Black & Diggory II


Escrita porReh
Revisada por Lelen


Vinte e quatro

Tempo estimado de leitura: 39 minutos

  %Samantha% rolou para o lado assim que passaram pela porta da Sala, batendo a vassoura com força contra a parede de frente e caindo de costas, tossindo um bom tanto da fumaça que tinha respirado. Draco estava encolhido ao seu canto, os cabelos loiros e o rosto branco sujos de fuligem, encarava a parede atrás de si vendo Goyle levantar-se e correr para o corredor lateral, nem mesmo olhando para o grupo que deixava para trás.
  — Crabbe… — murmurou em voz baixa, parecendo incapaz de processar o que tinha acontecido minutos antes. — Crabbe…
  — Está morto, Draco — respondeu a loira no mesmo tom, encarando-o com o cenho franzido, sem saber se estava realmente solidária com o acontecido.
  — E foi muito bem feito! — vociferou Rony mais ao canto ao lado de Hermione e Harry. — Tentou matar a todos nós, não foi?
  Ouviram um grande estampido vindo do lado de fora do castelo, e naquele instante pareceu que todos lembraram-se do que a batalha ainda acontecia.
  — Cadê a Gina? — questionou Harry olhando ao redor, levantando-se desajeitado. — Deveria estar esperando aqui fora para voltar à Sala e…
  — Caramba, você acha que ainda vai funcionar depois do que aconteceu? — replicou Rony, também levantando-se e esfregando o peito dolorido. — Nos separamos para procurar…
  — Não! — respondeu Hermione no mesmo instante, olhando de canto para Malfoy que continuava encolhido ao canto. — Vamos ficar juntos, não podemos nos separar e…  O que é isso no seu braço, Harry?
  — Que? Ah… — Esticou o pulso mostrando o diadema com um líquido espesso, parecido com sangue, porém escuro, escorrendo do mesmo. Potter sentiu o objeto vibrar em sua mão por um instante e então partir-se ao meio.
  — Deve ter sido o Fogomaldito! — concluiu Hermione ao olhar o objeto.
  — O quê? — perguntou Rony sem entender, parecendo tão confuso quanto o amigo.
  — Fogomaldito é uma das substâncias que podem destruir as Horcruxes, mas eu nunca, jamais me atreveria a usá-lo, como será que Crabbe…
  — Aposto que foi com os Carrow! — respondeu Potter à pergunta incompleta.
  — Uma pena que não tenha prestado atenção em como fazer para apagá-lo, não é? — comentou Black de seu canto, atraindo a atenção dos amigos e então virando-se para o primo, o qual ainda parecia perdido em pensamentos olhando para as próprias mãos.
  — Bem, mas vocês não percebem? — continuou Mione, sorrindo pequeno. — O Diadema já era, então só nos resta a cobra e…
  Novamente ficaram em silêncio ao escutarem um barulho ainda maior que o anterior, e então gritos cada vez mais próximos. Os Comensais de Voldemort finalmente haviam invadido o castelo. Vindo por um corredor lateral viram Fred e Percy aparecerem, tentando afastar um grupo de Comensais que se aproximava por ali.
  Draco levantou-se no mesmo instante correndo para o outro lado. %Sam% também havia se levantado e, assim como os amigos, empunhava a varinha na direção dos Comensais que apareciam, mas por um segundo precisou pensar no que estava prestes a fazer.
  — Encontro com vocês daqui a pouco!
  — O quê? — Harry virou-se, mas a loira já corria atrás de Malfoy pelo corredor lateral.
  — Você está brincando, Percy? — Ouviram Fred dizer risonho ao tempo que os Comensais e o próprio Ministro da Magia estavam estuporados próximo a eles. — Você está realmente brincando, Perce? Acho que nunca vi você brincando desde que era…
  E aquela fração de segundos que tudo parecia bem, logo foi para os ares junto com parte do corredor que explodiu em um ataque.
  Potter agarrou-se com força na própria varinha, sabendo que era sua única fonte de defesa e então viu-se soterrado nos escombros da parede que havia vindo abaixo. Limpou a testa suja de sangue e ajudou Hermione que estava mais próxima a levantar-se, no instante seguinte, ouviram um grito angustiante que fez com que o sangue em suas veias congelasse.
  Sentiu-se mais assustado do que nunca em sua vida e por um instante não soube o que fazer.
  — Não! Não! Fred! Não! — Ouviram o grito de Percy, os três ruivos agachados ao canto. Rony tinha lágrimas grossas rolando por seu rosto, não parecendo capaz de mover-se naquele momento. Percy chacoalhava o irmão, gritando seu nome.
  Fred estava caído com os olhos abertos, o sorriso ainda presente em seus lábios. 

