas atitudes do Ministério interferindo na educação em Hogwarts.
— Edwiges?! — Potter sorriu ao ver a ave branca aproximando-se na hora do Correio Coruja. Estava há mais de uma semana esperando uma resposta de Sirius.
%Sam% terminava de ler a carta enviada pelos Tonks quando notou sua coruja parada na mesa, com um pedaço de pergaminho amarrado em sua pata. Acariciou suas penas por alguns instantes após desamarrar a carta e logo os dois pássaros tornaram a voar para fora do Salão em direção ao Corujal.
— E então? — Mione perguntou em voz baixa para os dois, notando que já tinham terminado de ler suas correspondências. — Alguma novidade sobre a Ordem?
— Aparentemente as coisas não vão bem, o que não é uma novidade. — A loira suspirou, guardando o bilhete no bolso da capa. — Mas é melhor conversarmos sobre isso depois. — Olhou por sobre o ombro, vendo a professora próxima à mesa.
No sábado, enquanto voltavam mais animados para o Salão Comunal depois de terem passado o dia embaixo de uma árvore próxima ao Lago Negro, ainda estudando, mas pelo menos ao ar livre, o trio encontrou com Potter já sentado em uma das poltronas próximas à lareira, enquanto lia o livro recomendado para o trabalho de História da Magia.
— Faz tempo que você voltou? Podia ter ido encontrar conosco — Rony falou ao jogar-se no sofá, deixando os livros espalhados de qualquer jeito no chão.
— Não muito — respondeu dando de ombros, enquanto Mione sentava-se ao lado do ruivo e %Sam% ao chão, próxima à lareira, aquecendo-se um pouco.
O inverno ainda não tinha chegado, mas já começava a esfriar e, após passar as duas últimas horas no vento gelado, era bom estar em um lugar quente.
— Como foi com a Umbridge? — Hermione questionou, retirando o casaco que usava.
— Ok, nada fora do normal — tornou a responder o moreno, ainda olhando para o livro em mãos.
— O que aconteceu com a sua mão? — %Samantha% perguntou de repente, encarando a mão esquerda do amigo, que parecia ter uma cicatriz grande.
— Nada! — apressou-se a dizer, mostrando a mão direita. Black arqueou a sobrancelha com um sorriso irônico nos lábios antes de aproximar-se, puxando a outra mão de Potter.
Demorou alguns segundos para a garota entender o que era, a expressão concentrada em seu rosto fez Harry respirar fundo, tornando a negar com a cabeça quando ela o encarou finalmente.
— Nada? — Foi Mione que começou, também olhando para a mão do colega e entendendo rapidamente o que acontecia. — Você tem que dar queixa, contar para Dumbledore.
— Não, Hermione. Você não entende.
— A mulher está te torturando, Harry! — Rony concordou, mas Harry os ignorou, deixando o livro de lado e levantando-se. — Se seus pais soubessem disso…
— Mas eu não tenho pais, tenho Rony? — falou sobre o ombro, fechando as mãos em punho.
— Não, não tem — %Sam% concordou, levantando-se devagar —, mas não quer dizer que a mulher possa fazer o que quiser e você aceitar.
— Não estou aceitando nada.
— Desculpe, mas se você não quer falar sobre isso nem para os seus amigos, imagino que Umbridge alcançou o objetivo dela de te deixar isolado. Ou você acha que todas as provocações nas aulas para te fazer parecer um louco, são sem querer? — Cruzou os braços, encarando-o significativamente por alguns instantes. — Se você é ingênuo a esse ponto, sinto muito, mas eu não sou.
— %Samantha% está certa, Harry. Precisamos fazer alguma coisa. É muito simples e…
— Não tem nada de simples nisso, Mione, mas vocês não entendem! — respondeu frustrado, passando a mão pelos cabelos curtos, virando-se para a janela, notando a chuva que começava a cair do lado de fora.
— Não é preciso — %Samantha% continuou, soando debochada a cada palavra, apenas por saber o quanto aquilo irritava o moreno, porém era um bom jeito de notar o quão estupido estava sendo. — Harry está querendo provar que não é um garotinho assustado que precisa de Dumbledore ou de qualquer pessoa para resolver seus problemas. Ou talvez ele só não esteja acostumado a ser ignorado pelo diretor ou por ninguém, quer dizer, é o Menino que Sobreviveu, não? Como é que ninguém está prestando atenção nele?
Potter virou-se com raiva, os punhos fechados e a mandíbula travada.
— O que foi? Estou errada? Ou estou cem por cento certa? — Sorriu de lado, irritando-o ainda mais.
