Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XXVII

Tempo estimado de leitura: 37 minutos

  Quando acordei naquela sexta feira de manhã senti meu mundo pesar. Não porque algo ruim tinha acontecido, mas sim por eu estar caindo de sono. É isso que dá passar a noite inteira ao telefone com o seu namorado. Pois é, eu ainda estava me acostumando com aquela palavra, mas adorava repeti-la na minha cabeça, por mais que ainda fosse fora do comum falar em voz alta. Imagine então como foi difícil contar as novidades ao meu irmão... Mesmo que ele tenha adivinhado que algo aconteceu no momento em que eu pisei dentro de casa após passar o dia no Witer Wonderland. Lou disse que eu estava com mais cara de idiota que o normal e como eu estava alegre demais pra começar uma briga, ele chegou a pensar que eu estivesse doente. Liam acabou ouvindo a nossa conversa e ficou sabendo da noticia, mas, mais uma vez, ele me surpreendeu com a sua reação, desejando-me felicidades e espantando o clima desconfortável assim que ele tentou se instalar entre nós.
  Tive que tomar um banho para espantar a minha preguiça, já que a manhã seria longa. Sei que sexta-feira é o meu dia de folga da Academy, mas com o baile de inverno se aproximando eu e Nicholas usaríamos todo o nosso tempo livre para ensaiar. Ensaiar o que? Também não faço ideia. O lado bom de nós mesmo criarmos uma apresentação é que temos total liberdade para ousar e literalmente criar. Mas o ruim é que você pode ficar um pouco perdida e sem saber por onde começar. De qualquer forma, seria um desafio que eu estava pronta pra aceitar. Agnes oferecera uma sala no quinto andar para que nós usássemos durante qualquer hora do dia. A diretora se mostrou muito entusiasmada ao nos colocar juntos para montar aquele ato de encerramento da festa e até ofereceu nos dispensar de aulas caso fosse necessário.
  Não era nem sete horas da manhã quando subi a escadaria da London Royal Academy com meu copo de frappuccino da Starbucks na mão e entrei naquele primeiro corredor vazio. Meu parceiro de dança ainda tinha trinta minutos até a hora que marcamos de nos encontrar, mas eu preferi chegar mais cedo para poder me alongar e me preparar. Como ele era do último semestre e tinha uma grande bagagem de apresentações nas costas, eu estava um pouco nervosa de não conseguir acompanhá-lo, então quanto mais preparada eu estivesse, melhor. O lugar vazio me propiciou uma caminhada silenciosa e rápida até o elevador que parecia estar me esperando.
  Não muito tempo depois, eu já estava no último andar e procurava a sala que seria a minha fonte de inspiração. O que eu não sabia era que ela seria tão bonita. Comparada às salas das minhas outras aulas, aquela dali era o paraíso. Uma metade era coberta por janelas e a outra era preenchida por espelhos que iam do chão até o teto. Não havia barra alguma naquele ambiente e o único objeto era um aparelho de som de última geração. Eu duvidava até que soubesse mexer nele de tão tecnológico que aparentava ser. Como não tinha tempo a perder, fui terminando a minha bebida enquanto trocava de roupa. Obviamente eu não fiquei pelada por ali, já que estava com o meu “uniforme” de ballet por baixo da calça jeans e blusa: Meu costumeiro collant cor de rosa, meia calça fina e só o que faltava era a saia transparente que eu amarrava na cintura e as sapatilhas de dança. Meu cabelo já estava amarrado e preso com uma rede, então eu fiquei pronta em um instante.
  Fui até o aparelho de som e procurei alguma música entre todos os CDs que já estavam ali dentro. Não foi difícil achar uma melodia que me agradasse e eu pude finalmente começar os meus exercícios. Caminhei até o centro da sala, parando de frente para o espelho e de costas para a porta. Primeiro me alonguei de todas as formas possíveis, fosse girando o pescoço em todos os lados, ou esticando as pernas para o alto e puxando o meu calcanhar. Todos esses anos de ballet me deixaram com um corpo bastante flexível, o que me permitia fazer movimentos que pareciam complicados para outras pessoas, mas que pra mim eram bem simples.
  Meu próximo exercício não foi tão complicado e o objetivo era alongar as minhas pernas. Para resumir, eu ficava brincando de subir e descer das pontas dos pés. Como a sapatilha que eu estava usando naquele momento não era a sapatilha de ponta, eu forçava ainda mais os meus dedos e treinava o meu equilíbrio. Eu tinha uma contagem silenciosa na minha cabeça que era mais ou menos assim: 1, 2, 3... Eram as etapas que meu corpo levava para levantar totalmente e 4, 5, 6 meus movimentos para baixo, onde eu terminava em um plié.
  Perdi a noção do tempo completamente com os exercícios que se seguiram e não percebi as duas pessoas que estavam paradas na porta da sala. Pelo visto os alunos já começavam a chegar para as suas aulas e Nick não deveria estar muito longe. Ao terminar um salto qualquer, olhei para o reflexo do espelho na minha frente e vi %Abigail% e Zayn cochichando alguma coisa. Me assustei por não saber que estava sendo observada, mas sorri por serem aqueles dois.
