Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XVII

Tempo estimado de leitura: 36 minutos

  Eu estava no meu quarto e encarava o relógio digital na minha mesinha de canto. 13:30, era o que piscava na tela. Eu tinha exatamente trinta minutos até a chegada de Zayn e estava preocupada. Não, não era preocupação com o que vestir, porque aquela parte eu já tinha dominado. Estava preocupada porque não sabia o dia que me esperava. Não fazia ideia do que iríamos fazer e não gostava da ideia de passar a tarde ao lado de Zayn agindo como um idiota. Senti vontade de desistir, mas já tinha dado a minha palavra e não poderia voltar atrás. Eu só torcia pra que ele também cumprisse a sua palavra e me mostrasse que a ideia que eu tinha dele estava errada.
  Me olhei no espelho do banheiro e borrifei meu perfume preferido nas laterais do meu pescoço e pulsos. O dia em Londres continuava fresco e sem chuvas. O céu azul brilhava do lado de fora da minha casa e me convidava para um passeio. Se eu não fosse sair com Zayn, provavelmente passaria o dia na piscina, torrando embaixo do Sol. Meu celular vibrou com a chegada de uma mensagem e eu fui ver o que era.

“Pronta para o seu encontro com o Z-boy? ps: Não me bata. :P – %Abi%.”

  Contei para %Abi% sobre a ligação de Zayn assim que cheguei em casa no dia anterior, mas é claro que ela já estava sabendo daquilo. Devia estar ao lado dele enquanto nos falamos no telefone e eu não duvido nada que tenha sido ideia dela. O que me irritou é que ela chamou aquilo de “encontro” e não era o caso.

“Não é um encontro, eu já disse! E estou quase desistindo, então pare de me perturbar.”

