Dezesseis
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%Samantha% encarava o livro sem conseguir registrar o que lia, tinha certeza que já havia visto aquele parágrafo no mínimo quatro vezes e lembrava-se vagamente da voz do Prof. Flitwick dizendo como seria a forma correta de fazer o feitiço, mas tudo o que vinha à sua mente eram frases da carta que recebeu horas antes pelo Correio.
Cedrico e Dora tinham sido atacados por Comensais durante uma missão, sendo um deles sua mãe.
Victoria havia atacado Diggory e Tonks ao mesmo tempo e era uma sorte enorme os dois não terem se machucado mais; Cedrico já estava bem, embora estivesse com alguns cortes pequenos no rosto e ombro, devido à queda do teto. Enquanto Ninfadora tinha um machucado grande nas costas, mas já estava sendo tratado e sentia-se melhor.
Sabia que ambos estavam bem, mas não conseguia parar de pensar o que aquilo significava; sua mãepoderia ter ferido gravemente, ou até mesmo matado, duas das pessoas que ela mais amava no mundo.
Nem conseguia imaginar o que faria se algo assim acontecesse, não poderia imaginar sua vida sem a prima, a qual ela tinha como irmã desde sempre, ou sem o namorado. E a pior parte de tudo aquilo era pensar que sua própria mãe os tinha atacado daquela forma (a qual, por sinal, era tia de Dora).
Também imaginava a reação do pai ao saber daquilo, Sirius deveria estar ainda mais transtornado que ela, ainda mais sabendo o quão irônica Victoria era, mandando lembranças e garantindo que logo os veria, como se fossem uma família feliz.
Virou-se quando Mione tocou em seu braço, apontando para a varinha de Black, a qual, sem que a loira notasse, soltava pequenas faíscas azuis. Deixou o objeto sobre a mesa, tentando prestar atenção na tarefa mais uma vez.
“Mande lembranças, tenho certeza que a verei em breve”, o que ela queria dizer com aquilo?
Talvez soubesse de algo que a Ordem ainda não tinha noção? Seria um ataque de Voldemort?
Distraiu-se por um instante quando Harry e Rony entraram no Salão Principal, andando até a mesa da Grifinória, sentando-se ao lado dela e de Mione.
— Draco tem estado na Sala Precisa! — falou em voz baixa. — Dobby acabou de me dizer! Era por isso que não conseguia encontrá-lo no Mapa!
— Faz sentido, talvez os Marotos nem mesmo soubessem dela, ou talvez seja parte do feitiço da sala, não? — respondeu Hermione. — Descobriu o que ele faz lá?
Potter travou a mandíbula, negando com um aceno. Hermione concordou em silêncio, tornando a prestar atenção em sua lição.
— Poderíamos investigar… Podemos entrar lá, quer dizer, ele entrou ano passado, não foi? Junto de Umbridge…
— Mas ele sabia exatamente o que fazíamos lá, enquanto você só tem suspeitas. Não vai adiantar pedir para a Sala se transformar no lugar que Draco faz seu trabalho de Comensal da Morte — retrucou Granger em voz baixa, mal tirando os olhos do pergaminho. — Você deveria se concentrar na lembrança que Dumbledore quer que você recupere, Harry.
— Bem, eu já tentei de tudo, não foi? Simplesmente não tenho tido muita sorte no momento. — Bufou impaciente, olhando para a mesa da Sonserina, notando a falta de Draco, Crabbe e Goyle.
— Harry? — A loira virou-se para ele de supetão, agarrando seu braço — É isso!
— Isso o que? — perguntou assustado com a reação dela.
— Sorte! Você precisa de sorte! — Sorriu para ele, logo vendo-o bater com a mão na testa.
— Não acredito que não pensei nisso antes!
A Sra. Diggory entrou no quarto do filho após bater na porta, vendo-o terminar de calçar os sapatos, pronto para sair de casa mais uma vez.
— Você tem certeza que é uma boa ideia, Ced? — questionou preocupada, escorada na porta.
