Dez
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A garota passou a semana nervosa, principalmente por não conseguir se comunicar com Sirius e avisar o que estava acontecendo. Tinha medo que uma das cartas fosse interceptada e não poderia arriscar-se desse jeito. Harry parecia tão nervoso quanto, mas, diferente dela, não chegou a culpar Diggory por aquilo, mesmo que não gostasse tanto do lufano.
— Se ela colocou uma poção da verdade, não tinha o que ele pudesse fazer...
— Bem, se ele não tivesse dado chance ao azar, talvez isso não tivesse acontecido! — retrucou nervosa.
A solução foi, mesmo que arriscada, tentar enviar uma carta para os Tonks, aproveitando para tentar avisar que Dora também poderia estar sendo monitorada.
Olá, família,
No geral está tudo bem aqui, com exceção da Cara-de-Sapo. Umbridge segue insuportável como sempre, não vejo a hora dela sumir desse lugar — e os sonserinos também.
Infelizmente Dumbledore fugiu e agora estamos sendo todos monitorados 24 horas, E TORTURADOS TAMBÉM, eu juro que se eu ficar com essa cicatriz feia na minha mão eu vou divulgar isso para os outros jornais que não seja o Profeta Diário! Se me dissessem que ela trabalha com Você-Sabe-Quem eu acreditaria no mesmo instante. Completamente surtada!
Acredita que ela está usando Veritaserum nos alunos?
Cedrico foi o primeiro que ela enganou e fez ele contar todos os segredos que ele sabe. Se duvidar agora ela sabe até que ele tinha um cachorro escondido dos pais dele!
Eu aposto que tem alguma regra sobre isso ser ilegal, mas é claro que ninguém faz nada pois esse Ministério só sabe monitorar os funcionários mesmo, coisas boas o Fudge não sabe fazer.
Queria que as férias chegassem logo.
Manda um beijo para o Almofadinhas!
Nos vemos em algumas semanas,
Beijos, amo vocês!
%Sam%.
Com o passar das semanas, não tiveram notícias sobre Sirius, o que significava que eles tinham entendido seu recado. Potter parecia ainda mais chateado, pois o padrinho era o único com quem se comunicava por cartas regularmente, e agora não recebia corujas de ninguém, embora %Sam% sempre lhe mostrasse um pedaço das cartas que recebia dos Tonks, as quais tinham alguma nota para Harry, escrita por Sirius.
A entrevista que Harry tinha dado para O Pasquim para contar em detalhes a volta de Voldemort havia finalmente saído. E, mesmo com o Ministério tentando inviabilizar a matéria, muitos bruxos tiveram acesso à mesma, duvidando cada vez mais da palavra de Fudge e do Profeta Diário. As pessoas estavam com medo, mas estavam aos poucos acreditando e se protegendo.
Nesse meio tempo, Cedrico acabou por fazer as únicas coisas que podia: dedicou-se aos estudos, querendo garantir suas boas notas no NIEM’s e ao Quadribol, conseguindo finalmente deixar seu time em primeiro lugar no final do campeonato. Tinha obviamente comemorado a vitória junto com os colegas, mas teve uma sensação meio agridoce com o final. Primeiro pelo jogo contra a Grifinória ter sido completamente estranho, a começar por %Samantha% não estar jogando (tendo sido substituída por Gina Weasley) e para completar, Potter e os gêmeos Weasley haviam sido expulsos do time após uma briga com Malfoy — Umbridge e Snape pareceram bastante contentes com aquilo.
No último jogo do Campeonato contra a Sonserina, ganharam de 320 x 170 e embora a diferença para a Grifinória tenha sido de apenas 80 pontos, foi o suficiente para vencerem pela primeira vez em 60 anos.
Algo que o ajudou a sentir-se ainda melhor foi quando %Samantha% o encontrou sozinho e foi cumprimentá-lo pela vitória. Ali ele sentiu que as coisas ainda poderiam dar certo entre eles e precisou fazer força para não parecer idiota na frente dela, sorrindo por receber um elogio.
— Obrigado — disse, mantendo um sorriso nos lábios, mais feliz ainda por ter sido ela a procurá-lo depois de quase dois meses em que estavam em um clima estranho. Queria abraçá-la, mas não sabia se deveria, mas quando a garota se aproximou o suficiente para um abraço rápido, aproveitou para também dar-lhe um beijo no rosto.
