Black & Diggory II


Escrita porReh
Revisada por Lelen


Quatorze

Tempo estimado de leitura: 47 minutos

  Cedrico e Sirius conversavam na sala enquanto esperavam a garota descer com o malão para poder retornar a Hogwarts.
  — Será que um dos bonitos aí embaixo poderia me ajudar com o malão? Ah, é, não preciso. — Riu sozinha, usando ela mesma sua varinha para deixar a mala pesada flutuar à sua frente.
  Os dois rolaram os olhos, negando com a cabeça.
  — Isso é o tipo de coisa que eu não vou sentir falta quando você sair, já perdeu a graça há dias — comentou Sirius ao vê-la descendo.
  — Talvez pra você que tem permissão para isso desde sempre, pai, pra mim ainda é novidade! — Deu de ombros, sorrindo satisfeita por já ser maior de idade. — Espera só até eu poder aparatar!
  — Oh, aí sim ninguém vai parar essa menina! — Cedrico negou com a cabeça, pesaroso. — É capaz de aparatar na sala do Ministro, só para dizer que sabe.
  — Merlin que continue dando paciência aos professores de Hogwarts para lidarem com tanto adolescente chato o ano inteiro!
  — Menos o Snape! — %Sam% deu de ombros, ignorando a parte em que poderia fazer um drama ofendido.
  — De fato, ele você pode atrapalhar o ano todinho, quanto mais melhor. Só cuidado com os pontos da Grifinória — alertou-a, sorrindo de lado.
  — Vamos então? Já que vocês só reconhecem o quanto sou legal quando eu estou longe… — Deu de ombros, escutando-os rir ao levantarem-se, aparatando pouco depois.
  Diggory aproveitou que Sirius conversava com Harry para abraçar a namorada, beijando-lhe demoradamente a bochecha.
  — Vou sentir sua falta!
  — É bom que sinta mesmo! — avisou, abraçando-o apertado. — Te vejo em algumas semanas, Ced! — Piscou, beijando-lhe os lábios por um momento.
  — Muito bem, já chega, você tem um trem para pegar! — ouviram Sirius gritar, logo tratando de separá-los. — Já passaram o feriado inteiro juntos, está na hora de você voltar para Hogwarts!
  — Também vou sentir sua falta, pai! — Sorriu, abraçando-o apertado.
  — Até a volta, filha. 

  Harry contava sobre suas suspeitas com Draco para as duas amigas, já que nenhuma delas esteve presente, assim como toda a visita do Ministro na Toca, o qual pediu-lhe ajuda.
  — Caramba, eles estão cada vez mais sem limites. Todo mundo cagou na sua cabeça ano passado, agora querem que você os ajude? Será que já estão organizando uma retratação no Profeta Diário? Era o mínimo.
  — Até parece… — Harry negou para a loira. — Mas e sobre o Draco, hein?
  — Faz até um pouco de sentido, mas é como o Lupin disse, Snape poderia estar fingindo ajudar…
  — Ok, Mione, mas isso quer dizer que ele trabalha para Voldemort, não?
  Granger pareceu um tanto contrariada ao concordar, mas logo já tratou de conseguir uma desculpa. Parecia tão interessada em achar outra solução para aquilo quanto Lupin e Arthur.
  — Vocês vão ver quem está certo no final! — Potter cruzou os braços, frustrado.
  — Ah, finalmente! Agora sim! — elogiou %Samantha%, fazendo os dois olharem-na confusos. — Demorou 16 anos, mas Harry Potter finalmente está usando seu status de Menino-Que-Sobreviveu para fazer as pessoas concordarem com ele! Ensinei direitinho!
  — Ah, fica quieta! — negou Harry, rindo, antes de colocar uma porção de salgadinhos na boca. — E como foram as férias de vocês?
  Black virou-se para os doces que tinha comprado, fingindo interesse em ler as embalagens.
  — As minhas foram ok… — respondeu em voz baixa, o rosto um tanto vermelho, algo que não passou despercebido por Hermione, que arqueou a sobrancelha para a amiga, mas ficou em silêncio. 

