Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XXVI

Tempo estimado de leitura: 36 minutos

  “Winter Wonderland, Winter Wonderland...” Não sei se estava mais animada com a música dentro da minha cabeça, ou com dancinha desengonçada que eu fazia ao me arrumar. Tudo parecia estar ao meu favor, já que naquele dia não estava chovendo, eu demorei menos de dez minutos para escolher a roupa que usaria e o meu cabelo estava comportado e me obedeceu quando fui arrumá-lo do jeito que queria. Estava quase na hora marcada para os meninos passarem pra me buscar e %Abi% começara a me mandar mensagens pra me apressar. Combinamos de ir todos em um carro só, então Zayn passaria na casa de Niall e %Abi%, respectivamente, antes de vir até a minha casa. Eles alegavam que eu demorava muito pra ficar pronta, por isso seria a última. Injusto! É só o que tenho a declarar.
  Entrei no banheiro para dar um último retoque na maquiagem e passar perfume. Eu até que estava apresentável e, o mais importante, confortável. Aquela roupa me permitiria correr, pular, girar e aproveitar todos os brinquedos que o parque de diversões teria a me oferecer. Aproveitei que estava ali e procurei um pequeno espelho para guardar na bolsa, assim como um batom mais claro; nunca se sabe quando vamos precisar, né?
  - %Tah%, seu transporte chegou. – Harry Cupcake Styles falou da porta do meu quarto e eu me apressei.
  - Já estou indo, Hazza. – Gritei em resposta e corri para fora do banheiro, puxando a minha bolsa e enfiando as coisas dentro dela de qualquer jeito.
  - Se divirta, ok? – Me desejou assim que eu passei por ele e saí do quarto.
  - Pode deixar! – Sorri e baguncei os cabelos cacheados dele. – Vocês também.
  - Vamos tentar. – Escutei Lou gritar do quarto dele e ri.
  - Não me esperem acordados. – Brinquei e fui até a escada, começando a descer. – Fui!
  Passei pelo hall de entrada e peguei o meu chaveiro na fechadura da porta. Não sabia a hora que voltaria e realmente não queria ficar presa do lado de fora. Tranquei casa depois de sair e me virei pra olhar os meus amigos pela primeira vez. Zayn estava encostado na porta do carro, me esperando do lado de fora. Falar que ele estava lindo não vai ser uma novidade, porque quando esse menino está feio? Nunca, pois é. Mas o sobretudo preto que ele vestia o deixou mais charmoso que o normal e o Converse desenhado que usava nos pés deu um ar descontraído ao look. O outro casal estava no banco de trás, acenando pra mim pela janela.
  Me aproximei do carro sorrindo e olhando para Zayn. Eu tinha que cumprimentá-lo primeiro, é claro! Ele também andou na minha direção e abriu os braços para que eu me encaixasse ali. Nós nos abraçamos e eu respirei fundo para inalar aquele perfume tão delicioso que exalava do pescoço dele.
  - Oi, %Tah%. – Falou baixinho, me fazendo olhar pra ele.
  - Oi, Malik. – Ri e dei um beijo rápido nos lábios dele. – Pronto para a diversão?!
  - Super pronto! – Ele também riu e aparentava estar tão animado quanto eu.
  - Nós existimos também, ok? – %Abi% devia estar tentando cair do carro, porque ela ficou de joelhos no banco e colocou metade do seu corpo para fora da janela.
  - Vocês estão aí também, é? – Me separei de Zayn e fui abraçar a minha amiga. – Eu estou brincando, idiota! Não faz essa cara.
  - Eu estava morrendo de saudades! – A ruiva me apertou.
  - Nós nos vimos há menos de quatro horas, %Abigail%! Na Academy, lembra? – Rolei os olhos, divertida. – Hey, Ni!
  - E aí, %Tah%?! – O loiro sorriu e fez a namorada entrar de uma vez no carro para que pudéssemos ir.
  - Não temos tempo a perder. – Zayn segurava a porta do carona aberta, me esperando entrar.
  - Eu estou tão ansiosa! – Já podia sentir um frio na barriga ao imaginar todos os brinquedos que estavam me esperando. Entrei no carro e já coloquei o sinto de segurança enquanto a porta era fechada.
  - Eu também... – Zayn falou baixo, quase em um sussurro, e olhou para Niall.

+++

  Chegamos ao Winter Wonderland em aproximadamente meia hora. O transito estava calmo para um começo de tarde no meio da semana e o parque não estava tão cheio; pelo menos não na parte que eu conseguia ver. O Hyde Park era gigante e aquele parque de diversões ficava bem no centro dele, então tivemos que caminhar alguns metros a pé por dentro da área verde. %Abi% estava com uma câmera fotográfica na mão e não parava de tirar fotos. Eu queria registrar aquele momento e não via problema nenhum em ser fotografada, mas o que me irritava era que ela nos pegava despreparados. Zayn passou o braço em volta dos meus ombros e eu o abracei de lado pela cintura; a ruiva não perdeu tempo e eu só senti o flash no meu rosto.
  - %Abigail%! – Reclamei e Zayn só riu. – Se eu ficar cega, a culpa vai ser sua.