  - Sabiam que é feio espiar? – Fui até os dois, com as mãos na cintura.
  - Você estava tão linda dançando que não queríamos atrapalhar, %Tah%. – %Abi% foi a primeira a falar algo e Zayn parecia nem escutá-la; só olhava pra mim com um sorriso.
  - Bom dia, babe. – Sim, Zayn estava começando a me chamar daquele jeito. Durante a nossa conversa na noite anterior ele soltou alguns apelidos carinhosos que me derretiam e me faziam corar, mas eu estava tranquila porque não podia ser flagrada.
  - Bom dia... – Acabei também ignorando a ruiva e abracei o menino como se não o visse há dias. Ele me deu um selinho demorado, mas logo nos largamos.
  - O que você tá fazendo aqui hoje? Não é o dia que você não tem aula? – A outra menina me perguntou.
  - Ela veio por causa do Nicholas. – Zayn respondeu no meu lugar e afinou a voz ao falar o nome de Nick com desdém.
  - Não é bem assim! – Ri com aquela demonstração de ciúme. – Eu vim hoje porque vamos ensaiar para o baile de inverno... E eu já disse pra não se preocupar que não vai acontecer nada.
  - E por que não vai acontecer nada? – Ele perguntou e eu já sabia onde aquilo ia dar. Nós já tínhamos passado por isso antes.
  - Você sabe por quê. – Cruzei os braços e rolei os olhos, me recusando a entrar na onda dele.
  - Você tem que falar. – Insistiu. %Abi% ficou ali ao nosso lado, sem entender nada.
  - Não vai acontecer nada... Porque eu sou sua. – Murmurei a última parte, mas foi o suficiente. – Satisfeito, Malik?
  - Eu preferia que você falasse mais alto, mas já é um começo. – Ele riu puxou o meu rosto pra deixar um beijo estalado na minha bochecha.
  - Não está na hora da aula de vocês? – Ri com o exagero do menino ao me agarrar e o abanei para que se afastasse. Não que eu quisesse que ele realmente se afastasse, mas eu não gostava de ficar com muita intimidade na academia por aquele ser um lugar de “trabalho”, digamos assim.
  - Ihh, já tá expulsando a gente. Vamos embora, Zayn. – %Abi% puxou-o pelo braço e foram andando para fora da sala.
  - Pelo menos eu te vejo no intervalo? – Ele gritou enquanto era arrastado e eu fiquei no batente da porta, os observando se afastar.
  - Talvez! – Eu ri e mandei um beijo no ar para os dois.
  Vire-me para entrar na sala novamente, mas avistei Nick se aproximando ao longe e parei ao dar meia volta. Ele não estava sozinho e sorriu a me ver. A professora Holly o acompanhava e também sorria, como sempre. Acho que de todos os professores da Academy, ela era a mais querida. Sempre estava fazendo brincadeiras e conversando com todos que encontrava, mesmo se não fossem seus alunos. Além de muito legal, ela também era super competente e dedicada. Acho que era por essas e outras razões que ela era a coordenadora do curso de dança e uma das organizadoras principais do espetáculo de encerramento.
  - Bom dia, %Tah%. – Ahh, e ela também era a única docente que me chamava pelo apelido. – Animada com o baile de inverno?
  - Bom dia, Holly. Oi, Nick. – Sorri para os dois e nós três seguimos para dentro da sala. – Estou muito animada! E bem nervosa também.
  - Você vai ser ótima, %Tah%. – Nick me confortou e foi para um canto, se preparar.
  - Os dois vão, ok? – A professora se virou pra mim. – Eu sei que essa vai ser a primeira vez que você se apresenta na frente dos alunos, então é normal ficar nervosa. Mas confie no seu potencial e tudo vai dar certo!
  - Obrigada... – Sorri realmente agradecida por aquelas palavras.
  - Além do mais, você tem um parceiro maravilhoso que também vai te ajudar, certo Nick?
  - É claro que sim! Mas acho que ela não precisa de ajuda. – Ele calçou as sapatilhas masculinas e caminhou até o meu lado. – Vamos começar?
  - Eu vou deixar vocês dois sozinhos. Bom ensaio, meninos. Se precisarem de qualquer coisa, eu estou aqui pra ajudar. – A professora Holly se despediu com um sorriso amigável.
  Acenei para ela enquanto se afastava e depois olhei para Nicholas. Nós sorrimos um para o outro, mas foram sorrisos diferentes. Ele estava normal e feliz, enquanto eu estava meio receosa. Lembrei-me de quando o conheci e ele agia todo tímido, mas extremamente charmoso. O que era totalmente diferente de como ele estava naqueles últimos dias. Claro que Nick continuava tendo o seu charme, é só que eu não o via da mesma forma. Talvez porque a minha atração total estivesse voltada para o meu... Namorado. E também, Nicholas não era mais tímido como antes, bem pelo contrário. O menino deve ter percebido o meu desconforto e por isso resolveu falar algo.
  - Vamos esclarecer algo de uma vez, ok? – Falou, mas não tinha seriedade alguma em sua voz. – Você é bonita, divertida, e sim, eu queria ficar com você... Mas já sei que você está namorando o Malik e eu ligo demais pra você pra tentar fazer qualquer coisa que pudesse atrapalhar uma futura amizade entre a gente. Então não precisa se sentir estranha na minha presença e não vamos deixar nada atrapalhar o nosso desempenho juntos. Além do mais... Eu já tenho outra pessoa em vista.
