Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XXXIII

Tempo estimado de leitura: 36 minutos

  O período da manhã na segunda feira passou bem tranquilo. Eu tive que enfrentar o mau humor de Brigitte durante a aula em grupo, mas ela não tentou me matar nem nada parecido. E eu também estava me sentindo bem mais confiante após ter passado a noite do sábado com Zayn e também boa parte do domingo, já que ele acabou aparecendo lá em casa com filmes e pipoca. Teria sido mais romântico se Louis, Harry e Liam não tivessem se auto-convidado para a nossa seção de cinema, mas ainda assim foi muito bom. O fato é que eu estava bem feliz e nada parecia conseguir me abalar. Dizem que depois da tempestade vem a calmaria, certo? Eu estava naquela calmaria durante tanto tempo que começava a me preocupar se aquela teoria poderia funcionar ao contrário. Bem, teria que esperar pra ver e não ficaria pensando nisso.
  %Abi% disse que estava com saudades de me dar carona, por isso foi me buscar em casa pela manhã e prometeu que me levaria aonde eu quisesse aquele dia. Além de me divertir muito no carro com ela, eu pouparia a gasolina e o meio ambiente. Na hora do almoço nós duas encontramos os nossos respectivos namorados e resolvemos ir para o apartamento de Niall, só pra variar um pouco a rotina. Era a primeira vez que eu ia ate aquele lugar e gostei muito. Não era muito espaçoso e continha apenas uma cozinha, sala e um quarto com banheiro. Como ele morava sozinho, o tamanho era ideal. O que achei mais divertido é que a decoração era bem irlandesa; almofadas com estampa de trevo, a própria bandeira do país emoldurada na parede, algumas fotos dele na casa dos pais... O loiro realmente tinha orgulho de ser de onde era.
  Os meninos cozinharam o nosso almoço e não tocaram fogo no apartamento, o que já foi bom demais. Além disso, a comida ficou bem saborosa. Não era nada muito elaborado, mas as coisas boas da vida estão nos detalhes mais simples. %Abigail% me ajudou a tirar a mesa e colocar os pratos sujos e panelas na pia da cozinha, mas assim que ameacei mandar ela fazer outra coisa, a ruiva escapuliu. Ou seja: O trabalho sujo, literalmente, sobraria pra mim. Arregacei as mangas longas da minha blusa e me contentei com o meu triste destino.
  - Ainda está lavando pratos, babe? – Zayn entrou na cozinha e eu o olhei de cara feia.
  - Eu poderia ter terminado se alguém resolvesse me ajudar! – Bufei e terminei de lavar uma panela que me deu muito trabalho. – Não entendo porque eu tenho que fazer tudo isso sozinha!
  - O trato foi esse! Quem cozinha não limpa. – Veio até o meu lado e encostou-se ao balcão.
  - Engraçado, porque eu não lembro da %Abi% cozinhando!
  - Até parece que você não conhece a cabecinha de fogo. – Riu, mas tinha razão. Esperar que %Abi% arriscasse quebrar uma de suas unhas seria o mesmo que esperar neve em setembro.
  - Uma garota pode sonhar, né? – Dei de ombros com um sorriso. Eu não conseguiria me livrar da tarefa doméstica. – Aliás, onde o casal se meteu?
  - E você ainda pergunta? Eles foram ter um momento sozinhos. – Disse com um sorrisinho insinuante e se aproximou mais um pouco. – Acho que deveríamos ter o nosso...
  - Claro! Quando eu terminar aqui podemos ter todos os momentos que você quiser!– Olhei pra ele e sorri cínica. – Se você me ajudasse eu terminaria mais rápido...
  - Então eu ajudo! – O sorriso que ele ainda mantinha no rosto me deixou bem desconfiada, mas resolvi tentar ignorar. Qualquer ajuda seria bem vinda.
  - Eu já estou ensaboando, então você pode enxaguar...
  Tentei passar um prato cheio de sabão para Zayn, esperando ele ficar ao meu lado esquerdo. Para minha surpresa, ele ficou atrás de mim, com o corpo bem colado ao meu. Rolei os olhos divertida, tentando imaginar o que ele estava planejando fazer. Afastou os meus cabelos para um lado do pescoço e deixou o outro bem livre. Primeiro encostou os lábios no meu ombro e os arrastou ate a base do meu pescoço. Eu fechei os olhos inconscientemente e quase derrubei o prato que estava na minha mão. Um arrepio percorreu a minha espinha assim que Zayn escolheu um lugar no meu pescoço e começou a beijar não tão delicadamente. Ficava cada vez mais difícil resistir e eu tive que me apoiar no balcão em minha frente, já que meus joelhos ficaram trêmulos.
  - Zayn... – Tentar fazê-lo parar não era bem o que eu queria, mas ainda tinha que terminar de lavar a louça.
  - Shhh... – Sussurrou na minha orelha e... E... Qual é o meu nome mesmo?