— Você não sabe o que está dizendo.
— Talvez, mas me parece muito simples; você quer resolver tudo sozinho, porque se Dumbledore não quer falar com você, então ninguém pode te ajudar, não é? — rebateu. — Não sei se você se lembra, Potter, mas boa parte das vezes que você teve algum problema, pelo menos um de nós estávamos com você!
— Não é nada disso… — Negou com um aceno rápido.
— Vocês ouviram isso? — Rony perguntou de repente, atraindo a atenção dos três amigos. — O que…? — Virou-se para a lareira.
— Pai? — %Sam% exclamou surpresa, aproximando-se apressada.
— Eu… Esqueci de avisar — Harry suspirou —, recebi um bilhete hoje… — Deu um sorriso sem graça.
— Olá! — A voz rouca de Sirius preencheu a sala vazia, os quatro aproximaram-se ainda mais após certificar-se que ninguém estava à vista. — O que está acontecendo?
— Umbridge — Potter falou rapidamente, não dando chance de ninguém contar sobre a pequena discussão de poucos minutos. — Não nos deixa usar as varinhas em aula e já está mandando tanto quanto Dumbledore.
— Era de se imaginar… — Black suspirou. — Achamos que Fudge não os quer treinados em combate…
— Em combate? — Rony repetiu confuso.
— O que eles acham que está acontecendo nessa escola? Que estamos juntando um exército, ou…
— Exatamente! — Sirius concordou com a filha. — Ele está cada dia mais paranoico, está achando que Dumbledore está criando um exército para invadirem o Ministério.
— Quando a gente acha que vai ter um pouco de paz… — Weasley suspirou, jogando-se novamente contra o sofá.
— E quanto a Ordem? — Harry questionou ansioso. Sirius demorou alguns instantes para responder.
— Os outros não querem que eu diga isso a vocês, mas… As coisas não vão nada bem… — Respirou fundo, concluindo sua frase em seguida. — Voldemort está ficando cada vez mais poderoso e juntando seguidores mais rápido do que conseguimos…
— Pai, você acha que Fudge ou Umbridge podem estar trabalhando com ele? Ou talvez sob algum feitiço?
— Pouco provável… Cornélio está com medo de perder seu cargo como Ministro e Dolores… Bem, ela não é muito agradável…
— O que faremos? — Rony foi o primeiro a se manifestar após algum tempo de silêncio.
— Bem… Voc- — o homem parou de falar abruptamente. — Vem vindo alguém. Sinto muito, mas, por ora pelo menos, parece que vocês estão sozinhos nessa.
Assim que Sirius sumiu, os quatro espalharam-se pela sala com os pensamentos a mil enquanto tentavam, de alguma forma, arrumar alguma solução para tudo aquilo.
— Umbridge quase nos faz esquecer de todos os problemas, não é? — %Sam% comentou esfregando as têmporas. — Quer dizer, quem se lembra do mundo lá fora quando temos a Cara de Sapo bem aqui?
— De qualquer forma — Hermione começou —, temos que ser práticos. Não temos como ajudar nas coisas da Ordem, mas podemos fazer algo para resolver o problema mais próximo. Umbridge não está nos deixando usar magia e não está nos ajudando a passar nos NOM’s, e se ela não quer nos ensinar, precisamos de outro professor.
— O que quer dizer? — os três perguntaram confusos.
— Precisamos de alguém que nos ajude a aprender a nos defendermos por conta própria, se o Ministério não quer admitir o retorno de Você-Sabe-Quem, bem, não podemos sair ameaçando todos para que acreditem em Harry, mas podemos tomar conta de nós mesmos.
— Eu ainda não entendi… — O ruivo começou, levantando-se do sofá e aproximando-se dos outros três que estavam em pé próximos à janela.
Granger respirou fundo, fechando os olhos por alguns instantes, antes de virar-se para Potter.
— Precisamos de alguém que já tenha experiência em batalhas, precisamos estar prontos.
— Você está dizendo o que eu acho que você está dizendo? — %Samantha% tornou, quando Mione concordou com a cabeça, a garota sorriu. — Eu adorei a ideia!
— Que ideia? — os dois rapazes perguntaram.
— Precisamos que
você nos ensine, Harry.
— Vocês… Precisam… Que eu… O quê?
Cedrico bateu na porta de carvalho e pouco depois pôde escutar os saltos batendo contra o chão, até que a porta se abriu e Dolores Umbridge sorriu para ele, parecendo
quase fofa.
