Black & Diggory II


Escrita porReh
Revisada por Lelen


Vinte e um

Tempo estimado de leitura: 45 minutos

  Cedrico aparatou no Ministério e caminhou em direção aos elevadores, estava um tanto sonolento devido às horas que tinha passado acordado na noite anterior terminando um relatório que deveria ser entregue ainda pela manhã, teria o feito há dias se não estivesse ocupado ajudando no treinamento de %Sam% — que agora estava a poucos passos de conseguir transformar-se em um Animago.
  Bocejou alto passando a mão nos olhos, até que a porta se abriu e viu Runcorn e Mafalda o olharem um tanto surpresos, fechou a cara ao entrar no elevador apenas acenando com a cabeça.
  Na parada seguinte, Umbridge e Scarlet entraram conversando.
  — Mafalda, foi o Trevors quem te mandou para me ajudar, não? Ótimo, então não precisarei de você hoje, Scarlet! — Virou-se, sorrindo irritante como sempre para a mulher que concordou com um aceno, aproximando-se de Cedrico com o falso pretexto de terem muitas pessoas no espaço.
  — Apertado, hein? — Piscou para o rapaz que preferiu se manter em silêncio.
  — Diggory? — chamou Umbridge, vendo-o encará-la com a sobrancelha arqueada. — Nenhuma novidade sobre aquele assuntinho? Lembre-se que se soubermos que anda escondendo o paradeiro de sua namoradinha…
  — Posso acabar em Azkaban, sim, eu sei — respondeu sem ânimo, tornando a olhar para frente. — Continuo sem saber de nada, não é como se eu estivesse tentando contato com minha ex, de qualquer forma — resmungou, dando de ombros.
  Scarlet riu baixo ao seu lado, sorrindo largamente na direção do loiro. Umbridge continuava com o sorriso insuportável nos lábios.
  — Acredita nele, Alberto? — Virou-se para o homem que estava quieto, olhando para baixo.
  — Eu… — gaguejou, pigarreando em seguida. — Imagino que Diggory não mentiria sobre algo tão sério…
  — Talvez você devesse fazer mais algumas investigações… — avisou a mulher, vendo-o concordar com um aceno, sem nada dizer. — Você não vai descer? — tornou ao ver o elevador abrir as portas.
  — Ahn… Eu… — gaguejou por um segundo. — Na verdade, preciso falar com você Diggory.
  — Tenho uma reunião agora e…
  — É urgente! — respondeu fazendo pose, Cedrico concordou com um aceno, saindo do elevador e respirando fundo aguardando o que viria.
  Caminharam pelo corredor passando por algumas salas fechadas até que o homem parou em frente à sala de Umbridge, encarando o olho mágico que antes pertencia a Moody pendurado na porta.
  — Entre aqui! — disse em voz baixa, sacando a varinha e abrindo a porta.
  — O que…? — questionou confuso, sem saber o que o homem dizia. — Essa sala é…
  — Apenas entre!
  Diggory olhou as paredes rosadas com enfeites de gatos, era quase um déjà-vu de seu último ano em Hogwarts quando entrou no escritório da então professora. Cruzou os braços olhando para Runcorn, enquanto o mesmo vasculhava os arquivos que estavam na sala.
  — Então, o que quer? Já disse que não sei de nada sobre nenhum dos Black.
  — Nós dois sabemos que isso é mentira — disse Antonio por sobre o ombro, ainda vasculhando as gavetas. — Diggory, sou eu. — Virou-se por fim, encarando o outro. Cedrico o olhou confuso sem saber o que dizia. — Harry Potter!
  — O que…? — balbuciou desconfiado, passando a língua pelos lábios.
  Harry parou à sua frente.
  — Durante o Torneio Tribruxo, te falei sobre os dragões e você me passou uma dica sobre o Ovo de Ouro e nenhum de nós estava acreditando no outro até %Sam% falar que era sério!
  Cedrico piscou, abrindo a boca alguns centímetros.
  — Harry? Que é que está fazendo aqui? Se alguém te descobre…
  — Sim, eu sei! Mas precisávamos vir! — explicou, passando a mão pelos cabelos. — Infelizmente nosso plano foi horrível e já deu totalmente errado!
  — Rony e Hermione…?
  — Sim, a mulher que você viu no elevador e, bem, Cattermole, mas não sei onde Rony está…
  Diggory negou com a cabeça, parecendo nervoso.
  — Vocês têm que sair daqui agora! Posso procurar por eles, mas você não pode estar aqui. É quase como se você se entregasse aos Comensais!
  — Sei que sim, mas não tínhamos outra opção, uma das coisas que procuramos está com Umbridge, precisamos encontrar!
  Cedrico concordou com um aceno, parecendo pensativo.
  — Qual é o plano de vocês?
  — Bom, o plano inicial era não nos separarmos!
  — Escolheram os funcionários errados para estarem andando juntos, todo mundo desconfiaria…
  — Olha, a ideia foi toda da Hermione, estamos há semanas observando todo mundo…
  — E saíram com esses três? Caramba. — Negou com a cabeça. — Talvez seja melhor voltar outro dia, se precisam estar juntos, a melhor opção seria o pessoal do…
  — Não sei se conseguimos voltar outro dia — respondeu apressado. — Precisamos encontrar Rony e Hermione, mas também preciso achar o que estamos procurando, e já que estamos no escritório de Umbridge… — Olhou ao redor, tornando a abrir as gavetas.
  — O que está procurando? — questionou o mais velho, deixando a mala que carregava em uma das cadeiras, virando-se para ajudar a procurar.
  Harry hesitou por um instante, mas por fim acabou dizendo.
  — Um colar...
  — Um colar? Veio até aqui por causa de uma joia?
  — Não é um colar qualquer, mas… Não posso dizer muito… Enfim, é de ouro, com um S cravado e… Que foi?
  Cedrico suspirou, negando com a cabeça:
  — É o colar que Umbridge usa pra cima e pra baixo, diz para todo mundo que é uma herança de família!
  Potter abriu a boca, soltando a pilha de documentos que segurava.
  — Só pode ser brincadeira!
  — Que isso? — O loiro apontou para os papeis em cima da mesa, aproximando-se para olhar.
  Viram fichas de alguns membros da Ordem com informações básicas, Moody e Dumbledore tinham um grande X sobre as fotos com um carimbo escrito “morto”. Sobre a foto de Hermione havia um “Procurada para o Registro de Nascidos-Trouxas”, na foto de Rony tinha “Doente”. Cedrico surpreendeu-se ao ver sua foto com “Rastreado” e uma observação em letras garrafais “Acredita-se saber o paradeiro dos Black”. Já sobre a foto de Sirius e %Sam% os dizeres “Procurado para Investigação”, Cedrico pegou o arquivo sobre a namorada, travando a mandíbula ao ler:

SAMANTHA LESTRANGE BLACK 
  REGISTRO SANGUÍNEO: Sangue-Puro.
  Envolvida com a Ordem da Fênix e amiga de Harry Potter. 
  FAMÍLIA: Sirius Black III (procurado para Investigação), Membro da Ordem da Fênix.
  Victoria Lestrange Black, condenada à Azkaban por crimes contra o Ministério. Seguidora d’Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
  SEGURANÇA: PROCURADA.
  Forte probabilidade de estar junto ao Indesejável N°1 ou saber como contatá-lo.
  OBS: Cedrico Diggory (RASTREADO) possivelmente sabe de seu paradeiro.