  Respondi e deixei o celular em cima da cama enquanto procurava meus brincos. Não queria ir muito cheia de coisas, então só coloquei um cordão simples no pescoço, uma pulseira em volta do pulso direito, deixei os cabelos soltos caindo pelos meus ombros em ondulações grandes e a minha franja jogada de lado. Não estava super arrumada, mas também não estava feia.
  Pontualmente as 14hrs alguém tocou a campainha. Corri até a porta do meu quarto e vi que Louis estava descendo pra atender. Pensei em ir em seu lugar, mas congelei. Estava nervosa e não sabia o motivo.
  - Você vai lá? – Louis me perguntou parado no meio da escada. Ele também sabia do meu compromisso e estava com aquele sorrisinho irritante.
  - Vou... Não... Não sei. – Estava confusa e meu irmão riu de mim. – Você vai lá e diz que eu to terminando de me arrumar, ok?
  - Eu vim buscar a %Star%... – O som da porta sendo aberta e a voz de Zayn vindo em seguida me fez congelar. Liam devia ter aberto a porta pra ele.
  - Shit. – Xinguei baixinho. – Vai lá, Lou. E seja legal!
  O mandei descer e me tranquei no quarto. Eu devia estar parecendo uma garotinha se preparando para o primeiro encontro. Por mais que NÃO fosse um ENCONTRO. “Isso, %Star%, continue repetindo. Vai que alguém acredita.” Rolei os olhos com a minha própria consciência e respirei fundo. “Você é forte. Só vai sair com ele pra dar uma volta e depois volta pra casa. Nada demais.” Nada demais, nada demais. Não seria nada demais! Finalmente consegui me tranquilizar e retoquei o gloss claro em meus lábios. Peguei a minha bolsa e guardei o celular dentro dela, partindo para o andar de baixo.
  Zayn estava sentando no sofá ao lado de meu irmão e os dois conversavam. Liam estava parado do outro lado da sala, não gostando nada daquela história de eu sair sozinha com ele. Fiquei mais tranquila ao ver que Zayn também não estava tão arrumado; mas ainda continuava bonito como sempre. Ele usava uma camisa xadrez vermelha e preta, por dentro uma camisa branca com a palavra “YES” em preto, calça jeans clara e um Converce nos pés. Por mais simples que estivesse ainda parecia um modelo italiano. Os três garotos me olharam assim que entrei na sala e Zayn se levantou.
  - Hey... – Ele sorriu e passou a mão pelos cabelos, me olhando dos pés até a cabeça.
  - Hey, Malik. – Acabei sorrindo junto. – Não sabia o que íamos fazer hoje, então espero que eu esteja bem vestida.
  - Está perfeita. – Seu sorriso parecia não querer desaparecer. – Podemos ir?
  - Podemos sim. – Apontei para a porta de saída e esperei ele passar por mim. – Tchau, Lou. Tchau, Li.
  Liam apenas acenou sem graça e Louis nos acompanhou até a porta. Ele me deu um beijo na bochecha e disse para Zayn que me queria em casa antes das dez horas da noite. Rolei os olhos. Desde quando ele se comportava como o meu pai? Zayn só riu e disse pra ele não se preocupar. Andamos até o Volvo e ele abriu a porta pra mim. Entrei no carro e esperei ele dar a volta e fazer o mesmo. Até aquele momento ele estava normal, sem se comportar como um idiota e sem fazer comentários desnecessários. Passamos pelos portões do condomínio e eu senti que precisava falar algo.
  - Zayn... – Suspirei. – Eu não quis falar com você daquele jeito ontem... Não foi justo.
  - Não se preocupe, %Tah%. Eu mereci. – Me olhou assim que o carro parou em um sinal vermelho. – As vezes tenho essa mania de ser chato, então não precisa se desculpar.
  - Tudo bem. – Sorri, olhando para a rua em nossa frente. – Pra onde vamos afinal?
  - É uma surpresa! Mas já estamos chegando.
  Estávamos passando por uma parte da cidade que eu não conhecia. Londres era enorme e eu de fato não conhecia muita coisa, mas vamos ignorar essa parte. Zayn continuou dirigindo e trocamos olhares de vez em quando, sem falar nada. Sempre que desviava o olhar, eu acabava sorrindo, mas escondia aquilo dele. Zayn estacionou o carro em uma rua quase deserta e eu olhei em volta. Não tinha quase nada lá, a não ser alguns prédios.
  - O que estamos fazendo aqui? – Não tinha certeza se queria descer do carro naquele lugar.
  - Para de ser medrosa, %Star%! – Ele riu de mim e já foi descendo.
  - Não é medo! – Resmunguei e também desci do carro sem esperar ele abrir a porta pra mim.
  - Mas não se preocupe, não é aqui que vamos passar a tarde. – Zayn foi andando pela calçada e eu o acompanhei. – Sabia que é possível alugar bicicletas aqui em Londres?
  - Não fazia ideia... – Caminhamos até umas bicicletas empilhadas lado a lado. Não havia ninguém tomando conta delas e estavam super bem cuidadas. Realmente Londres era uma cidade de outro nível. – Vamos andar de bicicleta?
  - Pra chegar ao nosso próximo destino, sim. – Ele riu com a minha animação e tirou a corrente de uma bicicleta e me “entregou”. – Pensei em alugar patins, mas não sabia se era a melhor ideia.
  - Realmente não era! – Arregalei os olhos e ri. Afastei um pouco a minha bicicleta para que Zayn pudesse pegar a dele regulei a altura do banco. – Eu sempre amei andar de bicicleta!
  - Eu imaginei. – Sorriu mais uma vez.