  Diggory chegou na casa de Sirius, que já o esperava do lado de fora sentado na escadaria em sua forma animago. Quando viu o rapaz parado na esquina, o cachorro negro levantou-se, andando apressado até ele. Cedrico segurou na pata do animal, aparatando segundos depois.
  Sirius encarou-o por alguns instantes vendo-o tentar, novamente, transformar-se, mas não era tão fácil usar transfiguração em si mesmo, era muito mais difícil do que usar em objetivos inanimados, coisa que Cedrico fazia muito bem. Já havia se passado vários dias que continuava naquele mesmo feitiço, e Diggory seguia tendo dificuldades na parte final da transformação, o que o deixava extremamente irritado.
  — Não está ruim, Diggory, só precisa se concentrar melhor. Está quase conseguindo…
  — Bem, quase não me ajuda muito, não? Nem a mim, nem a ninguém. — Suspirou, cansado.
  — Garanto que após conseguir se transformar umas duas vezes, depois será muito fácil. — Deu de ombros. — Como está indo com Olho-Tonto?
  — Melhor do que aqui, pelo menos lá eu sinto que estou progredindo…
  Sirius rolou os olhos.
  — Vocês jovens estão muito desesperados, sabe quanto tempo eu demorei para conseguir chegar nessa parte em que você está? Meses.
  — Mas você tinha quinze anos, Sirius. Quinze.
  — Você está quase conseguindo, Diggory, só falta a listra nas costas e estará perfeito. Se dê um pouco mais de crédito. É uma magia muito avançada, se fosse tão fácil virar um Animago todos os bruxos seriam.
  Cedrico concordou a contragosto, sentando-se no gramado por alguns instantes, descansando. Achava que a parte mais difícil já tinha passado; ficou um mês com aquela folha de mandrágora na boca, esperou semanas por uma chuva de raios e ainda teve que tomar a poção — a qual tinha um gosto e cor horrível. Pensou que após passar por tudo aquilo, pelo menos a transformação seria fácil. Ledo engano.
  Olhava o céu já escuro ao redor, sentindo a brisa gelada bater contra seu rosto, bagunçando seus cabelos.
  — Posso te fazer uma pergunta? — Olhou o mais velho de canto, o homem parecia relaxado, escorado em uma árvore próxima, fazendo pequenos feitiços com a varinha, apenas para se distrair. Concordou com a cabeça, aguardando-o continuar. — Se, hipoteticamente, você estivesse em um relacionamento e tivesse outra pessoa interessada em você…
  — Diggory, se você terminar sua frase dizendo que está enganando minha filha, eu juro que eu te mato agora mesmo e ninguém vai achar seu corpo. E não tem nada de hipotético no que estou dizendo.
  Cedrico riu, negando veemente.
  — É claro que não, que mania de querer me matar sem eu ter feito nada! — Passou a mão pelos cabelos, Sirius continuava o encarando de braços cruzados e a sobrancelha arqueada. — Tem uma mulher no Ministério, ela já me chamou para sair algumas vezes…
  — E o que foi que você disse?
  — Que não podia, sempre invento alguma desculpa…
  — Ela sabe que você namora? E que eu sou o pai da sua namorada? E que eu vou matá-lo se você fizer minha filha sofrer? — perguntou, olhando-o significativamente.
  Cedrico concordou, rindo baixo ao ver que o mais velho continuava sem perder uma chance de ameaçá-lo, no fundo agradecia por Sirius continuar daquele jeito, pelo menos demonstrava que ele ainda não sabia o que tinha acontecido entre ele e %Samantha%, e Diggory preferia que continuasse assim, se Black já o ameaçava por achar que ele faria a garota chorar, imagine o que faria se descobrisse o que tinham feito durante o feriado?
  — Ela sabe. Assim que voltei com %Samantha%, disse que estava namorado e tudo o mais.
  — E?
  — Não parece ter feito muito efeito, volta e meia ela comenta sobre %Sam% estar em Hogwarts e nós estarmos no Ministério e outras coisas do tipo.
  Sirius o encarou de lado por um momento, relaxando por alguns instantes; se fosse sincero, sabia que Cedrico não faria nada errado. Ele realmente gostava de sua filha e, para a tristeza de Sirius, %Sam% também gostava de Diggory. O homem soube desde o começo que não teria muito o que fazer para mantê-los longe um do outro e, no fundo, gostava de Cedrico, até o achava um ótimo rapaz: se sua filhinha tinha que sair com alguém, ele ficava feliz em saber que pelo menos era com o loiro. Contudo, precisava manter sua pose de pai preocupado, ciumento e perigoso, ao menos para aquilo seu tempo em Azkaban tinha servido, não que ele realmente achasse que o mais novo acreditasse muito em suas ameaças, mas pelo menos garantia o respeito.
  — Qual era a pergunta?
  — O que você faria para isso parar? Se nem dizendo que namoro adiantou?
  — Bem, sinceramente não tem muito mais o que dizer, apenas que você não tem interesse em sair com ela e tente manter alguma distância. De qualquer forma, você deveria contar para %Samantha% sobre isso, porque se ela descobrir por outra pessoa, você terá problemas.
  Diggory arqueou a sobrancelha, olhando-o desconfiado.
  — Você vai contar?
  Sirius deu de ombros.
  — Não me entenda mal, mas não é como se eu fosse ficar muito triste se ela permanecesse solteira por mais tempo. %Samantha% é claramente muito jovem para estar namorando!
  — Sirius, ela invadiu o Ministério ano passado. Agora é maior de idade e já pode usar magia fora da Escola, mas não pode namorar? — questionou divertido.
  — Por mim não namoraria antes dos vinte e cinco. Todos fazemos coisas idiotas antes dessa idade.
  Cedrico passou a língua pelos lábios, segurando a vontade de rir.
  — Você não casou com vinte? E foi pai com vinte e um?
  — Exatamente, e veja só como eu terminei, anos em Azkaban junto de minha ex-mulher e minha filha está namorando desde os quinze. O mínimo que eu espero é que vocês não sejam tão irresponsáveis quanto eu fui e, sinceramente, não sei se confio em você tanto assim.
  O mais novo olhou para baixo, um tanto constrangido, concordando com a cabeça.
  — Não tem com o que se preocupar, Sirius. Eu prometo. 

