Dezenove
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Diggory mexeu-se sonolento na cama abrindo os olhos após ouvir o barulho da coruja ao canto, que tinha derrubado alguns petiscos no chão. Virou-se para o lado, vendo %Sam% sentada de pernas cruzadas enquanto folheava um livro de Runas Antigas.
— Olha só para você, estudando antes mesmo de as aulas começarem… — brincou com a voz rouca, antes de espreguiçar-se. — Por que não me acordou?
— Porque você está cansado. — Deu de ombros, olhando-o por um instante, antes de voltar sua atenção para o livro. O rapaz bocejou, coçando os olhos e arrumando os cabelos ao sentar-se na cama, colocando as pernas para fora da mesma e procurando os sapatos.
— É melhor eu ir embora antes que Sirius apareça me expulsando — avisou, calçando-os.
— Ced — começou a loira incerta, vendo-o fazer um barulho com a boca para mostrar que estava ouvindo —, precisamos conversar.
Diggory olhou-a por sobre o ombro com o cenho franzido, notando o tom sério em sua voz.
— O que aconteceu?
Black olhou para o livro em suas mãos, fechando-o devagar enquanto ainda pensava na melhor forma de falar que ela iria embora por tempo indeterminado. Fazia semanas que adiava aquela conversa, mas depois de ter contado a Sirius mais cedo naquele dia, não tinha outra escolha a não ser conversar com Cedrico, não poderia simplesmente sumir após o casamento e deixar-lhe uma carta, embora tivesse considerado aquela opção. Qualquer coisa parecia melhor do que encarar os olhos cinzas do namorado e dizer que não estariam mais juntos.
— Eu… — começou em voz baixa, mexendo-se desconfortável. — Vou viajar…
Cedrico tornou a sentar-se direito, virando-se para a garota, o olhar perdido.
— Viajar? Para onde?
— Eu… Bem… — Passou a mão pelos cabelos, nervosa, embaralhando-se com as palavras.
— O que está acontecendo, %Sam%?
— Mione, Harry, Rony e eu precisamos fazer uma coisa, é importante… — Olhou-o de canto, Cedrico respirou fundo encarando o colchão. — Dumbledore… Ele pediu para Harry fazer uma coisa e vamos ajudá-lo com isso, entende?
— Que coisa?
— Não posso te dizer… Nem pra você, nem para ninguém, ele nos fez prometer…
— Era por isso que Potter estava com ele naquela noite, não? — questionou ao tornar a olhá-la, vendo-a confirmar com um aceno.
— Não posso dizer muito, Ced, mas é importante… É para termos uma chance contra Voldemort…
— E por que vocês quatro? Quer dizer, seria muito melhor alguém da Ordem ir junto, não?
— Sei que sim, mas Dumbledore não queria que outras pessoas soubessem… — Suspirou. — Sabe que eu contaria para você se pudesse, mas eu prometi…
Diggory concordou com um aceno, olhando para frente.
— Quanto tempo vai ficar fora?
A garota não respondeu de imediato.
— Não faço ideia. Até conseguirmos o que estamos procurando.
— Semanas, então? Meses? — Ele voltou a olhá-la, esperando por uma resposta melhor.
— Não sei, Ced… Imagino que meses, talvez alguns anos…
— Anos? — falou em voz alta, ficando em pé. — Você vai sumir por anos e acha que eu estou ok com isso? Sirius já sabe?
— Sim, contei hoje… Ele provavelmente disse tudo o que você vai falar, Cedrico, mas é uma coisa que precisamos fazer. Que eu preciso fazer.
— Não entendo… — Negou, passando a mão pelos cabelos. —Como vocês quatro, que nem terminaram os estudos, vão conseguir derrotar Voldemort? Tudo bem, Potter é o Escolhido, mas isso é ridículo!
%Samantha% não respondeu nada, apenas deu de ombros, sem ter o que dizer para aquele argumento, ela mesma achava a ideia toda uma loucura.
— Vocês têm algum plano? Sabem para onde vão? Como vão se proteger?