  Nós caminhamos pela calçada, puxando as bicicletas, até chegarmos a uma grande avenida. A quantidade de carros que passava por ali era impressionante. Zayn me mostrou que havia uma parte da rua reservada para ciclistas e ela estava vazia. Eu sorri aliviada, já que acabaria sendo atropelada se tivesse que passar entre os carros. Ele me ajudou a preparar a bicicleta e subir nela. Como a minha saia não era curta e nem apertada, eu consegui sentar e ainda ficar segura de que ninguém veria mais do que devia. Deixei a minha bolsa na cestinha da bike e Zayn montou na dele.
  - Nós vamos seguir esse caminho até o fim, ok? É só ir em frente. – Ele explicou e eu já dei o primeiro impulso pra fazer a bicicleta andar.
  - Me alcance se pudeeeeeeeeeer! – Gritei em meio a risadas e pedalei com força, pegando velocidade.
  - Me espera! – Também riu e começou a tentar me alcançar.
  Nós dois parecíamos duas crianças apostando corrida. Alguns carros buzinavam ao nosso lado, provavelmente porque eu estava gritando, mas não dei a mínima. Meus cabelos eram bagunçados pelo vento e eu adorava aquela velocidade. Sem falar que a sensação de liberdade era enorme. Parei de correr, mas continuei com uma velocidade boa, deixando Zayn ficar ao meu lado. Eu o olhei e ele também estava se divertindo.
  - Olha, sem uma mão! – Falou ao segurar o guidão com apenas uma mão.
  - Sem mão nenhuma! – Ri e abri os braços. Aproveitei para batê-los como asas e senti que estava voando.
  - Você vai acabar caindo. – Zayn voltou segurar com as duas mãos e eu fiz o mesmo.
  - Medroso!
  Pedalamos até chegar à região central a beira do rio Tamisa. O London Eye podia ser visto há alguns metros e mais ao fundo o Big Ben. Era uma paisagem linda e eu desejei ter uma câmera fotográfica guardada na bolsa. Deixamos as bicicletas presas em um lugar próprio pra isso e Zayn me levou até um tipo de calçadão. Caminhamos por uma calçada de tijolos que ficava entre um gramado muito verde e extenso e o rio. Crianças corriam por todos os lados e as mães iam atrás. Outras pessoas passeavam com seus animais e eu só conseguia sorrir olhando aquilo tudo. Era realmente bom ver as pessoas alegres depois de escutar tanta coisa ruim nos noticiários e jornais mundiais.
  - Vem cá, eu quero te mostrar uma coisa. – Zayn me fez tirar a concentração do que havia em minha volta e eu o olhei com curiosidade.
  - O que é? – Caminhamos por mais ou menos três minutos e Zayn sorria como se estivesse animado com alguma coisa.
  - Hey, Jack! – Ele ignorou a minha pergunta e cumprimentou um homem de aparência e vestes simples.
  - Menino Zayn! – Jack pareceu feliz em vê-lo. – Faz tempo que não vem por aqui.
  - Ando muito cheio de coisas na academia, mas você sabe que eu nunca esqueceria um velho amigo. – Zayn tratava aquele homem com intimidade e eu nunca poderia imaginar uma cena mais estranha. Não por pensar que o homem de rua fosse inferior, mas Zayn não fazia do tipo que se envolvia com questões sociais. – Essa é %Star%, uma amiga.
  - Oi... – Sorri e me aproximei dos dois. Estiquei a mão educadamente para que ele a apertasse. – Muito prazer.
  - O prazer é todo meu, senhorita. – Ele pegou a minha mão e beijou.
  - Jack é um artista de rua, %Tah%. Um dos melhores. – Zayn explicou.
  - Mas as coisas estão meio paradas ultimamente... As pessoas não dão mais valor ao Jazz como costumavam. – Jack balançou a cabeça enquanto falava. Devia ser difícil ter que depender do que as pessoas te davam na rua. Como eu sempre tive tudo que precisei não tinha ideia da outra realidade.
  - Talvez possamos te dar uma ajudinha... – Zayn me olhou confuso, mas eu tinha uma ideia. – Porque você não toca alguma música mais conhecida? Um clássico... Como dos Beatles, por exemplo. Ou qualquer uma que esteja tocando na rádio agora. Zayn pode cantar.
  - É uma ótima ideia! - Jack se animou e entregou um violão para Zayn e pegou um tambor. Nem ao menos esperou pra ver o que Zayn iria falar.
  - E a %Star% pode dançar. – Malik falou e eu fiz uma careta. Dançar? Ali no meio da rua?
  - Por favor, %Star%. Ajude um amigo. – O mais velho tentou me persuadir e eu acabei concordando.
  - Tudo bem, tudo bem! – Deixei a minha bolsa junto das coisas de Jack e fiquei tranquila que ninguém iria pegá-la.
  Os outros dois foram combinar a música que iriam cantar e eu peguei uma caixinha de papelão que Jack usava para recolher os trocados que conseguia das pessoas e a coloquei um pouco mais pra frente, ficando visível. Não havia muito ali dentro, então eu peguei uma nota de cinco libras que tinha no bolso e coloquei ali; como encorajamento. Notei que algumas pessoas começavam a nos olhar, sabendo que algo iria acontecer. Podia ser loucura, mas era por uma boa causa. Olhei para trás e eles estavam prontos. Não sabia muito bem o que ia fazer, mas eu também estava pronta.
  Jack começou a bater os pés no chão e tocar seu instrumento. Zayn também começou a tocar o violão e uma música animada começou. Primeiro eu fiquei apenas observando os dois e só mexia o corpo no mesmo ritmo, mas sem sair do lugar.