— Diggory, obrigada por vir, entre, por favor. — Deu espaço para o lufano, que ajeitou a alça da mochila em seu ombro antes de sentar-se na cadeira que a mulher indicava.
— Algum problema, professora? — questionou quando a mesma sentou-se, oferecendo-lhe uma xícara de chá.
— Não, exatamente… — Sorriu para o aluno, colocando cinco colheres de açúcar em sua própria bebida. — Como Alta Inquisidora é meu dever me preocupar com a educação e o bem-estar de todos os alunos de Hogwarts. Como você sabe — sorriu novamente, antes de tomar um gole do líquido claro em sua xícara de porcelana —, estou ainda em um período de avaliação dos seus outros professores — Diggory concordou, mantendo a expressão neutra —, mas também me preocupo com alguns alunos, os que eu vejo que têm
potencial, como você, Cedrico.
— Oras, não se faça de rogado, querido. Você é Monitor Chefe, um aluno modelo, o melhor em seu ano, Capitão do time de Quadribol, um dos Campeões da Escola no Torneio do ano passado… — Encarou-o, esperando alguma reação, que não veio.
Diggory era cauteloso, não faria qualquer comentário sem ter certeza do que se tratava aquele chamado.
— É óbvio que você tem potencial para ser um grande bruxo, Diggory. Seu pai é um ótimo funcionário do Ministério e, eu estava conversando com o Ministro há poucos dias sobre isso, você tem chances de ser ainda melhor do que seu pai. Talvez chegar até mesmo ao cargo de Ministro em alguns anos, como seu tataravô. Imagino que você esteja almejando um cargo no Ministério, não é?
— Hm… Bem… Quando eu terminar os estudos, talvez…
— O que você pretende, querido? — Sorriu, encorajando-o.
— Talvez… O setor de Cooperação Internacional… — respondeu um tanto sem graça, sentindo seu rosto esquentar.
— Ora, ora, já consigo te ver como chefe do setor! — Juntou as mãos, olhando para algum ponto da parede com uma expressão
exageradamente feliz. — Por isso acho importante termos esta conversa, Cedrico. Eu quero te ajudar a conseguir o que você deseja no futuro.
— Hm… Obrigado, eu acho… — Deu um pequeno sorriso, embora soubesse que a mulher não falava isso apenas por querer ser legal. Era tão óbvio que Dolores queria algo em troca que Cedrico sentia-se até ofendido por ela achar que poderia enganá-lo daquela forma.
— Mas, para isso, você precisa ter um currículo impecável, o que você certamente já tem, e, alguém que te
indique. Você sabe, indicação hoje em dia é tudo.
— Por isso, estive pensando… — Novamente o sorriso exagerado, Cedrico manteve uma expressão
educadamente curiosa. — Eu preciso de alunos como você ao meu lado, Diggory, para mantermos a ordem e voltarmos aos bons costumes que tanto prestigiam o nome de Hogwarts.
— Eu acho que você seria uma ótima escolha, é popular e influente. As pessoas escutam as suas ordens, você se sairia muito bem e, é claro, eu deixaria o Ministro muito bem informado da sua colaboração. — Cedrico concordou com um aceno, olhando para as próprias mãos, enquanto escutava a mulher pigarrear antes de terminar sua frase: — Só tem um
pequeno problema, é claro. — Diggory a olhou, agora genuinamente curioso. — Sua namorada.
— %Samantha%? O que tem de errado com ela? — questionou nervoso.
Dolores sorriu, levantando-se de sua cadeira estofada e dando a volta em sua mesa, puxando a cadeira ao lado de Cedrico e sentando, encarando-o.
— Você sabe tão bem ou até mesmo melhor do que eu, Cedrico. Sua namorada é bem…
Problemática, para dizermos o mínimo.
Diggory permaneceu em silêncio, mais por não acreditar no que estava ouvindo do que por não ter uma reação apropriada para o momento.
— Ela está sempre perdendo pontos para a Grifinória, as notas não são as melhores… %Samantha% está sempre no local errado com as
pessoas erradas.
— A senhora quer dizer Harry Potter? — perguntou descrente. — O problema com ela é por ser amiga de Potter?
Umbridge respirou fundo, permanecendo com o sorriso, que no momento Cedrico queria poder arrancar de seu rosto, antes de negar com a cabeça.
— Não é
apenas o Potter. Você deve saber… Imagino… Sobre a
família dela…? O motivo de morar com os Tonks? — Cedrico concordou com um aceno, mantendo os dentes cerrados e a mandíbula travada. — Pois bem, você não vai querer sujar seu
futuro por causa de uma namoradinha da escola, não é?