Doze
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Diggory ajeitou o cabelo, olhando-se no espelho e confirmando que estava bem apresentável.
Sentia o nervosismo querer dominá-lo, um frio na barriga parecido com os dias que jogava Quadribol, só que muito pior. Era seu primeiro passo no mundo real, a partir deste dia não tinha mais Hogwarts, pontos ganhos ou salas de aula. Daquele momento em diante Cedrico estava em uma realidade completamente diferente dos últimos sete anos e nem mesmo sabia se estava pronto para aquilo, no fundo, temia que seu tempo na Escola não tivesse sido o suficiente.
Respirou fundo, encarando seu reflexo por alguns instantes antes de deixar o olhar focalizar em uma foto presa no canto do espelho, tirada quase dois anos atrás na Copa Mundial: %Sam% usava um cachecol da Irlanda, os cabelos bagunçados por causa do vento, rindo em sua direção. Cedrico puxou-a com cuidado olhando para a imagem da garota por algum tempo, era uma de suas fotos preferidas dela, lembrava-se daquele momento como se ela estivesse ao seu lado, rindo por causa de uma piada que ele tinha feito. Suspirou antes de tornar a prendê-la no espelho, o estômago agora revirava por causa da falta que sentia de Black, a qual não via desde o dia de sua formatura há quase seis semanas.
Tinham trocado algumas cartas durante aquele tempo, mas %Samantha% estava de férias com Sirius e haviam deixado a Inglaterra no mês anterior. No fundo não sabia se mudaria muita coisa se ela estivesse em casa, depois do beijo durante sua formatura, nenhum dos dois tocou mais no assunto. Acabaram apenas sorrindo sem graça e, mesmo que parte de Diggory tivesse esperanças que tudo voltasse ao normal, soube que não seria assim tão simples quando Black, sutilmente, desviou de pegar em sua mão ao voltarem para a mesa. Queria conversar logo com ela, mas não achava certo fazer aquilo por cartas, então continuava esperando que ela voltasse para casa para ver como seria o relacionamento dos dois a partir disso.
Saiu de seu quarto, caminhando lentamente até a cozinha, pegando qualquer coisa para comer antes de ouvir seu pai o chamando para irem ao Ministério. Sentia uma corrente de nervosismo passar por seu corpo, nem mesmo sabia o que faria no trabalho e sentia uma pressão extra por saber que a razão de ter conseguido aquela vaga era justamente por ser filho de Amos Diggory. Estavam apenas lhe fazendo um favor e Cedrico não queria perder aquela chance.
Diggory passou a semana um tanto quanto entediado, mas se lhe perguntassem no trabalho ele sempre dizia estar satisfeito e empolgado. Na verdade, por estar nos seus primeiros dias e ainda ser recém-graduado, só o que ele fazia era revisar alguns textos e documentos que nem eram assim tão importantes no momento. Esperava que ao fazer tudo certo, pelo menos recebesse algo mais interessante para fazer, já que até então só não estava mais chato do que as aulas do Prof. Binns.
O que melhorou seu humor durante aquela semana foi conseguir os mesmos horários de Daves e com isso conseguirem sair para almoçar quase todos os dias ao mesmo tempo, já que o moreno também estava iniciando seu trabalho como Desfazedor de Feitiços — nada tão glamoroso quanto o corvino esperava, mas claramente mais empolgante que o trabalho de Diggory até o momento. E em duas semanas Monty deveria iniciar seu treinamento para o Departamento de Mistérios então possivelmente conseguiriam se encontrar com alguma facilidade. Esperava mesmo que as coisas melhorassem para ele com o passar do tempo, pois era até um pouco humilhante imaginar que os dois amigos estariam lidando com coisas muito melhores do que ele.
Sua sexta-feira, no entanto, foi muito melhor do que o esperado e não por ter qualquer novidade no trabalho, mas por ter recebido uma carta de %Sam% no dia anterior dizendo já estar de volta em Londres e que ele poderia visitar a casa quando quisesse.
Quando saiu do trabalho, avisou ao pai que primeiro passaria na casa dos Black, vendo Amos arquear a sobrancelha, sorrindo de canto ao dar um tapinha em suas costas. O mais novo fez questão de ignorar o gesto antes de se afastar. Aparatou pouco depois no Largo Grimmauld, encarando as casas enquanto esperava a número 12 se materializar; mesmo não sendo mais um fugitivo, Sirius ainda mantinha a casa sob proteção, assim evitando os trouxas e vários bruxos curiosos.