— O que quer dizer? — replicou confuso, terminando de amarrar os cadarços.
— Estou preocupada com você, filho, eu e seu pai estamos. Já é a segunda vez que você se machuca! — Aproximou-se quando ele sorriu, estendendo a mão para que ela sentasse ao seu lado na cama.
— Já conversamos sobre isso antes, mãe, está tudo bem, não foi nada sério, vê? — Puxou a camiseta para cima, mostrando que todos os cortes já estavam cicatrizados.
— Não foi sério dessa vez, mas e se for na próxima? Já não bastou tudo o que aconteceu quando resolveu participar do Torneio? Resolveu agora se arriscar ainda mais?
Cedrico passou a língua pelos lábios finos, pensando nas palavras que usaria.
— Eu sei que é perigoso, mãe, e sei que não tem nada que eu possa dizer para que você ou meu pai concordem com isso, mas é a coisa certa, e vocês sabem disso.
— Não precisa estar na Ordem para mostrar que está contra Você-Sabe-Quem! — replicou nervosa, já sentindo as lágrimas chegarem aos olhos.
— Você sabe melhor do que eu o que significa ele ter retornado, mãe. E que se não fizermos algo para tentar pará-lo, logo as coisas estarão piores do que da primeira vez. Eu sei que não preciso fazer nada disso, mas não posso ficar olhando tantas pessoas se machucarem sem agir. Não foi assim que vocês me criaram. — Sorriu de lado, passando a mão pelo rosto da mulher, secando suas lágrimas. — Vai ficar tudo bem, ok? Eu prometo para você.
Rachel concordou em silêncio, acenando com a cabeça, fungando baixo.
— Só me diga uma coisa, não é por causa dela que está fazendo tudo isso, é?
Cedrico tornou a encarar os olhos da mãe, o semblante confuso.
— %Samantha%. Eu sei que foi por causa da %Sam% que você resolveu participar do Tribruxo, porque queria chamar sua atenção. Não é por causa dela, é? Ou porque a família dela está envolvida com tudo isso? Tenho certeza que %Samantha% não deixaria de namorar com você se você não participasse dessa Ordem!
O rapaz riu baixo, negando com a cabeça.
— Não é por causa da %Sam%, mãe. Eu prometi que nunca mais faria nada arriscado sem achar que fosse necessário, o que é um pouco irônico se a gente parar para pensar que é sempre ela quem faz o que não deve, não é? — Arqueou a sobrancelha, mantendo o sorriso calmo. — Eu realmente acho que é importante fazer isso, não estaria sem dormir direito tantas noites se não achasse que é o certo, sabe disso. Não é por orgulho ou capricho, ou para chamar atenção da minha namorada, mas porque eu sei que é necessário e eu devo fazer o que puder para ajudar.
A mulher respirou fundo, sorrindo pequeno.
— Ao mesmo tempo que eu quero te proteger, eu vejo o quanto você cresceu nos últimos anos, como bruxo e como homem, entende? Estou tão orgulhosa de você, Cedrico. Mesmo que quase me mate de preocupação toda semana!
O grupo encarou Harry quando ele contou tudo o que tinha acontecido, desde que pegou a lembrança (embora tivesse ocultado essa parte, já que Gina estava presente), seu duelo com Draco e a detenção com Snape.
— Eu disse que esse Príncipe tinha algo de errado! — comentou Hermione sem conseguir se conter. — Olha a confusão que você se meteu e…
— Dá um tempo, Hermione! Draco queria usar uma Maldição Imperdoável, você deveria estar feliz que ele tinha esse trunfo! — Gina pronunciou-se, atraindo a atenção de todos.
— É claro que estou feliz que Harry não foi amaldiçoado! — gralhou Hermione ofendida. — Só estou dizendo que se não fosse por esse Príncipe…
— Eu não teria conquistado a Felix ou salvo o Rony ou…
— Conquistado sua fama de mestre de poções! — concluiu Granger, vendo o amigo bufar irritado.