  “Ponto fraco, ponto fraco!” Era o que cada poro do meu corpo gritava. Uma descoberta assim não passaria despercebida, então Zayn sorriu orgulhoso. Suas mãos tocaram a lateral do meu quadril, apertando de leve. Continuou com os lábios perigosamente perto do meu ouvido e rodeou-o com a pontinha da língua. Eu já não sabia mais o que fazer, as minhas mãos não me obedeciam mais e pouco me importava. Larguei a esponja em qualquer lugar e deixei o prato ensaboado em cima dos outros. Inclinei ainda mais o pescoço e suspirei alto. Mordi o meu lábio inferior para suprimir algum barulho mais intenso, mas Zayn não parecia satisfeito. O menino mordiscou o lóbulo da minha orelha e voltou a descer a boca pelo meu pescoço, mudando de caminho e seguindo para o meu maxilar. Enquanto distribuía alguns beijos, começou a me girar tão lentamente que eu quase não percebi até estar de frente pra ele. Abri os olhos e vi algo diferente nos olhos do meu namorado; desejo. Acabei sorrindo com aquilo mesmo sem saber muito bem como reagir.
  Meus instintos falaram mais alto e eu o puxei pela nuca com urgência. Minhas mãos estavam molhadas, mas eu não me importei e muito menos ele. Encaixei os nossos lábios e retribuí quando Zayn comandou um beijo cheio de paixão e fogo. Nossas línguas pareciam brigar uma com a outra e eu não acho que alguma poderia sair vencedora. Finquei as unhas na nuca do mesmo e ele mordeu o meu inferior por reflexo. A mordida que levei foi um tanto forte e chegou a doer, mas isso não nos fez parar. O gosto de sangue que preencheu os nossos lábios indicava que ele havia me cortado, mas aquilo só nos fez aumentar a intensidade do beijo. Agora ele passeava as mãos pelas minhas costas e pressionava-me contra o balcão. Minha mão direita se perdeu nos cabelos do moreno e os puxou com certa força. Isso foi o suficiente para que Zayn me levantasse com um impulso e me colocasse sentada sobre a bancada da pia. Já eu, o envolvi com as pernas pela cintura e o prendi ali, sentindo todo o contato que eu precisava. Separei o beijo assim que meu lábio começou a doer demais, mas não paramos por ali. Ele gostou de me provocar? Ótimo, mas eu também sabia fazer isso.
  Abri o zíper do casaco que ele usava e o derrubei por entre os ombros do mais alto. Zayn me olhava com luxúria e eu sorria maliciosamente. Como a camisa xadrez que ele estava usando aquele dia era de botões, eu resolvi brincar com eles. E com “brincar” eu quero dizer: Comecei a abrir de um por um, começando de cima pra baixo e beijando cada centímetro de pele que eu ia descobrindo. Arrastei a língua pela base do pescoço, o que o fez jogar a cabeça para trás e apertar as minhas coxas. Usei todo aquele contato para apertá-lo ainda mais entre as minhas pernas e beijei a tatuagem de caveira que Zayn tinha bem próxima ao peitoral. Eu já estava no terceiro botão e pretendia continuar se não tivesse escutado um barulho alto de algo se espatifando no chão. Zayn também se assustou, por isso nós dois acabamos parando tudo que estávamos fazendo para olhar em volta.
  Constatamos que algum de nós havia batido em um copo de vidro que estava perdido por onde eu estava sentada e ele foi ao chão. Acho que aquela interrupção veio em boa hora e serviu para que nós dois retomássemos a consciência. Não estávamos sozinhos naquela casa e poderíamos ser flagrados a qualquer momento. Acabei rindo e Zayn beijou o topo da minha testa, ainda meio desconcertado.
  - O que houve? Vocês estão bem? – Niall apareceu correndo na cozinha, provavelmente preocupado por causa do barulho.
  - %Tah%, você... – %Abi% chegou logo atrás, mas parou de falar assim que me viu sentada na bancada e Zayn quase sem camisa. O pior foi o sorrisinho que ela sustentou. – Entendi tudo.
  - Não entendeu nada! – Senti as bochechas tomarem um tom avermelhado e saltei de onde estava sentada.
  - Eu te ajudo a limpar isso... – Zayn falou para Niall, também querendo mudar o rumo da conversa. Trocamos alguns olhares significativos antes que eu passasse pela porta da cozinha e fosse até a sala.
  - %Star%, espera! – %Abi% me seguiu com pressa.
  Eu tentava me preparar para a conversa que estava prestes a ter com %Abi%, pois ela não deixaria aquela oportunidade passar. Se tem algo que ela gostava de fazer, era de me constranger. Passei a mão pelos cabelos, tentando colocá-los no lugar. Também arrumei a minha blusa, pois ela havia subido consideravelmente. Fui até o sofá de três lugares e me sentei na ponta. %Abigail% se jogou no espaço ao meu lado e me olhou como se esperasse noticias.
  - O que foi? – A encarei de volta, fingindo que nada havia acontecido.
  - Como assim o que foi? – Arregalou os olhos. – Antes você corria dele e agora os dois ficam se agarrando por aí?
  - A coisas mudam. – Dei de ombros, mas o olhar que recebi da ruiva me fez entender que não era explicação suficiente. – Eu não estou mais tão paranoica quanto antes...
  - Isso é ótimo, %Tah%! – Bateu palminhas animadas. – E você acha que já podem ter a primeira vez?
  - Shhhhhhhhhhh! – Tapei a boca dela com uma mão. O apartamento não era tão grande assim e eu não queria ser escutada. – Vamos com calma, %Abi%! Mas quem sabe, né?