  - Amigos... Sem clima estranho... Entendi. – Eu bati continência em afirmação e gostara bastante daquele discurso. Eu gostava de Nick porque ele era daquele tipo que fala na lata, sem enrolar; fosse ao tentar me beijar, ou explicando que não faria mais aquilo.
  - Então vamos lá, você tem alguma ideia? – Nick estava pronto para o trabalho assim como eu, o que me alegrou.
  - Nenhuma... – Admiti. – Tudo que eu consigo pensar é naquele dia que eu te vi dançando com a garota durante a sua aula. Mas também não quero copiar...
  - Mesmo que você quisesse copiar, não poderia. – Ele riu. – Não era uma dança coreografada, sabe? Nós inventamos na hora e a beleza disso é que sempre é uma coisa única... A gente se deixa levar e só sabe o resultado no final, mas não conseguimos repetir os mesmos passos nunca.
  - Wow, eu não sabia disso! – Fiquei encantada com aquela técnica e desejei estar no último ano só pra ter uma aula como a dele e experimentar eu mesma. É claro que eu já havia “me deixado levar” pela dança várias vezes, mas sempre fiz isso sozinha. – Parece tão divertido...
  - Quer tentar? – Perguntou prontamente e eu assenti na mesma hora.
  - É claro que sim!
  Nick sorriu com a minha atitude animada e foi até o aparelho de som da sala para selecionar uma música. Eu perguntei o que deveria fazer ele respondeu um: “O que você quiser.” Dei de ombros e fui para o lado oposto ao dele. A melodia que começou era totalmente instrumental e não era nem tão lenta, nem tão rápida. Tinha uma batida legal e eu logo entendi o que Nicholas queria dizer com “se deixar levar”. Reconheci ser uma versão da música Sway do Michael Bublé. Ele veio andando na minha direção com alguns giros e deslizadas de seus pés e eu também fui a sua direção, me movendo com leveza e agilidade. O conjunto todo era bem sensual, principalmente por causa do ritmo da música e dos movimentos que Nick fazia com o quadril. Nos encontramos no meio da sala e ele me segurou pela cintura. Minha primeira reação foi mergulhar no chão e me livrar de seus toques. Não por eu estar rejeitando-o, mas sim por que fazia parte do que aquela música me fazia sentir.
  Ele sorriu aceitando aquela minha fuga de seus braços como se fosse um desafio e eu sorri ao olhá-lo por cima do meu ombro depois de ter levantado e começar a me afastar dele de costas. O menino foi ao meu encontro e me abraçou por trás. O mais legal de tudo era que nós dois não parávamos de dançar e eu deixei-o me guiar por uns instantes, deslizando com o corpo junto ao dele. Nick me girou e eu aproveitei essa oportunidade para me afastar mais uma vez. Ele dava um passo na minha direção e eu dava um passo para trás. Nós dois sorriamos com aquelas ‘provocações’ e ninguém queria perder o jogo. O menino esticou a mão na minha direção e eu o encarei com uma sobrancelha levantada. Não tinha muita certeza do que ele queria, mas segurei sua mão do mesmo jeito. Ele me puxou com força e me fez rodopiar rápido sem soltar a minha mão. Eu estava um pouco zonza quando parei de girar e ele beijou a minha bochecha com um sorriso maroto. Ponto pra ele. Eu não iria deixar barato e logo tratei de me soltar dele. Fiz de conta que daria um tapa em seu rosto, mas o mais velho segurou a minha mão na mesma hora em que a levantei. Largou-a para longe em seguida e eu aproveitei aquele movimento para escorregar para o lado.
  A música estava chegando ao fim e nós precisaríamos de um final. Em todas as apresentações e danças de ballet, o mais divertido é exatamente a última parte e como eu sempre fui fã de entradas e saídas dramáticas não podia deixar aquele momento ser diferente. Nick se afastou rapidamente e me chamou com a mão. Eu sabia o que ele queria dizer, mas não estava tão certa que conseguiria. Meu ponto fraco era pular para que alguém me segurasse e era exatamente isso que ele estava querendo que eu fizesse. Respirei fundo, decidindo que ao menos tentaria. Tomei distância e corri na direção do menino que se preparava pra me pegar. Me aproximei dele cada vez mais rápido e contei até três na minha mente para tomar impulso no chão e pulei. Admito que fechei os olhos. Se eu caísse, pelo menos não veria a queda. A força do meu parceiro me surpreendeu na hora que ele segurou nas laterais da minha cintura e levantou-me acima de sua cabeça. Eu dobrei um dos joelhos, formando um “4” com as pernas e estiquei os braços e até a ponta dos dedos. Abri os olhos e levantei a cabeça no mesmo momento em que a música chegou ao fim.
  Graciosamente fui colocada no chão e abracei Nicholas na mesma hora. Ele me abraçou de volta, rindo da minha excitação. Eu nunca havia dançado assim com ninguém e algo que dizia que não era o fato de estarmos dançando sem combinar nada e sim de estarmos dançando juntos. Ele era um dançarino e tanto e eu só percebera isso naquele instante. De qualquer forma, estava grata por ter sido escolhida entre tantas outras pra dançar com ele.
  - Isso foi muito legal, Nick! – O soltei, mas continuei com animação.
  - Eu sabia que você ia gostar! – Soltou uma risada rouca. – Vai ser mais fácil criarmos uma coreografia assim do que se formos parando pra pensar em cada passo...
  - Então vamos lá!