  Black puxou Draco pelo braço assim que o alcançou no corredor, puxando-o para um canto afastado daquela confusão.
  — Está na hora de escolher, Malfoy! — avisou, ainda segurando firme no pulso do rapaz, vendo-o a encarar apreensivo. — Você sabe o que deve fazer, não? Vai continuar fingindo?
  Draco bufou, passando a mão pelos cabelos.
  — O que você espera que eu faça? Duele contra Comensais? Ataque Você-Sabe-Quem? Sabe o que ele fará comigo e com minha família se isso acontecer?
  — E você acha que todo mundo que está lutando hoje não tem o mesmo medo? — retrucou irritada. — Draco, minha família, meu namorado e meus amigos estão aqui hoje, você acha mesmo que eu não penso que pode acontecer algo com eles? Ou comigo? Você acha realmente que todo mundo aqui não pensa nas consequências de lutar contra Voldemort? Ah, por Merlin, ele mora na sua casa e você não consegue nem ouvir o nome dele? — Revirou os olhos ao ver o primo fazer uma careta.
  Ficou em silêncio por um instante, encarando-o com a sobrancelha arqueada ao notar que nada havia mudado na expressão dele. Suspirou, negando com a cabeça.
  — Achei que você fosse melhor do que isso, Draco. Pensei que você ainda poderia ser aquele garoto legal que eu conheci anos atrás e que foi meu amigo, mas parece que eu me enganei — comentou, cruzando os braços. — Você é desse jeito não por falta de opções, mas porque é conveniente. Pois bem, se eu tornar a te encontrar hoje, não espere que eu vá salvar sua vida de novo, porque eu vou quebrar a sua cara!
  Deu-lhe as costas, mas foi puxada no instante seguinte, batendo com força contra a parede ao tempo que sentia a mão do primo em sua boca, impedindo-a de fazer qualquer som.
  — Shiu!
  Segundos depois pôde ver dois Comensais passarem apressados pelo corredor, não notando os dois primos que estavam ao canto.
  — Diferente de você, eu não tenho uma segunda chance, ok? — respondeu Draco em tom baixo, após notarem que estavam sozinhos. — Você tem opções: seu pai, Ninfadora, Diggory… Que é que eu tenho? O que você acha que vai acontecer comigo se Você-Sabe-Quem matar meus pais?
  — E você prefere ter Voldemort no poder? Acha que assim ele não vai matar seus pais na primeira oportunidade? Acha que ele vai se importar com o que vocês fizeram por ele, Draco? — Negou com um aceno, passando a língua pelos lábios. — Olhe ao redor, Malfoy, é isso que você quer?
  Draco abaixou a cabeça, não respondendo.
  — Eu te ofereci ajuda semanas atrás, você sabe que não estaria sozinho. Se não é capaz de se importar com ninguém além de você mesmo, é melhor correr antes que se machuque, seu medroso.
  Malfoy abriu a boca para responder, mas ela tornou a lhe dar as costas andando para o outro lado do corredor, logo juntando-se a Gina e Luna que duelavam contra Yaxley. 

  — Potter!
  Dois Comensais da Morte mascarados achavam-se parados ali, mas antes que pudessem acabar de erguer suas varinhas, foram arremessados no ar, caindo a alguns metros de distância, desacordados. O trio virou-se surpreso para o lado, logo vendo %Samantha% aproximar-se, os cabelos loiros sujos de sangue, assim como boa parte de seu corpo e roupas.
  — Que foi que eu perdi?
  — O que foi que aconteceu com você? Você está bem? — tornou Harry no mesmo instante, se aproximando e tocando o braço da amiga, procurando por um machucado inexistente.
  — Oh, não se preocupe, acabei rolando numa poça de sangue de uma aranha enquanto lutava junto de Gina e Luna.
  — Nojento! — resmungou Rony, encarando-a com uma careta.
  — Concordo! Então, o que foi que eu perdi nos últimos minutos? — perguntou notando os olhares dos amigos.
  — Gina está bem? — questionou Harry, ignorando a pergunta anterior, vendo-a concordar.
  — Sim, ela seguiu com Luna para outra parte do castelo junto com a Sra. Weasley! — Harry pareceu respirar mais aliviado ao saber, o que fez %Samantha% olhá-lo com a sobrancelha arqueada, sorrindo pequeno em sua direção e vendo-o corar levemente. — Preocupado com a ruiva, uh? — sussurrou ao seu lado, vendo-o negar sem graça. Foi só depois que notou os olhos avermelhados de Rony, tornando a perguntar em voz baixa: — O que aconteceu?
  — Fred… — respondeu Rony em voz baixa, sentindo a vontade de chorar voltar.
  A loira abriu a boca em choque, sem saber ao certo o que dizer ou mesmo fazer com aquela informação.
  — De todo jeito — começou Mione após alguns instantes de silêncio —, descobrimos onde Voldemort está e precisamos ir atrás da cobra!
  — Mas não tem necessidade de nós quatro irmos até lá! — interveio Harry. 
  — Certo, bom, então a escolha mais lógica seria eu, obviamente — concordou Black, vendo os três a encararem. — Que foi? Enquanto vocês estavam caçando horcruxes, eu estava treinando e duelando com Comensais, sou de longe a mais capacidade para matar Nagini. E eu nem mesmo tive o prazer de destruir uma das horcruxes de Voldemort! Sem contar que vocês invadiram o Ministério e o Gringotes sem mim, me deixar matar a cobra é o mínimo para que eu possa perdoá-los!
  — Não é uma questão de habilidade… E precisamos ter cuidado…
  — Potter, qual parte do “duelando com Comensais” você não entendeu? Sabe a quantidade de missões que eu participei nesses últimos meses? E o número de Comensais que eu nocauteei? Até virei um Animago, não tente tirar isso de mim, Raio!
  — Como é? Que animal você virou? — perguntou Rony chocado e ao mesmo tempo impressionado.
  — Uma raposa. — Deu de ombros, querendo soar humilde, embora o sorriso convencido estivesse presente em seus lábios.
  — Ah, esqueça! Vamos todos ou ninguém vai! — contradisse Weasley, vendo Hermione prontificar-se para ir no lugar da amiga.
  — Mas Harry não pode ir. Se algo der errado, Voldemort não pode pegá-lo!
  — Então vamos nós três!
  — Negativo!
  Ouviram um estrondo e, ao reparar em carteiras voando em sua direção, achataram-se contra a parede logo reparando em McGonagall atravessando o corredor, preparando-se para atacar os Comensais que aproximavam-se.
  — Atacar! — gritou a bruxa ao virar no próximo corredor, nem mesmo notando o quarteto escorado na parede lateral.
  — Vamos! — falou Harry jogando sobre eles a Capa da Invisibilidade que já não era grande o suficiente para cobri-los por completo, mas não acharam que alguém fosse se importar com pés e pernas no meio de toda aquela confusão.
  No caminho até a Casa dos Gritos, enquanto passavam pelos corredores em direção aos jardins, pararam vez ou outra para atacar algum Comensal que ameaçava os amigos, contudo, ao chegarem aos jardins, pararam para ajudar Dino Thomas que duelava junto a Parvati Patil com um Comensal até que ouviram o homem gritar.
  — Tem alguém invisível ali!
  O Comensal mascarado foi estuporado, mas outros ouviram o que ele havia dito e aproximaram-se para descobrir o que acontecia.
  — O que vamos fazer agora? — perguntou Rony apreensivo ao olhar o número que se aproximava, não conseguiriam derrubar a todos, menos ainda correr sem serem pegos.
  — Ah, cara, eu realmente espero que vocês me deem um bom presente no meu próximo aniversário — resmungou %Sam% antes de dar um passo para o lado, tirando totalmente a Capa de si. — Matem a cobra, sim? — sussurrou antes de virar-se para os Comensais, ignorando o chamado de Harry. — Mione, quer fazer o favor de tirá-los daqui? — disse por sobre o ombro antes de andar em direção ao grupo mascarado, erguendo a própria varinha.