Novamente ela apenas negou, deixando-o ainda mais nervoso.
— Vocês vão acabar mortos em menos de duas semanas, isso sim. Não faz qualquer sentido…
— Nunca disse que fazia…
— Como Dumbledore mandaria vocês, desprotegidos, fazerem qualquer coisa? Harry nem é maior de idade ainda!
— Eu sei… Honestamente, não estou nem um pouco entusiasmada com isso, Ced, mas é importante e…
— Vai ajudar a derrotar Voldemort! É, você já disse isso. — Bufou frustrado, andando pelo quarto.
Ficaram em silêncio por alguns minutos, durante o tempo em que Diggory continuava a reclamar, incomodado com a situação inteira. Fazia comentários aleatórios, negando o tempo todo. Não conseguia acreditar que Alvo Dumbledore tinha mandado quatro adolescentes para fazer algo tão perigoso, e o pior era nem mesmo saber o que, de fato, estavam indo fazer. Ou quanto tempo demoraria.
— Cedrico? — chamou em voz baixa, vendo-o parar de andar tornando a encará-la. — Não sei quanto tempo isso vai levar, podem ser semanas, talvez um ano ou dois, quem sabe mais…
— Não está me fazendo sentir melhor saber disso — respondeu mal-humorado.
— Eu sei, eu só… — Respirou fundo, olhando para baixo por um instante. — Não é justo com você…
— O quê?
— Não posso pedir para você ficar esperando sabe-se lá quanto tempo, Cedrico…
— O que quer dizer? — tornou confuso, %Sam% encarou-o incapaz de proferir aquelas palavras, mas ele entendeu ao vê-la com os olhos marejados. — Está terminando comigo? — questionou em voz alta, perplexo. — Você está terminando comigo?
Black baixou a cabeça acenando positivamente, os cabelos loiros caindo sobre seu rosto. Diggory engoliu em seco, sem conseguir dizer nada, sentindo o peito apertar. Ficaram longos minutos em silêncio, sem nem mesmo conseguirem se olhar durante aquele tempo.
— E se eu disser que espero? — começou em voz baixa, a visão embaçada.
— Cedrico…
— Eu espero. Dois, cinco anos se for preciso.
O casal se entreolhou por um momento, Diggory tinha os olhos marejados e evitava chorar respirando fundo para manter o controle. Em contrapartida, Black nem mesmo tentava segurar o choro, deixando as lágrimas escorrerem livremente por seu rosto.
— Não posso pedir para você fazer isso — negou triste —, não sei como vão ser as coisas, Cedrico, não posso pedir para você parar sua vida e me esperar.
— Você não pediu. — Deu um passo em sua direção, sorrindo pequeno. — Mas não consigo imaginar uma vida sem você, se tiver que esperar para você fazer isso… Que seja.
%Sam% baixou a cabeça, viu quando o outro sentou-se ao seu lado, pegando em sua mão.
— A gente faz dar certo.
A garota fechou os olhos, respirando fundo.
— Eu não vou poder falar com você por esse tempo…
Cedrico concordou com a cabeça, embora sentisse o coração pesar por apenas imaginar como ficaria tanto tempo longe dela, principalmente sem saber como ela estaria.
— Eu sei… — respondeu em voz baixa. — Sei que não tem nada que eu possa dizer que te faça mudar de ideia sobre ir com eles, e se você diz que é importante, que Dumbledore realmente pediu para vocês fazerem sem contar a mais ninguém… — Suspirou. — Eu só quero saber que em algum momento eu vou ter você de volta, pode ser daqui um mês ou três anos, eu só preciso saber que em algum momento você vai voltar pra mim, eu te amo demais para imaginar uma vida sem você.
A garota virou-se em sua direção, jogando os braços e o corpo sobre o dele, abraçando-o apertado, escondendo o rosto na curva de seu pescoço, deixando as lágrimas molharem a camisa que o namorado usava.
— Eu amo você, Diggory.