— Convenhamos — %Sam% começou a dizer —, você só odeia o Príncipe Mestiço porque finalmente alguém conseguiu ser melhor do que você em alguma matéria e você não suporta a ideia de não ser considerada a aluna mais inteligente da classe, Mione. — Encarou a amiga, que abriu a boca completamente ofendida. — E é claro que o Harry manteve o livro porque gostou de ser o centro das atenções por algo que não envolvesse ser O Escolhido, o Menino-Que-Sobreviveu e todo o resto que a gente já sabe. Então essa briga de vocês durante o ano todo foi por puro ego de ambos os lados — acrescentou, vendo-os fecharem a cara. — Depois vocês têm a coragem de dizer que eu sou a pessoa mais egocêntrica desse grupo.
Gina e Rony riram, ainda vendo os outros dois amigos de cara fechada.
— De qualquer forma — recomeçou Mione, deixando claro que não iria continuar como a vilã da conversa —, imaginaria que devido suas chances do jogo de sábado…
— Ah, nem comece a falar sobre Quadribol, Granger, todos aqui sabem que você não dá a mínima! — Gina negou com a cabeça, fazendo a amiga se calar, vermelha. — Arranja outro argumento.
— Bem, mas nisso ela está certa — resmungou Harry a contragosto —, não poderei jogar e agora só compliquei mais ainda as nossas chances.
— Eu não acredito que minha única chance de ser Capitã desse time vai ser numa situação lamentável como essa, eu não mereço isso! — Black cruzou os braços, jogando-se contra a poltrona.
— É por isso que a gente sempre fala que você é egocêntrica! — Rony apontou, sorrindo de lado.
Os jogadores da Grifinória estavam reunidos no vestiário aguardando o horário do jogo começar, todos parecendo mais nervosos que nunca. Black respirou fundo, encarando-os de lado antes de chamá-los para o meio:
— Muito bem, Harry Potter não está presente, mas ainda somos um time ótimo e podemos ganhar de qualquer outra Casa, principalmente agora que Córmaco não está no gol! — começou, vendo-os rir de nervoso. — Não tivemos muito tempo para treinar, mas todos sabemos que Gina é rápida o bastante para pegar o Pomo, por isso, Ruiva, assim que estivermos com a vantagem necessária, vá atrás daquela bola. Se, por acaso, qualquer um de vocês verem Cho Chang disparando para o Pomo, esqueçam o restante do jogo e lancem os dois balaços nela! — pediu, apontando para os batedores. — Não adianta de nada derrubarmos os outros artilheiros se ela pegar o pomo. Vamos manter nossas prioridades! Kátia — virou-se para a jogadora que retornava ao time após meses fora —, Demelza, vamos manter as jogadas rápidas pelo lado direito, a Corvinal não é muito forte nesse setor, e para o lado esquerdo vamos trocar bastante passes, até termos abertura suficiente, ok? E, Rony — virou-se para o amigo, que parecia verde —, se precisar vomitar agora, vá em frente, mas quando subir na vassoura você tem que estar preparado para defender como nunca na sua vida, entendeu? — Esticou a mão no centro do grupo, esperando que todos fizessem o mesmo. — Muito bem, não me orgulho disso, mas se necessário, gritem para os corvinas que viram Sirius Black ou até mesmo um Dementador, façam o que for necessário para ganharmos o jogo. Só não derrubem ninguém, porque não quero mais ninguém expulso! — Respirou fundo, olhando para cada um dos colegas. — Vamos ganhar esse jogo, todo mundo sabe que a Grifinória é a melhor Casa e tem o melhor time, provem isso hoje.
Black andou até o centro do gramado, cumprimentando Bradley, o Capitão da Corvinal. Assim que Madame Hooch apitou, os dois subiram em suas vassouras, assim como o restante dos jogadores, e logo depois, a Goles foi lançada.
