Black & Diggory II


Escrita porReh
Revisada por Lelen


Dezessete

Tempo estimado de leitura: 41 minutos

  O grupo seguiu escada abaixo, escutando vozes altas conforme aproximavam-se do corredor que dava acesso a Torre de Astronomia. Empunharam as varinhas tentando feitiços que iluminasse o caminho, mas nada funcionava, independente de qual feitiço tinham usado ali, nada resolvia.
  — O que fazemos? — Rony tornou a gritar conforme andavam.
  — Não temos o que fazer agora, apenas lutar! — respondeu %Sam%, tentava enxergar o vulto dos amigos, mas parecia impossível. Demoraram mais algum tempo para conseguirem sair da penumbra, embora o corredor seguinte não estivesse muito iluminado, conseguiam ver algumas sombras e explosões de cores sempre que feitiços eram lançados.
  A Ordem parecia dividida, assim como os Comensais, e duelavam pelos cantos.
  Mesmo sem conseguirem ver direito o que acontecia, parecia claro que a Ordem estava em desvantagem, ouviram Minerva gritar com Flitwick e então o professor de Feitiços correu pelo corredor lateral. Gina e Luna foram em direção à Ninfadora, que duelava com dois Comensais; Remo estava ocupado lutando contra um loiro grandalhão que %Samantha% não conhecia, mas que disparava feitiços para todos os lados, sem se importar em quem acertava.
  Cedrico e Minerva enfrentavam os Carrow, dois Comensais recém-saídos de Azkaban, conforme noticiou o Profeta semanas antes. Sirius e Bellatrix estavam mais ao canto, xingando um ao outro enquanto lançavam feitiços. Gui duelava com Greyback, e Rony e Neville correram em sua direção para ajudá-lo, mas antes foram atacados por outro Comensal desconhecido.
  %Samantha% olhou para todos os lados, fez menção de aproximar-se de alguns duelos, mas então notou Draco correndo em direção à Torre de Astronomia. Saiu em disparada atrás do primo, poderia não ser importante pará-lo, mas ela queria fazê-lo da mesma forma, era culpa dele que seguidores de Voldemort estivessem na Escola.
  — Abaixe-se! — Ouviu o grito de Cedrico, e logo um jato de luz passou a centímetros de seu corpo.
  Draco parou quando o jato vermelho acertou um ponto próximo a ele, logo vendo %Samantha% correr em sua direção escada acima, apontou a varinha para a prima com a mão trêmula.
  — Não deveria estar aqui, Black!
  — Nem você, Malfoy! — devolveu da mesma forma, pronta para azará-lo, mas se distraiu por um momento quando viu alguém tocar-lhe o ombro.
  — Boa noite, querida! — Victoria sorriu para a mais nova, acenando com a cabeça para Draco, que se afastou escada acima. — Quanto tempo não nos vemos! Nem tivemos a chance de conversar ano passado… — Inclinou a cabeça, os cabelos loiros caíam pelos ombros.
  %Samantha% sentiu a mão vacilar por um momento, sem saber como agir ao encarar novamente os olhos de sua mãe. A mulher estava certa, não tinham conversado da outra vez, mal a olhou por mais de alguns segundos e apenas quando a loira batalhava com Sirius.
  — Teve um bom ano? — tornou a falar, descendo alguns degraus.
  %Sam% ouviu um grito desesperado vindo atrás de si e aquilo pareceu despertar-lhe para o que acontecia, tornou a estender a mão com firmeza, apontando a varinha para o peito da mais velha.
  — Saia do meu caminho, Victoria.
  A mais velha sorriu de canto, os olhos pareceram brilhar por um momento.
  — Conheci seu namorado há algumas semanas, bonitão, boa escolha. — A mulher encarou-o de longe, duelando ao lado de Minerva contra os Carrow. %Sam% olhou o namorado pelo canto do olho, Cedrico parecia bem, defendendo-se e atacando na mesma intensidade.
  — Me lembrou um pouco do seu pai, na verdade, mas vamos esperar que tenha um futuro melhor que o de Sirius, não?
  A garota apertou a varinha na mão, apontando-a contra a mulher que estava apenas alguns centímetros de si.
  — Não abra sua boca para falar do meu pai.
  Victoria arqueou a sobrancelha, afastando-se minimamente quando a varinha começou a queimar o tecido de sua capa preta.
  — É impressionante o quanto você se parece com ele, mesmo tendo passado tantos anos com Andrômeda. Aliás, você deveria estar ajudando Ninfadora ao invés de estar atrás de Draco, ele é o menor dos seus problemas essa noite.
  — Tem razão. — Passou a língua pelos lábios. — Por que perder tempo com Malfoy quando poderia azarar você, não é mesmo?
  Victoria usou a varinha para proteger-se em um piscar de olhos, subindo dois degraus enquanto se protegia de outro feitiço lançado pela mais nova.
  — Imaginei que tivesse treinado mais do que isso, filha, não me diga que Sirius não te ensinou nada?
  A cada vez que via o sorriso calmo nos lábios da mulher ou que ela a chamava de filha, parecendo nada mais do que uma mãe preocupada, sua raiva crescia. Nem mesmo via o que acontecia ao seu redor, queria apenas atacar Victoria com todos os feitiços que vinham à sua cabeça, mas não pareciam o suficiente, a mais velha era muito mais ágil do que ela, desviava com facilidade de seus ataques.
  Victoria então começou a descer a escada, forçando-a a fazer o mesmo, logo estando junto aos demais, precisando preocupar-se em não acertar alguém que não fosse sua mãe.
  Fora isso, a mulher não parecia nem um pouco interessada em atacá-la de volta, apenas defendendo-se e fazendo comentários sobre o quão fraca ela parecia ao duelar.
  — Esperava mais de você, %Samantha%. Rodeada de membros da Ordem e mesmo assim não consegue me atacar? Imaginei que Sirius ou Minerva a ensinaram melhor do que isso, mas pode ser que eles te vejam como você realmente é, uma garotinha mimada e fraca que nem mesmo vale à pena treinar para combate, não?