  Com o passar do tempo, parecia que Mione e Rony nunca mais ficariam no mesmo ambiente sem brigarem, pelo menos era isso que Harry e %Sam% achavam. O que, querendo ou não, acabava por separar os quatro; %Samantha% ficava ao lado da amiga, passando tempo demais na biblioteca — o que não era de todo ruim devido às matérias e trabalhos acumulados. E Harry passava algum tempo com Rony, ouvindo-o falar que não tinha motivos para Hermione ainda estar brigada com ele, pois ele nunca prometeu nada. Pelo menos até Lilá aparecer, porque sempre que o casal estava junto, Potter dava um jeito de sumir bem rápido.
  Harry também estava empenhado em conseguir a memória que precisava com Horácio para assim saberem o que Voldemort havia descoberto em seu último ano em Hogwarts. Uma das partes ruins de ter seus amigos separados era justamente isso, ter que repetir tudo duas vezes e ainda escutar Rony e Mione falando mal das ideias um do outro. A única coisa “boa” nisso tudo era que %Samantha% estava tão sem paciência quanto ele e não perdia as oportunidades de mandar os dois amigos calarem a boca, principalmente Rony porque todos sabiam que ela sempre defenderia Hermione, mesmo que a amiga também não estivesse totalmente certa.
  — Olha, Rony, você não abre sua boca para falar mal da Granger, porque se eu bem me lembro, foi você quem fez um escândalo quando ela foi ao Baile com o Krum, e ela sim não te devia satisfação de absolutamente nada. E mesmo assim você acabou com a noite dela, com a minha e a do Harry também. Se não fosse por você atrapalhando o tempo todo, talvez ela estivesse até hoje namorando o melhor Apanhador do mundo que, inclusive, é um gato. Pelo menos ela conseguiu beijá-lo, várias vezes. E pelo que fiquei sabendo os beijos dele foram pra lá de satisfatórios!
  O resultado do comentário foi Weasley com o rosto tão vermelho quanto seus cabelos e o silêncio dele pelo resto do tempo que passaram juntos. A loira não sabia se era por vergonha ou raiva do seu comentário, mas também não se importava; a única pessoa que poderia brigar com Hermione era ela mesma, jamais deixaria Rony ou qualquer outro garoto magoar sua amiga, e no fundo era uma de suas atividades favoritas deixar o ruivo de boca fechada.
  Gina também passava bastante tempo com eles agora, principalmente com Black e Granger, já que estava sem paciência para seu irmão. Sem contar que sempre pedia conselhos para as duas, pois seu relacionamento com Dino parecia cada dia mais conturbado.
  — Em resumo, garotos são insuportáveis! — concluiu, tendo as duas concordando.
  — E extremamente idiotas! — Hermione acrescentou.
  — E absurdamente ciumentos! — %Sam% finalizou. — Por que a gente gosta deles mesmo?
  — Definitivamente não por opção! — Granger logo respondeu, bufando impaciente enquanto comia mais uma bomba de chocolate; as três estavam reunidas no dormitório do sexto ano, já que as companheiras de quarto de %Samantha% e Hermione não estavam por ali.
  — Eu só queria entender como eles são tão devagar e inseguros para as coisas, é tão irritante! — Gina suspirou. — E eu odeio que alguém queira me dizer o que fazer e, por alguma razão, eles se sentem nesse direito!
  — Oh, sim! — %Sam% concordou veemente com o canto da boca sujo de creme. — Eu queria matar o Cedrico toda vez que ele vinha insinuando que eu tinha algo com o Harry ou falava como se quisesse que eu deixasse meus amigos de lado. Sinceramente, não sei como eu nunca azarei ele em tantos anos. Vontade não faltou!
  — Sim! — gritou a Weasley. — Dino ontem veio falar sobre a minha roupa, eu juro pra você que eu fiquei bem pertinho de socar a cara dele, igual a Mione fez com o Draco!
  Granger ficou vermelha, mas gargalhou lembrando-se do ocorrido.
  — Eu não sei se devo ficar triste ou feliz por não estar em um relacionamento, porque vocês fazem parecer horrível.
  — Ah, tem seu lado bom… — começou Gina. — Mas nem sempre vale o estresse!
  Black terminou de mastigar, concordando enquanto levava o copo de suco até a boca.
  — Eu acho assim — começou, engolindo antes de continuar, limpando a boca com a mão —, se chegar ao ponto que você chora mais do que ri, menina, é hora de aparatar bem rápido! Porque esse foi um dos motivos de eu ter terminado com o Ced no ano passado, estava insuportável ficar com ele no mesmo ambiente porque a gente sempre brigava. Por tudo! — Suspirou, cansada só de lembrar da situação. — O lado bom disso é que funcionou e nós dois melhoramos, mas se tivesse ficado daquele jeito, eu provavelmente estaria beijando outras bocas.
  As duas riram bastante, concordando.
  — Quem vocês super gostariam de beijar? — Gina questionou animada. — Eu peço desculpas desde já, mas preciso dizer que sempre achei o Diggory maravilhoso!
  Black arqueou a sobrancelha, dando de ombros.
  — Você e boa parte da escola! Como, em nome de Godric Gryffindor, eu comecei a namorar ele? Não tenho ideia, mas se ele me perguntasse, eu me faria de bem “olha, eu beijo quem eu quiser, viu? Tô disputadíssima!”, só pra ele não se garantir demais — respondeu, jogando os cabelos para trás e os prendendo em um rabo-de-cavalo. — Eu com certeza teria beijado o Wood, achava ele muito gato! E, se não tivesse a personalidade insuportável, o próprio Córmaco! — Gina e Hermione a olharam surpresas. — Ai, gente, ele é bonito, viu? Pena que por dentro ele é pior que um trasgo!
  — Sim, se ele não fosse tão irritante, não me importaria de beijá-lo! — Mione concordou, dando de ombros. — Adorava o Lino também, bonito e engraçado! Ah, e o Davis da Corvinal, tão lindo!
  — Ah, mas o Rogério Davies era unanimidade na escola toda! — %Sam% concordou de imediato. — Ced que me perdoe, mas sempre quis saber se o Daves era mesmo o “melhor beijo de Hogwarts”!
  — Com certeza, o Montgomery também não era nada de se jogar fora! — Gina acrescentou, continuando as risadinhas junto com as amigas.
  — Monty está solteiro, Gina, se não der certo com o Dino e você quiser, eu falo pro Ced te arranjar um encontro! — brincou %Samantha%, vendo a ruiva gargalhar embora concordasse.
  — Sabem quem ficaria maravilhoso de boca fechada? — tornou a ruiva, atraindo a atenção das duas. — Malfoy! Porque, infelizmente, ele é bonito.
  — Ew, você sabe que ele é meu primo, não? — replicou %Sam%, fazendo careta. Notaram que Hermione ficou em silêncio, baixando a cabeça e mexendo no pacotinho de Feijõezinhos de Todos os Sabores. — O que foi?
  — Ahn? Nada? — Pigarreou, ainda sem olhá-las. — Tudo bem… Eu meio que tinha um crush nele… Mas foi por pouco tempo! E nem sei como! — respondeu rápido ao ver a cara das outras duas. — Ele é horrível! Mas pelo que sei, ele é bem popular com as garotas, né?
  — Pois é, tem gente que não se importa com o conteúdo: não vê a Lilá beijando meu irmão? — Então virou-se para Mione, sorrindo amarelo. — Desculpa, amiga, mas que péssima escolha, viu? De todos os meus irmãos, justo o Rony?
  — Sim, Fred e George são muito melhores! Gui e Carlinhos nem se fala, se eu fosse mais velha com certeza gostaria de ser sua cunhada! — A loira apontou para Gina, que começou a gargalhar. — Rony só está melhor rankeado que o Percy, e só porque o Percy tá metido com o Ministério!
  — Exato! — a Weasley concordou, Mione deu de ombros.
  — Não é como se eu escolhesse, não é? — Suspirou. — Mas e o Harry, gente? Ninguém comentou do Harry, vai me dizer que ninguém nunca pensou em beijar o Menino-Que-Sobreviveu? Eu sei que eu já! — confessou, corando. — No terceiro ano ele estava tão bonito!
  Gina ficou tão vermelha quanto seus cabelos, baixando a cabeça
  — Você ainda gosta dele? — perguntou %Sam% chocada, abrindo a boca.
  — Acho, não tanto quanto antes, mas fico toda boba quando ele fala comigo… Mas é só uma paixonite platônica! E você? Vai me dizer que todos esses anos andando pra cima e pra baixo juntos, nunca pensou em nada?
  — Ah — deu de ombros —, eu ficava meio boba no primeiro ano, mas acho que era mais por ser o famoso Harry Potter, não por de fato gostar, sabe? Mas se não tivesse o Ced e eu não achasse que estragaria nossa amizade, eu beijaria, com certeza. Acho que o Potter já foi, ou é — virou-se para Gina, arqueando a sobrancelha —, o crush de todo mundo na Escola. Tem que ter alguma recompensa por ter enfrentado o Voldemort tantas vezes, não?
  — Mudando um pouco de assunto — recomeçou Mione, tomando um gole de suco —, o que foi que aconteceu nas suas férias? Você ficou muito estranha quando perguntamos disso na volta para Hogwarts e eu te conheço bem demais para saber que algo aconteceu! O que foi?
  Black arqueou a sobrancelha, encarando-a por alguns instantes. Gina olhou de uma para a outra, rindo, antes de pegar o travesseiro mais próximo e jogar na loira.
  — Para de deixar todo mundo curioso, o que rolou?
  — Eu não sei do que vocês estão falando. — Olhou para o canto com a maior cara de culpa possível.
  — Bem, você pode contar para nós ou eu posso perguntar para o Sirius! — Mione ameaçou brincando, vendo-a abrir a boca e xingá-la baixinho.
  — Isso foi baixo, Granger.
  — E aí? — insistiu Gina, vendo-a dar de ombros. — É o que eu tô pensando?
  — Não sei legilimens, Weasley, não tenho como saber o que você tá pensando, sabe? — respondeu a outra, sorrindo de lado.
  — Você e o Diggory… Sabe? — insistiu, rindo. — Vocês foram para os finalmentes?
  %Sam% coçou a nuca, olhando para baixo por um instante, suspirando.
  — Talvez…
  — Eu não acredito! — gritou Hermione, logo baixando a voz quando as duas pediram. — Eu sabia que você tinha aprontado alguma coisa! Eu tinha certeza! Por que não me falou antes?
  — Ah, eu não sei… Fiquei com vergonha…
  — Godric Gryffindor nos proteja, alguma coisa deixou %Samantha% Black com vergonha!
  — Ah, cala boca, Weasley! — A outra riu, jogando alguns doces na ruiva.
  — Pois muito bem, abre o jogo! Como foi?
  — Estranho! — confessou, fazendo careta. — Muito estranho, no começo eu só me perguntava o que eu estava fazendo ali, mas depois foi muito bom! Não que eu tenha como comparar, mas Ced é muito bom no que faz. — Riu sem graça, vendo as amigas fazerem caras engraçadas, chocadas com tudo.
  — E os detalhes, Black? Conta mais!