  - Para de reclamar, %Tah%! Um dia quando estivermos bem velhinhas você vai olhar pra essa foto e me agradecer. – Ela deixou a câmera de lado por um momento e nós quatro andamos lado a lado até a entrada do Winter Wonderland.
  - Isso se eu ainda conseguir enxergar. – Resmunguei.
  - Relaxa, %Tah%... Olha onde estamos. Aproveite! – Zayn beijou a minha testa e eu senti todo o estresse abandonar o meu corpo na mesma hora. – Quero que hoje seja um dia perfeito.
  - É uma data especial e eu esqueci?
  - Todo dia ao seu lado é uma data especial. – Ele respondeu e eu senti um calafrio. De onde estava vindo todo aquele romantismo?
  - Awn, que coisa mais linda! – Sorri e parei de andar, ficando na frente dele.
  Zayn sorriu de volta e entendeu o que eu estava querendo. Me abraçou pela cintura e eu fiquei na ponta dos pés para igualar a nossa altura. O envolvi pelo pescoço e ele não esperou mais nada pra juntar os lábios aos meus. Minha boca estava gelada por causa do frio, mas logo começou a esquentar assim que o garoto modelou-a com a dele. Nossas línguas se encontraram e um choque elétrico percorreu o meu corpo. Eu já conhecia aquele beijo, mas a cada dia que passava ele me dava novas sensações, me deixava mais viciada; presa àquilo. Infelizmente aquele momento de carinho não durou muito, já que nós sabíamos que tinha mais gente nos observando, inclusive crianças.
  - Vem, gente, nós já pegamos os tickets. – Niall nos chamou e apontou para %Abi%, que já estava bem distante, olhando balões de gás hélio.
  - Estamos indo! – Zayn o respondeu e segurou a minha mão.
  Preciso dar um pequeno aviso antes de continuar: Quando eu entro em um parque de diversões, lojas de brinquedo, festas infantis e etc, eu viro uma criança de cinco anos. Foi bem isso o que aconteceu ali... Eu comecei a correr para dentro do parque, puxando Zayn pela mão. Ele não me impediu e até me acompanhou, gargalhando enquanto me seguia. Passamos por %Abi%, que se assustou, e Niall se juntou a nós.
  - EI, ESPERA POR MIM. – A ruiva tentou no alcançar e eu ri da cara que ela fez.
  - Anda logo, %Abi%! – Paramos de correr para esperá-la e recuperarmos o ar. Eu olhei em volta, admirada com as novas atrações e o pouco das luzes que já estavam acesas. – Aonde vamos primeiro?
  - Power Tower! – Niall e %Abi% gritaram.
  - Eu quero ir ao Wild Maus. – Zayn disse ao mesmo tempo.
  - Que bom que todos chegamos a uma conclusão. – Ri. – Nós vamos em todos, mas temos que escolher um pra ir primeiro...
  - Podemos ir no que está mais perto. – %Abi% apontou para o carrossel e meus olhos brilharam.
  - Carrossel é pra crianças! – Niall resmungou.
  - Quem disse isso? – Olhei pra ele com espanto. – Carrossel é algo mágico.
  - Por mim não tem problema. – Zayn deu de ombros e o loiro viu que não teria outra escolha.
  Eu bati palmas, animada, e fomos andando até o carrossel de dois andares. Sim, dois andares. Só estando em Londres mesmo. O brinquedo era lindo e cheio de animais como: elefante, cavalo marinho, rena, águia, cavalo, tigre e muitos outros. A fila não estava muito grande, mas ainda assim teríamos que esperar um pouco. A maioria das pessoas ali estava com crianças ou eram crianças, o que fez Niall nos olhar como se ele tivesse razão o tempo todo. Como ele nunca reclamava de nada, logo começou a conversar com um menininho de aproximadamente quatro anos.
  - Qual o seu nome, buddy? – Ele sorriu e o menininho segurou na perna da mãe dele, envergonhado.
  - Niall, você tá assustando a criança! – Zayn riu divertido ao meu lado. Niall estava na nossa frente e %Abi% atrás de mim.
  - Eu só estava tentando ser amigável, poxa.
  - Você só está fazendo isso da forma errada. – Também ri e o irlandês fez um bico, desapontado.
  - Qual é a forma certa, então? – Perguntou, cruzando os braços.
  - Não tem uma “forma certa”. – Fiz aspas no ar, mas não foi o suficiente para convencê-los. Rolei os olhos e passei na frente de Niall, ficando mais perto do menininho. Abaixei até ficar quase na altura dele e sorri amigável. – Oi, pequeno.
  - Oi... – O menininho me respondeu inseguro, ainda segurando na perna da mãe. Ela nos olhava, mas não me mandou sair de perto do filho.
  - Você já sabe em qual bichinho vai andar? – Apontei para o carrossel e o menor balançou a cabeça, afirmando que sim. – Deixa eu adivinhar... O cavalo?
  - Uh-uhn. – Ele negou com a cabeça e abriu um pequeno sorriso.
  - Hm, é claro que não. – Fiz uma cara pensativa e ele riu. – E o dragão? Ele é bem legal.