  — Para uma Comensal você também não é muita coisa, é? — respondeu da mesma forma. — Todos conhecem Bellatrix e sabem que ela é louca, mas e você, mamãe? Abandonou a própria família para se juntar aos Comensais e nem mesmo ataca ninguém? Imagino que Voldemort, sim, deva ficar desapontado.
  O sorriso nos lábios da mulher vacilou por um momento.
  — Não sei se você tem coragem ou apenas não aprendeu a ter limites para dizer o nome do Lorde das Trevas com tamanho deboche.
  — Não é dele que estou debochando, embora, é claro, nem mesmo tenha conseguido matar um bebê de um ano. — Riu, aproveitando o momento para acertar a outra com um feitiço, lançando-a com força contra a parede, sorriu para a mulher. — Como eu disse, a decepção é você.
  Victoria a encarou por um momento e então virou o rosto, encontrando o olhar de Sirius, sorrindo para o ex-marido antes de apontar a varinha para a filha.
  — Você deveria ser mais cuidadosa, está sempre nos locais errados, na hora errada.
  %Samantha% caiu de joelhos, soltando a varinha no mesmo instante e levando as mãos ao pescoço, sentindo o sangue quente escorrer pelo corte que a mulher tinha feito. Por um momento achou que a própria Victoria havia se assustado com o resultado, dando um passo em frente como se fosse ajudá-la, mas ouviu o grito de Diggory, e com isso correu para as escadas, junto de Aleto Carrow.
  — Sirius! — gritou Cedrico para o mais velho, logo jogando-se ao lado da namorada, o olhar desesperado. — Está tudo bem, vai ficar tudo bem, %Sam%. Sirius! — gritou novamente, logo vendo o homem correr em direção à mais nova, puxando-lhe as mãos para baixo para ver o tamanho do corte.
  — Respire fundo, vai ficar tudo bem, ok? Não se mexa muito! — falou sorrindo fraco em sua direção, mas a garota conseguia ver o olhar desesperado do pai, mesmo que ele fingisse estar calmo. — Diggory, a Ordem.
  — Mas…
  — Vá ajudar a Ordem!
  Cedrico vacilou por um momento, não querendo sair do lado de %Samantha% enquanto Sirius lançava um contra-feitiço para estancar o sangue. Beijou-lhe a testa antes de voltar a correr para o lado oposto, lançando feitiços para quebrar o bloqueio feito pelos Comensais.
  — Não sou nenhum medibruxo, mas acho que dessa vez não será necessário te levar ao St. Mungus! — disse com a voz trêmula, tentando passar confiança para a mais nova.
  — O que aconteceu? — perguntou Mione assustada ao ajoelhar-se ao lado dos dois, segurando a mão ensanguentada da amiga que mantinha os olhos fechados, tentando ignorar a dor que sentia.
  — Victoria é muito habilidosa com alguns feitiços — resmungou Sirius, ainda concentrado no contra-feitiço que, lentamente, fechava o corte, embora o sangue ainda continuasse a escorrer em quantidade. — Felizmente esse corte não foi tão profundo quanto poderia ser ou teríamos problemas maiores.
  — O que acha que vai acontecer com Gui? — perguntou Mione ao homem, o tom de voz baixo, enquanto ainda apertava a mão da amiga.
  — O que… — começou %Sam% com a voz fraca, sentindo a garganta doer ainda mais.
  — Psiu! — Sirius negou com a cabeça. — Fique quieta!
  — Gui foi atacado por Greyback — explicou Hermione. — Rony e Flitwick o levaram para a Ala Hospitalar… Sirius, você acha que…?
  — Não sou o melhor para falar sobre o assunto — respondeu, apontando com a cabeça para Remo —, mas acredito que não será tão ruim. Não estamos em lua cheia, Greyback não estava transformado.
  Ouviram passos e gritos e, embora não pudesse virar o pescoço para ver o que acontecia, soube que os Comensais voltavam correndo da Torre de Astronomia.
  — Vai! — %Sam% apontou com a cabeça, a voz fraca, tornando a colocar a mão sobre o corte, agora sem sangue, embora ainda dolorido. — Estou ok!
  Sirius ponderou por um instante, mas levantou-se apressado, tornando a duelar contra os Comensais que corriam pelo corredor, lançando feitiços para trás. 

  Cedrico entrou na Ala Hospitalar poucos minutos depois de %Samantha% ter deitado em uma maca, enquanto Granger terminava de passar um unguento dado por Madame Pomfrey sobre o corte recém-fechado, na tentativa de acelerar a cicatrização, ao tempo que a mais velha cuidava dos ferimentos de Gui.
  — Como estão? — perguntou afobado, aproximando-se da maca da namorada, que fez um joinha com a mão e deu um sorriso mínimo.
  Permaneceram os três sentados na maca, enquanto Rony andava de um lado para o outro, aguardando para saber do irmão mais velho. Neville estava sentado em uma cadeira próxima de Luna, a cabeça enfaixada depois de ter sido atingido por um dos Comensais. Sirius, Remo e Dora entraram logo depois, aproximando-se para ver como todos estavam.
  Sirius encarou a filha por um momento, abraçando-a apertado.
  — Está de castigo! — Sorriu ao olhar novamente em seus olhos.
  — Por quê? — questionou descrente, a voz fraca.
  — Por ter me desobedecido, mandei voltar para seu Salão Comunal, lembra?
  A garota passou alguns segundos com a boca aberta, sem conseguir pensar em qualquer resposta. Cedrico riu baixo ao seu lado, balançando a cabeça.
  — Contudo — Sirius continuou, mantendo uma mão em seu ombro —, estou orgulhoso.
  A loira rolou os olhos, sorrindo de canto. Nem cinco minutos depois, Harry e Gina passaram pela porta da enfermaria, andando até próximo ao grupo. Potter logo foi abraçado por Sirius, o qual queria confirmar que o afilhado não estava machucado.
  — O que aconteceu com o Gui? — perguntou ao ver o rosto extremamente machucado e ensanguentado do primogênito dos Weasley.
  — Foi atacado por Greyback durante a luta — contou Remo em um suspiro, olhando com pesar para o ruivo.