  — Muito propício — observou, respirando fundo antes de voltarem a guardar os documentos.
  — Como estão as coisas? — perguntou Harry após alguns instantes, olhando para a foto da amiga.
  — O de sempre — comentou Cedrico, dando de ombros. — Continuamos tentando recrutar mais algumas pessoas, tentando proteger outras… A maioria está com medo de dizer que é contra Você-Sabe-Quem, então não temos muito o que fazer, principalmente com os Nascidos-Trouxas, acham que se estiverem fora do radar não vão ser levados para questionamento...
  — Acha que tem muitos acreditando no que dizem no Profeta?
  — É difícil saber — pensou por um instante —, como eu disse, muitos sabem que o Ministério está sendo controlado, mas ninguém quer arriscar a própria vida ou da família declarando-se contra o Ministério e a Nova Ordem, não é? Imagino que tenha um número alto de pessoas que acreditam que você não tem nada a ver com a morte de Dumbledore, mas não podemos esperar que eles se manifestem sem termos algo realmente grande acontecendo, entende? Todos estão assustados…
  — E da Ordem? Todos bem? %Samantha% já está melhor?
  — Sim, está aprendendo alguns feitiços novos, ajudando em algumas missões mais simples por enquanto e… — Franziu o cenho. — Como sabe que ela estava mal?
  Potter mordeu o lábio inferior antes de responder:
  — Lupin nos disse, nos encontramos dias após o casamento… Acha que ela ainda pode nos ajudar?
  Diggory hesitou, incerto de sua resposta.
  — Ela achou melhor apagar parte das memórias do ano passado para o caso de algo dar errado e, bem… Sabemos que os Comensais estão atrás dela, %Sam% preferiu não arriscar que Você-Sabe-Quem descobrisse sobre o plano de vocês… Não sei o quanto poderia ajudar agora porque ela não sabe o que estão fazendo, mas imagino que ela gostaria de encontrar com vocês da mesma forma…
  Potter pensou por um segundo, Black tinha sido extremamente prudente ao tomar uma decisão como aquela e, de fato, só precisavam relembrá-la de tudo para que ela pudesse ajudá-los, mas ao mesmo tempo, saber que Voldemort também estava atrás dela…
  — Não acha que ela estaria mais segura com vocês? — perguntou olhando para Cedrico, o mais velho suspirou passando a mão pelos cabelos.
  — Sinceramente? Não faço ideia. Não sei o que vocês estão fazendo, mas só por já terem aparecido por aqui quer dizer que devem estar se arriscando tanto quanto ela ao ajudar a Ordem, então… Bem… Acredito que seja uma escolha dela ir ou ficar!
  Harry concordou olhando para o relógio, tinha que encontrar com os amigos para saírem o mais rápido possível dali. Cedrico provavelmente estava certo, precisavam voltar outro dia para tentar pegar o colar ou talvez atacar Umbridge em sua casa…
  — Você sabe onde Umbridge mora?
  Cedrico negou com um aceno.
  — Acho que quase ninguém deve saber, mas posso tentar descobrir…
  Potter acenou, pensando no que estava prestes a fazer.
  — Diga à %Sam% o que aconteceu hoje e, se ela resolver ir com a gente, que venha nos encontrar, estamos no Largo Grimmauld e...
  — Vocês o quê? — Assustou-se com a obviedade do lugar. — Não me admira Lupin tê-los encontrado!
  — Não era o lugar ideal, mas foi tudo muito rápido no casamento, não? — Harry explicou-se, não querendo que Diggory pensasse que ele não era um bom líder, embora ele mesmo se questionasse. — E como Sirius e %Sam% se mudaram e a casa não era mais usada por ninguém, imaginamos que fosse uma boa saída por agora…
  Cedrico concordou, embora não parecesse confiar que fosse um bom local.
  — Snape sabe sobre a casa, talvez não fosse uma boa ideia continuarem lá por muito tempo… — Passou a língua pelos lábios secos. — Mas realmente, é tão óbvio que nunca me passaria na cabeça que vocês estavam lá… Imaginei que já tivessem deixado Londres…
  — Por favor — pediu Harry, olhando o loiro de canto —, não fale para mais ninguém além dela sobre isso, sei que Sirius apareceria no mesmo segundo e realmente não podemos envolver mais pessoas.
  — Tudo bem — concordou —, mas o mais importante agora é tirar vocês três daqui em segurança. Tem algum plano para isso?
  Potter suspirou, frustrado com si mesmo.
  — Sinceramente? Foi um plano tão infantil que estou surpreso que ninguém tenha nos visto ainda. Mas parecia tão bom…
  Diggory solidarizou-se por um instante, sorrindo de lado.
  — É mais difícil quando saímos de Hogwarts, né? Muito bem — recomeçou —, sabemos aonde Hermione está, você vai precisar descer até o subsolo e pedir a Umbridge por ela, não tenho autoridade para isso e seria muito estranho se eu pedisse para ver Mafalda… — Pensou por um instante. — Enquanto isso, procuro por Rony pelo Ministério, não deve ser tão difícil de encontrá-lo… E nos vemos na entrada dos elevadores, ok? Assim vocês três saem daqui em segurança e pensam em um novo plano antes que alguém os descubra.
  — Obrigado! 