O nervosismo pareceu sumir por completo no time de Godric Gryffindor. Bell pegou a Goles e seguiu em disparada para os aros, lançando a bola para %Sam%, que se desviou de Chambers, o goleiro corvina, e tornou a lançar para Katia, a qual marcou o primeiro gol da partida. Após esse primeiro lance, pareceu que o time inteiro recuperou a boa forma, ignorando por total as inseguranças. Tudo saía como planejado, faltava pouco para cobrirem a diferença que precisavam para terem chances de ganhar a Taça, mas Cho Chang avistou o pomo, e Gina precisou segui-la de perto. Black lançou a Goles para Demelza e virou-se para Peakes, gritando para que o batedor lançasse um balaço em Chang, o qual a apanhadora desviou-se com rapidez. A Weasley conseguiu cobrir a distância que faltava, empurrando Cho com o ombro, tentando tirá-la do caminho do Pomo.
— Joguem outro balaço! — gritou Black nervosa, apontando para as duas. O jogo estava em 220x160 e a Grifinória precisava de pelo menos mais três gols para conseguir a vantagem necessária. — Demelza, a bola! — tornou a gritar, precisavam garantir mais alguns pontos antes do Pomo. Katia tornou a pegar a Goles, lançando-a em direção aos aros, mas Chambers conseguiu defendê-la.
Ouviram um barulho alto e ao olhar por sobre o ombro, Black suspirou aliviada, assim como todos os alunos da Grifinória. O segundo balaço acertou Cho em cheio, fazendo-a parar de perseguir o Pomo por alguns instantes, o suficiente para perdê-lo de vista.
Com os dois times marcando o tempo todo, o jogo estava extremamente acirrado, parecia que toda vez que estavam próximos de atingir a marca necessária, Corvinal marcava um gol e os deixava em desvantagem novamente; ganhariam o jogo, mas não a Taça.
Em determinado momento, não tiveram mais o que fazer, Demelza tinha se machucado ao se chocar com Egwu, e mal conseguia voar. Gina precisava refazer as contas a cada pouco e Coote ziguezagueava Chang, garantindo que se ela avistasse o Pomo, ele lançaria outro balaço na jogadora. Rony começava a ficar cada vez mais nervoso quando tomava um gol e parecia uma questão de tempo até tudo desandar como tinha sido a partida passada.
— Ruiva! — gritou ao aproximar-se de Gina. — Pegue o Pomo!
— Mas o placar…? — começou, entendendo quando a loira negou com a cabeça.
— Vamos marcar por honra, não podemos ficar tão atrás no placar! — avisou a Katia e Demelza, que concordaram no mesmo instante, preparando-se para outra jogada que tinham treinado. — Rony, chega de tomar gol! — gritou para o ruivo, mesmo sabendo que aquilo talvez piorasse a situação. Black marcou mais três vezes antes de começarem a escutar os gritos dos torcedores, o time todo esqueceu-se por um momento da partida enquanto viam as duas apanhadoras voando com os braços esticados em direção à bolinha que voava poucos centímetros à frente.
Por um segundo ninguém soube o que aconteceu, Chang e Weasley acabaram por trombar-se no chão enquanto tentavam alcançar a bola, e um silêncio tomou conta do lugar, até que Gina ergueu o braço direito, segurando o Pomo de Ouro entre os dedos.
Embora a torcida da Grifinória gritasse empolgada com a vitória, os jogadores do time não pareceram tão animados de início, sentindo o gosto amargo do segundo lugar, 450x380. Assim que perceberam o placar final, os alunos da Corvinal começaram a gritar, comemorando a conquista da Taça após tantos anos.
— Ótimo jogo, time! — parabenizou-os quando se aproximaram. — Vamos levar mais uma Taça para a Torre! — Sorriu para eles, antes de seguirem para o Salão Comunal, junto com os outros alunos que estavam realmente animados pela partida.
— Não foi tão ruim assim, tá todo mundo feliz, tá vendo? — falou Hermione, sentando-se ao seu lado na escadaria dos dormitórios.