— Finalmente os dias de glória da Lufa-Lufa! — brincou, vendo-o rir ao concordar. — Primeiro o Tribruxo, agora a Copa de Quadribol. Quem diria!
— Não que eu tenha ganhado o Torneio ano passado — relembrou, vendo-a dar de ombros. — E seu pai? — perguntou em voz baixa, tomando cuidado para ninguém escutá-los.
— Está tudo bem, ele está em segurança — contou, parecendo sem jeito por um momento. — Acho que te devo desculpas, não é?
Diggory arqueou a sobrancelha, colocando as mãos no bolso da calça, negando com um aceno.
— Se eu estivesse no seu lugar, provavelmente teria feito pior do que gritar.
— Eu, sinceramente, duvido. — Sorriu pequeno. — E não foi sua culpa, não tinha como você saber, não é? Sei que em uma situação normal não teria dito nada. Sinto muito.
O lufano tornou a abraçá-la, por mais tempo do que da primeira vez.
— Não tenho nada para desculpar, está tudo bem.
Começaram a andar juntos pelo corredor em direção ao Salão Principal para almoçarem.
— E como estão as coisas com a Umbridge agora?
%Sam% deu de ombros.
— Acho que finalmente desistiu de esperar que eu aparecesse na sala dela para alguma punição, até pontos ela parou de tirar da Grifinória…
— E tem conseguido estudar sem participar das aulas dela?
— Sim, provavelmente estou melhor sem as aulas dela. — Riu baixo, vendo-o concordar.
— Isso eu tenho certeza, não tem servido pra nada. Se precisar de alguma ajuda para estudar… — ofereceu, tentando parecer sutil, embora desejasse que ela concordasse para que pudessem voltar a passar um tempo juntos.
%Sam% o encarou por um instante, olhando para os lados antes de dizer-lhe em voz baixa:
— McGonagall e Flitwick têm me ajudado a estudar durante esse tempo, mas pediram para eu não contar pra ninguém. Hermione surtaria se soubesse!
Diggory pareceu surpreso por um segundo, sorrindo em seguida ao garantir que manteria o segredo, feliz por ela ter confiado em algo que aparentemente não havia contado nem para os amigos.
— Você talvez tenha a melhor nota da escola nos NOM’s de DCAT! — brincou, vendo-a rir ao concordar.
— E você, preparado para os NIEM’s? São na próxima semana também, não é?
— Tudo em ordem, não passei os últimos sete anos sendo o melhor aluno do meu ano para errar agora. — Piscou divertido.
— Ficaria surpresa se estivesse preocupado — respondeu, acenando ao despedir-se assim que passaram a entrada do Salão, andando em direção às mesas de suas Casas.
Não haviam conversado muito e não era nem de perto a proximidade que Cedrico gostaria, mas havia sido o suficiente para melhorar o seu humor das últimas semanas.
A semana de NOM’s e NIEM’s, como todos imaginavam, vinha sendo um tanto estressante para todos os alunos que estavam prestando os testes, mas até então nada fora do normal havia acontecido. Black, Potter e Weasley tinham plena consciência que suas notas não seriam tão boas quanto as de Granger, mas pareciam bastante satisfeitos com seus desempenhos até o momento. Harry havia se saído muitíssimo bem na prova de Defesa Contra as Artes das Trevas, tendo certeza que seria sua melhor nota. Rony também estava confiante em uma boa nota e, enquanto riam de Hermione — que embora tivesse ido bem não conseguiu passar pelo Bicho Papão (Minerva dizendo que a morena havia reprovado em todos os exames), os três sabiam que ela não precisava realmente se preocupar. Foi quando viram %Samantha% sair do teste sorrindo confiante que Granger desconfiou que ela pudesse ter aprontado alguma coisa.
— É claro que não — rolou os olhos, não deixando de sorrir —, talvez não seja a melhor nota de todas, mas só de ver a cara da Umbridge quando eu terminei o teste já foi o suficiente para ganhar meu ano!
— E eu posso saber como você se sairia tão bem sem ter participado das aulas dela?