  - Sim! – Balançou a cabeça e soltou a mãe. – O dragão é grande.
  - É grande mesmo! Às vezes eu até tenho medo dele.
  - Não precisa ter medo... – O garotinho era tão fofo que eu tinha vontade de levá-lo pra casa comigo. Ele parecia realmente preocupado por eu ter medo do dragão. – Eu te salvo!
  - Você me salva? – Sorri com aquela fofura. – Então eu não terei mais medo. Posso saber o nome do meu salvador?
  - Greg. – Ele falou dengoso, com um sorriso que não tinha preço.
  - Eu me chamo %Tah%.
  - Com licença, eu posso tirar uma foto dos dois? – %Abi% havia se aproximado e perguntava para a mãe de Greg.
  Ela afirmou que sim e até se afastou um pouco para não aparecer na foto. Eu apenas me virei um pouco e fiquei ao lado do menininho. Nós dois sorrimos e %Abi% contou até três antes de disparar o flash. Ela realmente tinha que parar de usar aquilo! A fila começou a andar, finalmente, e chegou a nossa vez de entrar. Nos despedimos de Greg e entramos no carrossel. Eu fui direto para o segundo andar, subindo as escadas. Zayn me seguiu e os outros dois também. Nós tínhamos que correr pra pegarmos os melhores animais. Desviei de algumas pessoas e consegui chegar onde queria.
  - Viu, %Tah%? Você não precisa ter medo. – Zayn falou do nada, fazendo uma careta.
  - Eu arrumei um salvador! – Ri, mas ele não achou graça. – Você está mesmo com ciúmes de uma criança?
  - Não é ciúme! – Rolou os olhos. – Eu só esperava que você falasse que já tem alguém pra te salvar.
  - E eu tenho? – Me fiz de desentendida e aproximei-me dele. O solavanco que o brinquedo deu a começar a rodar me fez perder o equilíbrio.
  - Tem sim. – Ele me segurou pela cintura, impedindo-me de cair. Eu acabei sorrindo.
  Demos um selinho demorado e ele me ajudou a subir em um cavalo marinho esverdeado. Com o bicho subindo e descendo foi mais difícil do que se estivesse parado, mas ainda assim eu consegui sentar nele depois de muitas risadas. Zayn montou em um leão que estava na minha diagonal, Niall estava em uma águia e o único animal próximo aos nossos que estava sobrando foi um porco. Você pode imaginar a cara que %Abi% estava fazendo ao montar nele, né?
  - Tá vendo como é legal, Ni? – Ri e levantei os braços para o alto, sentindo o brinquedo subir e descer. – Weeeeeeeee.
  - É muito emocionante mesmo. – Por mais que tenha sido irônico, ele riu e entrou na brincadeira.
  Fizemos palhaçada durante as três voltas lentas que o brinquedo deu. Zayn tentou ficar em pé no seu leão, mas só o que conseguiu foi uma reclamação do funcionário que estava por ali. %Abi% tentou tirar onda com ele, mas eu o defendi fazendo uma piadinha envolvendo ela e o porco. Niall parecia ser o que mais estava gostando daquele brinquedo, porque ria o tempo inteiro. Eu gostaria de passar um dia dentro da cabeça dele, só pra ver como é que é, porque ele sempre era cheio daquela felicidade e via o mundo do jeitinho especial que só ele conseguia. Acho que ele e %Abi% eram tão perfeitos um para o outro por conta disso. Saímos do brinquedo um pouco tontos e eu tive que segurar a minha amiga para que ela não caísse.
  - Agora é a minha vez de escolher o brinquedo. – Zayn sorriu maleficamente eu tive medo do que estaria por vir. – O trem fantasma.
  - Isso! – Comemorei. Eu não tinha medo dessas coisas e acabava achando mais engraçado do que assustador.
  - Nããããão. – %Abi% choramingou. – Eu tenho medo!
  - Você pode segurar a minha mão, cerejinha. – Niall a abraçou, mas ainda assim ela estava relutante.
  - E eu posso segurar a sua mão, Honeybuns? – Pulei no pescoço de Zayn, exagerando na melosidade. Ele riu e me segurou.
  - É claro que pode, babycakes. – Falou e foi a minha vez de rir. Aparentemente tínhamos inventado apelidos ‘fofos’ um para o outro.
  Nós quatro começamos a caminhar até o trem fantasma lado a lado. Aquele encontro duplo estava sendo mais divertido do que eu imaginava. Se eu não estivesse com Zayn, e vice-versa, eu aposto que teria sido bem chato ver nossos amigos se agarrando, mas naquele caso era só virar para o meu “acompanhante” e fazer o mesmo que eles. Ficar de vela não é nada bom e eu sabia bem disso.
  Avistamos o nosso próximo destino e %Abi% já começou a tremer. O brinquedo parecia um castelo e era todo escuro. As janelas eram pintadas de preto com algumas manchas avermelhadas que deveriam represar sangue. Senti um pequeno frio na barriga, mas não era medo. Demos sorte por não enfrentar nenhuma fila e um carrinho de dois lugares já estava a nossa espera. Como eu e Zayn estávamos na frente, acabamos sendo os primeiros a entrar. Nos sentamos e esperamos o funcionário fechar a trava de segurança. Com um solavanco nada delicado, o carrinho começou a andar e a porta que levaria para dentro do castelo se abriu.