Bateu na porta e esperou por alguns instantes, ouvindo passos logo depois.
— Cedrico! — %Sam% sorriu ao olhá-lo, dando espaço para que o mesmo entrasse.
— Como vai? — cumprimentou, beijando-lhe a bochecha. — Como foram as férias?
— Maravilhosas! — respondeu animada. Cedrico reparou enquanto andavam pelos cômodos que a garota estava bem bronzeada. — Estou até triste que acabaram, mas ainda tenho que comprar meu material e fazer alguns trabalhos antes de voltar pra escola!
Caminharam pelo corredor em direção à cozinha na qual Sirius parecia entretido cozinhando.
— Diggory, por que não estou surpreso? — Deu uma risadinha debochada para o rapaz, vendo-o corar levemente ao aproximar-se para um aperto de mãos. — Soube que começou a trabalhar?
— Sim, um pouco chato na verdade. — Deu de ombros, rindo sem graça ao sentar-se em uma das cadeiras ao redor da mesa. Explicou o que fazia para os dois, tendo a atenção dividida entre sua história e Sirius reclamando que não estava dando certo a receita que Andrômeda havia passado. — De qualquer jeito, como foi meu pai quem conseguiu o trabalho, acho que não posso reclamar muito, não é?
— O que quer dizer? — questionou %Sam% confusa.
Cedrico passou a língua pelos lábios, parecendo ainda mais sem graça.
— Estou meio que “em teste”, sabe? E só consegui isso porque meu pai tem um cargo bom no setor de Execução de Leis.
Sirius gargalhou, negando com a cabeça, fazendo os dois o encararem confusos.
— Você deve ser bem ingênuo para acreditar nisso, Diggory. Por mais conhecido que seu pai possa ser, não foi por causa dele que você conseguiu seu emprego.
— Perdão?
Black encarou-o por um instante, sorrindo de lado.
— Minerva disse que você era um dos melhores alunos de Hogwarts. Se formou com honras, não foi? %Samantha% me disse que sua pior nota foi um “Excede Expectativa” no NIEM’s. Seu currículo escolar já é melhor que mais da metade das pessoas que trabalham no Ministério. Se dê um pouco mais de crédito, Cedrico — disse antes de voltar a mirar a panela que fervia. — Seja lá o que Andy faz, não é nada parecido com isso. Vou sair para comprar comida, vocês dois se comportem até eu voltar! — Apontou com o dedo para Diggory antes de usar a varinha para esvaziar o conteúdo da panela.
Cedrico apenas concordou com um aceno.
— Já sei com quem você não aprendeu a cozinhar!
%Sam% riu, concordando com um aceno.
— É porque você não viu ele tentando cozinhar comida espanhola, muito pior.
— Como foram as férias? — perguntou, sorrindo.
— Boas, muito boas. Fomos para uma cidade de trouxas na Espanha com uma praia muito bonita! Nos últimos dias passamos por um vilarejo bruxo de lá porque papai queria comprar umas bebidas. — Sorriu pequeno, negando com a cabeça. — Tenho quase certeza que ele saía à noite, depois que eu tinha ido dormir.
— Por quê? — questionou genuinamente curioso.
— Digamos que ele pareceu bem interessado na dona do restaurante trouxa, jantávamos lá quase todas as noites.
— Seu pai teve um encontro?
— Provavelmente mais de um — fez careta —, nunca perguntei porque é o tipo de coisa que não preciso saber sobre ele. Mas não duvido que ele volte pra lá quando eu estiver em Hogwarts!
— Caramba… — franziu o cenho, também não imaginava Sirius tendo encontros, mas talvez apenas porque nunca tivesse realmente pensado a respeito — bem, até faz sentido… Quer dizer, ele não chega a ser velho, não é? Sirius tem quantos anos?
— Trinta e sete. Não me importo que ele tenha encontros, até ficaria surpresa se não tivesse, porque ele é bonitão — deu de ombros —, o problema é pensar sobre isso.
Cedrico gargalhou, concordando.
— Também não gosto muito de pensar sobre meus pais e o relacionamento deles!