— Talvez seja justamente por isso — Rony respondeu pela loira —, estávamos provavelmente em desvantagem todo o semestre ao ter que aguentar a Cara de Sapo!
— Estou falando sério, Ronald — Hermione cortou, voltando a encarar a amiga. — Como você pode ir tão bem se não esteve nas aulas? Você detesta estudar.
— Mas estudo mesmo assim — rebateu. — Que diferença faz para você se eu fui bem ou não? Não é como se fosse afetar as suas notas, Mione.
— Eu só acho muito estranho… Você tem certeza que não deu um jeito de colar?
— E como é que eu faria isso?
— Tem várias coisas que eu me pergunto como vocês conseguem fazer — viraram-se ao ouvir a voz de Minerva próxima a eles —, mas felizmente dessa vez eu posso garantir à Srta. Granger que não tem nada a ver com quebrar as regras — disse, olhando para Mione. — Com tudo o que aconteceu nestes últimos meses, Filio e eu decidimos ajudar a Srta. Black a estudar para evitarmos mais problemas envolvendo-a — contou, a garota abriu a boca completamente surpresa. — Isso, é claro, foi uma exceção e não esperamos repetir com nenhum outro aluno — Minerva explicou, então olhando para a loira por um momento. — Espero que tenha ido realmente bem para ter valido o nosso tempo!
— Pode apostar que sim, Professora.
A mais velha acenou com a cabeça, logo afastando-se do grupo.
— Como foi que você não disse isso antes? — Harry foi o primeiro a perguntar.
— Eles pediram para guardar segredo, justamente para não correr o risco de todos os alunos quererem abandonar as aulas da Umbridge.
— Faz sentido — concordou Rony ao começarem a andar para jantarem antes da próxima prova na Torre de Astronomia. — Todo mundo iria sair!
— Eu já tinha vontade de sair mesmo sem saber disso — concordou Harry, olhando de canto para Mione que seguia calada. — Pensando nos exames?
A morena seguiu em silêncio, atordoada com a ideia de que enquanto ela teve que aturar Umbridge — que claramente era uma péssima professora —, %Samantha% havia sido (em sua opinião) recompensada ao ter aulas particulares com McGonagall e Flitwick, mesmo tendo perdido tantos pontos para a Grifinória e desistido de uma das aulas obrigatórias.
Sentindo o debate interno da amiga, %Sam% relembrou o motivo para tanto:
— Era isso ou eu provavelmente seria expulsa de Hogwarts porque se não atingisse notas mínimas no NOM’s, Umbridge usaria isso contra mim, além é claro dos outros alunos já pedindo a minha cabeça. — Então virou-se para encarar Granger. — Se eu tivesse apenas abandonado as aulas ou perdido pontos sem motivos, Minerva provavelmente seria quem me expulsaria da escola ou pelo menos me deixaria o ano todo de castigo. Só se solidarizaram comigo pela matéria no Profeta, tenho certeza.
Hermione pareceu pensar a respeito, embora parte de si ainda achasse um tanto quanto injusto, já que ela sempre seguia as regras e ainda assim não tinha oportunidades de aulas particulares com os professores, entendeu o motivo. Concordando com a cabeça e resolvendo deixar o assunto para lá para focar no próximo exame.
No dia seguinte, após toda a confusão envolvendo McGonagall, Umbridge e outros bruxos do Ministério, %Samantha% estava quase dormindo em cima do pergaminho, não fazia ideia do que estava escrevendo, nem mesmo se lembrava de ter estudado aquela parte sobre a Revolução dos Duendes, procurando mais a fundo, teve um rápido flashback de Hermione brigando com ela e Harry por estarem jogando snap explosivo ao invés de estudarem, o que, agora, parecia realmente uma péssima ideia, mas os dois acharam que mereciam um descanso depois de tantas horas de estudo.
Olhou para o lado vendo Potter extremamente confuso e parecendo tão sonolento quanto ela. Duas cadeiras mais à frente, viu Rony praticamente babando em seu pergaminho, por outro lado, Hermione estava escrevendo freneticamente, deixando-a ainda mais nervosa.