  - Isso mesmo! – Abaixou o tom, mas ainda sorria bastante.
  - Não sei porque você se importa tanto com isso... – Ri da cara dela. – Eu não vou te contar sobre o desempenho dele.
  - Eu não preciso estar envolvida nisso pra querer o bem de dois amigos e... EPA, COMO ASSIM NÃO VAI CONTAR?
  - Não vai contar o que? – Niall voltou para a sala e Zayn estava atrás dele.
  - Nada não, Nialler. – Respondi antes que %Abi% transformasse aquilo em um debate. – E desculpa pelo seu copo, aliás.
  - Eu já expliquei que foi minha culpa, %Tah%, não se preocupe. – Zayn se sentou no braço do sofá e eu o abracei pela cintura.
  - Nossa culpa, baby. – Sorri e ele passou a mão pelos meus cabelos.
  - Isso acontece! – Niall também sorriu. Para ele tudo sempre estava bom. Mesmo se o copo tivesse sido o seu preferido ele não se importaria, contanto que seus amigos estivessem felizes também.
  - %Tah%, de que horas a Rachel vai passar aqui? – %Abi% perguntou enquanto olhava no relógio da parede.
  - Acho que umas três horas mais ou menos. – Também olhei para o relógio e constatei que faltava pouco mais de vinte minutos.
  - Pra onde vocês vão? – Zayn sentou-se ao meu lado assim que eu empurrei %Abi% e abri espaço no sofá.
  - Ela vai me ajudar a encontrar um vestido para o Snow Ball. – Expliquei e encostei a cabeça no ombro do menino, sentindo-o me envolver pelos ombros. – Eu já tenho a roupa que vou usar durante a dança, mas tinha me esquecido completamente que não vou passar o baile inteiro de tutu.
  - “Tutu.” – Niall repetiu e gargalhou do nada. Pra variar, ele era o único rindo. Até mesmo %Abi%, que geralmente ria das mesmas coisas que ele, estava encarando-o como quem diz: “Não acredito que ele está rindo disso.”
  - Enfim! – Também o deixei pra lá e continuei a minha história. – Acho que ela vai me levar na agência em que trabalha... Parece que existe uma área só de roupas que foram usadas nos desfiles.
  - Agência de modelos, é? – Levantou uma sobrancelha. – Do tipo onde tem modelos se trocando pelos cantos?
  - Aonde você quer chegar com isso, Malik? – Fiquei séria.
  - Lugar nenhum. – Se fez de inocente. – Posso ir junto?
  - Idiota. – Dei um tapinha no ombro dele. Eu sabia que Zayn só estava falando aquelas coisas pra me provocar e prova disso foi a risada que ele deu após “apanhar”. – Não pode ir junto coisa nenhuma!
  - Poxa. – Fez um bico que eu logo beijei, fazendo-o sorrir em seguida. – Quem precisa de modelos?
  - Exatamente! – Ri.
  - %Tah%... – %Abi% chamou a minha atenção. – Posso fazer uma pergunta bem pessoal?
  - Claro que pode... – Respondi com um pouco de receio.
  - Seu pai já é mais velho... – Começou com cuidado. – Como ele conseguiu uma modelo?
  - Meu pai não “conseguiu uma modelo”, %Abi%. – Fiz aspas no ar, mas não me senti ofendida com aquela pergunta. – Eles se amam... E eu sei que pode parecer estranho por causa da diferença de idade, mas se você ver os dois juntos vai achar que meu pai é mais novo que eu.
  - Ele deve ser bem legal, então! – %Abi% sorriu.
  - É legal sim! Mas ele consegue ser pior que o Lou. – Balancei a cabeça lembrando de todos os micos que meu pai já me fez passar.
  - Meu Deus! – Zayn riu ao meu lado.
  Nós continuamos conversando sobre modelos e desfiles e todo esse universo fashion que eu %Abigail% gostávamos tanto. Os meninos não estavam entendendo nada do que nós estávamos falando, mas continuaram ao nosso lado mesmo entediados. Zayn podia não entender de marcas ou as últimas tendências da estação, porém é só você olhar pra ele pra perceber que o menino tem bom gosto, dessa forma ele acabou se envolvendo mais na conversa do que Niall. Escutei meu celular tocando dentro da minha bolsa e tive que me levantar para ir até onde havia deixado as minhas coisas. Como água mole em pedra dura tanto bate ate que fura, eu finalmente aprendi a guardar o meu iPhone em um lugar só para que eu não tivesse que ficar meia hora procurando aquele pedacinho de tecnologia.
  - Whatup? – Atendi. Sim, eu mudava a minha forma de atender ligações constantemente.
  - %Tah%? Sou eu! – A voz de Rachel soou do outro lado da linha.
  - Hey, Rach! Já está vindo?
  - Se você me passou o endereço certo eu já estou aqui embaixo.
  - É? Então eu vou descer... – Pendurei a minha bolsa sobre o ombro e os outros três se levantaram.
  - Seu namorado está por aí?
  - Ele está sim... – Olhei para Zayn, que ficou curioso na mesma hora.
  - Pede pra ele descer com você, por favor?
  - O que você tá aprontando? – Perguntei com medo da resposta.