  A loira atacava os Comensais que se aproximavam, aceitando de bom grado a ajuda de Dino e Parvati quando os dois colegas se juntaram a ela. Viu Diggory duelando com Fenrir Greyback mais ao canto do terreno e por um momento assustou-se ao ver o lobisomem avançar contra Cedrico, pronto para atacá-lo, mas Rogério apareceu para ajudá-lo enquanto Diggory se virava com rapidez para escapar da investida. Rapidez a qual %Sam% não teve para defender-se do ataque repentino, e então estava caída de costas, sentindo o corpo dolorido ao tempo que um dos Comensais mascarados aproximou-se, puxando-a pelas vestes.
  — A levarei para o Milorde, cuidem do resto! — gritou a voz feminina, puxando-a para um canto após arrematar sua varinha. — Silêncio! — disse mais baixo enquanto se afastava.
  A garota tentou escapar, sem êxito, mas conseguiu gritar o suficiente para que Diggory notasse o que acontecia, vindo a seu socorro, após deixar Greyback inerte no gramado com a ajuda do amigo.
  — Parece que o bonitão aqui não aprendeu, não é? — Victoria riu quando Cedrico aproximou-se correndo com a varinha em punho. — Se eu fosse você abaixaria isso. — Piscou para ele, segurando uma adaga contra o pescoço da filha.
  Diggory ficou sem reação por um instante, encarando da mulher à namorada, passando a língua pelos lábios.
  — Não sei vocês, mas estou realmente cansada de lutar!
  O rapaz sentiu a mão vacilar por um instante, logo baixando a varinha, embora seguisse caminhando em direção às duas — que agora andavam de costas até um local mais isolado e escuro do terreno.
  — Ótima escolha, Diggory — disse, baixando a adaga ao tempo que capturava a varinha do loiro. — Sinto muito pelo outro dia, mas vocês não me deram opções, não é? — avisou antes de soltar a filha, cruzando os braços e encarando os dois jovens. — Imagino que ainda não encontraram Sirius?
  — Se você encostar no meu pai...
  Victoria arqueou a sobrancelha, sorrindo de lado.
  — Querida, se eu quisesse realmente matar qualquer um de vocês, seu pai nem mesmo teria saído de Azkaban. Você não acreditou mesmo naquela historinha de cachorro dele, não é?
  A surpresa passou pelo casal e a mulher aproveitou para aproximar-se de ambos, puxando-os para perto, dizendo em voz baixa e apressada:
  — Embora seja meu passatempo favorito desmentir boa parte das histórias de Sirius, não temos tempo para isso agora. — Puxou a filha pelos ombros. — Sei que você não recuperou o que Dumbledore deixou para você, teria sido muito mais fácil se tivesse, mas tivemos que improvisar um pouco, não?
  — O que…?
  A mulher respirou fundo, negando com um aceno.
  — Não temos tempo para isso, precisamos agir e com rapidez. O Lorde sabe que Potter o encontrará antes do dia amanhecer e é importante que você não o acompanhe. Voldemort não pode pôr as mãos em você, nem nenhum outro Comensal, entende? Potter precisará encontrá-lo sozinho, sua preocupação e dos outros deve se manter na cobra!
  — O que…? Como é que você sabe disso? — balbuciou %Sam% assustada, piscando confusa.
  — Régulo me contou sobre as horcruxes antes de ir atrás daquele medalhão, confiou que no momento certo eu passaria essa informação para frente!
  — Horcruxes? — questionou Cedrico totalmente confuso, encarando as duas mulheres.
  Victoria o olhou com a sobrancelha arqueada.
  — Partes da alma de Voldemort, é por isso que ele não pode morrer — explicou-lhe rapidamente. — Francamente, para um membro da Ordem que foi treinado por Moody, eu esperava que você tivesse um conhecimento maior, Diggory.
  O casal tornou a se entreolhar no momento em que Victoria entregou-lhes suas varinhas.
  — Potter deve morrer antes da cobra, é essencial que isso aconteça! 
  — Harry deve…? Não! — protestou %Sam% no mesmo instante.
  — Vai acontecer você querendo ou não, só assim teremos uma chance contra o Lorde das Trevas. Potter precisa encontrá-lo sozinho.
  — Você só pode estar brincando! — respondeu Cedrico, negando com a cabeça. — Ninguém vai deixá-lo se entregar.
  — Me desculpe, mas achei que a prioridade aqui fosse matar Voldemort — questionou a mulher colocando as mãos na cintura, então passou as mãos pelos cabelos, tornando a encará-los. — Precisamos focar na cobra, uma vez que Nagini esteja morta, poderemos atacar o Lorde.
  — Harry foi matar Nagini junto dos outros — revelou %Samantha%, apontando com a cabeça para o terreno mais afastado. — Foram para a Casa dos Gritos.
  — Duvido que consigam, Voldemort não está sozinho e não será tão fácil. Nagini não é uma cobra comum… — Victoria passou a língua pelos lábios. — Precisaremos atacá-la após a morte de Potter, Nagini será a última Horcrux a ser destruída e uma vez que o garoto esteja morto, o Lorde vai se sentir invencível.
  — Eu sou o único preocupado com a naturalidade que você está falando sobre a morte de Harry Potter? — questionou Cedrico desacreditado, negando com a cabeça.
  %Samantha% concordou com ele, mas Victoria não lhes deu atenção.
  — Sirius sabe que precisamos matar a cobra, mas não sabe sobre Potter. Temos o começo de um plano, mas para funcionar precisamos que Voldemort esteja distraído o suficiente e Potter já esteja morto.
  — E como é que vamos distrair Voldemort? — tornou Diggory. — Ele nem mesmo apareceu para a batalha!
  — Você disse que ele vai aparecer depois de atacar Harry, não? — começou %Sam%, embora se sentisse estranha de sequer imaginar a morte do melhor amigo. — Posso distraí-lo o suficiente quando isso acontecer!
  — Cuidado! — Victoria puxou-os mais para o canto ao notar o grupo de Comensais que atacava membros da Ordem. Diggory virou-se, percebendo a desvantagem em que Remo, Dora e Quim estavam, principalmente ao reparar que Bellatrix também juntava-se aos companheiros.
  — Pode ir!
  Cedrico virou-se para a namorada, parecendo em dúvida por um momento ao olhar dela para Victoria, por fim concordando com um aceno e afastando-se apressado para ajudar os três, enquanto mãe e filha continuavam a conversar. 