  — Mas ele não vai virar um… vai? — perguntou Rony preocupado, olhando de canto para o professor.
  — Não sabemos como vai ser ainda, Rony. Fenrir não estava transformado, mas ainda carrega o veneno consigo, não temos como saber o quanto Gui foi afetado por enquanto…
  — Onde está Dumbledore? — tornou no mesmo instante. — Gui foi atacado enquanto seguia ordens dele, ele tem um dever para com meu irmão e…
  — Rony… — começou Gina em voz baixa. — Dumbledore está morto.
  — O quê?! — gritou Sirius, olhando-a assustado.
  — Não! — Remo devolveu nervoso.
  Madame Pomfrey e Luna colocaram as mãos na boca, não acreditando no que ouviam. Neville encolheu-se na cadeira na qual estava sentado, abraçando as pernas. Hermione e Rony encaravam Harry, que apenas abaixou a cabeça, confirmando silenciosamente. Lupin desabou em uma cadeira próxima, as mãos cobrindo o rosto. Dora e Sirius negavam com a cabeça em completa descrença, enquanto o homem passava a mão pelos cabelos nervosamente. Cedrico fechou as mãos em punho, virando a cabeça para o lado como se não pudesse olhar para ninguém, enquanto %Samantha% fechou os olhos por alguns instantes, soltando o ar com força.
  — O que aconteceu? — perguntou Harry após alguns instantes, apontando para seu pescoço.
  — Estou ok. — Deu de ombros, a voz saiu fraca. — Como foi que ele morreu?
  — Snape o matou — respondeu Harry. — Eu estava lá e vi. Voltamos direto para a Torre porque vimos a Marca Negra… Dumbledore estava debilitado, fraco… Mas acho que sabia que era uma armadilha porque me imobilizou, não pude fazer nada… Estava com a Capa da Invisibilidade… — Potter quase parecia querer justificar seus atos, ou a falta deles, como se achasse que alguém pudesse culpá-lo por deixar o diretor morrer. — Então Malfoy entrou e desarmou Dumbledore…
  Hermione levou as mãos à boca, Rony gemeu. Luna encolheu-se ao lado de Neville, a boca trêmula. Gina sentou-se na maca de Gui, próxima aos pés do irmão, pensando no que ouvia.
  %Sam% por um instante olhou para Sirius, que apenas negou com a cabeça, sabendo o que ela diria.
  — Logo depois chegaram outros Comensais… Depois Snape, e… Snape o matou. Usou a Avada Kedavra. — Harry respirou fundo, não conseguindo continuar. Sentou-se em uma cadeira vazia ao lado de Gina.
  %Sam% pigarreou, querendo forçar a voz a sair, mas antes que pudesse tentar falar, Cedrico franziu o cenho.
  — Escutem.
  De algum lugar ouviram a Fênix de Dumbledore cantar de uma forma que ninguém jamais ouviu, um lamento comovido de terrível beleza. Quanto tempo ficaram ali, escutando aquela música, não saberiam dizer, mas parecia que aquele canto fazia diminuir um pouco a dor que cada um sentia com a perda do diretor. O momento foi quebrado quando ouviram a porta da enfermaria tornar a abrir e McGonagall entrar por ela, alguns cortes no rosto e as vestes um tanto rasgadas, assim como os demais, ela também demonstrava os sinais da batalha recente.
  — Molly e Arthur estão a caminho. — Então virou-se para Potter. — Harry, que foi que aconteceu? Hagrid disse que você estava com o Professor Dumbledore quando aconteceu…
  — Snape matou Dumbledore — respondeu o garoto.
  Minerva o encarou por um instante, então seu corpo balançou de modo alarmante, Sirius logo empurrou uma cadeira para próximo da mulher que desabou sobre a mesma, secando as lágrimas dos cantos dos olhos em um lenço escocês.
  — Snape… Sempre nos perguntávamos… Mas ele confiava… Sempre… Não consigo acreditar…
  — Snape era um excelente oclumente, Minerva — começou Remo com a voz grave —, sempre soubemos disso….
  — Mas Dumbledore jurou que Severo estava do nosso lado! — resmungou Ninfadora, os braços cruzados. — Sempre achei que Dumbledore soubesse de algo que não tinha nos dito…
  — Ele sempre insinuou que tinha uma razão inabalável para acreditar em Snape — concordou a mais velha, ainda secando as lágrimas. — Todos desconfiávamos, mas Dumbledore tinha certeza absoluta…
  — Eu gostaria de saber o que foi que ele disse para convencer Alvo de que realmente estava do nosso lado. — Tonks suspirou, passando a língua pelos lábios.
  — Eu sei… — começou Harry, chamando a atenção de todos. — Snape passou a Voldemort a informação que o fez caçar meus pais. Então Snape disse a Dumbledore que não tinha consciência do que estava fazendo, que lamentava realmente o que tinha feito. Lamentava que tivessem morrido.
  — E Dumbledore acreditou nesse conto de fadas? — esbravejou Sirius. — Snape odiava James! Sempre fazendo comentários… Insinuações… — Negou com a cabeça, enfurecido. — Deveríamos é tê-lo deixado morrer quando tivemos a oportunidade!
  — Sirius! — Remo chamou a atenção, sendo ignorado pelo amigo.
  — E estou errado? Snape estava sempre colocando aquele nariz enorme onde não era chamado, se tivesse morrido era muito bem feito. James e Lilian estariam vivos para começo de conversa, assim como Dumbledore!
  Todos ficaram em silêncio ouvindo Black praguejar em voz alta, desejando ele mesmo encontrar Snape para acertar as contas.
  — Espere um momento! — começou %Sam%, a voz rouca saía um tanto chiada. — Quer dizer que Dumbledore acreditou em Snape, um Comensal da Morte assumido e fiel a Voldemort, só porque ele disse “sinto muito”? — questionou, encarando Harry, que acenou com a cabeça, sem saber o ponto que a amiga queria chegar. — Mas quando meu pai foi acusado de matar os Potter, que só estavam sendo perseguidos por causa de Snape, não passou pela cabeça de Dumbledore tentar descobrir se era verdade?