  - Você vai ver. – Escutei a risada dela pelo outro lado da linha. Coisa boa não deveria ser. – Tô te esperando!
  - Tá bem... – Tive que concordar e desligamos. Zayn ainda me olhava. – Baby, ela quer que você desça comigo...
  - Então vamos! – Sorriu, bem mais aliviado do que eu. Virou-se para %Abi% e Niall e disse: - Eu já volto, mas não tranquem a porta!
  Ele passou por mim e abriu a porta, já indo chamar o elevador para que nós não perdêssemos tempo. Niall caminhou até mim e nos abraçamos. %Abi% veio em seguida, me pedindo pra ligar pra ela assim que chegasse em casa. Eu concordei, é claro, mas já avisei que não contaria nada sobre o vestido que eu iria escolher. O chamado de Zayn avisando que o elevador já estava naquele andar me apressou e com isso eu fui ao encontro dele.
  Como Niall morava no terceiro andar, não demoramos muito para chegar ao térreo. A primeira coisa que Zayn fez ao sair do elevador foi pegar a minha mão e entrelaçar os nossos dedos. Caminhamos até a portaria e eu vi o carro de Rachel parado bem na frente do prédio. Infelizmente minha irmãzinha não estava com ela, mas seria até melhor. A coitadinha não iria gostar de passar o dia inteiro nos seguindo pra cima e pra baixo enquanto eu provava mil roupas. Minha madrasta estava encostada no carro e sorriu assim que nos viu. Posso dizer que ela se comportou bem melhor do que da primeira vez e já não fez nenhum escândalo por eu ter um namorado.
  - Aí está a minha enteada preferida! – Abriu os braços e abraçou eu e Zayn ao mesmo tempo. – E o meu genro preferido!
  - Oi, Rach! – Ri ao participar daquele abraço um tanto desengonçado.
  - É bom vê-la novamente, Rachel. – Zayn sorriu.
  - Você parece anda mais bonito na luz do dia! – Falou para ele, mas piscou pra mim. – Deixa eu te perguntar... Você tem planos para quarta feira?
  - Por que? – A pergunta dela não foi pra mim, mas eu queria saber o motivo antes de deixar Zayn responder.
  - Nenhum! – Os dois pareceram me ignorar e Rachel sorriu com aquela resposta dele.
  - Perfeito! Então vocês dois vão jantar lá em casa. – Me olhou. – Seu pai está louco pra conhecer o seu namorado, %Tah%.
  - Você contou a ele? – Arregalei os olhos. Isso não era bom. Não que ele não pudesse saber... Eu só gostaria de ter tido um pouco mais de tempo para me preparar psicologicamente.
  - É claro que sim! – Rach respondeu como se não tivesse escolha. – Mas vai ser algo bem simples, não se preocupe.
  - Eu com certeza estarei lá! – Zayn estava tão animado com a ideia de conhecer o meu pai que eu fiquei impressionada.
  - Então está marcado! – A loira usou a chave do carro para destravá-lo e já abriu a própria porta. – Agora temos que ir, %Tah%... Até mais, Zayn!
  - Até logo, Rach! – Ele acenou pra ela enquanto observava-a entrar no carro e logo se virou para mim. – Se cuida, tá?
  - É claro que vou me cuidar. – Sorri e ele me abraçou pela cintura. – Como sempre!
  - Mas você pode encontrar homens modelos por lá... E eu não quero que fique olhando pra eles. – Zayn podia ter inventado a música “I’m sexy and I know it”, mas quando se tratava de mim ele se tornava o garoto mais inseguro da face da terra.
  - Eu já tenho o meu modelo bem aqui. – Baguncei os cabelos dele com carinho e juntei os nossos lábios para um selinho demorado. Quase não consegui me soltar de Zayn, por isso Rachel buzinou para me apressar. – Te vejo depois, ok?
  - Me ligue antes de ligar pra %Abi%!

+++

  Após sairmos do prédio de Niall, Rachel fez bastante mistério sobre onde iria me levar. Tá que eu já sabia que iríamos até a agência de modelos em que ela trabalhava, mas eu não fazia ideia de onde ficava. Passamos pela Oxford Street e eu fiquei ainda mais curiosa. Não sabia que havia algo mais além de lojas naquela parte da cidade, mas a mulher me explicou que todos os prédios daquela rua eram comerciais e várias empresas de moda tinham seus escritórios ali. Paramos em frente a um dos prédios mais altos e pegamos o elevador até a cobertura.
  Rachel abriu as portas brancas de madeira fina e eu fiquei bem animada com o que vi. Era a minha primeira vem em uma agência de modelos e não fazia ideia que era daquele jeito... Parecia mais um atelier de estilista. Eu costumava imaginar que era apenas um estúdio fotográfico, ou coisa assim. Mas a realidade era que parecia um cenário de filme. O lobby do escritório era bem espaçoso e me fez questionar o tamanho das outras salas. Em um canto havia uma mesa onde algumas pessoas trabalhavam e estudavam fotos diferentes, talvez selecionando as melhores modelos para um possível desfile. No outro canto, mulheres altas e esbeltas conversavam com um homem baixinho e totalmente gay. A decoração daquela sala era bem minimalista e elegante. Os detalhes eram em preto, mas a cor predominante era o branco. Muitas das paredes eram tomadas por janelas gigantescas que nos permitiam ver a vista do lado de fora. Como aquele prédio era realmente muito alto, a nossa visão de Londres era bem ampla.