Após aquele momento em que se distraiu vendo os amigos, tudo pareceu acontecer muito rápido; em um momento estava tentando focar-se em inventar alguns nomes para não deixar a questão em branco e no outro ouviu fortes barulhos vindos de fora da sala. Umbridge, sentada no centro do Salão Principal na cadeira que pertencia a Dumbledore, levantou-se hesitante quando os barulhos aumentaram. Gritou uma ou duas vezes para os alunos tornarem a prestar atenção na prova, mas todos viraram-se quando um novo barulho, parecido com um tiro de canhão, foi ouvido.
As paredes do Salão pareciam tremer com o barulho e quando Umbridge abriu a porta, Fred e Jorge entraram voando pela sala soltando feitiços e jogando alguns de seus logros. Pergaminhos voaram enquanto os alunos gritavam, aplaudindo a confusão que se formava. Dolores tentava pará-los sem sucesso e, em determinado momento, os gêmeos lançaram uma espécie de dragão de fogo que correu pela sala em direção à diretora.
Cedrico, como esperado, não teve qualquer problema com suas avaliações, tinha certeza que sua melhor nota seria em Transfiguração, principalmente ao ver McGonagall sorrir para ele quando terminou sua demonstração. Também tinha ido muito bem em Feitiços, Aritmancia, Poções e Defesa Contra as Artes das Trevas, mas sentia que não tinha dado o seu melhor em Astronomia, porém nada que o preocupasse muito, assim que terminasse sua prova de Runas Antigas estaria oficialmente encerrando seu tempo em Hogwarts. Era uma sensação e tanto pensar naquilo, mas no momento Diggory tentava se concentrar em responder a última parte de seu teste, pelo menos até começar a ouvir uma gritaria vinda do andar inferior. Explosões e mais gritos e, logo depois, palmas e ovações.
Virou-se para a examinadora, que também parecia confusa com o que estava acontecendo, levantando-se para ver mais de perto. O grupo com pouco mais de vinte alunos, já que Runas Antigas era uma matéria opcional, deixou o teste de lado olhando para a porta e esperando alguma explicação sobre o ocorrido.
— Mas… o quê?
— Olhem! — gritou um dos alunos, apontando para a janela.
Todos levantaram-se ao verem fogos de artifício explodindo no céu e um grupo de alunos correndo para os jardins. Cedrico logo reconheceu os gêmeos Weasley com suas vassouras a vários metros do chão, enquanto jogavam mais alguns feitiços, animando os quintanistas. Diggory procurou com o olhar, não demorando para reconhecer %Samantha% com seus cabelos extremamente loiros ao lado dos amigos, parecendo tão animada quanto os demais.
— Sem nenhum controle… — A examinadora dizia, também prestando atenção na confusão. — Alvo jamais deixaria uma coisa assim acontecer… Muito bem, voltem para seus exames, vocês têm mais quarenta minutos.
Mesmo que contrariados, o grupo de alunos voltou aos seus lugares, tentando retomar a concentração no teste o que já era difícil, especialmente com a gritaria que continuava do lado de fora.
Cedrico estava curioso para saber o que acontecia, sorriu sozinho ao pensar que isso com certeza seria o suficiente para puxar assunto com Black por um bom tempo. Achava que estava na hora de eles voltarem a ser amigos, queria ter sua companhia de volta, mesmo que ainda não pudesse beijá-la.
Voltou a olhar sua prova, muito mais motivado para terminá-la de uma vez e ficar livre dos testes.
O plano de Diggory de assim que terminasse sua prova procurar %Sam% e conversar sobre o que tinha acontecido, não saiu tão bem quanto o esperado. Após entregar os dois pergaminhos sentindo-se bastante aliviado por finalmente ter terminado as provas e um tanto nervoso ao lembrar-se de que, em menos de duas semanas, Hogwarts terminava oficialmente para ele, procurou Black pelo Salão Principal, mas não a encontrou. Perguntou para alguns alunos da Grifinória, mas nenhum deles parecia tê-la visto. E os outros três amigos da loira também não estavam à vista.
Pensando que ela tivesse voltado para o Salão Comunal, Diggory voltou para o Salão da Lufa-Lufa aproveitando para tomar um banho antes do jantar, poderia conversar com ela depois da refeição, talvez para relembrarem algumas das noites que ficaram depois do horário em alguma sala vazia conversando sobre assuntos diversos ou apenas aproveitando o tempo que tinham juntos.