  Harry permaneceu ajoelhado ao lado de Snape sem saber o que fazer ao encarar os olhos já sem vida do homem, apertando o pequeno frasco com as lembranças em sua mão, até que, de súbito, uma voz aguda e fria falou tão perto que ele se pôs de pé com um salto, pensando que Voldemort tivesse voltado à sala. A voz do Lorde das Trevas ressoou nas paredes e no chão, e Harry percebeu que o bruxo estava se dirigindo a Hogwarts e a toda a área vizinha para que os residentes de Hogsmeade e todos que ainda lutavam no castelo o ouvissem tão claramente como se estivesse ao lado deles.

  “Vocês lutaram valorosamente, Lorde Voldemort sabe valorizar a bravura.
  Vocês sofreram pesadas baixas.
  Se continuarem a resistir a mim, todos morrerão, um a um. Não quero que isso aconteça.
  Cada gota de sangue mágico derramado é uma perda e um desperdício.
  Lorde Voldemort é misericordioso. Ordeno que as minhas forças se retirem imediatamente.
  Vocês têm uma hora. Deem um destino digno aos seus mortos. Cuidem dos seus feridos.

  Eu me dirijo agora diretamente a você, Harry Potter. Você permitiu que os seus amigos morressem por você ao invés de me enfrentar pessoalmente. Esperarei uma hora na Floresta Proibida. Se ao fim desse prazo, você não tiver vindo ao meu encontro, não tiver se entregado, então a batalha recomeçará.
  Desta vez eu participarei da luta, Harry Potter, e o encontrarei. E castigarei até o último homem, mulher e criança que tentou escondê-lo de mim.
  Uma hora.”

  Sirius ajoelhou-se no chão assim que se aproximou do grupo nos jardins, sentindo as lágrimas escorrerem por seu rosto sem que nem mesmo notasse, apertando a mão de Remo junto à sua, sentindo a perda do único amigo que havia lhe restado dos tempos de Escola.
  Seus dois melhores amigos estavam mortos pelo mesmo motivo.
  O olhar então caiu alguns metros à frente e não demorou muito para reconhecer o outro corpo caído, sem vida. Levou as mãos trêmulas à boca, fechando os olhos descrente. Negou com a cabeça ao aproximar-se, puxando o corpo da sobrinha junto ao seu, abraçando-a apertado. 
  Cedrico e Quim esperaram um pouco mais afastados, em silêncio.
  Diggory passou as mãos pelos olhos, sentindo-os marejar, limpando as lágrimas que começavam a cair por seu rosto antes de fungar, passando a palma da mão pelo nariz, e aproximar-se de Sirius, apertando-lhe o ombro em um sinal de conforto.
  Schaklebolt respirou fundo olhando para o céu escuro antes de também aproximar-se.
  — Sirius, temos menos de uma hora, é melhor levarmos os dois para dentro do castelo e nos prepararmos para o restante da batalha.
  Black concordou com a cabeça, ainda segurando a sobrinha nos braços.
  Levantou-se lentamente, puxando-a consigo, carregando-a para dentro, enquanto Cedrico e Quim puxavam o corpo inerte de Remo.