  - Você trabalha aqui? – Fomos entrando e eu olhava tudo com curiosidade.
  - É bem legal, né? – Ela sorriu e acenou para o baixinho que conversava com as modelos. – Aquele ali é o fotografo chefe.
  - Eu não sabia que aqui também era uma agência fotográfica...
  - Aqui é um pouco de tudo, na verdade. A Models One é a maior agência de modelos da Europa. – Explicou. – O que você está vendo é só um pedaço.
  - Wow! – Tudo era tão lindo que eu quase fiquei de queixo caído. – Eu adoraria trabalhar aqui!
  - Pensei que você queria ser dançarina e não modelo!
  - E eu quero! Mas aqui é tão legal que eu não me importaria de mudar de carreira. – Brinquei, rindo em seguida.
  A loira me puxou pelo braço e me fez atravessar aquela sala, atraindo alguns olhares. Eu me senti completamente deslocada ali, mas levantei o queixo e a segui. Não adiantaria nada eu me sentir mal perto daquelas modelos maravilhosas, por isso resolvi prestar atenção no objetivo que me levou a estar ali. Fomos até uma porta de vidro fosco e Rachel bateu três vezes, esperando uma resposta.
  - Vou te apresentar à presidente da Models One. – Sussurrou pra mim.
  - Pode entrar... – Uma voz veio do outro lado da porta.
  Minha madrasta abriu a porta e passou primeiro, indo cumprimentar a dona da sala. Eu entrei depois e me ocupei em fechar a porta com cuidado. Na França bater com força é falta de educação, e como aquela porta era bem pesada eu tive que tomar cuidado redobrado.
  - Essa é a %Star%, minha enteada de quem eu lhe falei. – Ouvi a voz de Rach e me virei na direção dela. – %Tah%, essa é a...
  - Carine Roitfeld. – A interrompi, chocada por estar frente a frente com aquela mulher.
  - Então você me conhece? – A mulher de cabelos dourados levantou da cadeira atrás de sua longa mesa de vidro e veio até onde eu estava parada.
  - Quem não a conhece? – Sorri. Carine Roitfeld foi a editora chefe da Vogue francesa durante dez anos, mas havia renunciado ao cargo recentemente. – É um prazer conhecê-la, de verdade. Eu sou uma grande fã do seu trabalho.
  - Gostei da sua enteada, Rachel. – Sorriu mostrando os dentes e me abraçou. – Eu também já ouvi bastante ao seu respeito, %Star%.
  - Sério? Se eu soubesse que você estava trabalhando aqui, eu teria vindo bem antes. – Eu admirava aquela mulher e estava emocionada em conhecê-la.
  - Nesse caso, vamos culpar a Rachel por não ter nos apresentado!
  - Desculpa! Eu não sabia que você era uma fã tão grande, %Tah%. – Rachel se desculpou, mas estava sorrindo.
  - Tá brincando? Eu tenho todas as edições da Vogue francesa de 2005 até 2011!
  - Se você é uma fã tão grande de moda, deveria vir no nosso próximo desfile. – Carine estava mesmo me convidando?
  - Eu adoraria!
  - Então está combinado! – A mulher se virou para Rachel. – Não esqueça de trazê-la, está bem?
  - Com certeza eu não esquecerei. – Me abraçou de lado. – Agora nós temos que ir... Você está com a chave do closet?
  - Ahh, estou sim. Só um minuto...
  Carine voltou para trás da mesa de vidro e procurou algo em suas gavetas. Aquele dia estava sendo melhor do que eu poderia sequer sonhar. Nunca na minha vida eu esperava conhecer uma das editoras de moda mais famosas do mundo inteiro. É claro que ao mesmo tempo em que eu estava feliz por Rachel ter me levado ali, também queria matá-la por demorar tanto para fazê-lo. A presidente daquela agência logo achou o que estava procurando e entregou a chave para Rachel. Nós nos despedimos e seguimos para fora daquele escritório, mesmo que eu ainda tivesse muitas perguntas a fazer para Carine.
  A primeira coisa que fiz ao sair da sala foi perguntar a Rachel se Carine era realmente tão legal quanto todos costumavam falar e ela afirmou que o que eu presenciei foi só um pouco de toda a simpatia que aquela mulher guardava. Editoras de moda costumam ser rígidas e exigentes, mas o que mais me agradava em Carine é que ela era um amor de pessoa. Deixando a minha fangirl interior de lado, passamos por um corredor estreito que nos levava até uma porta de correr que deveria ser o tal closet. Rachel encaixou a chave na fechadura e empurrou a porta pesada em seguida, tendo que se esforçar bastante para abri-la.
  - E voilá! – Apontou para o interior do cômodo, mas ele estava escuro demais para que eu pudesse ver qualquer coisa.
  - Esqueceu de acender a luz...
  - Ah, é verdade. – Riu por ter esquecido esse pequeno detalhe e passou pela porta, procurando o interruptor na parede. Eu me aproximei um pouco mais até que as luzes foram acesas. – Agora sim, voilá!