Cedrico suspirou reparando na falta que sentia da garota, desde as conversas bobas que tinham até os beijos que davam quando estavam completamente sozinhos. Foi só quando o jantar estava terminando e ele ainda não a tinha visto, o que já tinha o deixado um tanto preocupado, que Diggory começou a ouvir alguns comentários;
— Eles foram pegos pela Umbridge, invadiram o escritório dela durante a confusão com os Weasley!
— Falaram que eles estavam tentando conversar com Dumbledore!
— Foram até a Floresta Negra e não voltaram mais!
— Longbottom, Di-Lua e a garota Weasley também foram pegos!
— Black azarou o Malfoy!
Quando ouviu a última frase, o que não parecia nem um pouco improvável, Diggory passou a observar a mesa da Sonserina procurando por Draco, mas não o encontrando. Tinha algo muito errado acontecendo e ele não fazia ideia do que poderia ser. Não parecia nem um pouco estranho os quatro tentarem invadir o escritório de Umbridge, mas não fazia ideia do motivo que os levaria a fazer aquilo. Alguma coisa muito séria precisava ter acontecido para chegarem àquilo, mas o que seria?
Levantou-se de sua mesa ignorando as demais conversas dos amigos, procurou com os olhos na mesa dos professores, mas também não encontrou Snape ou McGonagall, talvez um dos professores soubesse o que estava acontecendo… Procurou inicialmente Minerva, mas a bruxa não estava em nenhum canto do castelo. Decidiu procurar por Snape, encontrou-o em sua sala, escrevendo em um pedaço de pergaminho.
— Senhor…?
— O que quer, Diggory?
— Desculpe, estava procurando a Prof. McGonagall e…
— Minerva foi levada ao St. Mungus ontem à noite após ser Estuporada — disse, sem se importar em dar muitos detalhes. Diggory sentiu o próprio queixo cair com a informação incompleta. Quem poderia ter atacado a professora? — O que precisa?
— Ah… Eu soube… Eu ouvi… — começou não sabendo bem o que dizer, ainda atordoado com a ideia de Minerva McGonagall no St. Mungus. — Está tudo bem?
Severo rolou os olhos impaciente antes de levantar-se e andar a passos largos pela própria sala em direção à saída. Por um momento Cedrico teve certeza que o professor o mandaria sair, principalmente quando o agarrou pelos ombros, mas ao invés disso, saiu junto com o lufano descendo rapidamente as escadas.
— Potter teve uma falsa visão, acha que o Lorde das Trevas tem Black junto dele.
— O quê?
— Black é irresponsável, não seria surpresa nenhuma ser capturado — resmungou —, porém desta vez foi uma falsa visão, mas é claro que arrogante como Potter é, não sabe disso e nem considerou essa possibilidade.
— Então… Eles estão na Floresta como falaram?
— Não — negou em tom baixo, ainda o puxando pelo ombro. — Eles estão no Ministério.
— Eles… O quê?
— Foram para Londres, imagino que sete adolescentes sejam o suficiente para derrotar Comensais da Morte, não é mesmo? — comentou ironicamente.
— É uma emboscada!
— Me surpreende que para um aluno tão inteligente você tenha demorado tanto para entender algo tão simples, Diggory — Snape replicou áspero.
O lufano ignorou o comentário, estava preocupado demais com o que estava acontecendo para ligar para o professor o chamando de idiota.
— Como faço para chegar até lá? — perguntou de repente. Snape o encarou. — No Ministério…?
O bruxo rolou os olhos, abrindo a porta da sala de Umbridge.
— Você não vai, a esta hora a Ordem já está lá.
— Sirius…?
— Obviamente, ele gosta de chamar atenção.
Diggory sentiu o coração acelerar, não tendo ideia do que poderia fazer para ajudar de alguma forma, uma sensação ruim dentro de seu peito. Não tinha como aquilo acabar bem, eles não podiam lutar contra Comensais da Morte. E se o próprio Voldemort aparecesse? E se, de fato, pegassem Sirius? E, pior ainda, se algo acontecesse com %Samantha%?
Como tinha sido tão burro de não ter percebido que tinha algo errado antes?