  Diggory olhou ao redor após deixarem o corpo de Lupin e Ninfadora lado a lado, no chão do Salão Principal, vendo o grande número de corpos espalhados pelo local, em sua maioria estudantes, alguns aparentando serem novos demais para estarem ali, mas que ignoraram as ordens de saírem da Escola e arriscaram as próprias vidas para tentarem parar Voldemort e seus Comensais da Morte.
  Notou mais ao canto os Weasley juntos, curvados sobre alguém ao chão. Fechou os olhos por um momento antes de dar passos lentos em direção ao grupo, não demorando a notar que era um dos gêmeos que estava caído; George chorava sobre o corpo do irmão, enquanto Molly abraçava-o de lado.
  Gui estava junto de Fleur chorando em silêncio quando olhou para Cedrico, acenando com a cabeça para o amigo que murmurou “sinto muito”, incapaz de dizer qualquer outra palavra. Gui concordou, passando a língua pelos lábios, antes de deixar o olhar vagar pelo Salão, logo notando Sirius sentado entre Remo e Dora.
  O Weasley franziu o cenho, virando-se para Diggory, a pergunta silenciosa estampada em sua face, teve como resposta o aceno do loiro, que nem mesmo conseguia mais olhar para o número de corpos caídos, com medo de reconhecer mais rostos amigos.
  Minutos depois, notou quando Hermione e Rony entraram pelo Salão de mãos dadas, andando diretamente para os Weasley. Harry Potter apareceu em seguida, parecendo incapaz de olhar nos olhos de ninguém, o rosto baixo com a expressão desolada.
  E por um momento desesperou-se ao não ver %Samantha% junto deles, o medo dominou por completo seu corpo, fechou as mãos em punho olhando ao redor, procurando com os olhos a namorada, mas não a encontrando em lugar nenhum.
  Deu passos em direção à saída do Salão, determinado a procurá-la por todo o castelo, mas antes que chegasse ao portal, sentiu o alívio passar por seu corpo ao notar a loira aproximando-se. Cedrico deu passos largos em sua direção quando ela o olhou, andando apressada até ele e abraçando-o com força.
  — Você está bem? — Ouviu-a perguntar em voz baixa, Cedrico concordou, embora não parecesse capaz de falar naquele momento. — Cadê meu pai? — questionou olhando para os lados, logo vendo-o levantar-se, andando em sua direção.
  O homem apertou-a em seus braços, acariciando os cabelos da filha, ainda incapaz de segurar as lágrimas.
  — O que aconteceu? — perguntou em voz baixa, olhando ao redor.
  Black sentiu os olhos marejarem assim que viu o corpo de Remo, abraçando ainda mais forte seu pai, sabendo o quanto ele deveria estar sofrendo com a perda do amigo, mas foi quando focalizou o corpo ao lado de Lupin que a garota sentiu o ar faltar-lhe.
  Sentiu como se alguém tivesse puxado seu coração para fora do peito ao ver os cabelos coloridos da prima, andou lentamente até a mesma, ajoelhando-se ao seu lado, sentindo o corpo tremer conforme o choro aumentava. Curvou-se sobre o corpo de Ninfadora, apertando-o contra o seu, abraçando-a.
  — Dora, não… — disse baixinho, esperando que, de alguma forma, a mulher pudesse responder-lhe.
  O aperto em seu peito parecia crescer, o nó em sua garganta a impedia de respirar direito. Continuou abraçada a prima, acariciando os cabelos rosa da mesma. Sentiu quando Cedrico ajoelhou-se ao seu lado, mostrando-lhe que estava ali com ela.
  — Que foi que aconteceu? — perguntou em voz baixa, incapaz de conter o choro.
  — Bellatrix — respondeu no mesmo tom, vendo-a concordar com um aceno.
  %Sam% afastou-se da prima, deitando com cuidado seu corpo no chão, vendo a varinha da Auror pousar ao seu lado. Pegou a mesma, colocando-a no bolso da calça, imaginando que deveria entrega-la a Andrômeda mais tarde e, então ao pensar na tia, lembrou-se também do pequeno Teddy, e sentiu um aperto no coração por saber que agora ele cresceria sem nenhum dos pais ao seu lado.
  Deixou-se ser abraçada por Cedrico, retribuindo o aperto instantes depois, chorando em silêncio contra seu peito, ouvindo-o sussurrar em seu ouvido:
  — Vai ficar tudo bem!