  Janeiro correu sem grandes novidades, até finalmente terem o final de semana livre para visitar Hogsmeade. E é claro, o casal combinou de se encontrar no vilarejo, o que acabou não dando certo já que ele não apareceu no local na hora marcada. A loira andava emburrada, de cabeça baixa, resmungando por nem mesmo ter sido avisada do atraso e voltando para Hogwarts quando esbarrou com alguém, virando-se em tempo de ver Harry a olhar assustado.
  — Ah, é você. O que faz aqui sozinha? — perguntou, passando a mão pelo ombro.
  — Diggory não apareceu — rolou os olhos —, e você?
  — Bem, minhas opções eram ficar estudando com Mione ou ficar com Uon-Uon e Lilá, que não passam mais de dois segundos sem se beijarem.
  — É… Um pouco nojento, não?
  Harry fez uma careta leve, acenando positivamente. 
  — Quer tomar alguma coisa?
  Black concordou e logo caminharam em direção ao Três Vassouras, que estava cheio de estudantes e outros bruxos. Harry foi pegar as cervejas enquanto %Samantha% encontrava um lugar para sentarem, uma mesa mais ao fundo de frente a uma janela um tanto empoeirada. Sinalizou com a mão quando viu o amigo a procurando pelo lugar.
  — Então… — começou a garota após tomarem um gole de suas bebidas e se encararem sem ter muito o que dizer.
  — Então… — concordou ele, sorrindo de lado. — Como estão as coisas?
  — Nada demais — pensou um pouco —, as aulas estão melhores sem a Umbridge — Harry concordou junto dela —, estou aguardando meu Capitão dizer quando teremos treino de Quadribol — arqueou a sobrancelha, vendo-o rir —, e as aulas estão sob controle. McGonagall até elogiou meu último trabalho, sinto que evoluí. E você?
  Potter gargalhou, concordando.
  — Ainda não sei se sirvo para Capitão, é estranho ter o time todo dependendo das minhas decisões… — argumentou, pensando um pouco. — As aulas estão boas, mas não tive elogios da Minerva!
  — Mas teve do Slughorn, não? — Arqueou a sobrancelha, vendo-o rir sem graça. — Não estou julgando, provavelmente usaria o livro também. Sabe o que seria ainda melhor? — Potter a encarou, curioso. — Se as aulas ainda fossem com o Snape, já pensou a cara dele quando você começasse a ser o melhor da turma? — Riu, vendo-o concordar, logo parando de sorrir ao pensar em Snape. — O que foi?
  Harry travou a mandíbula por um tempo, pensativo, passando a mão na sobrancelha.
  — Eu… — Olhou-a por um tempo antes de aproximar-se, curvando-se sobre a mesa, vendo-a fazer o mesmo. — Vou te contar uma coisa que ninguém mais sabe, bem, só Sirius e Remo, mas enfim… Lembra quando eu tinha as aulas de Oclumência com ele? — %Sam% concordou, esperando-o continuar. — Bem, ele encerrou tudo, certo? Mas não foi sem motivos…
  — O que aconteceu?
  — No último dia, eu estava com raiva de ele ver todas as minhas memórias e eu não conseguir parar, certo? Então, quando ele foi usar Oclumência de novo, eu usei Protego.
  — Esperto, faria o mesmo! 
  — Então, aconteceu que eu consegui ver algumas lembranças dele…

  %Samantha% tornou a recostar-se na cadeira, encarando os olhos verdes do amigo.
  — Não me entenda mal, Harry, é óbvio que James e meu pai não estavam certos… Para falar a verdade, não me surpreende muito saber sobre Sirius — comentou, passando a língua pelos lábios antes de continuar —, mas era diferente, não? E Remo falou que ele mudou depois que começou a sair com a sua mãe…
  — Pode ser, mas dizerem que eles faziam isso por serem jovens e inconsequentes? Nós somos e não fazemos nada assim.
  — Não? — argumentou a outra, vendo-o a encarar confuso. — Tudo bem, tirando o Draco e alguns alunos da Sonserina, nunca arranjamos briga com outros, ainda mais sem motivo dessa forma, mas… Inconsequentes? Harry, no primeiro ano fomos atrás do Quirrell, não? E no segundo, atrás do basilisco?! Quer dizer, mal sabíamos Wingardium Leviosa… Quanto mais eu penso sobre essas coisas, mais penso o quanto fomos burros. Podíamos ter morrido, todos os quatro.
  — Mas é diferente de sair azarando alguém apenas por estar entediado! — retrucou, vendo-a suspirar, concordando.
  — Eu sei, porém, pelo que você disse, Snape também não era nenhum santo, não? Ele chamou sua mãe de Sangue-Ruim quando ela tentou ajudá-lo…?
  Harry concordou, mexendo com as mãos, parecendo um tanto chateado.
  — Sempre que falavam que eu sou parecido com meu pai, achava que era algo bom, entende? Mas agora…
  %Sam% tornou a aproximar-se, colocando sua mão sobre a do amigo.
  — Como eu disse, não tem justificativa nenhuma para como nossos pais se comportavam, mas ao menos James mudou, não foi? Virou outra pessoa quando começou a sair com Lilian e, você precisa lembrar disso mais do que qualquer outra coisa, Harry — o garoto a encarou, curioso —, James pode ter sido um babaca quando mais novo, mas sempre teve o coração no lugar certo. Ele lutou contra Voldemort na Primeira Guerra, entrou na Ordem e se sacrificou para tentar ajudar você e sua mãe. Ele não agiu certo quando era novo, mas depois melhorou como pessoa e tentou salvar vocês, não foi?
  Potter a encarou, franzindo o cenho.
  — O que quer dizer? Como sabe disso?
  %Sam% tornou a recostar no apoio da cadeira, mordendo o lábio inferior.
  — Como sabe disso? — insistiu Potter, ansioso.
  A garota suspirou antes de continuar:
  — Sirius estava um tanto bêbado nas nossas férias — começou com a voz baixa —, um dia começou a chorar e me contou do dia que ele foi preso, o dia que seus pais morreram…
  Harry abriu a boca, sem saber o que dizer.
  — O que aconteceu? — perguntou já sentindo a voz falhar.
  — Ele nunca soube ao certo, acho que ninguém sabe — tornou a segurar a mão do amigo —, mas quando ficou sabendo do que aconteceu, papai foi até Godric's Hollow — mordeu o lábio sem saber como continuar, não achava certo ser a pessoa quem contava aquilo, Harry talvez nem mesmo precisasse saber —, ele disse que a casa estava em ruínas, parte do teto tinha caído… James estava perto das escadas, Harry… — Sentiu um nó na garganta, vendo Potter abaixar a cabeça, fungando. — Sirius disse que… Ele parecia bloquear o caminho, entende? Porque sua mãe e você estavam no seu quarto…
  Harry puxou as mãos, cobrindo o rosto, sentindo as lágrimas escorrerem.
  %Sam% levantou-se, dando a volta na pequena mesa e sentando ao lado do moreno, abraçando-o desajeitadamente enquanto o outro continuava a cobrir o rosto.
  — Eu sinto muito.