  “Closet” era como chamavam aquele lugar? Tem certeza? O lugar era GIGANTE! Bem maior que a minha casa inteira, se duvidar! Eu me senti no paraíso e fui logo entrando sem nem esperar por Rachel. Em um canto do quarto estava um sofá bem confortável e uma mesinha com algumas xícaras, onde a mulher que me acompanhava foi sentar.
  - Vá em frente, %Tah%, escolha o que quiser! – Meu sorriso só aumentou com aquelas palavras.
  - Tá falando sério?
  - Claro que sim! Esse é o closet onde deixamos as roupas que foram usadas nos ensaios e que os donos nos deram de presente. – Explicou e segurou a minha bolsa assim que eu a entreguei. – Você vai ter que devolver depois de usar, mas pode escolher qualquer peça.
  Eu apenas assenti com um balançar de cabeça e corri para o meio das roupas, passando por várias araras e guarda-roupas transparentes que me permitiam ver o lado de dentro. Primeiro passei pelas calças, leggins e shorts, organizados por cor, tamanho e marca. Eu desejei ter um carrinho de compras pra poder escolher tudo que eu quisesse e levar todas as novidades para casa, mas estava ali pra escolher apenas um vestido e não gostaria de abusar da boa vontade da minha madrasta. Continuei o meu percurso até chegar aos vestidos. Os primeiros que vi foram uns curtos e florais que eu conhecia de algum desfile cujo a marca eu não me lembrava. Avistei a placa: “Gowns”, que era exatamente o que eu estava procurando e me dirigi até lá.
  Se eu não estivesse tão focada na minha carreira como dançarina, com certeza tentaria algo no ramo da moda, pois era uma segunda paixão, digamos assim. Eu não sabia costurar e muito menos modelar ou desenhar, mas adorava juntar peças de roupas e formar novos looks. Passei direto pelos vestidos escuros em direção aos claros. O nome do baile era “Snow Ball”, então eu não iria aparecer lá toda vestida de preto. Chanel, Gucci, Valentino, Elie Saab, Vera Wang... Tantas marcas famosas juntas em um lugar só... Suspiros e suspiros. Havia vestidos ali que eu nunca seria capaz de comprar nem com o dinheiro da venda do meu carro.
  Tirei um vestido dourado da arara e o olhei com um sorriso. Não era o ideal para aquela ocasião, mas eu tinha certeza que ele ficaria lindo em mim. Era de um ombro só e tinha pedrarias brilhantes que iam até a cauda. Coloquei-o no lugar com medo de estragar e passei para o próximo e o próximo e o próximo. Na medida em que as cores foram clareando, eu comecei a me apaixonar mais ainda por aqueles vestidos. Minha íris pousou sob um vestido que estava meio escondido, por trás de outros. Havia algo ali... Algo que prendeu a minha atenção. Afastei tecidos e mais tecidos, quase caindo dentro do guarda roupa e achando a passagem secreta para Nárnia, mas pelo menos consegui agarrar o cabide e tirá-lo ali de dentro. “É esse...”, foi o meu primeiro pensamento. Eu nem o havia provado ainda, mas sentia no meu interior que não encontraria nenhum vestido mais perfeito que aquele. O tecido branco e esvoaçante era bem volumoso e suave, cheio de detalhes e bem encorpado na parte que ficava mais próxima ao corpo.
  Chamei por Rachel, mas eu estava distante demais para ser escutada sem gritar. Carreguei aquele vestido como se fosse a coisa mais preciosa e voltei por todo o caminho que me levara até ali. Mais uma vez senti vontade de roubar uma saia ou outra, mas não me atrevi.
  - Rach? – A chamei novamente assim que voltei para o começo do closet.
  - Oi, %Tah%, só um minuto. – Ela acenou para eu esperar um pouco, já que estava falando ao celular. – Sim, meu amor, ela está aqui... Claro, só um minuto. %Tah%, seu pai quer falar com você.
  - É ele no telefone? – Sorri e peguei o aparelho. – Oi, daddy!
  - Minha %Estrelinha%! – Escutei a voz animada do meu pai do outro lado da linha. – Como você está, filha?
  - Estou ótima! E você? – Sentei no sofá ao lado da minha madrasta.
  - Estou muito bem! A Rach me disse que seu namorado aceitou vir jantar aqui na quarta feira...
  - Aceitou sim, mas ele não teria muita escolha, né? – Rolei os olhos.
  - Exatamente. – Riu. – Mas o que há de errado em um pai conhecer o namorado da filha?
  - Nada, pai, nada... Só se comporte, ok?
  - Eu sempre me comporto! – Respondeu ofendido.
  - Claro que se comporta! – Falei irônica. – Aposto que você até já separou uma caixinha com todas as minhas lembranças de quando eu era pequena!
  - Ern... Claro que eu não fiz isso... – Negou, mas não me convenceu.
  - É bom que não faça! – Acabei rindo e Rachel também, provavelmente sabendo o que o marido dela havia feito. Aproveitou para pegar o meu vestido e observá-lo.
  - Tudo bem, filha. – Eu podia vê-lo fazendo um biquinho infantil. – Mas você conseguiu encontrar o que precisava? Rach me disse que ia te levar pra procurar uma roupa...