  Diggory e Potter ficaram em silêncio assim que as portas do elevador se abriram e, por um instante, os dois surpreenderam-se com a sorte que tiveram.
  — Bom dia… — cumprimentou Reginald Cattermole parecendo miserável.
  — Rony? — chamou Harry. — Sou eu!
  — Ah, Harry! Esqueci qual era sua cara e… — Olhou assustado para Cedrico.
  — Tudo bem aí, Weasley? — O loiro sorriu para o mais novo.
  — Cadê a Hermione? — tornou ao reparar na falta da amiga.
  — Com a Umbridge — falou Harry —, e parece que o medalhão está com ela também!
  — Com a Hermione? 
  — Quê? Não! Cedrico disse que Umbridge usa o medalhão o tempo todo!
  — Como vamos tirar dela? — questionou ansioso, suspirando em seguida. — Esse foi um péssimo plano, o pior que já tivemos! Não fale à %Samantha% que eu disse isso — apontou para Cedrico —, mas sinto falta de quando ela palpitava nas coisas, nunca nada deu tão errado quanto hoje. E olha que foi por causa dela que eu acabei de castigo com o Filch no primeiro ano!
  — Rony, aquilo foi totalmente proposital! — Potter lembrou-o, rindo baixo ao pensar no ocorrido.
  — Sim, eu sei, para você ver que até quando era por vingança os planos dela funcionavam — resmungou, passando a mão pelos cabelos. — Muito bem, o que fazemos agora?
  Harry olhou para Cedrico, já que também não tinha muitas ideias.
  — Improvisamos?
  — Continuamos com o que foi combinado anteriormente — encarou-o de canto. — Você vai precisar ir para o… — Cedrico olhou para Rony, rindo sozinho. — Caramba o plano de vocês é horrível…
  — Achei que já tínhamos todos concordado com isso… — Harry rolou os olhos, vendo o loiro rir e negar com a cabeça.
  — Mas vocês são extremamente sortudos! — completou, sorrindo para ambos. — A esposa de Cattermole está em julgamento hoje pela Regulamentação dos Nascidos-Trouxas!
  — E isso é bom, porque... ? — começou Rony, não entendendo como aquilo poderia ajudar em algo.
  — Porque é a desculpa que vocês precisam para chegarem até Hermione!
  — É claro, posso levá-lo até lá! — Harry riu da coincidência, olhando para Rony. — Ninguém vai desconfiar se você estiver indo ao julgamento da sua mulher!
  — Exatamente! — concordou Cedrico, apertando um botão de emergência no elevador, fazendo-o parar com um tranco e os outros dois quase caírem ao se desequilibrarem, pegos de surpresa. — Runcorn está envolvido com a maioria das investigações que estão acontecendo no Ministério foi, inclusive, quem questionou a mim e ao Arthur. Ninguém se surpreenderia com você lá embaixo, e Rony tem a desculpa de ser apenas um marido preocupado com a esposa!
  — Isso foi realmente um golpe de sorte. — Rony riu. — Espera… E qual é a sua desculpa para descer?
  — Cedrico não vai — constatou Harry, olhando para o loiro por um instante. — Se algo der errado e descobrirem que estamos aqui e que Diggory sabia, só vão aumentar a vigia e vão confirmar que ele sabe sobre %Sam% e Sirius!
  Diggory concordou com um aceno de cabeça, quase desculpando-se com o olhar.
  — Sei que o que estão fazendo é importante, mas não posso arriscar que o Ministério descubra onde ela está. Uma vez que saibam, será questão de minutos para os Comensais aparecerem.
  Harry concordou com a cabeça sabendo que embora quisesse ajudá-los, Cedrico tinha a namorada como prioridade, e não o julgava por aquilo, em seu lugar possivelmente faria o mesmo.
  — Você já fez mais do que o suficiente — agradeceu Harry. — Estaríamos com muito mais problemas se não tivesse te encontrado.
  — O que posso fazer hoje é ajudá-los a sair daqui discretamente. Quando formarem um novo plano para voltar, posso tentar ajudar. Contudo, por ora, não tenho como enfrentar Umbridge ou qualquer um dos bruxos que estão naquele departamento. — Cedrico encarou o relógio de pulso, tornando a olhar para os dois em seguida. — Vocês têm dez minutos para inventarem alguma coisa e saírem com Hermione. Espero vocês no átrio com uma passagem liberada para fora do Ministério! — avisou soltando o botão de emergência e saindo do elevador, acenando uma última vez para os dois garotos. 

  Diggory olhou a movimentação em volta ao tempo em que fingia ler a edição do Profeta Diário, cumprimentando alguns bruxos que passavam por ele. Ouviu um burburinho sobre invasores no Ministério e uma invasão à sala de Umbridge, fechou os olhos por um instante, sabia que havia sido uma péssima ideia deixar Potter pegar o olho mágico na porta de Dolores.
  Uma gritaria vinda dos andares inferiores foi o suficiente para saber que os três haviam sido descobertos. Assim que o elevador parou no saguão, Potter e Hermione saíram apressados, seguidos por mais um grupo de Nascidos-Trouxas e Rony — o único ainda sob efeito da poção.
  Cedrico acenou com a mão e quando Harry aproximou-se, falou apressado:
  — Terceira passagem à direita, rápido!
  Yaxley e outros bruxos do Ministério saíram de outro elevador gritando:
  — É Harry Potter! Parem-no! — Agitou a varinha fazendo com que as passagens fossem fechando, uma a uma, enquanto outros bruxos viravam-se para ver o que acontecia, atordoados, e outros começavam a tumultuar tentando parar Potter.
  Cedrico viu-se sem opções a não ser agir, o trio não conseguiria sair do Ministério sozinhos. Apontou a varinha para a pilha de jornais fazendo-os voarem na direção dos bruxos enquanto enfeitiçava meia dúzia, imobilizando-os por alguns segundos.
  Harry olhou para trás lançando alguns feitiços enquanto corria, viu Diggory derrubar a maioria dos bruxos que os seguiam, mas terminar sendo desarmado por outros três, os quais o estuporaram de uma só vez.
  — Não! — gritou considerando voltar para ajudá-lo, mas Hermione o empurrou em direção a passagem antes que aquela também se fechasse. 