  — %Sam%… — começou Sirius, mas ela o ignorou, levantando-se transtornada.
  — Ele acreditou sem nem mesmo conversar com você se você teria mesmo entregado o melhor amigo e ajudado Voldemort, mesmo que durante todo os anos de Hogwarts você tenha desprezado as Artes das Trevas e ido contra a família toda para ficar na Ordem? E feito tudo o que Dumbledore pediu para ajudar? Mesmo assim, ele deixou que você passasse doze anos preso, sem nem questionar se estava ou não envolvido, enquanto Snape só precisou chorar para ser inocentado por ele?
  — Não foi tão simples… — recomeçou Sirius, mas a garota o encarou enraivecida, apontando para a janela, gritando como podia, embora sua voz não saísse mais alta do que um sussurro.
  — É claro que não foi simples, você passou doze anos preso em Azkaban enquanto Snape só precisou dizer que estava arrependido de ter causado a morte dos pais de Harry e foi inocentado de tudo! Pois para mim parece muito claro que Dumbledore não era nem tão justo, nem tão esperto quanto todos pensávamos. Ou simplesmente não se importava com você por ser um Black? Porque obviamente, se era da família, seria tão ruim quanto todos os outros, e Snape, é claro, apenas a vítima influenciável! — vociferou. — E agora, olhe só, Dumbledore está morto porque o protegido dele o matou e você só está fora de Azkaban porque escapou por conta própria. Se quer saber, foi muito bem feito para ele! — finalizou, dando as costas e saindo da enfermaria sem olhar para trás.
  O grupo permaneceu em silêncio sem saber o que dizer após a saída da garota, até Gina virar-se para Cedrico, falando baixo:
  — Não vai atrás dela?
  Diggory negou com um aceno, embora aquela fosse sua vontade.
  — Ela não vai querer falar nem ver ninguém agora, é melhor que fique um pouco sozinha…
  Ninfadora então pigarreou, parecendo incerta, mas falando quando notou que todos a olhavam:
  — Sei que é ruim dizer isso, ainda mais se considerarmos que Dumbledore está… — Passou a língua pelos lábios. — Mas ela não está de toda errada, não é? Quer dizer, ele realmente acreditou nas desculpas de Snape, mas nem considerou saber sobre Sirius…
  — Não foi tão simples. — Black negou com um aceno, os braços cruzados. — Todos achavam que eu era o fiel do segredo dos Potter e eu estava na cena do crime quando o Ministério chegou…
  — Mas não investigamos — Remo concordou com Tonks —, você não teve um julgamento ou ao menos alguém que tivesse tentado escutar seu lado da história, apenas o deixamos em Azkaban… — Respirou fundo, olhando para o amigo. — Quando soube o que tinha acontecido, achei que seria impossível, mas, bem… Depois que Victoria também foi presa, as coisas pareciam fazer mais sentido…
  — E ninguém pensaria em Pettigrew… — concordou Sirius calmo.
  Tornaram a ficar em silêncio por alguns instantes até Harry tornar a questionar o assunto inicial:
  — Mas como Snape se envolveu na batalha?
  — É tudo minha culpa! — disse Minerva, parecendo desorientada com tudo o que acontecia. — Pedi para Filio chamar Snape quando vimos os Comensais… Ele estava na sala dele, talvez não soubesse… Achei que era besteira o que %Samantha% tinha dito sobre vigiá-lo, ou mesmo Malfoy…
  — O que aconteceu? — perguntou Potter ansioso, olhando para os amigos.
  — Enviamos mensagens para o pessoal da AD, mas só Luna e Neville responderam. — Contou Mione, apontando para os dois colegas. — %Sam% saiu para vigiar Draco na Sala Precisa enquanto a gente acompanhava no Mapa o Snape.
  — E Draco? — tornou a perguntar, ansioso.
  — Ficou algumas horas na Sala Precisa, mas saiu por outro corredor, talvez soubesse que estávamos na entrada principal… — contou Mione, parecendo sem graça. — Na Torre de Astronomia, enquanto nós nos separamos para ajudar a Ordem contra os Comensais, %Sam% viu Draco e começou a segui-lo na escadaria, mas…
  — Mas, o quê?
  — %Samantha%… — recomeçou Sirius. — Acabou se distraindo…
  — Com o quê?
  — Victoria. — Sorriu sem ânimo. — Victoria apareceu na escada e as duas começaram a duelar...
  — Foi ela quem…? — Apontou para o próprio pescoço, o padrinho apenas concordou com a cabeça.
  — Falando nisso — começou Gina, olhando para Harry —, foi uma sorte termos a Felix, parecia que os feitiços desviavam da gente o tempo todo! Neville só se machucou porque tentou atravessar a barreira dos Comensais, e %Sam%… Não sei como ela se machucou… — A ruiva franziu o cenho.
  — Porque ela não tomou a poção. — Hermione suspirou. — Só tinha um pouco e ela deixou para Luna.
  — Então, o Snape…? — tornou Harry, após concordar com o que as duas haviam dito.
  — Flitwick foi chamá-lo e, sinceramente, todos ficamos felizes ao saber que Severo estava vindo, estávamos em desvantagem desde o começo! — explicou Remo, cansado. — Quando Gui foi atacado, tivemos que tirar Greyback de cima dele e isso deu ainda mais vantagem aos outros Comensais. Chegou um ponto que cada um que ainda duelava estava contra dois ou três!
  — Num momento, todos os Comensais passaram pelas escadas, e nós não conseguimos segui-los, tinha algum feitiço bloqueando a passagem — continuou Sirius, soando mais frustrado ao concluir. — Quando Ranhoso passou, imaginei que soubesse de algum feitiço que nós não sabíamos, afinal, era um ex-Comensal, não?
  — Tentei passar pela escada logo após ele, mas fui arremessado igual ao Neville que também já tinha apagado porque bateu a cabeça! — Lupin colocou a mão sobre o ombro do rapaz, como se o consolasse.