Os dois ficaram em silêncio por um momento.
— E você já está cem por cento melhor desde a invasão no Ministério? — perguntou, referindo-se ao incidente com Bellatrix há quase dois meses.
— Sim, já estou pronta pra outra! — Piscou, vendo-o negar com um aceno.
— Não foi a melhor das experiências te ver em uma cama de hospital… — Suspirou, vendo-a rir baixo.
— Agora você sabe como eu me senti durante as provas do Torneio Tribruxo!
Cedrico concordou, rindo antes de encará-la por um instante, passando a língua pelos lábios.
— Estou pensando em entrar na Ordem… — contou em voz baixa, querendo saber a reação da garota. — Quim falou comigo sobre isso quando fui ao Ministério para deixar alguns documentos antes de começar a trabalhar…
Black o encarou, sorrindo leve.
— Faz sentido, Moody queria te recrutar no verão passado.
— Sim… Mas não sei se vou conseguir ajudar tanto assim… — explicou, sentindo-se um tanto incerto.
— Bem, é como papai disse, você deveria se dar um pouco mais de crédito, Cedrico, você era o melhor aluno em Feitiços e Transfiguração, não é?
— Não acho que seja suficiente pra isso. Foi por isso que conversei com Quim, pra saber se teria como ter algum treino extra, entende? Aprender mais coisas.
— O que ele disse?
— Que Moody provavelmente vai querer me ensinar pessoalmente.
%Sam% riu baixo.
— Se prepare, quando Dora estava treinando para ser Auror com ele, vivia reclamando que ele era muito severo.
Cedrico concordou sorrindo, aproveitando que estavam sozinhos para iniciar outro assunto:
— Eu queria conversar com você sobre outra coisa também, mas entendo se você não quiser.
A garota o encarou, esperando que ele continuasse.
— Eu… Bem, queria saber se… — Coçou a nuca um tanto constrangido sem saber o que dizer. Tinha treinado aquilo tantas vezes, imaginando tudo o que falaria quando estivessem juntos, mas não parecia capaz de lembrar-se de nada no momento. — Queria, sabe…? Vou entender se você não quiser mais sair comigo, talvez no seu lugar eu fizesse o mesmo… — Suspirou, sem coragem de encará-la, olhando para as próprias mãos em cima da mesa de carvalho. — Eu só… Não queria manter isso tão estranho como nos últimos meses. Sinto sua falta, e tudo bem se você quiser manter só amizade, mas… Eu queria saber se teria outra chance com você... — Olhou-a de canto, reparando que a garota também não o encarava, parecia um tanto pensativa, olhando para a parede.
— Você acha que poderíamos ser só amigos, Ced? Como antes? — perguntou, olhando-o por um instante. Diggory passou a língua pelos lábios, pensando por um momento. Sorriu triste ao constatar que nunca seria igual, pois achava que seria impossível ter ela por perto e não esperar que em algum momento as coisas fossem mudar.
— Então… é isto, não é? — questionou chateado. — Sinto muito.
— Bem — coçou o nariz, olhando-o divertida em seguida —, não acho que a culpa foi inteiramente sua, não é como se eu não quisesse ter te beijado.
Diggory riu sem jeito, ainda sem conseguir olhá-la.
— Cedrico? — chamou-o após alguns instantes de silêncio, o rapaz a olhou sem saber direito o que fazer. — Você quer voltar a namorar comigo?
O loiro pareceu confuso por alguns segundos.
— Eu… É claro que sim! — respondeu afoito. — Mas não entendo, você disse que queria ser minha amiga…
— Não, eu perguntei se você achava que poderíamos ser apenas amigos, como antes. Nunca disse que era o que eu queria!
Cedrico se sentiu estúpido ao notar o tempo que passou a encarando, demorando a entender e rindo de si mesmo pouco depois.
— Espere só até eu contar ao seu pai que foi você quem me pediu para voltar! — Os dois riram divertidos e Cedrico se aproximou mais da garota sentada ao seu lado. — Eu sou completamente apaixonado por você, Black — soprou levemente contra seus lábios antes de beijá-la.
%Sam% estava terminando de arrumar seu malão para iniciar mais um ano em Hogwarts enquanto o pai e Cedrico esperavam na sala, conversando sobre Quadribol e alguns outros assuntos aleatórios.