  Sirius abriu a porta de casa assustando-se com os gritos de ajuda que vinham de Schaklebolt, o qual carregava Cedrico pelo jardim.
  — Que foi que aconteceu com ele? — questionou enquanto segurava o outro braço do rapaz, levando-o para dentro de casa e deitando-o sobre o sofá.
  — Potter invadiu o Ministério! — disse Quim, secando a testa devido ao cansaço de carregá-lo. — Diggory o ajudou a fugir, mas…
  — Cedrico!? — gritou %Sam% ao vê-lo, descendo as escadas apressada. — O que aconteceu? Ele está bem? — questionou ao ajoelhar-se ao lado do namorado.
  — Harry invadiu o Ministério — disse novamente, olhando da loira para Sirius —, não sei o motivo, mas os três estavam lá! — Então apontou com a cabeça para o loiro. — Diggory os ajudou a escapar e foi atacado por outros bruxos no meio da confusão — explicou, respirando fundo. — Precisei da ajuda de Arthur e Montgomery para conseguir trazê-lo antes que pudessem descobrir sobre vocês ou Potter. Cedrico não pode voltar ao Ministério, ficou comprovado que ele é aliado a Harry. Se alguém o pegar, será enviado à Azkaban! Por isso achei melhor trazê-lo para cá do que o levar para casa…
  — Claro — concordou Sirius no mesmo instante. — Fez bem, Quim. Vamos avisar aos Diggory que ele está em segurança! — comentou, passando a mão pelos cabelos, respirando fundo. — Mas por que Harry entrou no Ministério?
  — Não sabemos, a única coisa que ficou claro é que invadiu o escritório de Umbridge, mas não se sabe se levaram algo, Dolores não disse nada sobre isso, embora esteja mais histérica do que o normal. Fugiram com um bando de Nascidos-Trouxas.
  — Ced vai ficar bem? — perguntou %Sam% olhando para Quim, mal prestando atenção no que diziam, passando os dedos pelos cabelos do namorado.
  — Vai sim. — O homem sorriu para ela. — Foi estuporado por mais de um bruxo, mas vai ficar bem, não se preocupe. Cedrico é novo e forte, não deve demorar a acordar.
  — %Samantha%, avise aos Diggory que ele está aqui e diga para garantirem que não estão sendo seguidos antes de virem! É melhor que saibam que Cedrico está bem antes que alguém do Ministério apareça por lá e diga mentiras.
  A loira concordou com a cabeça, olhando para o namorado mais uma vez antes de levantar-se indo para outro cômodo, concentrando-se no recado e no patrono que deveria enviar, ainda não tinha muita habilidade no feitiço.
  — Acha que ele sabe para onde foram? — perguntou Sirius para Quim assim que a filha saiu da sala.
  — Talvez, definitivamente sabe o motivo de terem invadido o Ministério, foi visto com Harry desde o começo…
  — Como foi que entraram?
  — Polissuco, Cedrico estava andando com Runcorn. Potter escolheu uma das piores pessoas para usar a Poção… Totalmente improvável os dois juntos…
  — Será que Diggory já sabia sobre isso? — Sirius tornou a questionar em tom baixo.
  — Acho pouco provável, no mínimo daria opções melhores para o Polissuco, não? — respondeu Quim, cruzando os braços. — De qualquer forma, foi uma sorte que conseguiram escapar, Yaxley quase os capturou, só consegui trazer Diggory porque ele não estava no Ministério. — Respirou fundo. — É melhor eu voltar antes que desconfiem. Se souber de mais alguma coisa aviso! — Apertou a mão de Sirius.
  — Novamente, obrigado, Quim! — agradeceu levando-o até à porta. — Se conseguir vir aqui mais tarde, quando Diggory acordar…
  O homem negou com um aceno.
  — Não acho que vou conseguir sair do Ministério tão cedo, vou precisar ajudar na segurança e nas investigações.
  — Como foi que saiu sem que ninguém o visse? — perguntou curioso. Quim deu de ombros, modesto.
  — Não saí, estou em meu escritório preenchendo relatórios!