+++

  - Chega, Nick. Por favor. Preciso de um tempo pra respirar... – Deitei no chão de madeira da sala, fazendo de tudo para não ofegar.
  - Só mais uma vez, %Tah%, vamos... – O menino caminhou até o meu lado e me cutucou com a ponta do pé.
  Nós estávamos dançando há duas horas e meia sem parar nem pra beber água e eu estava super cansada. Nicholas parecia ser movido à bateria solar, porque sua energia não acabava nunca! A coreografia da nossa apresentação para o baile de inverno estava se formando aos poucos e as ideias que começávamos a ter iam se encaixando. Nosso desempenho até que estava muito bom, se pararmos para considerar que era o nosso primeiro ensaio. Além disso, nós nos divertimos mais do que eu esperava. Nick se mostrou muito engraçado e paciente ao me ajudar em passos que eu não dominava, mas eu descobrira que ele tinha mania de continuar, persistir e dificilmente aceitava intervalos. Se eu me achava perfeccionista... Aquele garoto era o dobro.
  - Nãonãonãonão. – Choraminguei e escondi o rosto nas mãos. – Preciso de pelo menos vinte minutos de descanso, Nick. Ou eu vou falar pra Agnes que você está me torturando e me mantendo em cativeiro.
  - Meu Deus, como você é dramática, %Star%! – Ele riu e estendeu a mão. – Mas você venceu. Vem, vamos tomar um ar.
  - Obrigada! – Sorri aliviada e segurei na mão dele, logo sendo puxada e levantada do chão. – Quer ir comer algo no refeitório?
  - Não, mas você pode ir... Eu vou dar uma passada na sala da professora Holly. – Nick suspirou de forma muito suspeita.
  - Espera... Então você e a Holly...? – Sorri querendo saber de tudo. Sei que parecia uma menininha fofoqueira, mas quem liga?
  - Shhhh! – Fez sinal de silêncio com a mão. – Ninguém pode saber, porque ainda somos professora/aluno, mas sim...
  - Desde quando?! – Eu estava animada demais pra me conter. Aquele era um babado e tanto.
  - Nós saímos pela primeira vez na segunda... Mas, %Star%, você tem que me prometer que não vai contar a ninguém. Ninguém mesmo. E ela também não pode saber que você sabe... Já foi complicado demais fazê-la aceitar sair comigo. – Nick estava tão sério ao me pedir para prometer aquilo que eu entendi a importância daquele assunto.
  - Eu prometo, Nick... Pode confiar em mim. – Sorri. – Mas depois você vai me contar detalhes, ok? Por favor!
  - Nós ainda estamos nos conhecendo, então não tem nada muito pra contar... – Enquanto conversávamos, ele juntava as suas coisas para sair da sala e eu fazia o mesmo, enrolando-me no meu cardigan. – Mas eu conto sim.
  - Ótimo! – Pendurei a minha mochila nas costas e fomos andando até a porta.
  - Te encontro aqui em meia hora? – Ele me perguntou com um sorriso, já saindo para a direita no corredor.
  - Ok! – Fui pela direção contrária. – Hey, Nick! Boa sorte!
  Gritei e recebi um aceno como resposta. Tecnicamente aquela não foi a atitude mais discreta que eu poderia ter tido, mas ninguém passava por ali mesmo... Nick também não pareceu ficar bravo com a minha curiosidade ou comentários, então eu fiquei tranquila. “Abi precisa ficar sabendo disso!” Eu já ia procurar o meu celular na mochila e mandar uma mensagem pra ela, mas lembrei da promessa que fizera a Nick. Melhores amigas não devem guardar segredo uma da outra e ao mesmo tempo aquele era um segredo sério. Holly poderia perder o emprego e Nick ser expulso da Academy. Pois é, eu estava em um dilema. Contar ou não contar? Eis a questão.
  Foi com essa discussão interna que eu andei pelo corredor até encontrar o banheiro mais próximo. Para minha sorte ele estava vazio e eu poderia aliviar a minha bexiga em paz. Não que eu me importasse se mais alguém quisesse usar o banheiro na mesma hora que eu... Mas enfim. Entrei em um dos cubículos espaçosos e pendurei meu cardigan e mochila em um gancho preso à parede. Já era difícil demais ter que usar o toilet com aquelas camadas de roupas de ballet para eu ainda ter que me preocupar com acessórios.
  Fiz o meu “serviço” e levei mais tempo pra me vestir do que para me despir. Durante essa minha demora, eu escutei a porta do banheiro se abrir e duas pessoas entrarem. Aliás, percebi que eram duas pessoas porque escutava duas risadas diferentes. Fiquei naquela situação constrangedora: Será que eu saio daqui? Será que eu fico escondida até essas duas irem embora? As espiei por uma brecha da porta e vi seus reflexos no espelho. Eram as duas discípulas de Brigitte que retocavam a maquiagem. “Por que? Por que não podia ser qualquer outra pessoa?” Pelo menos a abelha rainha não estava por ali, então poderia ser pior. “Não vai ter problema se eu sair... O banheiro é público!” Eu tentava me encorajar, mas o que escutei em seguida me fez congelar:
  - Você soube da novidade? – A mais alta falou com uma voz irritante.
  - Duuh, é claro que sim! – A magricela respondeu. Um dia eu ainda vou descobrir o nome das duas, mas por enquanto vamos chamar a magricela e Cruela e a mais alta de Devil. – Mesmo que não consiga acreditar que aquela %Star% está namorando o Zayn.
  - Certo?! – Devil riu escandalosamente e eu fiquei petrificada. As duas começariam a falar de mim? Aí é que eu não sairia de lá mesmo. – Mas não é como se fosse durar, ou algo parecido.
  - Pois é. – Cruela fez uma careta horrível ao retocar o batom. – Eu não sei o que ele viu nessa garota. Os dois não tem nada a ver um com o outro... É só olhar pra eles que você vai perceber a diferença.
  - Você vai ver só, amiga, daqui a pouco o Zayn se cansa e volta para a Brie. Essa sim é mulher pra ele.