  O grupo se preparava para voltar a lutar, sabendo que não teriam muito tempo antes de Voldemort e os Comensais tornarem a aproximar-se do castelo.
  Quim reunia todos que ainda estavam bem para continuarem a batalha, começando a dar ordens de como poderiam tentar pará-los quando, de repente, ouviram a voz de Gina Weasley:
  — Alguém viu o Harry?
  O burburinho começou e cabeças viraram para todos os lados, procurando pelo garoto. O olhar de todos logo direcionou-se ao trio de amigos, mais ao canto em silêncio.
  — Onde está Potter? — perguntou Quim em voz alta, aproximando-se dos adolescentes.
  Hermione baixou a cabeça, não conseguindo conter as lágrimas desde que havia encontrado com o moreno, enquanto Rony a abraçava, incapaz de dizer qualquer coisa.
  %Sam% virou-se para o homem, a dor ainda presente ao saber que nem mesmo havia conseguido se despedir do melhor amigo, dizendo em voz baixa:
  — Dumbledore disse para confiarmos nele, Harry está nos dando uma chance de vencer Voldemort.
  Schaklebolt a encarou por um instante, concordando com um aceno ao entender o que aquilo significava.
  — Vocês o deixaram ir? — Puderam ouvir a voz de Molly, horrorizada. — Não!
  — Potter fez o que achou certo — recomeçou Quim, virando-se para os demais. — Agora cabe a nós torcer para que ele consiga derrotar o Lorde das Trevas, mas estarmos preparados para enfrentar o inimigo se eles tornarem a aproximar-se desse castelo.
  — Eles estão vindo! — Ouviram a voz de Simas gritar da entrada do Salão minutos depois. — Comensais e Você-Sabe-Quem! Estão vindo da Floresta!
  Quim, Sirius, Minerva e Arthur foram os primeiros a atravessarem o Salão em direção à saída, seguidos por todos os outros, varinhas em punho, prontos para reiniciar a batalha.
  — Não! — O grito de Minerva foi o primeiro que ouviram ao notar o corpo inerte de Potter nos braços de Hagrid.
  — Potter!
  — Não! Harry! Harry!
  Aos poucos, ainda que desacreditados, todos confirmaram com os próprios olhos que Harry Potter estava morto, Voldemort havia vencido. Sirius fechou os olhos por um instante, incapaz de aceitar a morte do afilhado, as mãos tremiam; havia perdido mais um membro da família por causa de Voldemort. %Sam% sentiu o braço de Cedrico sobre seus ombros, apertando-a contra si, as lágrimas rolando por seu rosto, o aperto em seu peito.
  — Silêncio! — gritou o Lorde e todos o encaram por um momento, a derrota estampada em suas faces. — Ponha-o no chão, Hagrid, aos meus pés que é o lugar dele — disse antes de virar-se para o grupo à sua frente. — Estão vendo? Harry Potter está morto! Entenderam agora, seus iludidos? Ele não era nada, jamais foi, era apenas um garoto confiante de que os outros se sacrificariam por ele. Mas eu o venci! Ele foi morto tentando sair escondido dos terrenos do castelo, morto tentando se salvar…
  — Mentiroso! — gritou %Sam% de seu canto, passando a mão pelo rosto e limpando as lágrimas que caíam por seus olhos. — Diferente de você que passou a noite escondido, Harry foi até a Floresta sabendo que morreria! 
  O sorriso enviesado no rosto de Voldemort se desfez e ele deu um passo em direção ao grupo em frente ao castelo, agitando sua varinha por um instante.
  — Temos aqui uma voluntária para demonstrar o que acontecerá com aqueles que insistirem em lutar?
  Black sentiu o corpo agir contra sua vontade e, por mais que Sirius e Cedrico tentassem segura-la, nada puderam fazer quando Voldemort tornou a agitar a varinha, lançando-os alguns passos para trás.
  — Ora, ora, se não é a minha futura Comensal favorita! — disse, passando a língua pelos lábios. — Temos um lugar para uma Sangue-Puro como você, sua mãe já está ao nosso lado assim como seu tio já esteve, será uma honra para você fazer parte do nosso grupo!
  — Quer dizer que seria uma honra para você ter alguém como eu no seu grupinho — replicou irônica, sorrindo de canto, viu os olhos vermelhos do Lorde piscarem em sua direção.
  Voldemort riu e junto dele outros Comensais.
  — Você realmente se acha especial, não é?
  — Oh sim — sorriu da mesma forma, mesmo que caída de joelhos em frente ao bruxo —, e muito mais forte que o melhor de seus seguidores.
  — Parece que teremos realmente uma demonstração do meu poder e dos meus Comensais. — Tornou a sorrir, olhando para o grupo atrás de si que ria com entusiasmo. Tornou a mexer sua varinha e o feitiço que segurava a loira já não estava mais presente, ela pôde levantar-se ainda o encarando com o sorriso convencido que o Lorde logo passou a detestar. — Bellatrix, sei que você gosta de se reunir com sua família!
  A mulher deu um passo à frente, rindo loucamente.
  — Isso será divertido!
  — Não! %Samantha%! — gritou Sirius, tentando aproximar-se, mas um segundo feitiço de Voldemort tornou aquilo impossível, como se uma barreira invisível os segurasse, não deixando ninguém aproximar-se.
  Tia e sobrinha se encaram por um instante, sorrindo uma para a outra ao começarem a se rodear.
  — Pronta para perder, Bella? — provocou a loira, vendo os olhos da mulher quase saltarem de órbita devido ao ódio que sentia.
  — Pronta para se reunir com a sua priminha? — respondeu da mesma forma e no instante seguinte todos puderam ver os jatos de luz que saíam de cada varinha.
  Atacavam-se e se defendiam com rapidez, vez ou outra se provocando com algum comentário.
  — Isso é o melhor que consegue fazer, tia? — A loira ria, lançando mais um jato de luz vermelho contra a mulher e logo desviando de um verde quando a mulher lhe lançou a Maldição da Morte.
  — Você não vai gostar nada do que vai acontecer com você! — gritou enraivecida e, por um momento todos pareceram parar para assistir o duelo, até que ouviram um grito:
  — Onde está Harry?
  Voldemort foi o primeiro a virar-se, notando que o corpo de Potter já não estava mais entre eles. Olhou assustado para os lados, reparando no garoto correndo a alguns metros de distância.
  — Está vivo!
  — Potter está vivo!
  O segundo de distração de Black olhando ao redor para ver o que acontecia, foi o suficiente para Bellatrix desarmá-la e antes mesmo que pudesse notar o que tinha acontecido, a loira foi arremessada no ar, caindo com um baque no chão.
  A distração de Voldemort também foi notada por todos quando o escudo invisível se desfez e eles tornaram a se espalhar pelo terreno, começando a duelar ao tempo que os Centauros lançavam flechas em direção aos Comensais, vindos da Floresta Proibida.
  Parte do grupo se empurrou por entre as portas, voltando para dentro do castelo, mas Sirius e Cedrico tentavam aproximar-se de Bellatrix e %Sam%, as quais pareciam ignorar todo o resto.
  — Uma última palavra para se despedir? — A morena sorriu, apontando a varinha para a mais nova.
  %Sam% tornou a encará-la, o sorriso arrogante nos lábios ao tempo que tocava o bolso de trás da calça, puxando lentamente a varinha de Ninfadora.
  — Vá para o inferno! — disse antes de apontar o objeto para Lestrange, a qual foi pega de surpresa com a ação, caindo de joelhos no jardim, ainda com a expressão surpresa a qual logo transformou-se em uma desesperada ao sentir o corte aprofundar-se por seu corpo e o sangue começar a escorrer.
  Bellatrix levou as duas mãos até o pescoço, respirando com dificuldade ao tempo que a loira aproximou-se.
  — Isso é pela Dora — sussurrou próxima ao ouvido da tia antes de tornar a encará-la, apontando a varinha para seu peito. — Avada Kedavra!
  %Sam% viu o corpo da mulher cair por sobre o gramado em um ângulo estranho e, por um momento, surpreendeu-se ao notar que havia realmente usado a Maldição da Morte em Bellatrix, e mais ainda ao perceber que não se sentia mal por aquilo.
  Tinha sido uma reação impensada, mas que ela não estava arrependida.
  — Você está bem? — Ouviu a voz de Diggory ao seu lado, vendo-o olhar o corpo inerte de Lestrange antes de encarar a loira. Sirius estava ao lado, quando seus olhos encontraram com os da filha, ele não pareceu surpreso, mas também não demonstrava orgulho na atitude, assim como Cedrico, ele sabia que havia sido uma ação necessária, mesmo que soubessem que no fundo a loira só queria se vingar pela morte de Ninfadora.
  — Se todos estão bem, é melhor entrarmos. Voldemort ainda está em pé! 