  Diggory terminava de contar o que tinha acontecido no Ministério embora ocultasse a parte em que sabia qual era o esconderijo de Potter, quando ouviram uma batida na porta. Sirius levantou-se no mesmo instante, empunhando a varinha por precaução, até ver Amos e Rachel do outro lado, dando espaço para que os dois entrassem.
  — Cedrico! — A mulher respirou aliviada, abraçando apertado o filho antes de colocar a mão sobre seu rosto, garantindo que não estava machucado. — O que foi que aconteceu com você? Seu pai chegou em casa dizendo que tinha sido atacado, que estavam te procurando por todo o Ministério! — Então virou-se para os outros dois, sorrindo sem graça para ambos. — Desculpem… Boa noite!
  — Esqueça as boas maneiras — Sirius sorriu, abanando a mão —, Quim achou mais prudente trazê-lo para cá justamente por saber que estão atrás dele.
  — Mas o que foi que aconteceu? — perguntou Amos atordoado, sentando-se na poltrona ao lado após abraçar o filho. — Falaram que Harry Potter invadiu o Ministério…?
  Cedrico voltou a repetir o que tinha acontecido, porém com muito menos detalhes para não preocupar os pais, e para que não soubessem de muita coisa, por segurança.
  Rachel respirou fundo, negando com um aceno.
  — Você me desculpe, Sirius — falou ao olhar para o homem sentado mais ao canto junto à filha —, mas eu disse desde o começo que não queria você metido com nada disso, não foi? Agora está sendo procurado por todo o Ministério! Pode ir para Azkaban!
  — Mãe, por favor…
  — Por favor digo eu, Cedrico! — ralhou a mais velha, nervosa. — Olha só a confusão que se meteu!
  — E o que eu deveria fazer? — respondeu impaciente. — Deixar com que pegassem Potter? Por Merlin, não sou mais uma criança, sei muito bem o que faço!
  — Se fosse verdade, não estaria sendo perseguido pelo Ministério! Já foram questionar seu pai, já foram até nossa casa para te procurar! Que é que vai fazer agora?
  — Rachel, acalme-se! — pediu Amos, soando cansado.
  — Me acalmar? Você acha que isso é certo? — a mulher tornou para o marido e então virou-se para os Black, os quais mantinham-se em silêncio. — Não me entenda mal, Sirius — começou, tentando não parecer grosseira —, mas não me parece muito justo que Cedrico esteja no meio do Ministério arriscando-se dessa forma enquanto você está dentro de casa!
  — Rachel!
  — Mãe!
  Sirius levantou a mão para os outros dois, sorrindo calmo para a mulher.
  — Pode dizer, Rachel, pode dizer o que pensa…!
  A mulher aprumou-se, pigarreando antes de olhar para o homem.
  — Não me entenda mal, por favor — pediu, tentando acalmar-se. — Sei que você sofreu muito, por anos e, definitivamente, não gostaria que nada de ruim acontecesse a você, nem a %Samantha%, é claro! — acrescentou olhando para a loira, que deu um meio sorriso sem graça. — Mas não me parece certo que Cedrico precise se arriscar tanto enquanto você está escondido de todos!
  — Ainda bem que está escondido — interrompeu Cedrico — ou não teríamos um lugar seguro nesse momento!
  — Eu entendo sua preocupação, Rachel — começou Sirius, ignorando o que o mais novo dizia —, de verdade, se fosse o contrário eu também estaria transtornado com a situação, preocupado com a segurança de minha filha. — Sorriu calmo para a mulher. — E entendo que pareça que estou em segurança dentro de casa o que, de fato eu estou, já que poucas pessoas sabem sobre este local, apenas quem é de minha extrema confiança — acrescentou, olhando dela para Amos —, mas não significa que não saia para ajudar como posso em missões ou batalhas contra Comensais. Ou que não esteja garantindo que minha filha saiba se proteger caso algo pior aconteça. — Passou a língua pelos lábios. — Também concordo que Cedrico tem se arriscado mais do que o devido, às vezes em coisas que nem mesmo sabemos, como o ocorrido de hoje — avisou, encarando o rapaz por alguns instantes com a sobrancelha arqueada. — Mas todos reconhecemos os esforços de seu filho e somos extremamente gratos por podermos contar com ele como um membro da Ordem — disse, Cedrico sorriu de lado olhando de Sirius para a namorada, que piscou em sua direção, não esperava ouvir elogios do pai da namorada embora soubesse que o homem vivia de implicância com ele por brincadeira —, mas também entenderemos se ele quiser afastar-se de tudo isso e não deixaremos de garantir a segurança dele ou a de vocês se isso acontecer.
  — Entendemos a situação — pronunciou-se Amos —, sabemos o quão importante é o que estão fazendo e até gostaríamos de ajudar — acrescentou —, e ao mesmo tempo que ficamos orgulhosos de Cedrico também estamos preocupados. Não é a primeira nem a segunda vez que ele acaba se machucando e agora está sendo procurado por todo o Ministério…
  — Pai, eu sei o que estou fazendo…
  — Será que sabe? — questionou Rachel e então virou-se para %Samantha% que continuava em silêncio em seu canto. — Às vezes sinto que continua sendo por sua causa que ele faz tudo isso.
  — Como é? — perguntou surpresa, mais chocada com o tom de voz que a mulher tinha usado do que com o que insinuava. Rachel era sempre extremamente amável com ela.
  — Sabe que gosto de você e fico muito feliz de saber que estão juntos — começou, passando a mão pelos cabelos soltos, quase sem graça por dizer aquilo —, mas ainda tenho a impressão de que Cedrico só quer chamar sua atenção!
  — Mãe! — O rapaz exasperou-se. — Pelas barbas de Merlin, olha o que está dizendo!?
  Rachel o ignorou, continuando a encarar a mais nova.
  — Foi assim no Torneio Tribruxo, o que me garante que não seja a mesma coisa? Que Cedrico esteja fazendo isso tudo para chamar sua atenção, talvez para não se sentir menos capaz, já que você e toda sua família estão lutando contra Você-Sabe-Quem?
  %Sam% não soube o que responder por um instante, ainda chocada com as insinuações da mulher.
  — Só se fosse muito burro! — respondeu a primeira coisa que lhe veio à mente. — Nunca pedi para Cedrico arriscar-se com qualquer coisa, muito pelo contrário. — Negou com um aceno, sem saber direito o que a mulher esperava que ela respondesse. — Nunca disse que queria um namorado que lutasse contra Comensais e Você-Sabe-Quem e nem mesmo estávamos juntos quando ele resolveu entrar na Ordem! — lembrou. — Depois de todo esse tempo imagino que seu filho me conheça melhor do que isso para achar que ainda precisa fazer algo para chamar minha atenção. Nunca pedi para Cedrico fazer nada disso!
  Rachel abriu a boca para respondê-la, mas o rapaz foi mais rápido:
  — Já chega, mãe. Quanto drama sem necessidade, eu estou bem e já conversamos sobre isso várias vezes, não tem nada a ver com %Samantha% ou com orgulho próprio. Meu pai acabou de dizer que entende que é importante e que até gostaria de ajudar mais. Por que é tão difícil de entender que já sou adulto o suficiente para tomar minhas próprias decisões e saber o que devo ou não fazer?
  — Você entende o que está acontecendo, Cedrico? — respondeu a mulher no mesmo tom, virando-se aborrecida para o filho. — Entende que agora está em perigo o tempo todo? Além de Comensais da Morte, o Ministério está atrás de você! Que é que vai fazer agora? Fugir?
  Sirius pigarreou, chamando a atenção dos três.
  — Sei que não é a melhor situação e, acredite, sei o que significa se Cedrico for capturado pelo Ministério, mas ele pode ficar aqui pelo tempo que for necessário e vocês dois são bem-vindos para visitá-lo sempre que quiserem. Gostando ou não, no momento essa casa é o local mais seguro que temos.
  Rachel saiu minutos depois ainda contrariada com toda a situação enquanto Amos desculpava-se pela atitude da esposa e agradecia a hospitalidade de Sirius, além de prometer entregar algumas peças de roupa do filho no dia seguinte antes de ir ao trabalho. Sirius respirou fundo jogando-se contra a poltrona depois que os pais do rapaz foram embora, encarando os dois jovens à sua frente.
  — Que bela confusão, Diggory!
  Cedrico riu baixo, coçando o pescoço.
  — Obrigado por me deixar ficar por aqui!
  — Sobre isso — começou o mais velho, cruzando os braços —, já que estarão sob o mesmo teto vinte e quatro horas por dia, espero que mantenham o mínimo de decência e não fiquem de agarramento o tempo inteiro! E você vai dormir no quarto de Harry, e se eu ao menos suspeitar que…
  — Sirius — interrompeu Diggory, sorrindo sem graça —, %Sam% vai passar mais duas semanas com aquela folha de mandrágora na boca, não tem a mínima chance de acontecer qualquer coisa entre a gente!
  — Ah, mas agora é assim? — questionou a outra. — Bom saber que é por isso que você tem me evitado!

  Black aparatou no meio da rua escura usando um feitiço de desilusão ao andar até a frente do Largo Grimmauld, mas antes que chegasse perto o suficiente, pôde ver Quim Schaklebolt junto de bruxos do Ministério, incluindo Rogério Daves, entrando e saindo da casa. Algo tinha dado errado, de alguma forma haviam descoberto que aquele era o esconderijo de Harry. Esperou por alguns instantes tentando descobrir se o tinham capturado, mas após alguns minutos, um Auror saiu dizendo que não tinha nem sinal de Potter embora ele, certamente, tenha estado na residência anteriormente.
  Sentiu-se burra por não ter pensado em procurar na casa, mas ao mesmo tempo achava aquele um péssimo esconderijo; Snape sabia sobre o local e era um dos Fiéis do Segredo, o que significava que Voldemort também sabia do local, assim como outros Comensais.
  Pensou por alguns instantes, concentrando-se no endereço dos pais de Hermione, se eles haviam mesmo se mudado para a Austrália, aquilo significava que a casa estaria vazia e poderia ser o novo esconderijo do trio.
  — Alohomora! — sussurrou apontando a varinha para a porta, entrando instantes depois. — Lumus!
  Olhou ao redor não encontrando qualquer sinal de que alguém estivesse residindo ali nas últimas semanas; a casa tinha um cheiro levemente incômodo, indicando que estava fechada há tempos e o sofá estava com um saco plástico o protegendo, a estante da sala cheia de pó. Andou pelos outros cômodos não encontrando nada fora do lugar ou que indicasse que havia sido invadida por alguém. Frustrada, %Sam% saiu da casa pensando por alguns instantes em outras residências que eles pudessem ter se escondido, cogitou a casa de Moody, mas não fazia ideia do endereço e duvidava que os amigos soubessem.
  Por fim, completamente contrariada, voltou para casa.