Sirius fechou os olhos por um momento ainda escorado na parede lateral do quarto, passou as mãos pelo rosto e respirou fundo antes de jogar os cabelos para trás, virando-se em direção à porta: viu o casal abraçado no meio da cama antes de sua filha inclinar-se para beijar o namorado.
— Uhm — pigarreou, chamando a atenção dos dois — achei que só se beijavam na bochecha?
Cedrico sorriu de lado, sem graça, enquanto %Sam% tornou a sentar-se ao seu lado ainda segurando a mão do outro.
— Está tarde, não?
Diggory concordou no mesmo instante, levantando-se.
— Já estava de saída!
Sirius negou com a cabeça, sabendo que poderia se arrepender a qualquer momento daquela decisão.
— Tudo bem, pode dormir aqui hoje — avisou, vendo os olhares surpresos dos dois jovens. — A porta vai ficar totalmente aberta e eu quero suas varinhas, nada de Abaffiato ou qualquer outro feitiço! — Deu passos para dentro do quarto, estendendo a mão. — E vou ficar vindo aqui de tempo em tempo para garantir que não estão aprontando!
— Que foi que aconteceu? — perguntou %Sam% confusa, entregando as varinhas ao pai.
O mais velho deu de ombros, não querendo se prolongar no assunto.
— Talvez eu tenha escutado uma ou duas frases da conversa…
— Estava ouvindo uma conversa privada, pai? — questionou a loira surpresa, sentindo-se totalmente constrangida com a situação.
— Não é privada se a porta está aberta… — Deu de ombros, andando para fora do quarto. — Boa noite.
%Sam% abriu a porta sorrindo ao ver Ninfadora e Remo do lado de fora, dando-lhes espaço para entrar ao tempo que abraçava a prima.
— Oi, Sra. Lupin, tudo bem? — disse brincando com a mais velha.
— Talvez “senhora” seja tão estranho quanto me chamarem de Ninfadora! — respondeu rindo antes de virar-se para cumprimentar Sirius e Cedrico.
— E aí, Remo? — A garota virou-se para o ex-professor.
— Como vai?
— Ah, você sabe, aprendendo uma coisa aqui e outra lá… — Deu de ombros, olhando-o de canto. — Sabia que agora que você casou com a Dora isso quer dizer que você é da família, correto?
Lupin concordou com um aceno, levemente curioso com o que viria.
— Imagino que sim…
— Pois é… — A mais nova encarou-o por um instante. — Fiquei pensando se ela chegou a te dizer que nós sempre nos abraçamos quando nos vemos…
— Remo não gosta muito de abraços, %Sam%! — falou Dora da sala, ouvindo a conversa próxima à porta.
— Azar dele! — respondeu aproximando-se para abraçá-lo apertado, reparando que o homem ficou sem graça no primeiro momento, mas correspondeu logo depois. — Bem-vindo à família!
— Já podemos ir? — perguntou Sirius após cumprimentar o amigo. — Vamos nos atrasar se demorarmos muito…
— Ahn… — começou Dora tentando segurar o sorriso.
— Que aconteceu? — perguntou Cedrico ao olhá-la, conhecia Ninfadora o suficiente para saber que a mulher estava desesperada para contar algo.
— Temos uma novidade! — anunciou, olhando de lado para o marido.
Remo manteve-se em silêncio com um sorriso quase imperceptível em seus lábios.
Os outros três olhavam para o casal, esperando pela notícia.
— Estou grávida! — gritou Dora feliz, não conseguindo conter a risada.
%Samantha% abriu a boca chocada, ao tempo que Cedrico assobiava surpreso e Sirius piscava lentamente, como se precisasse de alguns segundos para entender o que aquilo significava.
— É sério? — a loira foi a primeira a se pronunciar, começando a dar gritos animados junto com a prima, abraçando-a por minutos intermináveis. — Não acredito que você vai ter um bebê! Meu Merlin!
— E eu? Você acha que eu tenho maturidade para ter um filho? — devolveu a mulher, rindo de felicidade e nervosismo antes de soltar mais uns gritinhos animados com a mais nova.