  - Tchaaaaau. – Acenei para os outros dois que ficaram lá esperando a chegada do carrinho deles e o que eu vi em seguida foi o escuro. – Ai meu Deus!
  - Tudo bem, %Tah%? – Zayn riu de mim e segurou a minha mão, me confortando.
  - Tudo sim, eu acho! – Também ri e passei o meu braço pelo dele, me aconchegando em seu corpo. Eu não estava com medo, mas não custava nada me sentir ainda mais protegida, não concorda?
  Como tudo continuava no escuro, nós não vimos a descida chegando e eu me assustei com a queda do carrinho. Zayn também estremeceu ao meu lado, mas não gritou e nem falou nada. A primeira luz que eu vi foram dois olhos vermelhos que nos seguiram até o carrinho fazer uma curva para a direita. Finalmente foi possível ver o que estava ao nosso redor assim que entramos em uma nova sala, mas eu desejei continuar no escuro. O lugar era horrível: Tinha correntes no teto, ferramentas de tortura, máquinas que eu não tinha ideia do que faziam -mas sabia que eram pra alguma coisa ruim- e a boneca de uma mulher ensanguentada deitada em uma mesa de madeira. Olhei tudo aquilo com receio e abracei Zayn ainda mais. O carro continuou a atravessar aquela sala e passou bem ao lado da tal boneca ensanguentada. Mas o que eu não sabia era que aquela não era mesmo uma boneca. Imagine o tamanho do susto que eu levei quando a mulher começou a gritar e se contorcer na mesa de madeira. Eu gritei mais uma vez e Zayn tremeu. Ele não chegou a gritar literalmente, mas fez um barulho ao se assustar também. Eu fechei os olhos com força, querendo tirar aquela imagem da minha cabeça.
  - Ok, eu não estava esperando por isso! – Falei ainda de olhos fechados. Saímos daquele quarto de tortura e nos entreolhamos.
  - A %Abi% vai ter um ataque cardíaco. – Zayn gargalhou e eu também ri ao imaginar a cena.
  Continuamos o nosso passeio até chegar à outra sala. O chão era coberto por uma névoa misteriosa e o movimento da fumaça lembrava um lago. Até que aquilo não era assustador, mas a sensação que algo ia acontecer não me largava. O som alto de um grunhido me fez tremer e olhar para Zayn como se perguntasse: “O que foi isso?” e ele não sabia a resposta, pois parecia tão aterrorizado quanto eu. Pelo menos o carrinho não parava de andar e o que quer que viesse a acontecer não iria durar muito tempo.
  - O que foi aquilo? – Zayn apontou para o meu lado, me fazendo pular no banco e olhar naquela direção.
  - O que? – Perguntei com a voz trêmula. – Você viu alguma coisa? Será que é um monstro?
  - Não... Eu acho que é a sua dignidade indo embora. – Brincou com uma risada gostosa.
  - Malik! Isso não tem graça. – Diminui um pouco o aperto em seu braço e dei um pequeno tapa em seu ombro. – Até parece que você não se assustou também!
  O menino não teve tempo de me responder, porque um esqueleto caiu em cima de nós. Ok, ele não caiu literalmente em cima da gente, mas chegou bem perto disso. Por sorte o esqueleto estava grudado em algum tipo de corda ou coisa parecida e apenas se aproximou o bastante pra nos assustar. Zayn gritou dessa vez e eu só dei um pequeno pulo sem sair do lugar. O esqueleto foi recolhido e o carrinho continuou o percurso.
  - Cof cof. – Forcei uma tosse, olhando o menino ao meu lado com deboche. – O que ia dizendo?
  - Cala a boca. – Ele riu e eu ri mais ainda.
  - Vem calar! – Respondi como uma criança birrenta e continuei rindo.
  Zayn me olhou como se aceitasse aquele desafio e o que se seguiu foi bem simples. Ele segurou na lateral do meu rosto e o puxou para perto do dele. Eu parei de rir na mesma hora e fechei os olhos. Entreabri os lábios, encaixando-os nos dele e demos início a um beijo. Minhas mãos procuraram os ombros do garoto, mas pararam na gola do sobretudo que o aquecia. Tudo a nossa volta desapareceu... Os barulhos horripilantes se tornaram ruídos, os monstros e criaturas que deviam nos assustar não fizeram efeito algum e nem mesmo o movimento brusco do carrinho nos atrapalhou. Ficamos trocando carinhos até sentirmos a luz voltar a tocar a nossa pele. O passeio tinha acabado e nos separamos com relutância.
  - Não podemos ir de novo? – Zayn alisou a minha bochecha, querendo continuar aquela sessão de amasso.
  - Eu acho que tem mais gente querendo andar nesse brinquedo, Zayn... – Falei baixinho, roubando um último beijo rápido.