  Com o passar das semanas, ficou cada vez mais comum Cedrico, %Samantha% e Sirius envolverem-se em missões, juntos ou separados, principalmente depois que Remo diminuiu consideravelmente o número de noites livres, ficando ao lado de Dora o máximo que podia. Mais para o final de novembro, %Sam% aparatou na praia caminhando até o Chalé das Conchas, resmungando sozinha com toda a areia que entrava em seus sapatos, parou por um instante à porta da casa tirando os tênis para retirar o amontoado de areia antes de chamar por Gui e Fleur.
  A francesa abriu a porta sorrindo animada para a loira, cumprimentando-a com um abraço.
  — Entrre, entrre, come vé? — perguntou, oferecendo um pedaço de bolo e um pouco de chá.
  — Tudo bem, só vim deixar algumas coisas que Quim pediu e avisar ao Gui sobre a próxima missão! — comentou, sentando-se na cadeira de frente para a porta.
  — Gui devv voltarr logê, foi comprrar algumes coises!
  Conversaram por alguns minutos até %Sam% ouvir passos do lado de fora enquanto Fleur tinha ido ao banheiro. Black piscou duas vezes surpresa com o que achava ter visto até que Gui entrou na casa, sorrindo ao vê-la.
  — %Sam%! Como vai? — Aproximou-se para cumprimentá-la, deixando algumas sacolas na mesa. — O que foi?
  — Ahn… — Pigarreou logo levantando-se para abraçá-lo. — Eu… Podia jurar que vi Rony…
  — Oh! — Riu sem graça. — Acontece bastante, meus pais vivem confundindo todos nós… Fleur uns dias atrás me confundiu com Carlinhos, acredita? — contou passando a mão pelos cabelos compridos. %Sam% sorriu em sua direção, concordando com um aceno.
  — Pois é… Talvez seja porque estava pensando neles mais cedo… — explicou, sem graça. — Enfim… — recomeçou quando Fleur voltou dando um selinho em Gui antes de juntar-se aos dois. — Quim pediu se você consegue ajudar Cedrico amanhã a vigiar um bruxo do departamento de Mistérios, agora que o corpo de Mina foi descoberto, ele acha que Você-Sabe-Quem já tem um novo alvo… Ele vai fazer a ronda de hoje.
  — Claro, claro que sim! — Acenou positivamente. — Então é verdade sobre Mina? O corpo e todo o resto?
  A loira suspirou, concordando com um aceno.
  — Está pior do que parecia, né?
  — Soube qu vai parrticipar da rrádio des gêmes? — comentou Fleur querendo mudar um pouco de assunto, sentindo o ar pesar.
  — É algo legal o que estão fazendo, mas não vou conseguir por agora, só depois do Natal…
  — E seu aniversário? — tornou Gui, lembrando-se do dia. — Não vai mais comemorar?
  — Parece estranho, né? Ainda mais que nem todos vocês poderiam participar… E meu pai vai precisar viajar para resolver umas coisas para a Ordem, quem sabe mais pra frente…
  — Pel menes esperramos voês parra o Natel! — acrescentou Fleur sorridente.
  — Obrigada, mas acho que dessa vez vamos ficar com Dora e Andrômeda e elas não estão muito animadas desde que o Ted foi embora…
  — Nenhuma notícia dele? — tornou Gui, pesaroso. A loira negou com a cabeça, não dizendo mais nada sobre o assunto.
  — Parece que não conseguimos mais ter uma conversa sem pensar em tudo que está errado. — Sorriu sem graça. — De qualquer jeito, acho melhor eu voltar, só vim entregar os mapas mesmo... Nos falamos mais tarde! — Levantou, despedindo-se do casal com um abraço antes de sair pela porta.
  Andou alguns passos esperando que os dois voltassem para dentro da casa antes de dar a volta no terreno, retirou a varinha do bolso andando em torno da casa, desconfiada.
  Por um instante achou que Rony, Mione e Harry pudessem estar por ali, tinha certeza que havia visto o ruivo e não o confundiu com Gui. Olhou ao redor do chalé e ficou em silêncio por alguns instantes esperando ouvir a voz de algum dos amigos, mas nada aconteceu. Mais uma vez frustrada, andou novamente em direção à praia, seria ainda pior se descobrisse que os três amigos estavam ali e nem mesmo a avisaram. Olhou para o céu que escurecia rapidamente, sorrindo de lado ao ouvir um trovão mais distante, pelo menos uma coisa boa poderia acontecer antes de seu aniversário! 