— É, eu sei, pelo menos conseguimos algo.
— Então por que continua com essa cara? Deveria estar comemorando com o pessoal! — insistiu, vendo-a encarar o copo vazio.
— Ah, sei lá, Quadribol costuma ser a única coisa que eu tenho certo controle, entende? Desde que entrei no time, só perdemos a última partida por causa do Córmaco, e agora nem conseguimos o primeiro lugar por causa de trinta pontos? Talvez se eu não ficasse gritando para Peakes e Coote acertarem a Cho, tivéssemos marcado esses gols…
— Você fez o que um bom líder precisa fazer; se preocupar com o grupo todo para que o resultado final seja o melhor possível, ninguém está te culpando por não ter marcado mais gols.
— Exatamente! — Gina parou na frente das duas, sorridente. — Se for para culparmos alguém, comecemos com o Harry que não estava na partida, e o meu irmão por ter levado tantos gols.
— Falando no Potter... — Apontou com a cabeça ao ver o amigo passando pela passagem da Mulher Gorda. Rony foi correndo na direção do amigo, apontando para a Taça de segundo lugar, enquanto Harry era levantado pelos outros colegas.
— Eu não acredito que ele nem esteve em campo hoje e foi carregado por todos, enquanto nós mal recebemos parabéns? — comentou Gina frustrada.
— Ah, o machismo do Quadribol… Lembra quando mulheres nem podiam jogar? — argumentou %Sam% ao ver a cena, rolando os olhos.
— Eu me recuso, viu? Como é que ele e o Rony são sempre os heróis do jogo até quando não fazem nada? — Apontou para os dois distraídos com a comemoração. — Enquanto nós fazemos todo o trabalho e ainda escutamos idiotas como o Córmaco e Simas dizendo que deveríamos ter esperado para pegar o Pomo?
— E você me perguntando o motivo de não estar me divertindo nessa festa… — Virou-se para Mione, que olhava para a cena toda fazendo careta.
— Como se você se importasse muito com isso. — Riu para a amiga. — Quando foi que você se importou com esse tipo de coisa vindo de garotos?
— Nunca, mas porque nunca dei motivos para me criticarem, sempre joguei bem, então eles não tinham como dizer que eu não deveria estar em campo ou sei lá — deu de ombros —, em último caso ameaçava todo mundo, agora nem isso posso fazer porque McGonagall tá de olho em mim desde o incidente com o Córmaco.
— É por isso que eu espero pelo dia que teremos um time de Quadribol da Grifinória só de mulheres. — Gina cruzou os braços, olhando com descaso o grupo de garotos mais à frente.
As semanas seguiram sem grandes movimentações, o grupo do sexto ano preparava-se para as provas finais e, embora ainda não soubessem o que Draco fazia na Sala Precisa, volta e meia %Sam% e Harry passavam por ela usando a Capa de Invisibilidade, esperando terem sorte de encontrar Malfoy saindo da mesma. Black jogava uma partida de Snap com o Weasley, enquanto Hermione estava entretida com um livro de Astronomia, quando Harry apareceu correndo no Salão Comunal, fazendo um sinal para que os três o acompanhassem até o dormitório masculino.
— O que aconteceu? — perguntou Rony ao ver o amigo esbaforido, puxando algo de dentro do malão.
— Dumbledore achou uma e eu vou com ele — contou rápido, não dando chance para os amigos fazerem comentários. — O problema é o seguinte: Trelaweny escutou Malfoy na Sala Precisa, gritando vivas, comemorando por ter conseguido fazer o que estava fazendo o ano inteiro, e Dumbledore não estará em Hogwarts essa noite, ou seja, Draco e Snape poderão executar seja lá qual for o plano deles sem interrupções porque Snape sabe como evitar todos os feitiços de proteção que Dumbledore lançou na Escola…
— Mas Harry… — começou Hermione, sendo calada no mesmo instante.