Cedrico estendeu a mão para cumprimentar Remo, dando palminhas em suas costas.
— Meus parabéns! É fantástico!
Então virou-se para Ninfadora assim que a namorada soltou-se dela.
— Caramba! — Riu com ela, abraçando-a em seguida. — Você será uma mãe maravilhosa! — disse próximo ao seu ouvido, escutando-a agradecer abraçando-o animada. — Fico feliz de verdade por você, vai ser a criança mais sortuda do mundo!
— Pelas barbas de Merlin, vocês não perderam tempo mesmo! — disse Sirius por fim antes de virar-se para o melhor amigo. — Meus parabéns!
Remo o encarou por um segundo antes de aceitar o abraço do outro.
— Você sabe o que isso pode significar? — sussurrou para o amigo, aproveitando que os outros estavam distraídos. — Sirius…
— Conversamos sobre isso depois, Aluado — respondeu o outro no mesmo tom, olhando sério para o amigo por um momento. — Ninfadora! — Virou-se para abraçar a sobrinha. — Mal posso esperar para estragar essa criança!
— Não acredito que serei obrigada a gastar todo meu dinheiro comprando presentes para esse bebê! — concordou %Sam% com o pai, sorridente.
— Quando vocês vão saber se é menino ou menina? — perguntou Cedrico animado, o casal deu de ombros.
— Estamos pensando em esperar até nascer. — Dora suspirou. — Não sei se aguento tanto!
— Esperem só até todo mundo saber!
— Sobre isso… — Remo pronunciou-se, colocando as mãos nos bolsos da calça. — Preferimos não anunciar agora…
— Por quê? — questionou Sirius surpreso.
— É o casamento de Gui e Fleur, não queremos tirar o foco deles, contamos em outro momento! — Dora deu de ombros. — Só contamos para vocês porque eu precisava compartilhar com mais alguém!
— Seus pais não sabem? — perguntou Cedrico admirado.
— Não, ainda não… Vamos esperar mais um pouco para contar!
— Bem — começou Remo, evitando mais perguntas —, é melhor nós irmos, não? O casamento já deve começar!
Seguiram os convidados pelo gramado aproximando-se dos gêmeos, Rony e Harry (que estava ruivo devido à poção polissuco), os quais levavam os convidados aos seus lugares.
— E aí, Raio? — %Sam% sorriu em sua direção, abraçando-o. — Feliz Aniversário!
— Achei que te veria ontem?! — comentou encarando-a por um segundo, o cenho franzido.
— Ah, pois é… Estávamos vindo quando recebemos o recado do Sr. Weasley falando sobre o Ministro… Papai preferiu não vir para não correr o risco de dar de cara com ele, entende? Mas seu presente claramente vai ser muito melhor agora que ele perdeu a festa! — Piscou, vendo-o rir. — Recebeu o meu?
— Sim, é fantástico! — agradeceu sorridente ao lembrar-se da caixa enorme que tinha recebido no dia anterior carregada por três corujas. — Não precisava, principalmente a coleção completa!
— Ah — deu de ombros —, não é sempre que se faz dezessete, não é?
— Você sabia que Dumbledore te deixou algo? — acrescentou em voz baixa.
— Como é? O quê? — A garota pareceu extremamente surpresa.
— Não sei, ele não quis dizer nem deixar aqui, já que você não estava… Parece que vai precisar ir ao Ministério para receber…
— Ah, sem chances. — Negou com um aceno. — Vou pedir para Dora pegar em meu lugar, que será que ele me deixou?
— Nem ideia, mas ele deixou um desiluminador para Rony, um livro de contos para Mione e meu primeiro Pomo de Ouro, junto com a espada de Gryffindor.
— Você ganhou a espada?
— Não, o Ministro não quis me deixar e disse que ela tá sumida…
A garota arqueou a sobrancelha para o amigo, que deu de ombros sem saber o que dizer.