  Potter precisou de vários minutos para se recuperar e nem por um segundo se sentiu julgado por %Samantha%, ela continuou ao seu lado, abraçando-o, mexendo com seu cabelo vez ou outra.
  Suspirou sentindo-se mais calmo, passando a mão pelo rosto e limpando os vestígios de lágrimas.
  — Está ok? — Ouvi-a perguntar após alguns instantes, Harry concordou com um aceno.
  — Obrigado — soprou baixo, vendo-a sorrir pequeno, piscando para ele.
  — Está com fome? Não almocei, não me importaria de comer alguma coisa… — comentou, puxando um assunto diferente, vendo-o tornar a concordar, agradecido. — Já volto.
  %Sam% retornou um tempo depois com dois pastelões de rins e duas bombas de chocolate, dando de ombros quando o amigo arqueou a sobrancelha.
  — Passei na Dedos-de-Mel, é sempre bom ter sobremesa, não?
  Comeram em silêncio, parte porque realmente estavam com fome, parte porque não sabiam como começar um novo assunto, Harry se sentia um pouco constrangido e %Sam% não tinha certeza do que falar no momento. Foi só quando começaram a comer a sobremesa que o moreno resolveu falar:
  — E você levou um bolo, é?
  A garota sorriu sem graça, dando de ombros.
  — Diggory quem saiu perdendo. — Piscou, vendo-o rolar os olhos, tomando mais um gole de sua bebida. — E você? Fazia tempo que não conversávamos, não é?
  — %Sam%, a gente conversou hoje cedo…
  — Quero dizer conversar igual fazíamos, de tudo e nada ao mesmo tempo, sabe? Além do mais, temos Mione e Rony, então estamos sempre juntos, mas não exatamente, entendeu?
  Potter passou a língua pelos lábios finos, concordando com a cabeça.
  — Eu sei, sinto falta disso, porém a culpa é sua. — Deu de ombros, limpando as mãos após terminar de comer.
  %Sam% arqueou a sobrancelha, mastigando devagar.
  — Como isso é minha culpa?
  — Bem, você está muito ocupada com o Diggory, não?
  — Ced nem está em Hogwarts esse ano — lembrou —, mas admito que posso ter mal administrado meu tempo ano passado — concordou, suspirando. — Foi mal.
  Harry riu, negando com um aceno.
  — Não precisa se desculpar por preferir passar o tempo com seu namorado.
  — Ei, não disse que prefiro — negou. — É só… Diferente, sabe? Mas é óbvio que gosto de passar o tempo com vocês, e gosto de quando conversarmos sem ter Rony e Mione gritando pelos cantos.
  — Eu quase sinto falta dos dois brigando o tempo todo do que se ignorando dessa forma… — comentou pensativo, vendo-a concordar após tomar um gole de bebida. 
  — E sabe o que é pior? Eu duvido que Rony goste da Lilá, acho que ele só está saindo com ela porque a Gina falou que ele era o único que não tinha beijado ninguém.
  Harry gargalhou, concordando.
  — Com certeza ele já beijou muito mais do que eu! — Sorriu sem graça, lembrando-se de seus encontros um tanto fracassados com Cho no ano anterior.
  — Potter, tenho certeza que Rony já beijou mais do que eu, você e Granger juntos! — Riu com o amigo.
  — Mas você não fica muito atrás, não? Vivia sumindo com o Diggory... — Arqueou a sobrancelha, sugestivo. %Sam% sorriu de canto, o rosto um tanto avermelhado.
  — Foi diferente e nem era tanto assim…
  Potter sorriu pequeno, olhando para seu copo quase vazio.
  — Outra bebida? — perguntou a garota, Harry concordou vendo-a levantar.
  — Pode deixar, eu pago essa! — chamou, antes dela sair, %Sam% negou, mas acabou pegando o dinheiro quando ele ofereceu dois galeões. — Você pagou o almoço. 
  O garoto suspeitou que ela talvez não quisesse correr o risco de conversar sobre seu relacionamento com Cedrico, o que, no fundo, talvez fosse uma boa ideia, Harry não queria ter muitos detalhes.
  — Pois bem — disse ao colocar o copo em frente ao apanhador —, já sabemos que eu sumia à noite para dar uns beijos no Cedrico, mas e você?
  Harry a encarou, franzindo o cenho.
  — Nada contra o Diggory, mas ele não é bem meu tipo… Nunca sumi para beijá-lo.
  Os dois riram por algum tempo, Potter reparou por alguns instantes no sorriso de Black, lembrando-se do quanto gostava de vê-lo, a garota ficava ainda mais bonita quando sorria.
  — Idiota — negou, ainda com vestígios do riso fácil nos lábios. — Quero dizer, e você, Harry Potter, interessado em alguém ou ainda pensando em Cho…?
  — Quê? Não… Não, com a Cho foi estranho… — Ajeitou-se na cadeira, deixando o braço sobre a mesa de madeira. — Não gostava de verdade dela, era mais…
  — Físico? — Arqueou a sobrancelha, lembrando-se de Hermione definindo o relacionamento que tinha com Krum no quarto ano.
  — Exato. — Sorriu sem graça, o rosto um tanto avermelhado. — Achei que gostava, mas acho que foi só… Sei lá…
  — A primeira garota que você se interessou? — tentou completar, o cenho franzido.
  — Acho que sim… Não sei bem se a primeira, mas a que dava para tentar algo.
  — O que quer dizer? — questionou confusa, curvando-se levemente sobre a mesa, cruzando os braços e os apoiando na madeira.
  — Ahn… — Coçou o pescoço, pouco à vontade com o rumo da conversa. — Talvez fosse um pouco parecido com o Rony agora, sabe? Quer dizer, Hermione estava saindo com o Victor e você namorava o Cedrico…
  %Sam% começou concordando, mas então parou no meio do gesto, negando com a cabeça em seguida.
  — Harry, você chamou a Cho para o Baile, foi basicamente ao mesmo tempo que eu comecei a sair com o Diggory e a Mione a beijar Krum na biblioteca!
  Potter passou a língua pelos lábios, pensativo.
  — Quem diria, né? E a gente pensando que ela só estudava… — Tentou mudar o foco, sorrindo pequeno. Black concordou rindo baixo, mas não deixando o assunto anterior morrer.
  — Pois é, mas e você? Então Cho não foi seu primeiro interesse? — perguntou curiosa. — Qual é, Harry, sabe que não vou falar para ninguém o que você me contar!
  — Eu sei… — Suspirou, olhando pela janela. — É só… Estranho falar disso com você.
  — Somos amigos, não somos? Eu só não falo do Ced porque sei que vocês dois não se entendem tão bem e nem acho que você queira saber sobre muita coisa, mas não significa que não confiaria em falar com você ou que não quero saber sobre sua vida.