  O funcionário do parque abriu a trava de segurança e nos deixou sair. Até que aquele brinquedo tinha sido divertido e a melhor parte foi o final, é claro. Zayn segurou a minha mão e foi o suficiente pra me fazer esquecer de algo importante que eu não fazia mais ideia do que era. Dei de ombros e começamos a nos afastar do trem fantasma e procurar outra atração. Eu estava me sentindo corajosa, com vontade de experimentar algo com mais adrenalina... Foi aí que eu vi a Power Tower. Uma torre de aproximadamente muitos metros de altura onde as pessoas eram levadas até o topo e depois sofriam uma queda livre muito rápida.
  - Eu quero ir ali! – Apontei para o brinquedo.
  - Tem certeza? – Zayn parecia um pouco apreensivo.
  - Tenho sim! Vamos, vamos, vaaaaaaaaaaaamos? – Fiz um biquinho e sabia que ele não iria resistir.
  - Então vamos, %Tah%, mas você tem que me prometer uma coisa. – Fomos andando em direção ao brinquedo. – Que não vai rir de mim se eu gritar.
  - Eu prometo!

+++

  Passamos vinte minutos na fila da Power Tower, mas pelo menos esse tempo foi bem aproveitado. Nós dois não no agarramos ali, mas usamos o tempo para conversar, fazer brincadeiras um com o outro e rir, mas rir muito. Zayn admitiu que estava nervoso de andar naquele brinquedo e que não gostava muito de altura, mas eu o convenci a experimentar. Disse que estaria ao lado dele e que nada de mal iria acontecer.
  - Eu estou começando a me arrepender disso... – Falei quando chegou a nossa vez de entrar e procurar um lugar vazio.
  - Agora nós vamos até o fim. – Zayn também tinha um pé atrás, mas tentava me encorajar. – Eu te ajudo...
  Como os bancos eram um pouco altos demais e a minha roupa escorregava, eu não estava conseguindo subir no brinquedo. Zayn desceu do próprio lugar só pra me ajudar e eu sorri com aquilo. Existia alguém mais fofo? Acho que não. Ele me segurou pela cintura e teve uma facilidade tremenda pra me levantar e me sentar no brinquedo; aproveitou pra fechar a trava de segurança que parecia um colete. Eu me acomodei e confiei que estava segura; bem mais segura do que estaria se algum funcionário tivesse me ajudando no lugar dele. Depois de conferir se eu estava bem presa, Zayn voltou para o seu lugar e também se assegurou ali. Uma funcionária passou conferindo as travas e me falou pra colocar a minha bolsa entre as minhas pernas, já que assim ela estaria mais segura. Eu aceitei o conselho e a prendi ali, já que não queria a minha bolsa voando pelo parque.
  - Está preparado, Zayn? – Eu olhava pra frente e para o chão, já temendo a hora que o brinquedo começasse a se mexer, mas o silêncio do menino me fez olhá-lo. – Zayn?
  - Hm? – Ele respondeu baixo. Estava agarrado à barra de segurança e tinha os olhos fechados com força. Coitadinho, estava com medo mesmo.
  - Awn, baby... – Sorri e estiquei o braço até tocá-lo no ombro, querendo confortá-lo.
  - Do que você me chamou? – Zayn abriu os olhos e me olhou com um sorriso maior que tudo. Só então é que eu me toquei do que tinha acabado de fazer. “Baby”
  - Nada. – Respondi rápido e me senti idiota com aquela resposta. – Digo... Eu te chamei de Zayn, só isso.
  O garoto continuou sorrindo como um bobo e eu sabia que ele não cairia naquela minha tentativa de disfarçar o que eu havia falado. O timing do brinquedo não poderia ser melhor, porque assim que ele começou a subir, o assunto foi deixado de lado. Zayn voltou a fechar os olhos, mas ainda tinha aquele sorriso no rosto. Eu olhei pra baixo e segurei no ferro que me mantinha presa. Estávamos ganhando velocidade rápido demais e muitas pessoas a nossa volta começaram a gritar. Eu parei de olhar pra baixo e levantei o rosto, admirando a vista. A torre era bem mais alta do que parecia quando vista de baixo e o horizonte era lindo. Eu podia ver boa parte verde do Hyde Park e alguns prédios ao longe. O sol estava do lado oposto do brinquedo, então eu pude admirar aquela vista sem meus olhos lacrimejarem. Olhei para o meu lado e Zayn estava sério, rígido, quase sem respirar. Pensei em falar pra ele abrir os olhos e aproveitar o panorama, porém, aquilo só iria assustá-lo ainda mais.
  O brinquedo parou. Eu olhei pra cima, checando se já havíamos chegado ao topo e o frio na minha barriga se tornou o polo norte. “É isso. Agora vamos cair. E morrer. Não, não morrer. Só cair em queda livre. A queda da morte.” Minha consciência estava descontrolada e me assustava mais do que devia. Eu balançava os meus pés com nervosismo, desejando encostá-lo em algum lugar. Na minha cabeça eu contava até três várias vezes, como se fossemos cair assim que eu chegasse ao número três e aquilo me preparasse um pouco para o que estava por vir. Não adiantou, pois continuamos parados lá no alto. Acho que aquele brinquedo tinha um sexto sentido e ficava esperando a gente se distrair para, então, voltar a se mover. Digo isso porque foi exatamente o que aconteceu. Eu estava totalmente desprevenida, voltando a apreciar a vista e... BUM. Gritei com o susto e tudo aconteceu muito rápido. Meus cabelos ficaram em pé, literalmente, e meu corpo levantou do banco. Eu estava voando, mas a sensação não era boa.