— E por que demoraram tanto para entregar se fazem semanas que… Você sabe…?
— Mione diz que eles deveriam estar testando tudo no Ministério para ver se tem alguma pista adicional, ou sei lá…
— E tem?
— Não que a gente tenha encontrado...
— Harry! — Sirius aproximou-se do afilhado abrindo os braços, após conversar com os gêmeos. — Feliz Aniversário! Sinto muito por não ter aparecido… Estávamos prontos para vir!
— Tudo bem, %Sam% já explicou! Mas perderam um bolo bem gostoso! — Riu abraçando o padrinho.
— Ah, como assim? Não ficou nem um pedacinho? — A garota cruzou os braços. — Que absurdo!
— Seu presente está te esperando em seu quarto! — avisou Sirius, apertando-lhe o ombro e piscando para o mais novo. — Podemos trocar uma palavra, Harry? — pediu em voz baixa.
— Pode ser após o casamento? Eu deveria ajudar com os convidados… — Sorriu sem graça, vendo o mais velho piscar em sua direção. — Aliás, vocês ficam por aqui. — Apontou para o corredor central. — Terceira fileira à esquerda!
Sirius seguiu pelo caminho indicado, juntando-se a Ninfadora e Remo que seguiam ao lado de Rony.
Cedrico aproximou-se junto de Fred, rindo da conversa do ruivo.
— Estou falando sério, a melhor coisa que nos aconteceu ultimamente foi esse casamento, você já viu as primas da Fleur?
— Como é? — %Sam% chamou a atenção dos dois, vendo o namorado erguer as mãos.
— Eu não disse nada. — Então virou-se para o ruivo ao lado da namorada. — Como vai, Harry?
— Cedrico — sorriu educado, apertando-lhe a mão —, tudo certo!
— Feliz Aniversário!
— Obrigado!
%Sam% olhou para os dois naquele clima estranho que sempre ficavam por não se gostarem muito, mas que parecia ainda pior desde que Cedrico o ouviu se declarar, embora ambos parecessem muito educados.
— Ei, Gina! — A loira sorriu para a ruiva que estava a poucos passos de distância, dando-lhes às costas e seguindo até a amiga.
— Que sutil… — comentou Cedrico sem graça, colocando as mãos no bolso da calça.
— E você esperava algo diferente? — Harry riu sem jeito, passando a mão na nuca.
Os dois ficaram em silêncio, olhando Gina e %Sam% conversarem mais ao canto, rindo de alguma coisa. Diggory respirou fundo, passando a mão pelos cabelos e bagunçando-os levemente.
— Ahn… %Sam% me falou sobre a viagem de vocês… — comentou, olhando-o de canto. Harry concordou mantendo-se em silêncio. — Você tem certeza sobre isso? Quero dizer… Não seria melhor chamar alguém da Ordem para acompanhá-los?
Potter negou com um aceno.
— Seria mais fácil — disse lentamente —, mas Dumbledore pediu para não contarmos a mais ninguém… Eu disse que nenhum deles precisava me seguir, falei para %Samantha% ficar com você e Sirius, mas…
Cedrico riu nasalado, olhando-o divertido.
— E você acha realmente que ela deixaria você na mão numa hora dessas? — Tornou a passar a mão pelos cabelos, olhando a namorada cumprimentar Hermione. — Soube assim que ela me contou que nada que eu pudesse dizer a faria mudar de ideia… Ela gosta de você, sabe? — acrescentou, tornando a encará-lo de canto.
Potter respirou fundo, olhando o lufano nos olhos.
— Sei, mas de uma forma totalmente diferente. %Sam% é minha melhor amiga, em nenhum momento achei que ela terminaria com você para ficar comigo, Cedrico… Eu…
Diggory negou novamente, não o deixando concluir seu raciocínio.