  — Independente do que aconteceu na Torre, a saída deles não fez sentido nenhum. — começou Cedrico, atraindo a atenção de todos por ser a primeira vez que falava, na maioria das reuniões da Ordem, Diggory apenas escutava o que diziam, só dando sua opinião quando achava que sabia do que falava. — Deixamos Snape e Draco saírem porque achamos que estavam sendo perseguidos, mas os Comensais estavam em vantagem e só Bellatriz e Greyback tentaram lutar, todos os outros correram para o jardim, e quando Snape gritou alguma coisa, até os dois que tinham ficado saíram.
  — Porque Snape não queria mais lutar — concluiu Harry —, ele gritou que já tinha terminado, já tinha matado Dumbledore…
  — Como foi que não percebemos que Snape e Malfoy estavam envolvidos? Deixamos os dois correrem sem nem mesmo tentar impedi-los! — Sirius pareceu transtornado, tornando a xingar em voz alta.
  — Bem — começou Rony sem graça —, nós avisamos, mas vocês não confiam no que dizemos…
  — Eu não entendi uma coisa… — começou Mione, virando-se para os mais velhos. — Se não era por causa do Draco, por que estavam no sétimo andar?
  — Dumbledore pediu para vigiarmos a Escola — contou Minerva, fungando —, disse que precisaria se ausentar por algumas horas e todos deveríamos vigiar, principalmente o sétimo andar.
  — Quando encontramos com %Sam%, tínhamos certeza que vocês não estariam longe e logo estariam em apuros. — Tonks sorriu para os estudantes. — Mas parece que foram vocês que acabaram nos ajudando!
  — Só não sei como os Comensais entraram — adicionou Cedrico pensativo —, todas as passagens estavam bloqueadas…
  — A Sala Precisa. Tem um Armário Sumidouro, era isso que Malfoy ficou fazendo o ano todo, tinha outro na Borgin & Burkes! — Potter virou-se para os amigos, olhando-os significativamente.
  Hermione baixou a cabeça, o rosto vermelho, e Rony olhou para as próprias mãos.
  — Ainda não acredito que Malfoy fez isso mesmo.
  — Não acho que ele teria matado Dumbledore — negou Harry, tornando a atrair atenção de todos —, ele parecia assustado. Dizia que Voldemort mataria a ele e aos pais se não o fizesse, mas ele estava hesitando…
  — Fico pensando se %Sam% tivesse continuado amiga dele se ele ainda seria assim ou talvez tivesse crescido uma pessoa melhor… — comentou Ninfadora aleatória, atraindo a atenção dos estudantes.
  — Como é? — Rony foi o primeiro a dizer em voz alta. — Eles eram amigos?
  — Por alguns meses quando eram crianças… Vocês não sabiam? 
  Ouviram passos apressados e a porta novamente foi aberta, o Sr. E a Sra. Weasley entraram correndo, e Minerva levantou-se no mesmo segundo, aproximando-se do casal.
  — Arthur… Molly… Eu sinto muito…
  — Gui! — sussurrou a mulher, aproximando-se do filho desacordado. — Ah, Gui!
  Lupin, Dora, Gina e Harry levantaram-se, dando mais espaço para os pais do rapaz.
  A Sra. Weasley curvou-se para o filho, beijando-o à testa.
  — Você disse que Greyback o atacou? — perguntou Arthur, aflito, encarando McGonagall. — Mas não estava transformado? Então o que significa isso? Que acontecerá ao Gui?
  — Ainda não sabemos, Arthur… — disse a mais velha, olhando para Lupin.
  — É provável que haja certa contaminação, Arthur — começou o homem, olhando-o com pesar. — São ferimentos malditos, não vão cicatrizar por completo. É um caso raro, talvez único… Não sabemos qual será o comportamento dele quando acordar…
  A Sra. Weasley então começou ela mesma a cuidar dos ferimentos do filho mais velho enquanto os demais olhavam para a cena sem ter muito o que dizer ou fazer.
  — E Dumbledore… — começou o Sr. Weasley após algum tempo. — Minerva, é verdade…? Ele realmente…?
  Quando Minerva confirmou, o homem tornou a suspirar, ainda mais pesaroso. Gina, que estava sentada na maca ao lado junto com Cedrico e Mione, virou-se para olhar a porta, estreitando o olhar. Fleur andou até a maca de Gui, uma expressão aterrorizada no rosto.
  — É claro que a aparência não conta… Não é… Realmente importante… — dizia Molly, os olhos presos no filho, sem prestar atenção ao redor. — Mas ele era um garotinho tão bonito… E ia se casar…
  — E que é que a senhorr querr dizerr com isse? — perguntou Fleur no mesmo instante. — Que querr dizerr com “el ia se casarr”?
  Os demais afastaram-se momentaneamente, dando mais espaço para as duas mulheres. Fleur estufou o peito, aproximando-se mais da maca.
  — Bem… Só que… — começou a mais velha, um tanto espantada.
  — A senhorra ache qe Gui vai desistirr de casarr comigue? — quis saber a francesa, jogando os cabelos para trás, parecendo ainda mais bela que o normal. — A senhorra ache qu porr côse desses morrdides, el non vai me amarr?
  — Não! Não foi isso…
  — Porrqu ele vai!
  — Você acha que ela vai azarar sua mãe? — sussurrou Cedrico com a ruiva ao seu lado, olhando a cena com um sorriso leve nos lábios.
  — Talvez…? — respondeu Gina, ainda olhando a cena de boca aberta.
  — Serrá preecise mais qu um lobisome para fazerr Gui deixarr de me amarr!
  — Bem, é claro… Mas pensei que… Visto que… Talvez…
  — A senhorr pensô qu eu non ia querrerr casarr com el’? U err’ esse a su esperrance? — desafiou a mais nova, ficando ao lado de Molly. — Qu me imporrte a aparênce deel? Ache qu su bastante bonite porr nós dois! Todes esses marrcas mostrram qu me marride é corrajose! Eu non deixarrie Gui quande ma precisse de mim! E eu é qu vou fazerr isse! — acrescentou ao puxar o unguento das mãos da Sra. Weasley, empurrando-a para o lado.
  Em um segundo momento, as duas mulheres se abraçavam, chorando e se desculpando uma com a outra por ações passadas. 