  Harry sorriu um tanto triste, a garota percebeu e ficou preocupada com a reação.
  — O que está acontecendo, Harry?
  — Quando foi que você começou a gostar dele? — tornou, vendo-a arquear a sobrancelha, suspirando em seguida.
  — Não sei ao certo, sabia que ele era bonito — deu de ombros —, mas não tinha reparado nele desse jeito, só via que sempre tinha alguma garota o olhando e coisas assim, mas não me importava… No terceiro ano ele foi de um cara que eu conhecia em Hogwarts para um amigo próximo, não muito diferente de você, na verdade… Exceto a parte de me ajudar a estudar! — Riu, vendo-o sorrir pequeno, concordando. — Acho que foi só no último dia de aula que eu percebi que gostava dele, porque ele estava beijando outra garota. — Rolou os olhos. — Nem mesmo sabia por que estava com tanto ciúmes…
  Harry passou a língua pelos lábios.
  — Foi por isso que você estava chorando antes de voltarmos para casa?
  %Sam% concordou, lembrando-se do acontecido pouco depois.
  — Nem queria olhar pra ele, mas não era como se fosse culpa do Cedrico, porque não tínhamos nada, entende? Mas foi por causa disso que eu soube.
  — E sabia que ele gostava de você?
  — Não com certeza, às vezes achava que sim, mas também achava que era coisa da minha cabeça. Só soube mesmo no dia do sorteio dos nomes para o Tribruxo…
  Potter concordou, pensando sobre o assunto.
  — Você acha que se não tivesse se aproximado dele as coisas seriam diferentes?
  — Não sei, nunca pensei sobre isso para falar a verdade, mas acho que só demoraria um pouco mais para acontecer… Ou talvez a gente realmente nunca se falasse, então não teria por que começar a gostar um do outro. Embora eu com certeza sairia para um encontro mesmo se não fosse pensando em namorar! — Deu de ombros, vendo-o rolar os olhos. — Como se você não pensasse em sair com algumas garotas! — acusou, Harry sorriu. — Por que a pergunta?
  — Só curiosidade. É estranho, não? Eu nunca soube de quem eu gostava, acho que até o terceiro ano nem gostava de ninguém, então comecei a me sentir estranho, mas aí achei que era coisa da minha cabeça…
  — Com Cho?
  — Não — negou, triste —, com a Cho foi… Sei lá. — Sorriu pequeno. — Achava ela bonita e jogava bem Quadribol, um dia fiquei olhando pra ela na mesa da Corvinal e quando vi, já estava interessado, mas nunca fez muito sentido pra mim, eu mal conversava com ela.
  %Sam% concordou pensativa, estava morrendo de curiosidade para saber de quem Harry gostava, mas pelo tanto que ele enrolava, tinha quase certeza que ele não contaria de forma alguma.
  — Então… Essa menina que você gosta, você conversa com ela?
  Potter concordou com um aceno, um tanto vermelho.
  — É da Grifinória?
  — Acho melhor pararmos por aqui, ok? Não adianta conversar sobre isso, %Sam%, não faz diferença.
  — Por quê? Qual é, Harry, me conta! Eu não vou falar pra ninguém! Menos ainda pro Sirius ou pro Rony! Juro!
  O garoto soltou o ar lentamente, pensando sobre.
  — Ela gosta de outro cara, não vai acontecer nada.
  — Como você tem certeza?
  — Eu só sei. — Deu de ombros, sorrindo triste.
  %Samantha% mexeu-se na cadeira, empenhada em ajudar o amigo.
  — Mas não quer dizer nada, não é? Ela está saindo com esse cara? Ele gosta dela?
  Harry tinha medo de falar muito e ela descobrir sozinha, mas achou que a melhor saída para terminarem o assunto logo seria contar em partes a verdade.
  — É complicado.
  — Por quê? Quer dizer… Se eles não estão juntos, você nem sabe se ele gosta dela…?
  — Ele gosta, eu sei que sim.
  — Ele é legal?
  Potter pensou por um momento, por fim concordando.
  — Mas Harry, se… — A garota parou por um instante, pensativa. Potter sentiu um frio no estômago quando ela mudou a face pensativa para uma quase entendida, fechou os olhos por um instante.
  — É a Hermione?
  — O quê?
  — Mione gosta do Rony, ele gosta dela, é óbvio, mas o relacionamento deles é complicado. Ela é da Grifinória, vocês conversam desde sempre e o cara é legal…?
  Harry abriu a boca um tanto atônito, nem por um instante pensou em Mione, mas até fazia sentido a garota pensar na amiga como o amor não correspondido de Harry.
  — Digamos, hipoteticamente, que seja ela. Entendeu? Não tem o que fazer.
  %Sam% mordeu o lábio, encarando-o por algum tempo.
  — Você deveria falar com ela.
  — O quê? Para quê?
  — Harry, vocês são amigos, mesmo que nada aconteça entre vocês dois, como vai ser se ela começar a sair com Rony? Você vai se sentir ainda pior do que gostando dela sem ela saber.
  Ele negou com um aceno.
  — Só vai piorar tudo, %Samantha%. Estamos bem desse jeito, não é? E se, hipoteticamente, ela para de falar comigo? Não tem por que estragar a amizade. Não tem o que fazer, eu descobri tarde demais que gostava dela e agora ela gosta de outro.
  — Por isso começou a sair com a Cho…?
  Harry concordou mais uma vez, cada vez mais chateado com o assunto.
  — Achei que era melhor tentar investir nisso, entende? Não era como se eu achasse ok gostar de uma amiga, ainda mais com a situação toda.
  %Sam% sorriu triste, concordando também.
  — Você deveria dizer pra Mione, Harry. Tenho certeza que ela vai entender, não é sua culpa, ninguém escolhe de quem gostar. E é injusto você se sentir mal por algo assim. — Potter baixou a cabeça, pensando sobre o assunto, sentia o peito doer. — Pensa como vai ser pior se eles começarem a sair juntos sem saberem que você gosta dela? Sem nem evitarem dar uns beijos perto de você…
  O garoto fechou os olhos, concordando com um aceno, lembrando de todas as vezes que quis azarar Diggory apenas por ele estar perto de %Samantha% ou por estarem de mãos dadas.
  Black esticou a mão mais uma vez, segurando a do amigo.
  — Vai ficar tudo bem, Harry.
  Potter sentiu o coração pesar, o corpo aquecer quando notou suas mãos juntas. Suspirou.
  — Tem certeza que acha uma boa ideia?
  — É você quem decide, Cicatriz, mas eu acho que você não pode guardar isso pra sempre.
  Harry concordou, sussurrando em voz baixa:
  — É você.
  %Sam% inclinou a cabeça confusa, o cenho franzido.
  — Eu o que…?
  Potter encarou os olhos %castanhos%, sorrindo triste. %Samantha% demorou alguns segundos para entender ao que ele se referia, parecendo surpresa, abriu a boca tentando dizer algo sem saber o que, por fim pigarreou:
  — Você disse que era a Hermione...
  Ele negou com a cabeça, mantendo o olhar nela e o sorriso calmo nos lábios.
  — Você quem falou dela. Eu usei “hipoteticamente”.
  A loira concordou depois de alguns segundos, ainda parecendo um tanto chocada.
  — Sinto muito — disse o moreno baixo, ela negou com um aceno.
  — Eu também, mas por você nunca ter me dito isso antes, Harry. — Mordeu o lábio, sem saber como continuar. — Como foi que isso aconteceu?
  Ele deu de ombros, pensando por um momento.
  — Não sei bem, você sempre foi minha melhor amiga, não é? No terceiro ano comecei a me sentir estranho quando estávamos juntos ou quando você me abraçava, mas achei que era da minha cabeça… — explicou, encarando suas mãos juntas na mesa. — Foi quando você começou a passar o tempo todo com o Diggory, achei que tinha ciúmes porque nós não estávamos próximos como antes, sabe? Mas que fosse só isso. Quando comecei a achar que estava gostando de você, quis pensar em outra garota, foi meio que por aí quando comecei a reparar na Cho. Seria bem mais fácil gostar dela, não?
  %Samantha% olhou para baixo, escutando seu melhor amigo dizer todas aquelas coisas sem saber como reagir. Sentia-se burra por nunca ter reparado em nada daquilo.
  — Era por isso que você ficava vermelho quando eu te elogiava, não é? — falou ao tornar a encará-lo, Harry concordou. — Achei que só não tinha se acostumado com elogios e ficava sem graça…
  Potter riu, sem emoção.
  — Parte era por isso mesmo, sou humilde. — Tentou fazer graça. — Porém, nunca fiquei assim quando a Mione me elogiou.
  Os dois ficaram em silêncio por um instante e Harry teve medo de perder sua amizade com a garota, achando que talvez fosse sempre ficar estranho entre eles e não poderiam mais conversar como faziam.
  — Não é como se eu quisesse. Eu juro que não queria, %Samantha% — falou em voz baixa, vendo-a tornar a olhar para ele, sorrindo pequeno. — Não é como se eu quisesse que você terminasse com o Cedrico ou algo assim. Eu sei o quanto você gosta dele e eu sei que ele gosta de você.
  %Sam% negou com a cabeça, tornando a dar a volta na mesa, sentando ao seu lado e juntando suas mãos.
  — Não é sua culpa, Harry — falou com a voz falha, deixando uma lágrima escorrer. Harry concordou, sentindo o peito doer.
  — Eu sei que você é feliz com ele — soprou —, eu vejo o jeito que vocês se olham. E você é minha melhor amiga, eu estou realmente feliz por você estar tão bem com ele — disse baixo, suspirando. %Sam% sorriu sem graça, sentindo o próprio peito doer. Odiava ver Harry triste e saber que era por sua causa, parecia mil vezes pior. — Eu juro que não queria me apaixonar por você, %Samantha%.
  — Como é? — Ouviram uma voz à direita, virando-se no mesmo instante ao reconhecê-la. — O que foi que você disse, Potter? — disse Cedrico com um tom duro, logo notando os dois de mãos dadas. Encarou a namorada por um instante, notando as lágrimas em seus olhos. — O que está acontecendo?
  — Cedrico… — pediu a garota com a voz baixa, enquanto Potter olhava para o lado um tanto frustrado e bastante tímido com a situação toda, soltando suas mãos. — Não é nada disso.
  — Nada disso o quê? Ele não acabou de dizer que está apaixonado por você? Eu escutei errado por acaso?
  %Sam% levantou-se por um instante, colocando a mão em seu braço.
  — Me dá alguns minutos, ok?
  — Você só pode estar brincando comigo! — retrucou revoltado, Potter continuava olhando pela janela. — Você quer que eu saia para você ficar com ele depois dele ter se declarado?
  — Cedrico, por favor — pediu a loira, encarando os olhos cinzas do namorado. — Espera lá fora, ok? E nós conversamos.
  Diggory tornou a abrir a boca, mas olhou da namorada para Potter, antes de suspirar e concordar com um aceno, saindo do local a contragosto. Black tornou a sentar ao lado do amigo.
  — Desculpe, eu — começou Harry, mas a garota negou.
  — Não tem que se desculpar por nada, Raio. — Sorriu pequeno. — Eu quem deveria ter notado isso antes, não é? Eu sinto muito por nunca ter percebido.
  — Não tinha como você saber…
  — De qualquer forma, você é meu melhor amigo, eu nunca quis te deixar triste, você é uma das pessoas que eu mais amo no mundo. Eu não quero nunca perder você, Cicatriz.
  Potter riu baixo, concordando, passando a mão por baixo dos óculos, evitando as lágrimas.
  — Eu fico feliz de verdade por saber que você está bem, mesmo que seja com o chato do Diggory.
  Os dois riram baixo.
  — Eu queria muito poder te fazer a pessoa mais feliz do mundo — começou %Sam%, vendo-o concordar sorrindo de lado. — Sabia que eu tive uma queda por você no primeiro ano? — contou, vendo-o a olhar surpreso. — Por que acha que eu concordei com aquele plano de passar por um cachorro de três cabeças?
  Tornaram a sorrir um para o outro e então se abraçaram.
  — Se depender de mim, nós nunca vamos ser estranhos um para o outro e sempre vamos ser próximos desse jeito, ok? — avisou, vendo-o concordar, agradecendo em voz baixa. — Eu te disse uma vez, não foi? Precisa de mais do que um Diggory pra você me perder!
  — Acho melhor você falar com ele, não? — lembrou, afastando-se.
  — Você está bem? — perguntou, olhando-o preocupada.
  — Não — confessou rindo —, mas tinha razão, foi melhor contar do que continuar guardando comigo. Vou tomar mais uma cerveja antes de voltar para a escola. Não se preocupe, se nem Voldemort conseguiu me matar, não vai ser isso que vai acabar comigo.
  %Sam% sorriu pequeno, concordando.
  — Te vejo depois no Salão Comunal? — perguntou, vendo o moreno concordar sorrindo — Eu amo você, Raio!
  Potter riu baixo, abraçando-a mais uma vez.
  — Eu sei, eu sou o Menino-Que-Sobreviveu, todo mundo me ama. 