  Se eu tivesse fechado os olhos perderia a queda, pois despencamos tão rápido que deve ter levado menos de cinco segundos pra voltarmos ao chão. Estava ofegante e agradeci internamente por ter acabado. Foi até legal e a adrenalina corria acelerada pelas minhas veias, mas não era algo que eu gostaria de repetir tão cedo. Passei as mãos pelos cabelos, tentando fazê-los voltar para o lugar e já comecei a soltar a tranca que me mantinha presa ali. Saltei do brinquedo e olhei para Zayn pela primeira vez depois de descermos. Ele estava no mesmo lugar, petrificado. Seu rosto estava pálido e seus lábios sem cor. Corri até ele e eu mesma abri o espaço para ele passar e sair.
  - Você está bem? – O segurei pela mão até que ele estivesse pisando no chão novamente.
  - Nunca... Mais... – Respondeu com esforço e eu o abracei ali mesmo.
  - Desculpa, tá? Eu não devia ter pedido pra você vir comigo... – Eu estava me sentindo mal por ele, por isso apertei o abraço e sussurrei: - Mas tá tudo bem agora.
  - Não foi culpa sua, %Tah%. Só vamos sair daqui, ok? – Ele parecia um pouco melhor e já começava a sorrir.
  Eu assenti e nos dirigimos até a saída do brinquedo, novamente de mãos dadas. Ajeitei a minha bolsa em meu ombro e, graças a Deus, ela não saiu voando durante a queda do brinquedo. Caminhamos sem direção até que eu escutei o toque do meu celular dentro da bolsa. Parei de andar e assim que peguei o meu iPhone na bolsa gelei ao ler o nome que estava na tela: “Abi.” Olhei para Zayn e nós devíamos estar pensando a mesma coisa. Então a sensação de estar esquecendo algo veio porque eu realmente estava esquecendo algo: Nossos amigos. Pode parecer impossível esquecer duas pessoas assim, mas quando saímos do trem fantasma, tudo que eu consegui prestar atenção se resumiu ao menino maravilhoso que estava ao meu lado.
  - Hey, %Abi%... – Atendi meio receosa e já esperando as reclamações que iria escutar.
  - %Star% Tomlinson! Se você e Zayn Malik quiserem um tempo a sós, é só avisar, ok? Não precisam sumir do nada! – Ela reclamou e eu afastei o telefone para não ficar surda.
  - Desculpa, ruivinha linda! – Fiz a minha melhor voz arrependida na esperança de amolecer o coração dela. – Onde vocês estão? É só falar e nós vamos até vocês.
  - Não venha tentar se desculpar! Eu estou com raiva e... – %Abi% parecia mesmo irritada e eu escutei o som do celular sendo arrancado da mão dela.
  - Oi, %Tah%, é o Niall. – Pude escutar os berros da menina no fundo da ligação, mas pelo menos o garoto estava mais calmo. – Nós estamos aqui na xícara maluca, tem como vocês virem pra cá? Já estamos na fila...
  - Tudo bem, Ni, já estamos indo aí. – Encerramos a ligação e Zayn me olhava rindo.
  - Estamos muito encrencados? – Ele coçou a nuca.
  - Ela usou nosso nome completo. – Fiz uma careta engraçada e ele entendeu que estávamos MUITO encrencados.

+++

  Já havia escurecido quando %Abigail% nos perdoou por termos os esquecido no trem fantasma e nós pudemos voltar a aproveitar o dia no parque de diversões. Eu estava terminando o meu segundo algodão doce e Niall atacava um cachorro quente. Decidimos só comer alguma coisa depois de andar em todos os brinquedos que poderiam nos enjoar e por isso estávamos mortos de cansaço quando finalmente sentamos em um banco de madeira. A noite chegou e as luzes do parque foram acesas, deixando o lugar ainda mais lindo e colorido do que já era. Eu pegava pedaços de algodão doce e os levava até a boca, sorrindo cada vez que ele derretia na minha boca.
  - Meninas, nós já voltamos, ok? – Zayn se levantou e Niall o seguiu.
  - Onde vocês estão indo? – Perguntei colocando um pedaço enorme de algodão doce rosa na minha boca.
  - Vamos pegar mais comida pro Niall. – Ele respondeu.
  - Não querem que a gente vá junto?
  - Não, %Tah%... Deixa os meninos irem. – %Abi% me segurou quando eu tentei levantar e eu precisei olhar pra ela para perceber o quanto aparentava estar cansada.
  - Encontramos vocês no lago, ok?
  Os meninos se afastaram e eu fiquei sozinha no banco com %Abi% ao meu lado. Aquele algodão doce estava tão delicioso que eu não me importaria em ficar ali a noite inteira sem prestar atenção em mais nada. A ruiva ao meu lado me olhava e ria sem parar, afirmando que eu parecia uma criança e estava me lambuzado toda. Mentira, é claro, porque ninguém pode se “lambuzar” com algodão doce. No máximo, os meus dedos e o canto da minha boca estavam um pouco sujos, mas nada que um pouco de água não resolvesse.