— Não precisa se explicar, Harry. Demorei um tempo, admito, mas sei o quanto vocês são próximos e o quanto você é importante para ela, e que não tem nada que %Sam% não faria por você. — Deu de ombros, sorrindo de lado. — Não vou mentir, continuo não caindo de amores por vocês dois juntos, mas sei que você é o melhor amigo dela e no final é isso que importa, não? — Harry o olhou por um momento, concordando devagar. — Se eu preferia que você estivesse interessado em outra garota? Com certeza, mas também sei que nada disso é sua culpa e não vou me colocar no meio da amizade de vocês por ciúmes. Se %Sam% diz que vocês precisam sumir por uns tempos… — Respirou fundo. — Espero que fiquem bem e que dê tudo certo.
Potter não soube o que dizer, mas continuou a encarar Diggory por um momento, sorrindo em seguida.
— Não é como se eu achasse você tudo aquilo também… — Deu de ombros, vendo-o rir. — Mas sei o quanto ela gosta de você, Cedrico, sempre soube na verdade… — avisou, olhando para as três garotas ao canto. — Como eu disse, não esperava que ela fosse terminar o namoro quando eu contei… Fico feliz por saber que %Sam% está com alguém que gosta dela, de verdade, e fico contente de saber o quão feliz vocês estão juntos. %Samantha% sempre será minha melhor amiga e isso é tudo!
Cedrico concordou, sorrindo tranquilo para o mais novo, estendendo a mão para um aperto.
— Estamos ok?
— Com certeza!
Cedrico sorriu para Krum quando o búlgaro se aproximou estendendo a mão, abraçando-o de lado antes de entregar o convite para Rony, o qual olhava duvidoso para o envelope.
— Está marravilhosa! — Victor acrescentou para Hermione, o sotaque carregado de sempre, mas o inglês visivelmente melhor desde que haviam se encontrado durante o Torneio Tribruxo.
— Não sabia que você… Que bom te ver! — Sorriu constrangida ao cumprimentá-lo.
— O que está fazendo aqui? — gralhou Rony ao lado, o rosto tão vermelho quanto o de Granger.
— Fui convidado porr Fleur. — Deu de ombros e virou-se para cumprimentar o ruivo que não sabia ser Potter, apenas apertando sua mão, e sorriu para %Sam%. — Continuem juntos? — Apontou para ela e Diggory, o qual concordou sorridente. — Então o prróximo deve serr seu casamenté?
— Se o pai dela não me matar antes, talvez! — Cedrico piscou, rindo junto do colega.
Rony era o único que parecia incomodado com a chegada do búlgaro e só piorou sua careta quando viu %Sam% piscando sugestiva para Hermione.
— É melhor todos sentarmos, já está quase na hora! — avisou Harry, oferecendo-se para mostrar o lugar de Krum, querendo afastá-lo do amigo antes que o ruivo falasse algo que pudesse constranger a todos.
A tenda estava toda decorada, cadeiras douradas estavam dispostas nas laterais de um longo tapete roxo, os postes que sustentavam a estrutura estavam decorados com guirlandas de flores brancas e douradas, e os gêmeos tinham colocado um enorme buquê de balões dourados sobre o ponto exato em que Gui e Fleur fariam os votos.
Assim que todos estavam em seus lugares, não demorou nem cinco minutos para que o Sr. e a Sra. Weasley andassem pelo corredor sorrindo para os convidados, ambos extremamente bem vestidos para a ocasião. No instante seguinte, Gui e Carlinhos (que era o padrinho do irmão) caminharam para a frente da tenda, usando vestes a rigor com rosas brancas na lapela. Fred assobiou alto em aprovação, causando uma onda de risos.
Então a multidão fez silêncio e o volume da música foi aumentando, aparentemente vinda dos balões dourados que enfeitavam o local.
— Não é certo que a Fleur seja tão bonita — sussurrou %Sam% ao lado de Cedrico enquanto todos levantavam-se para ver a francesa caminhar pelo tapete acompanhada dos pais.