  — Está vendo?! — exclamou Dora com a voz cansada, encarando Lupin, que começou a olhar para o chão. — Ela ainda quer casar com Gui, mesmo que ele tenha sido mordido. Ela não se incomoda!
  — É diferente… — respondeu o homem, tão baixo que se não estivessem no mais completo silêncio, ninguém mais teria escutado sua resposta. — Gui não será um lobisomem típico… São casos completamente diferentes…
  — Mas eu também não me incomodo! Nem um pouco!.
  Sirius piscou várias vezes, pigarreando ao entender o que se passava.
  — Como é? Vocês…? Quê? — perguntou estarrecido, apontando de um para o outro. — Eu esperava mais de você, Aluado! — Sirius virou-se para o outro. — Não posso confiar em mais ninguém! Primeiro Diggory, agora você? — Levantou as mãos para cima, indignado. Cedrico encarou-o totalmente confuso. — Todos sabem que eu só era educado com você por causa de %Samantha%. — Deu de ombros. — E você? Pensei que fôssemos amigos! Como foi que nunca me contou…? E minha sobrinha...? — Sirius tornou para Lupin, o qual suspirou cansado.
  — Não disse porque não tem nada para ser dito sobre o assunto. Nunca tivemos nem teremos nada!
  — E já dissemos que está sendo ridículo! — A Sra. Weasley interveio.
  — Vocês também sabiam? — tornou Sirius, encarando o grupo. — Por que só eu não sabia? Sua mãe sabe? — Virou-se para Dora, que apenas suspirou, abaixando a cabeça. Então virou-se para Remo. — Não acredito que é por sua causa que Ninfadora está desse jeito!? Por que está a rejeitando dessa forma? Ela por acaso não é boa o suficiente para você? — Cruzou os braços, a cara fechada. — Minha sobrinha não é boa para você, Remo?
  — Não é nada disso — negou o homem. — Sou velho demais, pobre demais e perigoso demais para ela… Ninfadora merece alguém jovem e saudável.
  — Mas ela quer você — interpôs Arthur com um sorriso pequeno. — Afinal de contas, Remo, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim. — Apontou com a cabeça para o filho deitado entre eles.
  — E a família tem dinheiro — continuou Sirius —, se seu problema é a falta de trabalho, pois bem, podem morar comigo até conseguirem um lugar. Sempre que posso, te ajudo, agora você despreza minha sobrinha desse jeito?
  — Admito que estou surpreso com Sirius concordando com isso tudo… — Arthur sorriu para o moreno, que deu de ombros.
  — Em um mundo ideal, nenhuma das duas sequer pensariam em namoro, mas se não tem jeito… O que me ofende é não terem me dito nada! Somos amigos há anos e é essa a consideração que eu recebo?
  Remo abriu a boca, mas não chegou a dizer o que pensava, finalizando o assunto com a primeira coisa que pensou:
  — Não é o melhor momento para discutirmos sobre isso. Dumbledore está morto…
  — Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo…  — disse Minerva secamente no momento em que as portas se abriram e Hagrid entrou.
  — Fiz o que mandou, professora… Re… Removi ele. A professora Sprout fez a garotada voltar para a cama, professor Slughorn disse que o Ministério foi informado, já devem estar chegando…
  — Obrigada, Hagrid. — Levantou-se a mulher. — Terei de ver o pessoal do Ministério quando chegarem. Hagrid, por favor, avise aos diretores das Casas, Slughorn pode representar a Sonserina… Diga que quero vê-los sem demora no meu escritório. Gostaria que você se reunisse a nós também. — Hagrid assentiu, logo virando-se para sair da Ala Hospitalar. — E antes de me reunir com o Ministério, eu gostaria de dar uma palavrinha com você, Harry… Se quiser me acompanhar…
  Harry se ergueu, acenando para os amigos enquanto afastava-se com McGonagall.
  — Que acham que vai acontecer? — perguntou Rony, olhando para a porta fechada.
  — Acredito que podem fechar a Escola… — respondeu Remo, cruzando os braços.
  — O quê?! — gritaram os estudantes, logo ouvindo Madame Pomfrey mandá-los falarem baixo.
  — Não podem fechar Hogwarts! — exclamou Mione, chocada.
  — Infelizmente — Sirius concordou com o amigo —, é uma opção plausível com tudo o que aconteceu esse ano… E com Dumbledore morto…
  — Mas outros diretores já morreram e nunca fecharam a Escola! — argumentou Gina. — Já tivemos anos piores, quer dizer, e o Torneio? Tínhamos um Comensal na escola o tempo todo e nem sabíamos! Você-Sabe-Quem voltou, e…
  — É diferente — Lupin interrompeu o raciocínio da mais nova —, nunca nenhum diretor foi assassinado por um professor da Escola…

  Antes de ir embora com o restante do grupo, Sirius procurou a filha pelo Castelo, encontrando-a no Salão Principal, sentada sozinha à mesa da Grifinória, andou até ela e sentou-se ao seu lado no banco.
  — Como está?
  — Bem…
  — Quer conversar?
  — Não tem o que conversar — negou com um aceno —, sabe que é verdade, Dumbledore não se importou com você em Azkaban, mas protegeu Snape como se ele não tivesse feito nada!
  Sirius concordou em meio a suspiros.
  — Acha que eu não pensei nisso durante todos esses anos? — questionou em voz baixa, atraindo o olhar da garota. — Que não me perguntei como ninguém sequer considerou a possibilidade da minha inocência? E eu nem mesmo sabia que Severo tinha sido responsável por Voldemort procurar pelos Potter…
  — Então por que continuou fazendo tudo que Dumbledore pediu? — questionou com o cenho franzido. — Você não devia nada a ele!
  — Não, não devia — concordou ele, sorrindo triste —, mas ainda era a melhor opção que tínhamos. Voldemort sempre teve medo de Dumbledore e, errando ou não, Alvo sempre foi um bruxo muito inteligente e poderoso.