  - Você não ama parques de diversões? – Fiz uma pergunta retórica, olhando em volta. Todas as pessoas felizes passeando a nossa volta, todas as luzes dos brinquedos e das lojinhas... Aquele era um bom lugar pra se estar com amigos.
  - Não mais do que você. – Minha amiga respondeu com um sorriso.
  - Eu realmente amo isso aqui. – Ri baixo e terminei de comer o algodão doce. – Vamos ao banheiro? Preciso me lavar.
  - Que preguiça, %Tah%... O banheiro fica tão longe! Eu estou cansada, sabia? – Resmungou parecendo uma velha e revirou a bolsa procurando alguma coisa. – Usa isso aqui, oh.
  - %Abi%, para de ser preguiçosa! – Eu também estava cansada, mas não podia ficar andando por aí com as mãos cheias de açúcar. – O que é isso?
  - Lencinhos umedecidos. – Me entregou um dos lencinhos e eu teria que me contentar com aquilo. – Eu sempre carrego alguns na bolsa quando vou sair com crianças.
  - Também faço isso quando vou sair com a Lux! – Sorri e já comecei a limpar a boca e minhas mãos. – EPA! Eu não sou criança.
  - Claro que não! – Respondeu irônica. – Só tem algodão doce até na bochecha porque é muito adulta.
  - Minha bochecha ta suja? – Fiz uma voz de criança e um biquinho, passando a ponta do lenço na minha bochecha. É, eu estava mesmo suja ali.
  Depois de me limpar totalmente, joguei o lencinho sujo em cima de %Abi% e ela soltou um grito tão agudo que até cachorros do outro lado da cidade deviam ter escutado. Eu comecei a rir, mas rir muito na cara de nojo que a minha amiga fez e me arrependi de estar fazendo aquilo na mesma hora, pois a menina me atacou. Sei que apanharia se não tivesse levantado na mesma hora em que ela investiu na minha direção.
  - Volta aqui! – %Abi% também levantou e eu corri até ficar a poucos metros de distância dela.
  - Vai ter que me pegar! – Mostrei a língua e coloquei as mãos na cintura, fazendo a minha melhor pose infantil. – A última que chegar ao lago é a mulher do padre.
  - Eu não acredito que você disse isso, %Star%! – %Abi% colocou as mãos no rosto, rindo por sua melhor amiga ter cinco anos de idade, mas entrou na brincadeira. – E eu também não acredito que vou fazer isso...
  %Abi% correu na direção do lago e eu fiz o mesmo. O parque estava mais cheio do que quando chegamos lá e por isso tive que desviar de algumas pessoas, mas mesmo assim recebi reclamações por estar correndo. Aquilo me irritou um pouco, já que as pessoas costumam ir a um parque de diversões para se divertir, então o que havia de errado no que eu estava fazendo? Nada! De qualquer forma, não deixaria ninguém atrapalhar o dia maravilhoso que eu estava tendo e decidi ignorar e continuar com a corrida.
  Como eu estava na frente desde o começo, foi fácil ganhar a corrida e chegar até a beira do lago. Como o inverno ainda não havia chegado ao seu ápice, brincadeiras na água ainda eram permitidas, como por exemplo: Pescaria esportiva, passeios de bote e pedalinho. Até mesmo algumas pessoas poderiam se arriscar a nadar na parte mais rasa, ou alimentar os patos. Eu me curvei um pouco, apoiando as mãos nos joelhos e recuperando o ar perdido durante a correria. %Abi% logo se juntou a mim e estava mais ofegante ainda.
  - Eu... Te mato... Me fazer... Correr... – Falava entre puxadas de ar.
  - Pelo menos assim você faz exercício! – Disse com uma gargalhada.
  - Tá me chamando de gorda, sua vaca?
  - Ei, vocês duas! – Um grito seguido por um assovio chamou a nossa atenção. Reconhecemos que se tratava de Niall, mas não conseguimos encontrá-lo a nossa volta. – Aqui!
  - ONDE? – Perguntei alto, olhando em todas as direções; até mesmo para o céu.
  - Zayn, elas não estão nos vendo! – O irlandês gritou e eu escutei a risada que me dava arrepios em algum lugar atrás de mim.
  - Ahá! – Me virei na direção do lago e finalmente encontrei os dois “fantasmas” que estavam rindo da nossa cara. – O que vocês estão fazendo aí?
  - Não é óbvio? Estamos nos preparando para a queima de fogos! – Niall respondeu e “estacionou” o pedalinho que estava pilotando o mais perto de nós que conseguiu. Ele estava em um e Zayn em outro.
  - Tem espaço pra gente aí? – %Abi% já foi andando para o muro de cimento não muito alto que dividia o lago e a parte de terra que os pedestres caminhavam.
  - %Abigail%, você vai cair! – Tentei impedi-la, mas era tarde demais. Niall a ajudou a pular e ela logo estava sentada ao lado dele. – Vocês estão loucos!