Várias pessoas exclamaram ao vê-la andar com tamanha graciosidade, usando um vestido branco simples que esvoaçava levemente conforme ela andava parecendo ainda mais bela que o normal, a tiara de Tia Muriel dando ainda mais destaque aos seus cabelos. Gina e Gabrielle, a irmã mais nova de Fleur, usavam trajes dourados, caminhando logo atrás da noiva e jogando pétalas de rosas brancas pelo caminho. Assim que a francesa chegou aonde estava um Gui extremamente sorridente, ele pareceu tão belo quanto a noiva e suas cicatrizes nem mesmo pareciam existir.
Com o decorrer da cerimônia era possível escutar os convidados fungando, emocionados com a união do jovem casal. Quando Gui e Fleur finalmente se beijaram, todos tornaram a se levantar, aplaudindo os dois enquanto as cadeiras em que antes estavam sentados flutuavam organizadamente pelo local, deixando um grande espaço no meio da tenda para os convidados dançarem, ao tempo que mesas eram postas nas laterais e os garçons começavam a servir as bebidas e comidas.
Tentaram aproximar-se do casal, o qual estava cercado pelos demais convidados, os parabenizando e desejando felicidades.
— Aqui! — Sirius apontou para uma mesa mais ao canto, sentando-se em uma das cadeiras e logo sendo acompanhado por Remo, Dora, Cedrico e %Sam%, ainda deixando vago mais um local.
Dora pegou um suco de abóbora ao tempo que os homens escolheram uma taça de um Hidromel envelhecido e %Sam% uma taça de champagne. A garota viu por entre a multidão os três amigos sentados em um canto junto a Luna, e observou com um sorriso nos lábios Rony puxar Hermione para a pista de dança, claramente fugindo de Krum que havia se juntado a eles e agora conversava com Harry, parecendo um tanto carrancudo.
— Que ótima ideia! — comentou Diggory próximo ao ouvido da loira ao reparar no casal, em sua opinião um tanto improvável, que dançava: Rony parecendo um tanto desengonçado e Mione bem constrangida, embora sorrisse bastante. — Quer dançar?
O rapaz virou o resto do conteúdo de sua taça antes de levantar-se, oferecendo o braço para a namorada que aceitou rindo. Seguiram para o meio da multidão, logo começando a dançar no ritmo da música que tocava.
— Quem diria que tudo o que precisava era do Vitor aparecer para Rony tomar uma atitude! — comentou próxima ao ouvido de Cedrico, vendo-o rir negando com um aceno.
— Não acredito que nunca soube desses dois…
— Eu sei — garota concordou rindo —, e a gente achando que Mione era esperta, né? Foi escolher logo o cara que mais faz chorar!
Cedrico concordou, agradecendo em sua mente que o relacionamento dele com %Samantha%, embora volta e meia um pouco conturbado, não fosse tão complicado quanto o do novo casal.
— De qualquer forma, não consegui dizer antes, mas está bem bonita. — Apontou para o vestido esverdeado que a namorada usava. — Mais que o normal! — Piscou, vendo-a rir constrangida.
— Para você ver, não uso só o uniforme de Hogwarts e jeans!
— Fica linda igual! — Sorriu galanteador, vendo-a gargalhar concordando. — Não vou te elogiar mais, fica muito convencida. — Rolou os olhos, logo sentindo os lábios dela juntarem-se aos seus por alguns instantes, aproveitando que usava o salto alto e ficava quase na altura do loiro.
— Não precisa, eu sei que estou um arraso! — Soou divertida.
Cedrico concordou a contragosto, fazendo careta.
— Sabe do que mais? Deveríamos esperar Sirius beber um pouco mais e dar uma fugida, o que acha? Aposto que ele não lembraria de nos procurar por um tempo!
O casal olhou em direção à mesa, vendo o moreno conversar com o afilhado, parecendo mais sério que o costume.
— Aposto que está falando sobre a viagem — contou a loira, olhando para os dois. — Ficou horas tentando me convencer de contar para ele alguma coisa…
— Não está de todo errado, não é? — respondeu o lufano, a sobrancelha arqueada. — De todo jeito, quer dar uma volta? — Sorriu de lado, %Sam% piscou em sua direção concordando com um aceno, virando-se e puxando-o pela mão por entre a multidão.