— Escutem! — Irritou-se, jogando o Mapa do Maroto para ela. — Dumbledore acha que eu só vim para buscar a Capa, mas vocês precisam ficar de guarda! Se Draco ou Snape tentarem algo, vocês precisam ficar alertas! — Entregou um pé de meia para Rony.
— Ahn… Obrigado? Mas para que preciso de uma meia?
— Precisa do que está dentro dela, é a Felix Felicis, dividam entre vocês. Hermione, chame quem conseguir encontrar da AD para ajudarem, vocês precisam ficar alertas hoje!
— Não, Harry, você leva a Felix, vai precisar mais do que a gente!
— Não, Mione, estarei com Dumbledore, vou ficar bem. Agora façam o que eu digo, ok? Quero ter certeza que todos estarão bem caso eu esteja certo…
— E você sabe que está! — completou %Sam% sorrindo, vendo-o concordar.
— Eu disse para vocês o ano inteirinho! — resmungou, passando a mão pelos cabelos bagunçados. — Muito bem, preciso ir agora, até depois.
— Boa sorte!
— Para vocês também!
O trio se encarou por alguns instantes após a saída de Potter.
— Muito bem, vocês ouviram o Harry, vamos nos preparar para isso —começou %Samantha%, pensando rapidamente em um plano para manterem o controle. — Rony, procure Draco no Mapa, se não o encontrar no Salão da Sonserina, sabemos que deve estar na Sala Precisa e faremos tocaia. Hermione, aqueles galeões ainda funcionam, não é? Ótimo, use-os para tentar convocar o pessoal da AD. Vamos dar alguns minutos para ver quem aparece.
— Malfoy não está em lugar nenhum! — falou Rony olhando os principais locais da Escola.
— E o Snape? — perguntou Black, enquanto Granger corria para o dormitório feminino, procurando o falso galeão que usaram para se comunicar com os membros da Armada de Dumbledore no ano anterior.
— Está na sala dele. — Apontou no mapa, após alguns instantes.
A loira andava pelo dormitório pensando em como poderiam cobrir os dois sem levantarem suspeitas. Se pelo menos Harry não tivesse precisado da Capa…
— O que está acontecendo? — perguntou Gina enquanto era arrastada por Mione para dentro do quarto.
— Ah, ótimo! Precisamos de você, Ruiva! — %Sam% sorriu ao vê-la, enquanto Hermione explicava rapidamente o que acontecia, após entregar uma das moedas para cada um dos amigos.
— E o que faremos? Qual é o plano?
— Primeiro precisamos saber quem mais vai aparecer, para sabermos em quantos seremos! — respondeu Black, aguardando algum pronunciamento de Granger.
— Já mandei a mensagem, precisamos esperar alguns minutos para ver se temos respostas!
— Ok, só que não temos tanto tempo assim — continuou, passando a mão pelos cabelos. — Já sei! Precisamos saber o que Draco está tramando, Crabbe e Goyle estão na Sala Precisa?
— Não — respondeu Rony após poucos segundos —, estão no Salão Comunal da Sonserina.
— Bem, então é pior ainda, porque se nem está precisando contar com sua proteção de sempre, Draco está mais confiante que o normal. Vocês fiquem aqui, se Snape está na sala dele, não precisamos nos preocupar com ele de imediato.
— O que você vai fazer? — perguntou Gina ao vê-la andar para próximo da porta.
— Ficar de tocaia na Sala Precisa, vocês continuem de olho no Snape e aguardando respostas da AD. Se Snape sair da sala dele, um de vocês precisará segui-lo, vamos nos comunicar pelos galeões!
— E se te pegarem?! — gritou Hermione.
— Granger, eu estou sempre fora da cama depois do horário, ninguém vai ficar surpreso com isso. Me avisem se algo mudar!
Black andou sorrateira pelos corredores, escondendo-se atrás de armaduras ou em salas vazias sempre que ouvia passos. Depois do que lhe pareceram horas, finalmente chegou ao corredor da Sala Precisa, escondendo-se atrás de uma estátua enquanto esperava por Draco.