  - Concordo! – As duas riram irritantemente. – Ela vai conseguir ele de volta rapidinho.
  Queria que elas terminassem logo de se maquiar –o que não estava fazendo muita diferença, já que as duas continuavam com a mesma cara de vilã de desenho animado- para que eu pudesse sair correndo dali. De repente o cubículo em que eu estava começou a ficar menor. Sei que essa sensação era apenas psicológica, mas ainda assim era desesperadora. Mesmo tentando evitar ser atingida por aquelas palavras, não pude deixar de avaliar. Será que a diferença entre eu e Zayn era tão grande assim? Tirando a parte física, claro, já que ele era dono de uma beleza estupenda e eu... Bem, eu era normal. %Abi%, Niall e até meu irmão costumavam falar que nós éramos um casal bonito e eu sempre acreditei neles. Além do que, Malik e eu dividimos os mesmos gostos nos mais variados quesitos.
  Foi então que eu liguei uma coisa à outra... Elas não deviam estar falando do Zayn que eu conhecia; do meu Zayn. Sim, porque tecnicamente existem dois Zayns... Ok, isso está confuso demais. O que eu estou querendo dizer é que o Zayn Malik da Academy era o badboy de Bradford. O menino com “más atitudes”, personalidade forte, orgulho e ego inchado. Enquanto o meu Malik era doce, carinhoso, preocupado, dedicado, sonhador, inseguro e imperfeitamente perfeito. O meu namorado era o verdadeiro Zayn Malik e poucas pessoas o conheciam. Infelizmente, ou felizmente, aquelas duas garotas e a maioria dos outros alunos só conheciam a fachada; a imagem que Zayn estava tão acostumado a passar só pra ser aceito. Olhando pelo ponto de vista da Cruela e Devil, elas estavam certas. Ele era o mau caminho e eu o “bom caminho” (se é que existe essa expressão), ele era o preto e eu o branco. Éramos tão opostos que não conseguíamos combinar. Nós dois sabíamos que não era verdade e desde o nosso primeiro encontro não oficial no centro de Londres, ele me mostrou quem era por trás do status de badboy e foi por esse que eu me apaixonei.
  Para complicar as coisas, Zayn não podia se dividir em dois e agradar a todos ou deixar a pose de badboy de um dia para o outro; assim como não podia deixar de ser quem era por dentro. Não seria certo. Admito que era a primeira vez que eu parava pra pensar naquilo e fiquei um pouco assustada. Eu só costumava pensar em como era bom estar com ele e como nada mais importava. Isso não deixava de ser verdade, mas em um ambiente onde a sua posição social e status importam até mesmo no seu desempenho profissional, não poderíamos deixar essa questão de lado. Eu não sabia o que fazer e nem sabia se existia algo para se fazer...
  Demorei tanto tempo envolta em pensamentos que nem percebi quando as duas meninas juntaram suas coisas e foram embora. Eu agradeci internamente e fui lavar as mãos e passar uma água no rosto. Evitei olhar o meu próprio reflexo no espelho, já que deveria estar com a cara horrível. Sabia que seria perseguida por aquelas teorias durante o dia inteiro e só ficaria pior. Respirei fundo. Provavelmente a minha meia hora de descanso estava acabando e eu teria que voltar para a sala sem comer nada. O que era até bom, já eu não conseguiria manter nada no estômago.
  Deixei o banheiro pra trás e caminhei encarando os meus próprios pés, não vendo a pessoa na minha frente e provocando o nosso confronto. Levantei o olhar preocupada, já esperando pelo pior. Pude sorrir aliviada quando vi que era apenas Jessica, uma garota do segundo semestre de dança. A mesma que puxou assunto comigo na aula segunda feira.
  - Desculpa, Jessica, eu não te vi. Estava meio distraída...
  - Não tem problema algum, %Tah%, imagine. A culpa foi minha também! – Ela sorriu gentil. – Eu estava mesmo procurando por você!
  - Por mim? – Perguntei curiosa. – Bem, agora você achou!
  - Vou direto ao assunto... Você conhece uma boate chamada Storm?
  - Não conheço, desculpa... – Passei a mão pelos cabelos, forçando um sorriso. – Na verdade eu não conheço boate alguma aqui de Londres.
  - É claro que não! Que cabeça a minha. Imagine, você, uma francesa perdida em Londres... É claro que não conhece. – Ela riu divertida. Acho que Jessica gostava de lembrar constantemente que eu era de Paris e acabava exagerando de vez em quando, mas ela sempre era tão educada comigo que eu não me importava. – De qualquer forma, o meu pai é dono dessa boate. E amanhã é o meu aniversário, então eu vou comemorar lá!
  - Parece divertido! – Sorri pressentindo um convite.
  - Vai ser sim! E eu gostaria muito que você fosse, %Tah%. E pode chamar aqueles seus amigos também... E o seu namorado, é claro.
  - Eu vou sim, pode contar comigo. – Senti um arrepio quando ela não se referiu a Zayn pelo nome e sim como meu namorado. – E vou arrastá-los comigo.
  - Ótimo! – Jessica ficou radiante. – Então eu vou colocar o nome de vocês na minha lista vip, certo? Aí vocês não precisam ficar na fila nem nada.
  - Melhor ainda!
  - Aqui está o endereço direitinho e também o meu telefone. Qualquer coisa é só me ligar. – Me entregou um papel cor de rosa com várias informações anotadas.
  Eu agradeci e prometi que não iria faltar o aniversário dela por nada. Nos despedimos com um abraço tímido e ela seguiu o próprio caminho. Antes de voltar para a minha própria sala, parei no bebedouro para pelo menos matar a minha sede. Eu já estava me sentindo um pouco melhor e tudo que estava precisando era de mais duas, três, quatro horas seguidas de dança.