  — Nem tão inteligente assim…
  — De qualquer forma, Dumbledore sempre foi a melhor chance que poderíamos ter contra Voldemort, e por mais que eu tivesse minhas diferenças com ele, nunca questionei suas ordens. — Suspirou, passando a mão pelos cabelos. — Alvo sempre soube que minha prioridade era você, então se tivesse a mínima chance de mantê-la a salvo, eu faria o que ele mandasse.
  A loira pensou por alguns instantes sobre tudo aquilo, passando a língua pelos lábios.
  — Sabe que ele basicamente manipulou todo mundo, não é?
  — Possivelmente — concordou, estralando o corpo, preparando-se para levantar —, mas sempre buscando um resultado melhor para a maioria e em tempos como esse é isso que vale.
  %Sam% acenou com a cabeça, embora não parecesse muito convencida.
  — Não espero que você coloque Dumbledore em um pedestal, mas devemos admitir que, embora ele errasse, era um grande bruxo e a perda dele é enorme.
  — Talvez… Quem sabe se ele tivesse sido mais inteligente na hora de escolher inocentar alguém, não estivesse vivo.
  Sirius concordou, colocando a mão no ombro da filha.
  — Não ignore tudo o que ele já fez de bom por um erro…
  — Que te custou doze anos em Azkaban e teria sido muito mais se não tivesse fugido!
  — Ainda assim, Dumbledore pode ter errado com nossa família — encarou-a por alguns instantes —, mas pense no número de pessoas que ele ajudou durante todos esses anos, não apenas contra Voldemort!

  Nos dois dias que se seguiram, muitos alunos voltaram às pressas para suas casas, os exames foram cancelados e parte do Ministério estava hospedada em Hogwarts, assim como muitos bruxos em Hogsmeade, esperando para prestarem as últimas homenagens ao ex-diretor.
  O funeral acontecia nos terrenos da Escola, próximo ao Lago Negro.
  Várias cadeiras estavam dispostas em frente ao caixão branco, bruxos e bruxas de várias partes vieram para se despedirem, incluindo Madame Maxime, que tinha vindo da França. Vários bruxos comerciantes de Hogsmeade e do Beco Diagonal estavam por lá. Empregados do Ministério estavam espalhados pelas cadeiras, incluindo Umbridge — o que não passou despercebido pelo grupo de amigos.
  — É só ter a oportunidade certa e faço o barulho dos centauros — cochichou Rony para os amigos, fazendo-os rir de leve.
  Dora e Remo estavam sentados lado a lado, e a mulher parecia novamente feliz, mesmo que também sentisse o pesar da perda de Alvo.
  — Como foi que isso aconteceu? — perguntou %Sam% em tom baixo para Cedrico, sentado ao seu lado na fileira de trás.
  — Sirius obrigou Remo a conversar com Dora, conversar de verdade, não apenas dizer que não daria certo e correr como ele havia feito nos últimos meses. Ele admitiu que também está apaixonado por ela e resolveu dar uma chance! — Sorriu, olhando para os dois de mãos dadas. — Soube que sua tia não gostou muito…
  — Ah, imaginei. — Suspirou negando. — Andy é maravilhosa, mas ainda é uma Lestrange, tem certos preconceitos… Melhora com o tempo…
  %Sam% já não tinha mais o curativo em seu pescoço e a voz estava normal, agora tudo o que havia no local era uma cicatriz fina que, segundo Madame Pomfrey, deveria sumir em algumas semanas.
  Começaram a ouvir uma música alta e bonita vinda de um canto, e ao olharem ao redor, puderam ver os sereianos à margem do Lago, também prestando suas homenagens. Em seguida, uma chuva de flechas foi atirada no espaço ao lado enquanto os centauros estavam parados nas sombras da Floresta Negra, também despedindo-se do diretor.
  — Vocês conseguem imaginar o tamanho da importância do Dumbledore para até os centauros virem se despedir? — comentou Mione olhando para o local no qual eles estavam.
  — Nenhum diretor vai conseguir chegar ao mesmo nível — concordou Gina sentada ao seu lado, seguida por Harry e Rony.
  — Não sei, Minerva é muito boa! — analisou %Sam%, olhando para a professora mais ao canto.
  — Você acha que ela vai ser a diretora? — questionou Rony surpreso.
  — Teoricamente ela já é, não? — opinou Hermione, também em voz baixa.
  — Já está usando o escritório que era do Dumbledore — contou Harry, lembrando-se da conversa que teve com ela anteriormente.
  — McGonagall só será diretora se Hogwarts abrir no próximo ano — acrescentou Cedrico, fazendo-os se virarem para olhá-lo. — Ainda não decidiram se vão reabrir, parece que os Conselheiros estão hesitando e o Ministério está contra.
  — Não é como se aqui fosse mais perigoso que outro lugar, muito pelo contrário, pelo menos têm vários bruxos fazendo a proteção — argumentou Rony, olhando para os professores em um canto.
  — Mesmo com toda a proteção, ainda tivemos dois alunos envenenados. Foi sorte não acontecer nada mais sério com você ou com a Bell, e não podemos esquecer de Malfoy deixando os Comensais entrarem na Escola e o que aconteceu depois… — concluiu, vendo-os consentir em silêncio.
  — Como vocês acham que Draco está? — perguntou a loira após alguns instantes. — Que foi? Harry falou que ele só estava atacando porque era ameaçado...
  — É o que parecia… — Potter deu de ombros. — Mas esse sempre foi o sonho dele, não é? Trabalhar para Voldemort…
  — Não acho — disse Black confiante, atraindo a atenção dos amigos. — Não estou querendo dizer que ele é um garotinho inocente, mas Draco não era assim antes. Se ficou desse jeito foi, e muito, por causa dos pais. Se eu tivesse ido morar com os Malfoy quando meus pais foram para Azkaban, estaria igual a ele…
  — Não sei se tanto assim… — começou Cedrico, olhando para o homem à frente. — Você é muito parecida com Sirius, e ele também foi criado da mesma forma que Draco e não acabou virando um Comensal, não é?
  — Você acha que se tivesse ido para a Sonserina estaria próxima de Draco hoje? — questionou Gina curiosa, vendo a amiga franzir o cenho, pensativa.