Talvez se não tivesse sido idiota o suficiente durante o ano inteiro, %Sam% não teria terminado com ele e ela teria contado o que estava acontecendo antes de invadirem o escritório da diretora ou antes de irem ao Ministério. Nunca se perdoaria se algo acontecesse com ela ou mesmo qualquer um dos outros, sabendo que talvez pudesse ter ajudado de alguma forma.
Snape o empurrou em direção a cadeira mais próxima, dando a volta e sentando-se na cadeira da diretora.
— O que…?
— Só nos resta esperar por notícias da Ordem.
Talvez se a perguntassem o que tinha acontecido mais tarde, %Samantha% não soubesse explicar. Tinha sido tudo uma confusão de cores e feitiços, a última coisa que se lembrava com exatidão era de ter entrado para fazer a última prova do ano, depois daquilo nada parecia fazer sentido.
Em um momento estava rindo com os amigos por causa dos gêmeos, no outro Harry tinha tido uma visão de Sirius sendo torturado. Em um instante estavam invadindo a sala de Umbridge e no outro ela tinha azarado Draco (esperava que o deixasse inconsciente por dias), depois disso encontraram com Harry e Hermione saindo da Floresta Negra e, então, voaram para Londres em Testrálios, o que era ainda mais estranho já que nem mesmo conseguia ver no que estava montada.
E ao chegarem ao Departamento de Mistérios a verdade veio à tona: era tudo mentira.
Sirius nunca esteve em perigo, mas agora eles estavam cercados por Comensais da Morte!
Lembrava-se vagamente de ter gritado alguns feitiços, de ter acertado um ou outro Comensal, mas nada que fosse o suficiente para deixá-los em segurança.
Harry tinha a profecia em suas mãos, mas nenhum deles tinha um plano para escapar.
Estavam cercados e nada podiam fazer sobre aquilo.
Porém, a maior surpresa daquela noite foi quando o capuz de um dos Comensais caiu e, assim que olhou em sua direção, %Samantha% a reconheceu, Victoria Lestrange Black estava parada diante de seus olhos.
A mulher loira de olhos claros a encarou por alguns instantes, não parecendo nem um pouco surpresa de encontrá-la ali, apenas indiferente.
— Mamãe e filha estão juntas, é? — Bellatrix riu ao notar as duas se encarando.
No momento seguinte estavam todos presos e sem suas varinhas, enquanto Harry parecia não ter outra escolha a não ser entregar a profecia.
E tudo voltou a acontecer muito rápido mais uma vez: Sirius apareceu, saindo do véu logo atrás de Harry e no momento seguinte a Ordem estava quase inteira ali.
Seu pai a puxou junto com Harry para o canto, pedindo para manterem-se escondidos enquanto os adultos tomavam conta do resto. Permaneceram olhando todos os duelos que aconteciam por alguns minutos e %Sam% logo viu seu pai olhar em direção a Victoria, do outro lado da sala, duelando com Dora! E então Sirius tomou o lugar da sobrinha. O casal se encarou por alguns instantes até Sirius sorrir irônico.
— Como está, meu amor?
Victoria sorriu da mesma forma, os olhos brilhando.
— Muito melhor do que você, querido, os anos em Azkaban não te fizeram muito bem, não é?
— Nem a você — respondeu no mesmo tom antes de erguer a varinha, uma luz vermelha saiu da mesma em direção à mulher que desviou com facilidade, logo devolvendo o ataque.
%Sam% assistiu sua mãe e seu pai duelarem, ignorando completamente o que acontecia ao redor, defendendo-se e atacando em um piscar de olhos.
— Esse é o tipo mais estranho de briga de casal que eu já vi na minha vida — comentou Luna ao seu lado.
Neville gritou quando Dumbledore apareceu, os Comensais pareceram ainda mais nervosos, incluindo Victoria que se distraiu por um instante, sendo atingida por um feitiço estuporante lançado por Sirius no momento seguinte, caindo desacordada.
Sirius olhou ao redor, vendo Dora duelando com Bellatrix, deu um passo para ajudar a sobrinha, mas logo notou que algo não estava certo; Lestrange sorria como uma psicopata, o que seria normal se o bruxo não a conhecesse tão bem, tinha algo a mais ali. E ele estava certo.
Bellatrix nocauteou Dora e virou-se para Sirius, mas não foi para ele que seu feitiço foi lançado, no último momento ela virou-se, apontando na direção de %Samantha%.