+++

  Cheguei tão tarde em casa naquela noite que quase dormi durante o banho. O cansaço conseguia ser maior que eu, mas pelo menos eu tinha a consciência limpa que fizera um bom trabalho. Nick era o melhor dançarino que eu conhecia e ele me ensinou tanto que eu nem vi o tempo passar. Só quando a sala ficou escura é que nós decidimos que seria hora de parar e retomaríamos o trabalho outro dia. Passei o ensaio inteiro sem pensar no que presenciei no banheiro, porém, foi só entrar no meu carro e começar a dirigir pra casa que o assunto voltou a me perturbar. “Não vai durar muito.” “Eles não combinam.” Nada disso me agradava. Durante o banho então?! Aí que eu pensei mesmo.
  Como de costume, toda sexta feira Harry dormia lá em casa e acabava passando o final de semana. Nesta noite ele era quem estava fazendo o jantar enquanto Louis e Liam bebiam cerveja e assistiam televisão. Eu estava na sala, mas não no sofá como de costume e sim em uma cadeira. Meus pés estavam mergulhados em uma bacia de água morna e sal, para que perdessem o inchaço causado pelas horas que passei na ponta. Eu sempre cuidei do meu corpo e principalmente dos meus pés, já que são o meu objeto de trabalho, então aquele era um ritual que eu fazia pelo menos três vezes na semana.
  - Você está quieta hoje, %Tah%. – Liam chamou a minha atenção e eu olhei pra ele.
  - Eu só to cansada, Li. – Forcei um sorriso. Liam poderia acreditar em mim, mas pelo olhar que recebi de meu irmão, era o único.
  - Como foi o ensaio? – Lou perguntou, provavelmente querendo me arrancar algo.
  - Muito bom! – Pude sorrir sincera. – Nick e eu conseguimos nos entender na dança e eu acho que a nossa apresentação vai ser linda.
  - E pessoas de fora vão poder assistir? – Liam parecia curioso. – Eu nunca te vi dançar ballet...
  - Sinto muito, Leeyum, mas o baile é só pra alunos. – Fiz um bico de lado.
  - Acho que você é o único que ainda não a viu dançar. – Meu irmão falou pensativo. – Está perdendo um espetáculo.
  - Não exagera, Lou. – Ri daquele comentário, mas me senti muito bem em ser elogiada por ele. Louis podia sempre estar fazendo brincadeiras e tirando onda com a minha cara, mas era um irmão muito bom e me apoiava em tudo.
  - Poxa, agora eu quero ainda mais! – Liam cruzou os braços. – Você podia dançar aqui na sala mesmo, só pra eu assistir.
  - Quem sabe um dia, né? – Ri e tirei os pés de dentro da bacia, secando-os com uma pequena toalha em seguida. – E como foi o trabalho de vocês?
  - Horrível. – Os dois responderam de uma vez só.
  - Tão ruim assim? – Gargalhei.
  - E o jantar está servido. – Harry nos interrompeu. Ele estava com o rosto sujo de molho branco, por isso deduzi que teríamos macarrão para o jantar.
  - Já era a hora! – Louis se levantou e nós o seguimos.
  - Haz, você tá sujo. – Fui até ele com um sorriso sapeca e limpei o molho do seu rosto com o polegar. Em seguida, deixei um beijo estalado no local e o menino sorriu como uma criança. – Agora está limpo!
  - Obrigado, %Tah%! – O menino de cabelos cacheados riu e me abraçou de lado para podermos nos juntar aos outros dois que já estavam atacando a comida.
  Cada um de nós tinha o seu lugar na mesa de jantar: Eu ficava na ponta esquerda, Harry e Liam eram os próximos – um sentado de frente para o outro – e Lou ao lado de Harry. As outras cadeiras podiam ser ocupadas por quem mais estivesse com a gente, mas aquelas eram as nossas e nós nunca trocávamos. Mania, sabe? De qualquer forma, comecei a comer. Harry era um ótimo cozinheiro e, só pra variar, aquele macarrão estava divino. Por mais que eu não tivesse me alimentado direito durante o dia inteiro, eu não consegui comer nem a metade do que coloquei no prato. Os meninos conversavam animadamente e faziam reclamações sobre o trabalho. Aparentemente o dia de Liam e Louis havia sido horrível porque o chefe deles estava cada vez mais exigente e em cima dos dois. Pelo menos foi isso que eu entendi, já que não estava prestando muita atenção em nada. Eu olhava para o macarrão em meu prato como se fosse a coisa mais importante do mundo e brincava com o garfo de um jeito qualquer.
  - Lembra disso, %Tah%? – Harry riu, mas eu não sabia do que ele estava falando. – %Star%?
  - Hm? Desculpa, Hazza eu não ouvi... – Os três pararam de rir e ficaram me olhando sem saber o que falar. Ótimo, estraguei o clima do jantar. – Lou, posso falar com você?