  Seguiram para o Salão Principal onde a batalha continuava e não foi necessário muito tempo para se separem e começarem a duelar ou ajudarem outros, em determinado momento Potter finalmente apareceu, tirando a Capa da Invisibilidade, encarando Voldemort.
  — E como é que você vai duelar, Potter? Pode ainda estar vivo, mas nem sua varinha você tem! — Riu, assim como os Comensais que estavam próximos.
  Draco olhou para a varinha que segurava, após sua mãe devolve-la quando carregaram Harry para fora da Floresta e então olhou para a cena poucos metros à frente, tomando a decisão que, ele sabia, o colocaria tão em risco quanto os demais, mas precisava fazer aquilo.
  — Potter! — gritou ao aproximar-se correndo, lançando-lhe a varinha que Harry não demorou a capturar.
  — Malfoy, eu sabia! — disparou Voldemort irritado, virando-se para acertar o rapaz, mas antes que conseguisse tal feito, Sirius colocou-se à frente do loiro usando um feitiço de proteção.
  — Parece que o Lorde se esqueceu do seu bichinho de estimação. — Sorriu, apontando com a cabeça para a cobra. Voldemort virou-se por sobre o ombro, podendo ver no último instante o corpo de Nagini em combustão. A cobra mexeu-se desesperada, o fogomaldito a queimava de forma rápida e poucos instantes depois, o animal caiu inerte, ainda em chamas.
  Lorde Voldemort notou a cabeleira loira próxima ao réptil e o sorriso de Victoria Lestrange aparecer em seu rosto, tão arrogante quanto o da filha e do marido.
  — Um brinde à sua derrota, Milorde!
  O grito de fúria do Lorde das Trevas reverberou por todo o Salão, o ódio e o medo o dominaram, havia perdido Bellatrix, sua melhor Comensal, e Nagini, sua última horcrux.
  Victoria preparou-se para o ataque vindo do bruxo, mas surpreendeu-se quando o sentiu vir de um ponto às suas costas, pegando-a despreparada. O rosto de Rodolfo Lestrange contorceu-se em um sorriso triunfante ao ver sua própria irmã morrer diante de seus olhos, determinado a vingar-se pela morte de Bellatrix e proteger seu mestre.
  — Não! — gritou Sirius, tentando aproximar-se junto com a filha, ambos tentando lançar feitiços em Rodolfo que escapava sem dificuldade dos ataques, até que um jato de luz verde atingiu seu peito, lançado por Diggory que aproximou-se sem que ele notasse.
  — Já chega! — Voldemort tornou a gritar enfurecido, virando-se para Harry. — Vamos acabar com isso, Harry. Está na hora de você morrer de uma vez por todas!
  Harry Potter e Tom Riddle começaram a se rodear, não deixando mais ninguém atrapalhar o momento e, no fundo, todos sabiam, Harry Potter era quem deveria derrotar o Lorde das Trevas.
  — Avada Kedavra!
  — Expelliarmus!
  O estampido foi como o de um tiro de canhão e as chamas douradas que jorraram entre as duas varinhas, no centro absoluto do círculo que eles tinham descrito, marcaram o ponto em que os feitiços colidiram.
  Harry viu o jato verde da maldição de Voldemort ir de encontro ao seu próprio feitiço, viu a Varinha das Varinhas voar para o alto, girar pelo ar em direção ao senhor que se recusava a matar e que viera, enfim, tomar legitima posse dela.
  Potter a agarrou no mesmo instante em que Voldemort caiu para trás de braços abertos, as pupilas ofídicas dos olhos vermelhos virando para dentro.
  Tom Riddle bateu no chão com um baque, seu corpo fraco e encolhido, as mãos brancas vazias, o rosto de cobra apático e inconsciente.
  Lorde Voldemort estava morto, atingido pelo ricochete de sua própria maldição. 