  - Eu acho que achei sim, pai... Só falta ela dizer se posso usar o vestido que eu escolhi! – Olhei para a mulher e ela fez que sim com a cabeça.
  - E como vai a procura? – Carine entrou no ‘closet’, olhando em volta.
  - Dad, tenho que ir, ok? Até depois! – Desliguei bem rápido para prestar atenção na mulher que acabara de chegar.
  - %Tah% achou a coleção de inverno da Marchesa! – Rachel a respondeu primeiro, levantando e mostrando o vestido branco.
  - Eu me apaixonei por esse vestido! – Também levantei.
  - Você tem bom gosto, menina. – Carine tocou no vestido e sorriu. – É um dos meus preferidos.
  - E não precisa se preocupar, ok? Vou devolver em perfeito estado!
  - A %Star% é muito cuidadosa, então ela vai cuidar desse vestido com a vida dela. – Rach sorriu e pousou a mão no meu ombro. Eu adorei aquela propaganda toda.
  - Por que não fazemos assim... Você fica com esse vestido de presente e depois me conta como foi esse baile enquanto tomamos chá?
  - Eu não sei nem o que dizer... – Estava chocada. Além de ganhar um vestido lançamento da nova coleção da Marchesa, eu ainda teria a oportunidade de tomar chá com Carine Roitfeld? Bom demais pra ser verdade.
  - Diga que sim! – Passou o braço pelo meu e me guiou até a porta de um guarda-roupa também branco. – Agora vamos escolher as joias!
  - Vamos! – Sorri sem acreditar no que estava escutando.
  Carine abriu a porta do guarda roupa e revelou uma outra sala; bem menor que a primeira, por sinal. Nós duas entramos ali dentro e mulher foi até um painel digital para digitar uma senha que desligava o alarme. Automaticamente a parede se abriu e várias gavetas foram saindo e revelando as joias mais lindas e valiosas que eu já vira na vida. Caminhei até a primeira gaveta e passei os olhos por cada anel que encontrei ali. Tive medo de tocar em algum e acabar estragando de alguma forma. A minha acompanhante andou até a gaveta do meio da parede oposta a que eu estava e pegou uma caixinha aveludada.
  - %Star%? Vem aqui, por favor... – Chamou-me e eu obedeci na mesma hora.
  - Sim, Carine? – Fui até o lado da mulher e a esperei abrir a caixa.
  - O que você acha desse colar?
  - Woooooow! – Levei a mão até os lábios, espantada. Carine tinha um bom gosto incrível.– É lindo!
  - Você acha que combina com o seu vestido? – Sorriu.
  - Com certeza! – Sorri mais ainda quando ela voltou a fechar a caixinha e me entregou.
  - Também é um presente!
  Eu mal podia acreditar em todos os presentes que estava recebendo. Além do vestido e do colar, Carine também me deu um par de brincos, um anel e uma pulseira de brilhantes. Sim, de brilhantes! Eu não tinha certeza se chegaria a usar aquela pulseira por medo de algo ruim acontecer a ela, mas agradeci bastante por aquele presente. Ela até mesmo disse que era uma pena não ter muitos sapatos ou bolsas para nós olharmos, mas disse que se algo novo aparecesse, mandaria Rachel me entregar. Eu não sabia se ela tinha realmente gostado tanto assim de mim pra estar sendo tão legal, ou se todas aquelas coisas só ficavam trancadas por ali e não faziam diferença na vida de ninguém. A primeira opção era bem melhor, por isso foi a que eu escolhi. Rachel acabou aparecendo por ali, falando que estava na hora da babá de Lux ir embora, por isso nós tínhamos que ir. Carine só me deixou ir embora assim que trocamos telefones e me fez prometer que não esqueceria de marcar o chá. Eu estava tendo um dia de princesa e não conseguia parar de sorrir.

+++

  Antes de Rachel me deixar em casa nós duas paramos em uma lanchonete para comer alguma coisa e eu acabei comprando sanduíches e batata frita para os meninos que deviam estar esfomeados em casa. Prova disso era que os três estavam me esperando ao lado de fora da casa e só faltaram me derrubar no chão pra poder pegarem as sacolas de comida que eu estava carregando. Liam foi o único educado o suficiente para me ajudar com a caixa enorme onde o vestido estava sendo guardado e até me acompanhou ao meu quarto para deixá-la em cima da cama.
  - Como foi o dia de vocês hoje? – Perguntei ao tirar os sapatos e sentar na cama.
  - Normal, eu acho... Eu dormi o dia inteiro. – Riu, dando uma mordida no próprio sanduíche em seguida.
  - Que coisa feia! – Gargalhei. – Eu trabalhando pra ganhar a vida... E você sem fazer nada!
  - O que posso fazer? Uns de nós tem a vida boa. – Deu de ombros, brincando. – Mas aconteceu alguma coisa, %Tah%...
  - O quê? – A seriedade de Liam me preocupou um pouco.
  - Eu vi o Lou chorando... Não sei exatamente o porquê e ele não me viu, mas com certeza estava chorando.
  - E isso foi do nada? – Louis não costumava chorar pelos cantos, então algo realmente devia ter acontecido.