— Senhor, eu estava pensando… Queria na verdade pedir um favor… — começou Diggory, fazendo Sirius arquear a sobrancelha.
— Outro além de eu permitir que namore minha filha? — Viu-o rir sem graça, acenando com a cabeça. — Pode dizer, Cedrico, e, pelas barbas de Merlin, quantas vezes vou precisar dizer para parar de me chamar de senhor? Já passamos dessa fase.
— Desculpe, Sirius… — recomeçou, pigarreando um tanto envergonhado. — Bem, não sei se a %Samantha% comentou com você… — Olhou-o por um instante, esperando alguma reação enquanto falava. — Mas Quim conversou comigo sobre eu entrar na Ordem, gostaria de ajudar de alguma forma, entende?
— Sim, sim, Ninfadora me contou que estavam considerando falar com você assim que saísse de Hogwarts. Você vai começar a aprender algumas coisas com Alastor, não?
— Sim, senhor… Digo, Sirius… — Suspirou, coçando a nuca. — Não que ele não seja incrível, é claro, mas, bom…
— O que foi, Diggory? — perguntou o homem, finalmente, vendo-o cada vez mais vermelho e sem graça. Se não estivesse tão curioso, faria alguma piada.
— Eu queria saber se você poderia me treinar também? Entendo se não puder ou quiser…
— Eu? Por quê?
— Bem, eu sei que você era muito bom com feitiços em Hogwarts e ainda conseguiu virar um Animago no quinto ano, não? Independente do motivo, isso era muito avançado… E eu sei que você sabe alguns feitiços que eu nem faço ideia de como executar ou mesmo os conheça, entende? Sem contar que foi o único a fugir de Azkaban, não?
Sirius olhou para o lado, tentando segurar o sorriso orgulhoso e um tanto arrogante, sabendo que o que o outro tinha dito era verdade, mas era ainda melhor por escutar de outra pessoa. Ainda mais ao ver que Cedrico parecia impressionado com cada feito do homem e, bem, o rapaz namorava sua filha, era bom saber que tinha algum respeito.
— Acredito que te ensinar algumas coisas seja o mínimo para retribuir a comida que você me deu há alguns anos, não? — comentou, não querendo soar tão amigável.
— Achei que era por isso que você estava ok comigo saindo com sua filha... — brincou, sorrindo de lado.
— Bem, isso também, mas %Samantha% sendo tão parecida comigo, se eu dissesse não era capaz de vocês aparecerem casados na semana seguinte. — Deu de ombros, vendo-o rir ao concordar. — Pois muito bem, Diggory, vou conversar com Olho-Tonto para ver os horários e o que ele planeja te ensinar e partimos disso.
Cedrico concordou satisfeito, empolgado com a possibilidade de aprender tantos feitiços novos com dois dos maiores bruxos que ele conhecia.
— Obrigado, Sirius!
Os dois andavam juntos pela estação em direção à plataforma de embarque. Sirius tinha sido convencido a deixar de sair como cachorro, pois a garota queria poder finalmente se despedir dele decentemente antes de embarcar para a Escola e, mesmo que achasse que seria um tanto incômodo, não pôde negar-lhe aquilo, também querendo ter aquele momento de pai e filha. Atravessaram juntos o portal enquanto conversavam, não demorou muito para Sirius começar a reparar nos olhares que recebiam, mas tentou ignorá-los permanecendo junto à filha enquanto esperavam por Harry que chegaria junto com os Weasley.
— Finalmente, achei que tinham perdido o horário! — Ouviram uma voz familiar, virando-se para o lado e encontrando Dora, junto com Andy, Ted e Cedrico.
— O que todos vocês estão fazendo aqui?
— Encontrei com Ced no Ministério sexta e ele me falou que Sirius não viria de cachorro! — Piscou divertida, cumprimentando os dois.
— Sem contar que estávamos com saudades de te trazer para embarcar! — comentou Andy, abraçando-a apertado. — Quase não aparece para nos visitar!
— Tia, eu tava lá na quinta-feira! — Negou com a cabeça, rindo com o drama.
— Foi o que eu falei, mas você acha que ela me escuta? — Ted rolou os olhos, sorrindo antes de abraçá-la.