  Potter andou pelo Salão Principal, caminhando por entre as pessoas que, em geral, comemoravam. Logo avistou %Sam% sentada ao lado de Sirius, enquanto Quim e Cedrico estavam em pé em frente a eles conversando sobre as próximas atitudes do Ministério. Harry aproximou-se quando a viu olhar em sua direção, acenando com a cabeça para que se juntasse a eles.
  — Então você será o novo Ministro, não? Me parece a escolha mais óbvia — dizia Sirius para o Auror.
  — A prioridade agora deve ser avisar a família de todos e preparar um funeral adequado. — respondeu Schaklebolt, “é por isso que você é a melhor escolha para Ministro, sempre pensa nos outros primeiro” comentou Cedrico, vendo o homem negar com um aceno, humilde. Quim então virou para o lado quando Potter sentou-se junto da loira, sorrindo levemente para o rapaz. — Sei que está cansado, Harry, mas precisaremos de um depoimento sobre os últimos meses, não precisará ser hoje, mas…
  — Tudo bem, acho que prefiro terminar tudo agora para poder descansar mais tarde — concordou o jovem, vendo o homem acenar positivamente.
  — Bem, enquanto você vai ao Ministério, vamos até a casa de Andrômeda — recomeçou Sirius, apontando dele para a filha, que continuou em silêncio, sentindo-se ainda pior ao pensar em como contariam aquilo para Andy. — Depois poderá finalmente ir para casa conosco. — Sorriu para o afilhado, que concordou no mesmo instante.
  — Espera aí! — interrompeu Cedrico, virando-se com os braços cruzados para Sirius. — Quer dizer que agora que Harry está aqui eu terei que sair do quarto? — questionou com a sobrancelha arqueada, fazendo a namorada rir de leve, assim como Quim e Harry.
  — Pois é, Diggory — concordou o homem, apoiando o braço sobre a mesa atrás de si —, suas férias acabaram, hora de voltar para sua casa!
  O rapaz fez uma careta, suspirando pesaroso.
  — Podemos conversar? — perguntou Harry em voz baixa para a loira, que concordou levantando-se junto dele.
  Juntaram-se a Hermione e Rony, que estavam sentados na escadaria em frente ao Salão de mãos dadas enquanto conversavam em voz baixa.
  Subiram os quatro até a sala do Diretor — a qual naquele momento encontrava-se fazia, mas os quadros dos diretores passados comemoravam, assim como todos os demais.
  Potter parou em frente ao retrato de Dumbledore, conversando com o mesmo:
  — Eu deveria entender tudo isso? — perguntou %Sam% em voz baixa para Mione que riu, negando com um aceno.
  — Posso te inteirar do que aconteceu nos últimos meses — respondeu em voz baixa, sorrindo para a amiga.
  — E tem isso mais isso — falou Harry, mostrando a Varinha das Varinhas. Hermione e Rony pareceram segurar a respiração por um instante, o que não deixou Harry nem um pouco feliz, enquanto a loira só o olhava com o cenho franzido, confusa com tudo o que acontecia. — Não a quero.
  — Quê? — exclamou Rony em voz alta. — Você ficou maluco? Sabe o que nós poderíamos fazer com uma varinha dessas?
  — Nós? — perguntou Hermione encarando-o irônica.
  — Por que todo mundo quer tanto essa varinha? — questionou Black, apontando com a cabeça para a mesma, não vendo nada de excepcional nela.
  — Essa é a Varinha das Varinhas, a mais poderosa de todo o mundo! — explicou Rony apressado, olhando de canto para o amigo que a segurava.
  — A do conto dos Três Irmãos? A que todo mundo morreu pra ter? — tornou a loira descrente, vendo-os confirmarem com um aceno. — E você quer ter uma varinha que provavelmente vai fazer alguém vir atrás de você e te matar no meio da noite, Rony?
  — %Sam% está certa — Harry cortou antes que o amigo pudesse protestar. — Sei que é poderosa, mas eu não a quero. Não vale a confusão que gera e, sinceramente, eu era mais feliz com a minha. Portanto…
  Harry procurou na bolsa pendurada ao pescoço e retirou as duas metades do azevinho ainda ligadas apenas por um fio da pena da fênix. Sabia que era um tiro no escuro, mas algo em sua cabeça dizia que poderia dar certo.
  Colocou os pedaços na escrivaninha do diretor e tocou-a com a ponta da Varinha das Varinhas.
  — Reparo!
  Puderam ver as faíscas vermelhas que juntavam as duas partes formando um todo novamente e Harry sabia que havia conseguido, quando tornou a segurar a varinha em sua mão, sentiu o calor conhecido de quando a pegou pela primeira vez. A varinha era sua.
  — Se eu deixar a varinha no local de origem e se morrer de morte natural, como Ignoto, o seu poder será rompido, não é? Ninguém terá vencido o senhor anterior da Varinha.
  Dumbledore assentiu, sorrindo orgulhoso para Harry.
  — Você tem certeza? — Rony tornou incapaz de se conter, o moreno concordou, virando-se para os três.
  — Já tive problemas suficientes para a vida inteira, acho que chegou a hora de ter um pouco de paz!

Vinte e quatro
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