  - Nós estávamos jogando vídeo game na sala... E aí ele recebeu uma ligação e subiu pra atender no quarto. – Explicou, deixando o sanduíche de lado um pouco. – Daí eu fui atrás dele pra saber se ia continuar jogando, porque demorou muito pra voltar... E aí ele estava chorando na ponta da cama.
  - Então foi depois da ligação que ele começou a chorar? – Não era a primeira vez que Louis ficava triste após uma ligação misteriosa, mas sempre que eu perguntava o que era ele mudava de assunto ou falava que não era nada.
  - Foi sim... – Li respondeu, fazendo um bico de lado.
  Preferimos mudar de assunto momentaneamente, mas eu iria tentar descobrir o que estava acontecendo com Lou depois. Liam quis saber sobre o meu dia com Rachel e é claro que eu contei tudo nos mínimos detalhes. Ele não sabia quem Carine Roitfeld era, mas ficou feliz por mim, já que eu a admirava tanto. Mostrei o vestido e todas as coisas que ganhei, até mesmo provando-o pela primeira vez. Liam disse que eu deveria ser modelo por caber perfeitamente naquele vestido, mas eu só consegui rir. Ele terminou o sanduíche e dividiu a batata frita comigo, por isso eu falei que gostava demais de comer para ser uma modelo e foi a vez dele de rir.
  - Aí estão vocês dois! – Harry apareceu na porta do quarto, sem camisa. – Nós estamos indo pra piscina, querem vir?
  - Mas está tão frio! – Liam resmungou.
  - A piscina tem aquecedor. – O mais novo respondeu.
  - Então eu vou! – Li levantou e os dois ficaram olhando pra mim.
  - Harry Styles, você sabe que tatuagens são permanentes, né? – Apontei para a borboleta gigantesca que ele tinha na barriga. Aquela deveria ser a centésima que ele fazia e daqui a pouco estaria coberto por elas.
  - É claro que eu sei! E você não reclamou quando eu fiz a estrela em sua homenagem! – Reclamou.
  - Mas a estrela foi uma das primeiras! – Levantei e fui até onde ele estava, fazendo-o dar uma voltinha. – Agora você tem um barco, um aperto de mãos, pássaros, mascaras de teatro, gaiola, um coração, frases e outras vinte! Sua mãe devia te colocar de castigo.
  - Não briga comigo, %Tah%! – Ele fez um biquinho e me abraçou com força.
  - Sai, Harry! – Ri e tentei me soltar dele.
  - Só se você vier para a piscina com a gente. – Falou e me apertou ainda mais. – Me ajuda, Liam!
  - Vem com a gente, %Tah%! – Liam também me abraçou e eu já começava a me sentir espremida.
  - Se vocês continuarem me apertando assim, eu não vou pra lugar nenhum, já que vou estar morta! – Fiz drama, mas pelo menos eles me soltaram. – Me esperem trocar de roupa!
  Acabei concordando em ir para a piscina, mesmo com a preguiça enorme que eu estava sentindo. Empurrei os dois meninos para fora do quarto e corri para o closet, procurando a primeira roupa de banho que eu pudesse encontrar.

+++

  Ao chegarmos à área da piscina, a água estava tão quente que uma camada de fumaça cobria a superfície inteira. Liam foi o primeiro a entrar, por isso fiquei mais tranquila, já que eu lembrava bem da última vez em que estivemos ali e ele me arrastou para dentro da piscina a força. Harry entrou em seguida, mas Louis ficou sentado na borda, apenas com os pés para dentro. Meu irmãozinho estava começando a me preocupar, por isso fui até ele após deixar o meu roupão em uma espreguiçadeira.
  - Hey, Boo bear. – Sentei ao lado de Louis e também coloquei os pés dentro d’água.
  - Oi, %Tah%... – Forçou um sorriso. – Eu nem falei direito com você, né?
  - Não se preocupa com isso. – Encostei a cabeça no ombro dele e sorri. – Você está muito quieto ultimamente...
  - Estou? Deve ser impressão sua! – Tentou desconversar, mas eu o conhecia bem demais pra aceitar aquela resposta.
  - Lou... Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?
  - Sei sim, %Tah%...
  - Por que eu sempre vou estar ao seu lado e vou te ajudar no que for. – O abracei de lado e deixei um beijo estalado na bochecha. – Say what you need to say. Say what you neet to say... (Fale o que você precisa falar. Fale o que você precisa falar...)
  - Você não sabe cantar, %Tah%. – Lou riu da minha tentativa de animá-lo com uma música, mas eu só estirei a língua e ele também me abraçou.
  - It's better to say too much, than never to say what you need to say… (É melhor falar demais do que nunca falar o que você precisa falar) - Ignorei o que ele falou sobre os meus dons musicais e continuei cantando. Começar uma música do nada estava se tornando uma mania e eu culpava meus amigos cantores por isso.
  - Even if your hands are shaking and your faith is broken. Even as the eyes are closing, do it with a heart wide open. (Mesmo se as suas mãos estão tremulas e a sua fé está quebrada. Mesmo enquanto os olhos estão fechando, faça isso com o coração bem aberto) – Lou acabou sorrindo e cantou comigo, mas é claro que a voz dele era bem mais bonita que a minha.

Capítulo XXXIII
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (6)
×

Comentários

×

ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x