Pegou o galeão do bolso, o mesmo não mostrava nenhuma informação nova, então deveriam estar bem. No fundo desejava que Harry estivesse errado sobre tudo e que pudesse reclamar com ele da noite mal dormida quando voltasse. Respirou fundo, acalmando as batidas do coração enquanto encarava a saída da Sala.
O que Draco poderia estar fazendo ali?
Já estava entediada por passar tanto tempo sem fazer nada quando sentiu o Galeão esquentar em seu bolso, mas antes que conseguisse entender a mensagem, ouviu passos aproximando-se do corredor e logo tratou de encolher-se o máximo possível prensando-se contra a parede, torcia para que fosse Filch e que o mesmo estivesse distraído com algo. Ou que talvez fosse algum aluno aleatório, quem sabe um casalzinho querendo ficar sozinho?
— O que está fazendo fora do seu Salão Comunal, srta. Black? — Ouviu a voz de McGonagall, respirou fundo antes de olhar para a professora, a qual não parecia nenhum pouco feliz em vê-la ali.
— Boa noite, Professora! — Sorriu inocente, levantando-se.
— O que está fazendo aqui, senhorita?
— Estava… Tentando chegar até a biblioteca, sabe? Queria um livro na Seção Reservada e não teria como conseguir com a Madame Pierce, não é?
— E ao invés de estar no primeiro andar acabou escondendo-se no sétimo?
— Eu me perdi!
— Volte agora para seu Salão Comunal ou eu descontarei pontos por estar fora da cama.
Black coçou a nuca por um instante, pensando em algo que pudesse dizer.
— Na verdade estava te procurando, professora! — Minerva encarou-a por alguns instantes, esperando pela próxima desculpa que a garota inventaria. — Queria saber como me saí na prova, e… Ah, bem, a senhora sempre foi minha professora favorita, não é? Então fiquei pensando, já que meu pai e Moody estão ensinando Cedrico alguns feitiços diferentes, a senhora poderia me ensinar alguns também? Quer dizer, Diggory já vira um Animago e eu nem sei usar um feitiço de Desilusão? Claramente se eu soubesse, a senhora nem me veria aqui, entende? Imagina o tanto de pontos que estaríamos salvando para a Grifinória?
— É realmente impressionante o número de histórias que você consegue contar em tão pouco tempo — respondeu com os braços cruzados. — Agora volte para seu dormitório, é uma ordem.
Black suspirou, negando com a cabeça.
— Sinto muito, não posso.
— Como é?
— A culpa é toda do Harry. — Deu de ombros, vendo a mais velha arquear a sobrancelha. — Potter pediu para vigiar Draco, estou só fazendo um favor.
— Por que ainda estão falando nessa história de Draco Malfoy ser um Comensal?
— Professora, depois de tantos anos eu nem discuto mais com o Potter, ele sempre acaba estando certo, sabe do futuro melhor que a Trelawney. Não que seja difícil também. — Deu de ombros, vendo a professora suspirar cansada. — Hoje em dia eu só concordo com o que ele diz e faço o que me pede.
— Pois bem, vamos conversar sobre isso amanhã. Agora, pela última vez…
— Espere um pouco, como a senhora sabia que eu estaria aqui? — questionou de repente, cruzando os braços. — A senhora não sabia, não é? — Arqueou a sobrancelha. — Então significa que também está vigiando Draco?
— Para seu dormitório, Black!
— Mas professora, se a senhora também quer vigiar ele, podemos nos ajudar, eu fico aqui e se eu bater nele só perco uns pontos, não é? Mas pelo menos ele não pode fazer nada de ruim, e a senhora pode ir atrás do Snape!
— Já chega, %Samantha%! — Exasperou-se. — Estou dando uma ordem, volte agora para seu dormitório e deixe que os adultos façam a segurança da Escola!
— Tecnicamente eu já sou considerada adulta, tenho dezessete, lembra?
— Agora!