  %Samantha% sentia as gotas grossas da chuva gelada caírem sobre seu corpo enquanto caminhava apressada para o bosque em que havia escondido o frasquinho com os ingredientes da poção, o coração palpitava em seu peito, a ansiedade dominando-a.
  Contou os passos até o centro da floresta e então andou para a direita, reconhecendo a árvore na qual tinha escondido o frasco evitando que pudesse pegar a luz solar. Sorriu ao ver que no lugar dos ingredientes anteriores agora havia uma poção vermelho sangue, pegou-a antes de aparatar no instante seguinte de volta para casa.
  Sirius sorriu da janela ao vê-la andando em direção ao galpão, o qual havia enfeitiçado para aquele momento, enquanto Bicuço tinha sido levado para outro terreno escondido de trouxas e, ainda assim, seguro.
  A garota respirou fundo fechando os olhos por um instante antes de virar a poção de uma vez só, e então, apontou a varinha para o coração.
  — Amato Animo Animato Animagus!
  Segundos depois sentiu o coração bater mais rápido, escutava uma segunda batida assemelhar-se com a primeira e então uma dor absurda parecia queimar todo o seu corpo. Caiu de joelhos, incapaz de controlar os gritos, sentindo a própria voz começar a falhar conforme os gritos aumentavam, a dor lancinante parecia crescer mais e mais, contudo, minutos depois, não sentiu mais nada. Abriu os olhos, olhando ao redor, estranhando tudo por um momento.
  O galpão parecia muito maior e, embora parecesse ver de uma altura muito menor do que o acostumado, conseguia enxergar tudo com mais detalhes. Sentia diferentes odores pelo local; o cheiro do hipogrifo, embora nunca o tivesse notado anteriormente, cheiro de chuva e mofo também. Ouviu um barulho baixo vindo de um canto mais afastado e a curiosidade a fez ir, devagar, até o local. Andar no começo era estranho, parecia muito mais leve e ao mesmo tempo mais difícil, não sabia equilibrar-se bem, preferiu arrastar-se pelo chão. Demorou um pouco, mas finalmente aproximou-se o suficiente do barulho, reconhecendo, pelo cheiro, antes mesmo de ver o animal, um camundongo roía parte da madeira do galpão abrindo um espaço para o lado de fora.
  %Sam% sentiu o corpo mover-se sem que pudesse controlar, agitou-se e então, sem nem saber como ou o porquê, pulou no roedor, mas o animal fugiu por uma fresta. Ela então começou a usar as patas dianteiras fazendo um buraco entre a terra e a madeira, tentando espreitar-se pelo local, mas sempre que estava próxima de fazer um espaço grande o suficiente para passar, a terra voltava a preencher o espaço e ela precisava recomeçar a escavar.
  Frustrou-se após algum tempo, procurando outros meios de sair do lugar em que estava. Não entendia muito o que fazia ou o porquê, apenas o fazia. Precisou de algum tempo para conseguir equilibrar-se o suficiente para pular, mas finalmente o fez, caindo da parte de cima do galpão quando não conseguiu segurar-se, escorregando e caindo de costas no chão. Gemeu ao sentir a dor em seu corpo, mas logo ouviu outro barulho aproximar-se e sentiu o cheiro de outro animal vindo em sua direção. Escondeu-se entre o feno esperando em silêncio até que a porta foi aberta e um grande cachorro negro apareceu no galpão. O animal abaixou-se, o focinho cheirando o chão por alguns instantes até ele olhar na direção da raposa, escondida ao canto. Latiu em sua direção e deitou-se no chão sujo, esperando que ela se aproximasse.
  Precisaram de vários minutos para que ela se sentisse confiante o suficiente para isso, mas aos poucos, foi chegando mais perto do cachorro, farejando-o por alguns segundos. O cão levantou-se devagar, sentando-se em sua frente e começando a cheirá-la. Latiu uma segunda vez assustando-a de leve, mas logo ficou nas quatro patas, mostrando-lhe como andar e correr no pequeno espaço que tinham.
  Quando já estava amanhecendo, o cachorro tornou a sentar vendo-a se aproximar curiosa, o rabo balançando enquanto pulava pelos cantos. O cão negro fechou os olhos por um segundo e quando tornou a abri-los, a raposa viu-se diante de um homem de cabelos e barba compridos.
  — Sua vez — sussurrou, estendendo a mão para que ela se aproximasse, cheirando-o. — Você consegue, vamos lá! — disse enquanto acariciava a cabeça do animal. — Lembre-se de quem você é!
  A raposa sentou-se de frente para o homem, fechando os olhos por alguns instantes. Sirius pegou a manta que tinha deixado ao lado do feno jogando-a sobre a raposa antes dela tornar a se transformar.
  — Muito bem, o próximo passo é conseguir transformar-se de volta com suas roupas. — Piscou, abraçando a filha assim que a loira tornou a olhar em sua direção.  

  Conforme os meses passavam, a Ordem tinha cada vez mais dificuldades em concluir com êxito suas missões, Voldemort conseguia mais seguidores, fosse por lealdade ou medo, e muitos bruxos Nascidos-Trouxas precisavam fugir de suas casas e abandonar suas famílias na esperança de conseguirem ao menos continuarem vivos.
  Contudo, em abril, %Sam% deixou de lado a segurança de sua casa quando Sirius e Cedrico não estavam e resolveu arriscar-se um pouco mais, porém, em sua opinião, por um excelente motivo. Ninfadora estava em trabalho de parto e o mínimo que ela poderia fazer era comprar ela mesma um presente para a criança!
  Andou pelas ruas do Beco Diagonal, mais vazias que o costume, usando uma capa grossa e escondendo os cabelos loiros, entrou em uma loja de brinquedos procurando algo que pudesse dar para o bebê. Estava um tanto distraída procurando o melhor presente possível quando alguém bateu na janela da loja chamando sua atenção e apontando com a cabeça para o beco lateral da loja. A loira mordeu o lábio inferior concordando com um aceno antes de agarrar o presente e levá-lo até o balcão, deixando dois galeões pelo mesmo e saindo da loja no instante seguinte.
  Olhou para os lados antes de entrar no beco, vendo a figura de Draco Malfoy na escuridão.
  — O que quer? — perguntou grosseira, a varinha na mão.
  O primo rolou os olhos, falando em voz baixa quando ela se aproximou:
  — Pegaram Harry Potter.
  — O quê? — questionou assustada, sentindo o coração falhar uma batida. — O que quer dizer?
  Draco respirou fundo, puxando-a para o canto e falando apressado.
  — Um grupo de sequestradores os pegaram há alguns dias, Potter, Granger e Weasley, por algum motivo os levaram até minha casa…
  — Como…? Eles estão bem? Ainda estão lá? O que aconteceu? Você-Sabe-Quem…?
  — Não! — Negou apressado, fazendo sinal com a mão para que ela se calasse. — Bellatrix quis ter certeza, Potter estava com um feitiço no rosto e não parecia ele mesmo… — explicou, passando a língua pelos lábios finos. — Conseguiram escapar antes que Você-Sabe-Quem aparecesse.
  Black deixou um suspiro aliviado passando a mão pela testa, pensativa.
  — Por que está me contando sobre isso?
  Draco deu de ombros.
  — Granger foi torturada, acho que acabou falando sobre vocês. Victoria disse que encontraria com Sirius ela mesma, ameaçou Bellatrix se ela se aproximasse de vocês e disse que é ela quem deve levá-los ao Lorde…
  A loira arqueou a sobrancelha, não parecendo muito surpresa.
  — Não deu muito certo da última vez — respondeu baixo, franzindo o cenho ao pensar no assunto. — O que aconteceu depois que voltaram sem ninguém?
  — Você-Sabe-Quem ficou… irritado. Não foram dias muito bons… — Olhou para baixo não querendo falar mais sobre o assunto.
  — Draco… — chamou a outra após alguns instantes de silêncio, atraindo a atenção do primo. — Sabe que podemos te proteger, não é? Até seus pais, se você quiser.
  Malfoy riu sem humor.
  — Vocês mal conseguem se proteger…
  — Mesmo assim, podemos te deixar em um lugar seguro.
  — Eu estou bem, só estou te contando porque vi você entrando na loja… Sorte sua que não foi outra pessoa quem te viu por aqui.
  %Sam% abriu a boca para dizer mais alguma coisa, mas ao invés disso, puxou o braço do primo assustando-o por um instante quando a viu puxar a varinha.
  — Fique quieto!
  Draco sentiu um incômodo enquanto a loira marcava seu braço com algo que ele não conseguia ver.
  — Se mudar de ideia — avisou ao soltá-lo —, só precisa dizer que quer ajuda e vai saber onde eu estou. Não faça com que eu me arrependa disso, Malfoy. 