Sirius gritou quando notou o que acontecia, mas não foi rápido para evitar que sua filha fosse atingida. Harry ainda tentou puxá-la para o lado quando viu o raio, mas não foi rápido o suficiente; a garota foi lançada vários metros ao ar, caindo com um baque forte no chão.
Bellatrix gargalhou antes de esquivar-se de outros feitiços, derrubando Remo e correndo escada acima, escapando de Dumbledore no caminho.
Potter encarou %Sam% caída, desacordada, seu coração bateu acelerado, o medo espalhando-se por seu corpo. Seus olhos recusando-se a registrar a imagem com o medo do que aquilo poderia significar. A garota não se mexia, tinha tanto sangue…
Sirius correu em direção à filha ignorando todo o resto, lágrimas já inundando os olhos do homem. Harry virou-se na direção das escadas, vendo Bellatrix no topo enquanto os demais Comensais estavam presos ou desmaiados.
Pulou por sobre Rony que estava encolhido no caminho, pisando na mão do ruivo sem querer, antes de sair em disparada atrás de Bellatrix. Se algo acontecesse com %Sam%… Era tudo culpa dela! Não, a culpa era dele mesmo por ter caído naquela armadilha! Mas não deixaria Lestrange sair impune.
Sirius alcançou a garota puxando-a para seus braços e tirando parte dos cabelos loiros caídos por sobre o rosto desacordado da menina. Limpou parte do sangue que escorria, tentando estancá-lo com medo de tentar sentir o pulso da menina.
Chacoalhou-a devagar nos braços, chamando seu nome sem ter qualquer resposta.
Hermione tinha as mãos no rosto, lágrimas caindo incessantes por seus olhos, assim como de Luna e Gina. Neville e Rony olhavam para a cena sem saber o que dizer ou fazer. Quim aproximou-se aflito, enquanto Moody acordava Remo e Ninfadora, assim como o grupo de Comensais que havia sido estuporado, amarrando-os juntos.
Victoria pareceu demorar alguns instantes para entender o que acontecia, sua cabeça latejando, seu olhar logo preso da reação assustada de todos os membros da Ordem que encaravam Sirius Black agachado ao canto, segurando alguém em seus braços. No segundo instante reconheceu os cabelos loiros que o ex-marido afagava.
— Ela está morta? — questionou em voz alta, sendo ignorada por todos.
— Bellatrix — Lucius disse ao seu lado, em um sussurro audível apenas para ela.
Dumbledore deu passos largos em direção à garota, embora parte de si quisesse ir atrás de Potter, sabendo o que poderia estar acontecendo no outro andar. Ajoelhou-se ao lado de Sirius, o homem mais pálido do que ele jamais havia visto.
— Eu não… Eu não consigo sentir o pulso… — soprou com a voz embargada, enquanto encarava o mais velho. — Ela não tem pulso… Dumbledore… Por favor…
Diggory roía as unhas, ansioso. Balançava o pé tentando conter um pouco da aflição que sentia, do nervosismo. Pareciam horas intermináveis sem qualquer notícia do que estava acontecendo, sem saber se estavam todos bem, sem saber se %Sam% estava bem. Já estava escuro, era o meio da madrugada e eles ainda não tinham notícias.
Snape parecia entediado, aproveitando para ler um livro que estava sobre a mesa, estava quase na metade quando ouviu um estalo vindo da lareira às suas costas.
Severo e Cedrico viraram-se ao mesmo tempo para ver o que era, logo a voz de Quim fez-se presente no meio das chamas azuladas.
— Voldemort não conseguiu a profecia — começou com a voz grave. Diggory levantou-se de sua cadeira se aproximando e agachando-se em frente a lareira.
— Tá todo mundo bem? — perguntou nervoso, o coração acelerado.
Quim ficou em silêncio antes de começar a responder.
— Duelamos com os Comensais, Bellatrix estava entre eles. — Aguardou alguns instantes para continuar, parecendo não saber o que dizer, Diggory sentiu a mão tremer e o ar faltar.
— Perdemos alguém? — questionou Severo finalmente.
— %Samantha% foi levada ao St. Mungus desacordada, ainda não sabemos seu estado.