  Não esperei ele responder e fui levantando da mesa para sair da sala de jantar. Passei correndo pelo hall de entrada e subi as escadas na mesma velocidade. Antes de subir, notei que Liam e Harry me olharam com preocupação, mas respeitaram a minha vontade de falar apenas com Louis. Esse último me seguiu com pressa e logo nós dois estávamos no meu quarto. A primeira coisa que fiz ao entrar no meu refugio foi me jogar na cama e abraçar um travesseiro em cima do meu rosto. Lou fechou a porta e se juntou a mim, sentando na minha frente.
  - O que está te perturbando, %Tah%? – Perguntou baixinho, acariciando a minha perna como forma de encorajamento.
  - Ughhh. – Bufei em frustração comigo mesma. Abaixei o travesseiro e sentei na ama pra poder olhar para Louis. – Eu vou te contar...
  Fiz um relatório básico sobre o que havia escutado no banheiro, minhas teorias e minhas inseguranças. Fui bem detalhista ao explicar os motivos que Zayn tinha pra ser duas pessoas diferentes, ou seja: Ser o cara legal com os amigos de verdade e o badboy para qualquer pessoa que não o conhecesse direito. Lou entendeu o lado dele, mas também compreendeu o que estava me perturbando.
  - Mas, %Tah%... Eu acho que Zayn não se importa com essa diferença entre vocês. Ele gosta muito de você.
  - Eu sei que gosta... Mas por agora. – Suspirei. – Quero dizer, hoje ele não se importa com isso, mas quem me garante que vai ser assim pra sempre? E se ele acordar um dia e perceber que estar comigo não é o melhor pra ele? As pessoas estão começando a falar e eu tenho certeza que ele já escutou muito mais do que eu. Estou insegura... Eu nunca tive nenhum relacionamento como esse, por mais que ainda esteja no começo. Eu não quero perdê-lo, Lou...
  - E você não vai! Eu já vi algo parecido com isso... – Louis tinha um sorriso no rosto e eu não sabia o que significava. – Você já assistiu Grease, certo?
  - Você me obriga a assistir a esse filme pelo menos uma vez por mês, então sim. – Rolei os olhos. O que o filme preferido dele tinha a ver com isso? – Mas e daí?
  - Você lembra o que a Sandy faz no final do filme? A mudança de atitude e de estilo? Ela fez aquilo pra se adaptar... Pra entrar no mundo do cara que ela gostava, pra fazer parte do mundo dele. – Ele explicou e até que fazia algum segundo. – Ela não deixou de ser quem era e não mudou na parte de dentro. Porque a aparência é só um detalhe superficial, mas você já percebeu que importa pra muita gente. Então porque não tenta fazer o mesmo? Porque não prova pra todo mundo que você pode sim ser quem eles esperam que seja?
  - Só por um dia? – Mudar quem eu era estava fora de cogitação, mas a ideia de Louis até que era boa. Eu só precisava de um dia. Só um dia pra mostrar que eu podia me adaptar ao mundo de Zayn. Uma pequena mudança na minha atitude e roupas... Seria uma boa. Eu iria surpreender muita gente e mostrar a Brigitte que se ela quiser tirar meu namorado, terá que passar por mim primeiro.
  - Só por um dia. Só pra provar que eles estão errados. – Sorriu.
  - Obrigada, Lou... – Também sorri e o abracei. Meu irmão sempre soube me dar ótimos conselhos e mesmo quando não podia ajudar, escutava tudo que eu tinha a falar; todos os meus desabafos.
  - Sempre que precisar, %Estrelinha%. – Retribuiu o abraço e beijou a minha testa. – Você não quer descer e terminar o jantar?
  - Eu realmente estou sem fome... Mas você pode ir. Aproveita e explica pros meninos que eu não estou louca. – Ri e encostei as costas no travesseiro que estivera abraçando.
  - Então eu vou, mas antes de dormir venho aqui checar como você está. – Ele se levantou e caminhou até a porta do quarto.
  - Só volte se trouxer chá.
  Louis fez uma careta antes de desaparecer porta a fora. Eu suspirei e sorri, terminando de deitar na cama. Me sentia bem mais leve e com as ideias no lugar. Era incrível como só aquela conversa foi capaz de me ajudar e me deixar mais tranquila. Eu aproveitaria a festa de aniversário de Jessica no dia seguinte pra fazer a minha mudança de estilo, já que eu tinha certeza que pelo menos metade da Academy estaria lá. Por falar nisso... Eu ainda tinha que contar a Zayn, %Abi% e Niall sobre a festa. Peguei meu celular em cima da minha mesinha de cabeceira e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, vi que tinha duas mensagens não lidas do meu namorado. Sorri curiosa e abri a primeira mensagem:

“Estou com saudades. x”

  E então abri a segunda:

“Eu não sei por que mandei essa mensagem... Agora você vai me achar grudento demais.”

  Tive que rir! Imaginei a cara que ele devia estar fazendo ao se achar “grudento” e fiquei sorrindo por saber que ele sentia a minha falta. Não passamos muito tempo juntos naquele dia, já que eu não tive intervalo e apenas nos vimos bem cedo e quando ele e %Abi% foram se despedir de mim na hora de irem pra casa. O fato é que eu também sentia falta dele... Demais até. Sabe quando a pessoa não sai do seu pensamento? Porque eu sei.
  “Também estou com saudades, baby. Como você está? xx ps: Pode ser grudento, eu não me importo. :p” – Foi o que respondi. Após clicar em “enviar” procurei os números de %Abi% e Niall; iria mandar a mesma mensagem para os dois:

“O que vocês vão fazer amanhã? Cancelem todos os compromissos, pois temos um convite.”

  Também enviei as mensagens e não precisei esperar muito pela minha primeira resposta. Era Zayn:

“Estou melhor agora! Minhas irmãs estão uma peste hoje. Eu devia ganhar um prêmio por não matar nenhuma das três. E você, pequena?”

  Antes de começar a responder decidi ler as outras duas mensagens que também chegaram:

“Não tenho absolutamente nada! Que convite tão importante é esse? – %Abi%.” e “Meu dia está livre pra você, gatinha. O que manda?”

  %Abi% morreria se visse o namorado dela falando comigo desse jeito. Tratei de responder a todos pela ordem de chegada:

“Não mate as minhas cunhadas, por favor! E tenho certeza que a culpa é sua, não importa o que elas fizeram. >.< Eu estou bem... Só bastante cansada.”
“Vamos à festa daquela Jessica... Em uma boate chamada Storm, conhece? O pai dela é dono de lá e estaremos na lista VIP”
“Quero te ver na Storm amanhã,
gatinho. Rola?”

  É, eu entrei na brincadeira com Niall e sabia que não iria demorar pra %Abi% tirar satisfações comigo. Fiquei rindo sozinha enquanto mexia no meu celular e a resposta de Zayn veio em segundos:

“Você vai mesmo ficar do lado delas? Que namorada legal essa que eu fui arrumar.”
“Para de reclamar, Malik! Você é o mais velho, tem que dar o exemplo.”
“Vou começar a ficar ao lado do Louis quando ele estiver contra você.”
“Mas você já faz isso!”
“Tem razão... Mas enfim.”
“É claro que eu tenho razão! O que vai fazer amanhã?”

  Os outros dois também responderam às minhas mensagens e eu logo fui ler:

“STORM? É simplesmente a boate mais quente da cidade! Eu só consegui entrar lá uma vez de tão cheio que estava... E ainda por cima somos VIP?! O que você fez pra conseguir isso?”
“Amanhã? Terei que inventar alguma desculpa pra enrolar a minha namorada, mas faço qualquer coisa por você.”

  Ri dessa última mensagem de Niall e o respondi antes da minha melhor amiga:

“Então esteja lá as 23hrs... E eu serei sua.”
“Me ame pra sempre! haha Não fiz nada... A Jessica só me convidou. Então está combinado. Amanhã às 23hrs.”

  Zayn me respondeu:

“Amanhã? Só quero te ver. Tem algo em mente?”
“Na verdade tenho sim... Boate Storm, às 23hrs.”
Capítulo XXVII
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