  Remo andava de um lado para o outro na sala, passando a mão pelos cabelos ralos, volta e meia parava de frente para a escada encarando o segundo andar da casa e então voltava a andar em círculos.
  %Sam% estava sentada no sofá com as pernas cruzadas e o pé balançando o tempo todo, mostrando sua impaciência com a espera, já nem tinha mais unhas para roer, mas continuava mordiscando a cutícula do polegar. Sirius era o que parecia mais tranquilo, tomava seu suco de abóbora enquanto lia um livro qualquer e quando ouvia um grito mais alto vindo do segundo andar, olhava por sobre o ombro em direção às escadas, logo voltando à sua leitura.
  Lupin suspirou exasperado, esfregando o rosto com as mãos quando o relógio bateu nove horas.
  — Por Merlin! Quanto tempo vai demorar?
  — Calma, Aluado, daqui uns dias, quando não conseguir mais dormir à noite, vai sentir falta do tempo da gravidez — respondeu Sirius em voz baixa antes de folhear o livro.
  %Sam% arqueou a sobrancelha, olhando para o pai.
  — Bom saber que você fala por experiência!
  O homem riu, encarando a loira.
  — Você foi um pesadelo no primeiro mês, não dormia por nada. Achei que enlouqueceria com você gritando a noite toda. — Sirius então virou-se para Remo, rindo do desespero do amigo enquanto esticava o braço no encosto do sofá, sentando-se mais despojado. — O que acha de uma aposta? — sussurrou para a filha. — Tenho certeza que vai ser um menino!
  — Pai, é você que paga minha mesada… — Deu de ombros rindo. — Aposta aceita!
  Lupin, aéreo a conversa em volta, estava perdido em pensamentos, parte de si desesperada para que a criança nascesse logo, cada vez mais nervoso ao ouvir os gritos de Dora quando estes eram mais altos, e a outra parte continuava ansiosa para saber se o filho nasceria saudável ou se herdaria sua doença. Mesmo após todos aqueles meses e todas as conversas que teve com Ninfadora, ainda não sabia ao certo como reagiria se a criança nascesse com licantropia; gostava de imaginar que não a trataria diferente e a amaria igual, seria ainda mais cuidadoso com ela, mas no fundo tinha medo que a rejeitasse sem nem mesmo perceber ou que a criança o rejeitasse quando crescesse e entendesse tudo aquilo, fosse por herdar a doença do pai ou por ter um pai lobisomem, qualquer uma das alternativas o fazia questionar-se mil vezes mais se aquela tinha sido uma boa escolha, se tinha feito a coisa certa.
  Sentou-se no segundo degrau da escadaria, baixando a cabeça nos joelhos e respirando fundo, sentiu um aperto em seu ombro e logo Sirius estava ajoelhado em sua frente.
  — Vai dar tudo certo, Aluado — disse com a voz baixa, encarando-o com firmeza, passando-lhe segurança. — E estaremos sempre aqui pra você, para Ninfadora e para seu bebê. Vai ser um excelente pai!
  Remo concordou com um aceno, sorrindo fraco para o melhor amigo.
  Por um momento não escutaram mais nenhum grito, tudo estava silencioso na casa e segundos depois escutaram um grito agudo de criança. Lupin nem soube como ou quando, mas as lágrimas caíram incessantes por seu rosto e ele logo foi abraçado por Sirius, o qual o puxava para cima, dizendo coisas que ele nem mesmo conseguia entender, o tempo pareceu parar por um minuto.
  — Vai logo, vai conhecer sua criança!
  O homem subiu as escadas trôpego, mal conseguia apoiar-se no corrimão, os olhos embaçados e o coração acelerado, andou até o quarto ao final do corredor sentindo-se ligeiramente enjoado, sentia como se fosse desmaiar a qualquer instante. Foi só quando viu Dora às lágrimas segurando a criança que pareceu entender que aquilo estava mesmo acontecendo.
  — Seu filho nasceu extremamente saudável! — Andrômeda sorriu em sua direção, os olhos cheios de lágrimas e as mãos ainda com um tanto de sangue. — Parabéns, Remo!
  Lupin cambaleou até a cama, a esposa olhou em sua direção, a expressão cansada, os cabelos coloridos molhados colados na testa devido ao suor, mas Ninfadora nunca esteve tão linda para ele quanto naquele momento, enquanto segurava o filho dos dois em seu colo.
  — Ele é perfeito, Remo! — sussurrou chorosa, mostrando-lhe a criança quando o homem sentou ao seu lado na cama. — Nosso menino é perfeito!

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Lelen

AI, COMO ESSA CENA DO MINISTÉRIO É UMA DAS MINHAS FAVORIIITAAAAS AHAHHAHA
O Rony entregou tudo com a “esposa dele” HAHAHAH
E assim, que bom que Harry e Cedrico se resolveram, e tão se ajudando, amém. Apesar de isso já ter se resolvido nos outros capítulos, eu fiquei com o pé atrás mesmo JASPDNAPOD
E GENTE, A SAM COMO LITTLE FOOOOX <3333 imaginei a cena e achei fofo!
E eu ainda gosto muito dessa versão da Fleur mulher casada. Não sei por que eu tinha ficado com a imagem dela como uma menina mimada e chata OISAJDNOASDNPO
E O DRACOOOO??? AI, VEMK MEU ETERNO PRIMEIRO FAVORITO DESSE UNIVERSOOOOOOO, QUERO TE ABRAÇAR E GUARDAR NUM POTINHO PRA TE PROTEGER E TAMBÉM PRA EVITAR QUE VOCÊ FAÇA MAIS MERDAAAAAA <3333
E EU TÔ SOFRENDO PORQUE O FILHO DA TONKS E DO LUPIN NASCEU, MAS TODO MUNDO SABE QUE OS TRÊS TÊM POUCO TEMPO JUNTOS E AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

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