  — Não aconteceria, eu já tinha meu discurso preparado para implorar pra mudar de Casa ou sair da Escola se caísse na Sonserina. Treinei o verão inteiro antes de vir para Hogwarts!

  O quarteto se separou do restante mais ao final do funeral, quando algumas pessoas já começavam a se dispersar.
  — Vocês acham mesmo que não vão abrir a escola no próximo ano? — questionou Rony, jogando uma pedrinha no Lago.
  — Acho que vão sim, é como você disse, está igual em todo o lugar. — %Sam% deu de ombros, suspirando. — Se tiverem alunos para vir, acredito que os professores estarão aqui para ensinar…
  — Não faz diferença — começou Harry, olhando para o Castelo. — Pelo menos para mim, abrindo ou não, não virei ano que vem.
  — Eu tinha certeza que você diria isso! — Hermione sorriu fraco na direção do garoto.
  — E o que vai fazer? — perguntou o ruivo, olhando para o amigo.
  — Bem, vou para a Rua dos Alfeneiros, porque era o que Dumbledore iria querer, mas apenas por uns dias…
  — E depois?
  — Pensei em visitar Godric’s Hollow. Quer dizer, meus pais estão enterrados lá… Pensei em fazer uma visita depois de tantos anos… — Coçou o nariz, olhando para baixo por um momento. — Depois… Bem, vou caçar as horcruxes.
  — Tudo bem, vamos com você! — Granger sorriu em sua direção, o garoto virou-se assustado para os três.
  — Que…? Não!
  — Ah, qual é, você acha mesmo que vai conseguir se virar sozinho? Nem mesmo descobriu quem é R.A.B! — Black abanou a mão no ar. — Se não estiver conosco, é provável que nem consiga sair de Londres!
  — Não é minha parte favorita do dia, mas %Sam% tem razão! — acrescentou Rony, fazendo careta. — Sempre estivemos juntos, não é? Não vai ser agora que vamos deixar você sozinho.
  — Eu… É muito arriscado…
  — Diga-nos uma novidade agora! — Mione riu, colocando uma mão no ombro do moreno. — Sempre soubemos que era arriscado, Harry.
  — É, ou você acha que cachorros de três cabeças, basilisco, dementadores, Comensais e todo o resto durante esses anos foram como tomar um chá? Você não teria passado do primeiro ano sem a gente!
  Harry encarou a loira por um momento, rindo em seguida.
  — Mas só podemos ir após o casamento de Gui e Fleur! Minha mãe vai nos matar se não aparecermos!
  — Ah, ótimo… Será realmente bom participar de um casamento… — ironizou o mais novo.
  — Eu acho que vai, sim, pra amenizar a situação toda… — %Samantha% deu de ombros. — E não sabemos quando vamos ver o pessoal de novo, vai ser bom ter um momento de calma antes da guerra que vem por aí! 
  Black aproveitou a pequena conversa paralela de Mione e Rony para puxar Potter para o canto, os dois pararam lado a lado.
  — Era para ser uma surpresa, mas já que provavelmente não teremos tempo… — Sorriu para ele. — Papai comprou uma casa fora de Londres, um terreno enorme, Bicuço parece que já está adorando ter tanto espaço para variar um pouco…
  — Isso é ótimo! Sirius deve estar contente por poder se afastar de tanta gente curiosa no Largo Grimmauld…
  — Sim! — concordou a outra, lembrando da foto que o pai lhe mandou semanas antes, junto com o hipogrifo em frente à casa nova. — Mas não era essa a melhor parte. Ficamos parte do verão trabalhando nela, pintando e arrumando, meu quarto, é claro, é maravilhoso porque tenho muito bom gosto, você sabe! — Piscou, vendo o amigo rir. — Mas arrumamos o seu também! Colocamos algumas coisas da Grifinória e outras coisas que achamos que você gostaria, mas tem bastante espaço para você arrumar como quiser…
  — Eu… Tenho meu próprio quarto? — falou atordoado.
  — É claro que sim, não achou que meu pai compraria uma casa sem ter um quarto para você, não é?
  Harry abriu um sorriso enorme, olhando para baixo por um instante. Nunca tinha tido um quarto só seu, que fosse realmente seu. Herdou o segundo quarto de Duda, mas não sentia como se fosse seu, na verdade, nada naquela casa parecia pertencer a ele… Mas agora teria um quarto para decorar como quisesse na casa do padrinho.
  Suspirou ao lembrar que possivelmente não poderia visitar a casa e, menos ainda, ver seu quarto.
  — Talvez pudéssemos passar lá antes de sair para… Sabe? — sugeriu %Sam% ao ver o sorriso diminuir no rosto do amigo.
  — Talvez…
  Ficaram em silêncio por um momento, olhando para o grupo de pessoas mais atrás.
  — Você tem certeza que quer ir junto? — questionou Potter, olhando para a amiga. — Você poderia ficar com Sirius, sei que ele gostaria de passar mais tempo com você… E tem Diggory também…
  %Sam% acenou, passando a mão pelos cabelos.
  — Tenho certeza que papai adoraria passar mais tempo com nós dois e não seria nada mal ver o Ced com mais frequência, mas eu já disse que você é meu melhor amigo, Raio, e não tem nada que eu não faria por você. Então se precisarmos sumir por um tempo para achar sabe-se-lá-aonde uma forma de acabar com Voldemort, que seja. Tenho certeza que os dois vão entender!
  — Então é isso, não é? — concordou o outro, olhando mais uma vez para o Castelo. — Acho que é verdade o que dizem; Hogwarts nunca parece tão bonita até o momento que você sabe que nunca mais vai voltar!

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Lelen

Eu tenho pra mim que a Victoria não quer machucar nem a Sam e nem o Sirius, tomara que sim, porque eu preciso ter esperança na humanidade IASNDPOSANDOP
E eu ainda quero proteger o Draco, ele merecia mais ;-;
E Harry REALMENTE achando que iria conseguir qualquer coisa na jornada das horcruxes sozinho, te orienta, menino. Você nunca fez nada sozinho SOZINHO nessa história, dá licença?

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