  - Vem, %Tah%... Tem espaço pra você aqui. – Assim que Niall se afastou, Zayn parou o pedalinho no mesmo lugar que ele. Eu me aproximei, mas ainda estava receosa.   - Eu sei que tem espaço, mas e se eu cair no rio? – Subi no muro e cometi o erro de olhar para baixo. Entre o pedalinho e a “mureta” havia pelo menos trinta centímetros de água.
  - Eu pulo pra te pegar! – Zayn sorriu e se levantou com cuidado, esticando a mão pra mim.
  - Mas você não sabe nadar! – Eu não falei aquilo de forma que o magoasse, até porque ele riu.
  - Por você, eu aprendo em cinco minutos! Agora vem logo, %Star%, os fogos já vão começar!
  - Já vou...
  Tomei coragem e saltei para dentro do pedalinho esverdeado. Segurei a mão de Zayn e ele me puxou com cuidado. Sorri da minha vitória e nós dois nos sentamos lado a lado para começar a pedalar. Na França, os pedalinhos geralmente tem pedais dos dois lados, ou seja, as duas pessoas tem que pedalar para que ele se mexa. Mas em Londres era diferente... Apenas o lado de Zayn tinha esses pedais e eu fiquei uns bons segundos procurando os meus. Assim que me contentei em não ter o que fazer com os pés, decidi apenas relaxar e aproveitar o passeio. Niall e %Abi% já estavam bem na nossa frente, mas Zayn não demorou muito pra nos levar até o meio do lago. Só nos restava ficar ali e esperar o espetáculo de fogos de artifício começar.
  - Olha, olha! – Apontei para o céu escuro, seguindo o caminho brilhoso que o primeiro foguete deixou. Ele logo explodiu bem em cima de nossas cabeças como uma chuva de purpurina dourada. – É tão mágico...
  - Você é tão linda... – Zayn falou em um sussurro e eu o olhei sem esperar por aquilo. Minhas bochechas ganharam um tom avermelhado e ele me olhava como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo.
  - Do que você está falando? – Meu sorriso era tímido e você já deve saber que eu não boa em aceitar elogios, então a minha única reação foi desconectar nossos olhares e fitar o chão.
  - É a verdade, %Tah%... – Ele levantou o meu rosto pelo queixo e eu tive que voltar a encará-lo. – Você é linda e parece que nem sabe disso, mas talvez esse seja o motivo que te torna ainda mais incrível. Você não precisa se esforçar. Desde que eu te vi naquele auditório, no primeiro dia, eu percebi que você era diferente das outras só pelo jeito que revirou os olhos quando me viu.
  - E você provou ser alguém totalmente diferente do que eu esperava. – Nós dois rimos e eu não sabia mais como responder a todos aqueles elogios. Também não conseguia tirar os olhos dele, mesmo com os fogos de artifício que brilhavam acima de nós.
  - Eu consegui uma coisa pra você... – Zayn tirou algo de dentro de seu sobretudo e meu sorriso aumentou ainda mais ao ver que era um ursinho de pelúcia.
  - Awn, que gracinha! Obrigada, Malik! – Assim que o ursinho me foi entregue, eu o abracei com força e sorri para o moreno. O ursinho tinha o tamanho do meu antebraço e seu pelo era marrom claro, daquele bem fofo e gostoso de acariciar. O mais engraçado era que ele estava vestindo um suéter natalino com a frase “Be mine?” costurada. - É impressão minha, ou esse ursinho está me pedindo pra ser dele?
  - Na verdade... – Zayn não riu da minha brincadeira como eu esperava que ele fizesse. – Eu estou te pedindo pra ser minha namorada.
  - Está? – Demorei quase um minuto inteiro pra formular aquela palavra. Eu sou uma pessoa estranha, vamos concordar. Em certas situações eu sou a melhor pra pessoa pra dar respostas, conselhos e etc, mas quando se trata de elogios, perguntas constrangedoras ou que envolvam romances, eu simplesmente travo e não sei como responder de forma “não patética”. Borboletas voltaram a se mexer dentro de meu estômago assim que aquelas palavras deixaram os lábios de Zayn e um arrepio percorreu a minha espinha.
  - Estou... Você aceita ser a minha namorada, %Tah%? – Perguntou com um sorriso. Eu adorava o tom que a palavra “minha” tinha na voz dele.
  - É claro que sim! – “Muito bem, %Star%, finalmente uma resposta concreta!” Eu estava feliz demais pra discutir com a minha consciência e a ficha parecia demorar um pouco pra cair. Então eu estava namorando? E o melhor... Com Zayn Malik?
  Melhor do que a minha resposta foi o que eu fiz em seguida. O puxei pela nuca e juntei os nossos lábios de uma vez, mas com cuidado para não acabar machucando-o com a minha brutalidade. A queima de fogos nem podia ser comparada com as explosões que eu sentia dentro de mim. Pela primeira vez na vida eu me sentia confortável em dizer que estava namorando. Pela primeira vez eu sentia que aquilo era certo, que eu podia mergulhar de cabeça e era isso que eu pretendia fazer.

Capítulo XXVI
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