  Diggory estava de braços cruzados, olhando para o chão coberto de neve, esperando pela loira. Sua cabeça estava a mil e no fundo ele voltou a se sentir um tanto inseguro. No final, esteve sempre certo, Potter estava apaixonado por sua namorada. Sabia que %Samantha% gostava de Harry como amigo, mas estava um tanto apreensivo de que isso agora mudasse.
  Os dois eram melhores amigos desde o primeiro ano, estavam sempre juntos, tinham coisas demais em comum, eram quase perfeitos um para o outro.
  Bufou impaciente, queria voltar para dentro do Três Vassouras e falar com Potter.
  Como assim agora ele estava se declarando para sua namorada?
  Esperava que %Sam% não esquecesse do que tinha com Cedrico para ficar com ele.
  Ouviu a sineta do bar e logo uma mão tocou em seu braço, fazendo-o ignorar seus pensamentos.
  — Ei! — Viu Black sorrir pequeno em sua direção, os olhos um tanto avermelhados. — O que aconteceu com você? Por que atrasou tanto?
  Diggory respirou fundo, tentando acalmar-se.
  — Tentei te mandar uma coruja ontem, mas era óbvio que não chegaria a tempo. — Rolou os olhos. — Precisei trabalhar pela manhã e tive uma reunião da Ordem depois do almoço, só consegui sair agora.
  %Sam% concordou.
  — Esperei por horas e você não apareceu, achei que pudesse ter acontecido algo, mas estava com raiva. — Riu fraco, vendo-o negar com um aceno antes de inclinar-se para dar-lhe um beijo na bochecha.
  — Oi!
  A garota sorriu, abraçando-o por alguns instantes.
  — Podemos sair do frio? — pediu ao soltarem-se, Cedrico concordou e andaram até uma loja de chás e bolos próxima.
  — Então, o que aconteceu com você e Potter? — perguntou por fim, assim que sentaram-se e fizeram seus pedidos.
  %Samantha% suspirou, juntando suas mãos e apoiando a cabeça no ombro do namorado.
  — Estávamos conversando sobre diversas coisas, sabe? Fazia tempo que não saíamos só os dois. Então comecei a perguntar como estava a vida amorosa dele, se estava interessado em alguém ou se ainda gostava da Cho…
  — E ele falou que estava apaixonado por você.
  — Não — cortou, negando com um aceno. — Ele nem queria dizer nada, depois eu comecei a achar que fosse da Mione que ele gostava, e disse que ele deveria contar para ela porque antes de tudo eles são amigos e ela entenderia. E ele não poderia guardar pra sempre uma coisa assim.
  Cedrico ficou em silêncio, escutando-a sem fazer outros comentários, apenas mexendo em seu chá quando o mesmo foi entregue.
  — Foi bem triste. E eu não sei como nunca reparei nisso, Ced, ele é meu melhor amigo! Eu meio que deveria saber, não é? Sendo sobre mim ou qualquer outra pessoa.
  — Você não teria como adivinhar sem ele falar, embora eu suspeitasse.
  Sam suspirou impaciente.
  — Você não fazia ideia, não tem nada a ver com o seu ciúme.
  Diggory arqueou a sobrancelha, dando de ombros.
  — Mas em partes eu estava certo, não? Ele gosta de você.
  — O que não significa que eu goste dele também, não dessa forma.
  — Eu sei, desculpe. — Suspirou. — Sinto muito por tudo isso. Deve ser difícil para ele.
  Black concordou em silêncio, tornando a encostar sua cabeça no ombro do outro.
  — Não sei o que eu poderia fazer para ajudar…
  — Não tem o que fazer, %Samantha%. Não tem como controlar uma coisa assim — explicou. — Talvez com o tempo ele encontre alguém com quem goste de sair e de repente se apaixona por essa pessoa, mas não tem o que você fazer para adiantar esse processo.
  — Poderíamos apresentar alguém para ele, não? — sugeriu pensativa. — Gina está praticamente terminando com o Dino e eu sei que ela gosta dele!
  Diggory negou com a cabeça.
  — Se você começar a tentar arranjar encontros para ele, só vai piorar as coisas. O melhor que você tem a fazer é agir normalmente até que ele siga em frente.
  — Talvez não devêssemos ficar tão juntos quando ele estiver perto… — sugeriu, olhando-o de canto.
  Cedrico pensou por um instante, concordando.
  — Não sei se isso vai ajudar muito, mas podemos tentar. — Passou a língua pelos lábios antes de concluir. — Vou conversar com ele na próxima vez que nos vermos.
  — Como é?
  — Me desculpar, no mínimo. — Deu de ombros. — Não fui a melhor das pessoas com ele nos últimos anos, não é?
  A loira sorriu, beijando-lhe a bochecha.
  — Obrigada.

Quatorze
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
1 Comentário
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Lelen

Eu tô tão com o pé atrás com o Cedrico, coitado, que eu já tava prontíssima pra virar a mão na cara dele dependendo da reação que ele tivesse HAHAHAHAH
MAS VEMOS QUE SENHOR DIGGORY APRENDEU QUE O CALADO VENCE ISAHDOPASDHAOPDSNP
E ele virou um texugo mesmo como animago? Texugos são fofinhos, mas JÁ VIU O TAMANHO DAS UNHAS? Ced vai dar umas patadas monstras HAHAHAHAH

Todos os comentários (24)
×

Comentários

Você não pode copiar o conteúdo desta página

1
0
Adoraria saber sua opinião, comente.x