%Samantha% abriu a boca para argumentar mais uma vez, mas calou-se ao ouvirem barulho de passos e sussurros vindo de um corredor lateral.
— Para seu dormitório, agora! — sussurrou a mais velha segurando a varinha, pronta para andar até a movimentação.
— Não posso deixar a senhora sozinha! — Negou a mais nova, retirando sua varinha do bolso.
— Quem foi que disse que ela estará sozinha? — Ouviu uma voz rouca às suas costas, virando-se em tempo de ver Sirius desfazendo o feitiço de desilusão, assim como Cedrico e, vindo mais ao fundo no corredor, Dora, Gui e Lupin. — Vocês não acharam que Dumbledore sairia de Hogwarts sem deixar a Ordem fazendo a segurança, não é? — Piscou para a filha, que ainda olhava surpresa para o grupo. — Agora volte para a Torre da Grifinória e deixe que nós cuidemos disso daqui pra frente! Isso é uma ordem!
Cedrico sorriu por um instante em sua direção antes de seguir o restante do grupo pelo corredor em frente. Black pensou por um instante, queria seguir a todos, ajudá-los, mas talvez pudesse fazer aquilo de outra forma.
Deu a volta e correu em direção às escadas, quase caindo quando uma delas começou a mexer-se.
— %Sam%! — gritou Mione no topo de outra, junto dos ruivos, Neville e Luna. — O que está acontecendo? Vimos você e a Minerva no Mapa, de repente Draco saiu com várias pessoas da Sala Precisa!
— Comensais! — gritou de volta, esperando a escada parar para poder correr até eles. — A Ordem também está aqui, foram todos atrás deles!
— Qual o plano? — perguntou Neville aflito, sua camiseta estava um tanto suada de nervosismo.
— Ah, finalmente, senti falta da AD, agora vamos poder usar os feitiços que aprendemos! — disse Luna animada, os olhos arregalados na direção de Black.
— Certo… — concordou. — Muito bem, acho que no momento não temos muitas escolhas, não é? Os Comensais já estão aqui, assim como a Ordem, a única forma de ajudar seria duelando contra eles. — Virou-se para cada um por um instante. — Ninguém tem obrigação de passar por isso de novo, sabemos como foi ano passado, deve ser igual ou até pior do que foi no Ministério. Se alguém não quiser ir, não será covarde, provavelmente apenas muito sensato — disse, pensando nas probabilidades de luta.
O grupo se entreolhou, todos assustados sabendo que, mais uma vez, estariam em perigo, mas ao mesmo tempo querendo ajudar de alguma forma.
— Harry não pensaria duas vezes antes de ir lutar… — adicionou Rony.
— Mas nós não somos Harry Potter, ninguém precisa fazer nada que não queira porque outra pessoa faria. — %Sam% negou com um aceno. — É uma decisão pessoal.
— Muito bem — Gina virou ao ver que todos pareciam incertos, assim como ela mesma —, todos fechem os olhos por um momento — certificou-se que todos fizeram antes de falar —, quem quer dar meia-volta, levanta a mão.
Ao abrirem os olhos, repararam que ninguém o tinha feito, o que os fez sorrir uns para os outros.
— Bom, não se esqueçam, mirem nos Comensais com os feitiços mais doloridos que souberem, se ficar feia a situação, escondam-se ou peçam ajuda para alguém da Ordem! Não corram atrás de ninguém sozinhos, ok? Não se separem do grupo!
— %Sam% — Mione a puxou pelo braço enquanto desciam apressados. — Você não tomou ainda! — Mostrou-lhe o frasquinho com um pouco da poção da sorte.
— Todos vocês já tomaram?
— Menos você e Luna, encontramos com ela quando estávamos saindo para te procurar.
Black concordou pegando o frasco, tinha menos de um gole ali, não seria suficiente para dividirem. Tirou a rolha e deixou o líquido encostar em seus lábios fechados e então entregou-o para Luna.
— Tome o resto, vamos precisar de toda a sorte que pudermos ter!