Separaram-se ao ouvirem passos e logo Fred Weasley apareceu de braços dados com uma das primas de Fleur; os quatro se olharam um tanto constrangidos antes do ruivo dar uma piscadela.
— Parece que todos tivemos a mesma ideia. — Deu de ombros, vendo o casal rir sem graça, desamassando as vestimentas. — Sirius estava procurando por vocês há alguns minutos…
Cedrico o encarou por um instante, em dúvida se era verdade ou se o outro só queria que o casal liberasse o espaço no armário de vassouras acoplado à casa dos Weasley.
— Certo, tudo bem… — Suspirou, passando a mão pelos cabelos bagunçados.
Deram espaço para os recém-chegados, andando lentamente de volta para a tenda e tendo certeza que estavam ajeitados o suficiente para que Sirius não surtasse em frente a todos os convidados.
Mal tinham pegado uma taça de bebida e o homem apareceu em frente ao casal, os braços cruzados e a expressão séria.
— Pai! Estava te procurando! — %Sam% sorriu para o mais velho, puxando-o pelo braço. — Dança comigo? — pediu animada, tomando o resto do champanhe e entregando a taça para Cedrico, arrastando o pai em direção à pista que ainda tinha vários casais ao redor.
— Não pense que não sei o que está fazendo… — comentou de cara fechada, passando os braços pelos ombros da filha.
— Do que está falando? Só achei que poderíamos dançar um pouco, ter um momento pai e filha…
Sirius a encarou por um instante, rolando os olhos e sorrindo de canto.
Dançaram por alguns minutos conversando sobre assuntos aleatórios antes de a loira olhar para o pai, mudando a expressão divertida para uma séria.
— Então, quando é que vou conhecer sua namorada?
Sirius engasgou-se com a própria saliva, tossindo algumas vezes antes de recuperar-se, pigarreando.
— Não sei do que está falando…
— Pai, eu vejo você saindo de casa à noite, ok? Fica falando de mim, mas pelo menos você conhece o Ced, e eu que nem sei com quem você sai? — tornou, vendo o mais velho ficar sem graça olhando para o lado. Sorriu sozinha, adorando a situação.
— Não é nada…
— Bem, se você sai quase todas as noites, imagino que seja alguma coisa mais séria do que você diz, não? Eu a conheço?
Black respirou fundo, negando com um aceno.
— Não, não conhece. É uma trouxa.
— O quê? — Abriu a boca surpresa. — Como foi que…? Ela sabe que você…? Caramba!
Sirius deu de ombros, passando a mão pelos cabelos enquanto balançavam-se ao som da música.
— A conheci há alguns meses em Londres — explicou. — A conheci quase por acidente, estava em um bar trouxa e esbarrei com ela na saída, a ajudei a carregar as compras…
— Que cavalheiro! — ironizou, vendo o pai rir nasalado.
— Conversamos por alguns minutos e acabamos marcando de sair após alguns dias… Como eu disse, nada de mais.
— Pai, fazem semanas que vocês saem, é óbvio que é algo sério! Pelo menos pra ela! Vocês já conversaram sobre isso? Ela sabe que você tem uma filha?
— Sabe, foi uma das poucas coisas que pude contar sem revelar muito.
— E quando vou conhecê-la?
Sirius tornou a negar, suspirando.
— Não vai, não tem como dar certo. Já era para ter terminado tudo, mas…
— Você gosta dela — observou, sorrindo para o pai. — Acha que ela gosta de você também? Deveria contar, se der errado é só apagar a memória, não?
Black riu sem humor.
— Não é tão fácil quanto você acha, %Samantha%, além do mais…
O homem ficou em silêncio olhando para o ponto de luz que rompeu pela tenda, assustando a todos os convidados. Aos poucos a voz grave de Quim pôde ser ouvida:
— O Ministério caiu. Scrimgeour está morto. Eles estão vindo.