— Achei que você estaria com Olho-Tonto? — questionou Sirius um tanto confuso com a presença de Diggory, tinha permitido que o casal ficasse sozinho por alguns minutos na noite anterior, acreditando que não se veriam na estação.
Cedrico deu de ombros, rindo culpado.
— Talvez eu esteja um pouco atrasado… — Abraçou a namorada de lado, beijando-lhe a bochecha apenas para evitar problemas futuros com o mais velho.
— Nossa, vocês realmente não vivem sem mim, não é? Veio todo mundo me dar tchau! — %Sam% soltou sorridente ao olhar para o grupo, todos a encararam por alguns instantes, rolando os olhos ou negando com a cabeça.
— Mas você é bem filha do seu pai! — Andy negou, rindo. Sirius deu uns tapinhas desajeitados em sua cabeça, quase como se acariciasse um animal de estimação.
— Criei muito bem nos últimos anos!
— Ah, os ruivos! — Dora acenou para o grupo que tinha acabado de passar pelo portal, Harry e Mione os acompanhavam. Potter foi sorridente em direção ao padrinho, apertando-o em um abraço.
— Ainda bem que chegaram, já estava pensando que eu iria sozinha pra Hogwarts e precisaria me esforçar mais para perder pontos em nome de todos nós! — brincou %Sam%, abraçando os amigos e os Weasley rapidamente.
Hermione negou com a cabeça.
— Por um segundo pensei que você iria se esforçar para dar o seu melhor...
— Oras, Mione, mas o nosso melhor é perder pontos! — Harry deu de ombros, concordando com a loira.
— Quem mais vai desafiar o Ministério se não nós? — argumentou Rony do seu canto.
— Saudades da Hermione que fundou a Armada de Dumbledore! — Gina suspirou ao lado, fazendo os outros rirem. Os estudantes se despediram do grupo, com muitos abraços e recomendações para, de fato, escutarem Hermione e ficarem longe de tantas confusões.
— É tão legal vocês ainda acharem que a gente vai se comportar… — Rony sorriu, olhando para sua mãe que fechou a cara no mesmo instante.
— Sim, em cinco anos de Hogwarts invadimos a Floresta Negra, a sala do Snape e o próprio Ministério, mas no sexto ano vamos apenas estudar! — concordou %Sam%, rindo enquanto negava com a cabeça.
— Quando foi que vocês invadiram a sala do Severo? — questionou Dora surpresa.
Rony, Hermione e Harry encararam a loira com os olhos arregalados.
— Que foi? Eu não sabia que era segredo!
— Pelo menos dessa vez vocês não perderam pontos. — Gina riu com o comentário.
— Só tentem não serem expulsos, lembrem-se que vocês ainda têm alguns anos para se formarem — acrescentou Sirius divertido com a conversa.
— E todos sabemos que Hermione não será tão legal como eu para acobertar as saídas de vocês fora do horário — relembrou Diggory, vendo %Sam%, Harry e Rony virarem-se para encarar Granger.
— Ah, mas agora que você não está mais em Hogwarts não tem por que a %Samantha% sair da Torre depois do horário, não é, %Sam%? — Gina cutucou-a com o cotovelo, vendo Sirius engasgar com a própria saliva, recebendo tapinhas nas costas dados por Ted, o qual achava a situação inteira muito divertida.
— Como é que é?
Diggory ficou roxo, mas a loira apenas encarou a mais nova, dando de ombros.
— Ginevra, se você quiser me constranger precisa mais do que insinuar que eu saía toda noite para beijar o Cedrico!
— Como é? — Black tornou, olhando de um para o outro.
— Olha, vocês vão voltar para Hogwarts, mas eu continuo vendo o Sirius toda semana, agradeceria se parassem com os comentários — pediu Cedrico, juntando as mãos como se implorasse.
— Muito bem, é melhor vocês embarcarem antes que o bonitão aqui tenha uma morte precoce! — disse Dora aos risos.
Diggory e Tonks se davam muito bem, se viam quase todos os dias no Ministério e também andavam juntos após o trabalho. Vez ou outra Dora dava algumas dicas de feitiços para ele, ajudando-o como podia. Além de saírem para beber algumas vezes para conversarem sobre coisas banais ou sobre o quão frustrada Ninfadora ficava sempre que Remus não entendia seus comentários ou fingia não entendê-los. Até o momento Cedrico era o único que sabia sobre os sentimentos da mulher pelo mais velho, e ela gostava de ter contado, Diggory era um bom ouvinte e conselheiro.
Despediram-se mais uma vez, abraçando todos antes de embarcarem, %Sam% virou para Cedrico, o qual fez menção de inclinar-se para beijá-la, mas viu Sirius parado encarando os dois de braços cruzados, por isso só suspirou e beijou-lhe a bochecha, vendo-a rir ao negar.
— Medroso! — sussurrou ao abraçá-lo apertado.
— Ele pode fingir que estava me treinando e me matar escondido, ok? — respondeu em meio a risadas. Antes de subir no trem, %Sam% deu a volta correndo, fazendo o grupo olhá-la confuso, achando que tinha esquecido algo, mas ela apenas aproximou-se puxando Cedrico pela camiseta, beijando-lhe os lábios rapidamente.
— Tchau, Ced!
Diggory sorriu de lado, passando a mão pelos cabelos quando ela se afastou.
— Eu não fiz nada! — Levantou as mãos, olhando para o pai da namorada que rolou os olhos.
— Graças a Merlin vocês vão passar alguns meses separados!
Esperaram o trem partir e, assim que virou a primeira curva, despediram-se uns dos outros antes de aparatarem para fora da estação.
Alastor Moody resmungou frustrado com o atraso do outro, reclamando ainda mais quando ele explicou que tinha ido até Kings Cross.
— O que estamos fazendo aqui é importante, Diggory, você pode beijar sua namorada mais tarde.
— Desculpe, não vai se repetir! — Sorriu sem graça, embora não estivesse nem um pouco arrependido de ter ido se despedir da garota, que só voltaria a ver dali há várias semanas, por poucas horas, em Hogsmeade.
— Muito bem, agora que você já sabe como usar o Animus Corpus, vamos dificultar as coisas: As Maldições Imperdoáveis. Já sabe usar alguma delas?
— Apenas em teoria — respondeu simples. Quando Olho-Tonto o encarou por alguns instantes sentiu-se um tanto ingênuo e burro por não ter se preparado para aquilo. — Desculpe.
— Não precisa se desculpar, Diggory — suspirou —, em tempos normais qualquer um que tenha acabado de se formar e não trabalhe como Auror não sabe nem a teoria de boa parte desses feitiços, mas não estamos em tempos normais, não é? Muito bem, se você já sabe o teórico, vamos ver se consegue o prático. Comecemos com o Imperius.
Cedrico concordou com a cabeça, segurando a varinha enquanto esperava que Moody utilizasse algum feitiço como das outras vezes nos quais ele pudesse praticar.
— É em mim que você deve usar essa maldição, Diggory. Não tenho como saber se está sendo eficiente de outro jeito. Muito bem, estou esperando!
Ele precisou de algumas tentativas antes de realmente conseguir acertar a mão, sentia-se mal por precisar uma Maldição em Olho-Tonto.
— Vamos lá, não se deixe apegar pelas aparências. E se eu fosse um Comensal da Morte? Alguém que você precisa enfeitiçar para conseguir algo importante? Vamos, Diggory!
— Império! — soprou, apontando a varinha para Moody.
O homem ainda o olhava exasperado por alguns instantes, esperando o ataque que Cedrico hesitava, mas logo sua expressão alterou para uma suave, quase infantil. O rapaz o encarou por alguns instantes, sorrindo sozinho ao reparar que finalmente tinha conseguido.
— Ahn… Dê uma pirueta! — pediu vacilando, sem saber o que fazer.
No instante seguinte, Moody virou-se numa pirueta um tanto desengonçada, fazendo o mais novo rir baixo. Pensou por um momento, passando a língua pelos lábios.
— Entregue-me sua varinha.
Moody, com as mãos trêmulas, fez o que o outro pediu.
Assim que a pegou, Cedrico baixou a própria, deixando de lançar o feitiço.
O mais velho piscou, balançando a cabeça.
— Muito bem, Diggory, inteligente. — Apontou para a varinha que estava nas mãos do outro. — Agora vamos para a outra parte da Maldição.
Cedrico arqueou a sobrancelha confuso.
— Que outra parte?
— A qual é você quem está sob a Maldição e deve evitar fazer o que eu mando — sorriu — e acredite, isso é muito mais difícil. Império!