So this is what you meant, when you said that you were spent?
(Então isso é o que você quis dizer quando você falou que estava cansado?)
And now it’s time to build from the bottom of the pit right to the top!
(É hora de construir a partir do fundo do poço direto ao topo)
Don’t look back.
(Não olhe para trás)

  Zayn começou a cantar e é claro que a sua voz atraiu ainda mais olhares. Eu comecei a dançar sem prestar atenção na coreografia. Me preocupei em seguir a melodia e o meu instinto.

Packing my bags and giving the academy a rain-check.
(Arrumando minhas malas e dando um tempo à academia)
I don’t ever want to let you down. I don’t ever wanna live this town.
(Eu não quero te decepcionar. Eu não quero deixar esta cidade)
‘Cause after all… This city never sleeps at night.
(Porque afinal… Essa cidade nunca dorme a noite)

  Jack batucava e sorria na medida em que as pessoas iam se aproximando e deixando moedas ou dinheiro em papel na sua caixinha. Zayn caminhou até onde eu estava e cantou olhando pra mim enquanto eu dançava em semicírculos. Eu levantava e abaixava os braços descontraída e dava pequenas voltinhas e até mesmo pulinhos. O sorriso em meu rosto era enorme.

It’s time to begin, isin’t it?
(É hora de começar, não é?)
I get a little bit bigger but then I’ll admit, I’m just the same as I was…
 (Fico um pouco convencido, mas depois eu admitirei, sou o mesmo que eu era...)
Why don’t you understand?
(Por que você não entende?)
I’m never changing who I am.
(Eu nunca vou mudar quem eu sou)

  Circulei Zayn enquanto saltitava e balancei a saia de um lado para o outro. Um circulo de pessoas foi se formando e cada vez parecia chegar mais. Algumas criancinhas foram para a frente do círculo e bateram palmas. Outros começavam a tirar fotos.

So this is where you fell, and now I’m left to sell.
(Então, este é o lugar onde você caiu, e à mim só resta vender)
Your path to heaven runs through miles of clouded hell, right to the top.
(Seu caminho para o paraíso passa por quilômetros de inferno nublado, direto ao topo)
Don’t look back. Turn into rags and giving the commodities as a rain-check.
(Não olhe para trás. Virando-se em trapos e deixando seus bens de lado)
{refrão}

  Eu caminhei até as criancinhas e puxei uma para dançar. Era uma menininha de cabelos castanhos e ela começou a balançar o vestidinho da mesma forma que eu balançara a minha saia. Tive que rir porque ela era simplesmente muito fofa. Chamei as outras crianças pra dançarem com a gente e elas logo vieram correndo. Eles deram as mãos e fizeram uma forma de ciranda, girando para um lado e depois para o outro. Me deixaram no meio e eu girei com os braços abertos. Era um momento tão mágico, por mais simples que fosse. Eu me senti genuinamente feliz.

This road never looked so lonely. This house doesn’t burn down slowly to ashes.
(Esta estrada nunca pareceu tão solitária. Esta casa não queima lentamente até as cinzas)
It’s time to begin, isin’t it? I get a little bit bigger but then I’ll admit, I’m just the same as I was… Now don’t you understand? I’m never changing who I am.
{2x}

  Assim que a música acabou, todos bateram palmas. Foi um barulho tão alto que eu gostaria de poder saber quantas pessoas estavam ali assistindo. Os flashes das câmeras continuaram por mais algum tempo e as criancinhas se despediram e voltaram para as suas famílias. Se alguém me contasse o que havia acabado de acontecer, eu não teria acreditado ou acharia exagero. Mas parecia que o parque todo tinha parado pra nos assistir. A caixinha de papelão de Jack ficou pequena para a quantidade de doações que ele recebeu.
  - Isso foi incrível! – Corri até Zayn e o abracei assim que ele devolveu o violão para o dono.
  - Você foi incrível. – Apesar de o meu abraço ter pego-o de surpresa, ele retribuiu. – Foi um sucesso com as crianças.
  - Eu gosto de crianças. O problema é quando elas crescem. – Ri e nos soltamos. Eu fui recolher a caixinha de Jack e entregar pra ele. – Espero que isso ajude.
  - Bloody hell! Eu nunca consegui tanto dinheiro assim aqui. – Ele sorriu e começou a arrumar as notas e moedas em um saquinho meio surrado. – Obrigado, %Star%. E obrigado, Zayn.
  - Foi um prazer ajudar, Jack. – Eu sorri. A sensação de fazer algo bom por outra pessoa é uma das melhores do mundo, eu tenho certeza.
  - Pode deixar que nós vamos voltar. – Zayn o abraçou. – Agora temos que ir, certo?
  - Vou ficar esperando, então. Até logo. E foi um prazer, senhorita.
  Acenei um ‘tchau’ para Jack e de repente lembrei de quem ele me lembrava: Jack Sparrow! O cabelo, a expressão facial e até mesmo as roupas... Será que o seu nome “Jack” veio em homenagem ao pirata? Perguntaria aquilo depois. Peguei a minha bolsa e nós retomamos o nosso caminho. Eu já começava a ver Zayn com outros olhos. Começamos a andar pela grama e em determinado ponto ele se sentou. Eu fiz o mesmo e senti um arrepio ao encostar as pernas na grama gelada.
  - Eu disse que iria te mostrar quem eu realmente sou, certo? – Ele começou e eu assenti com a cabeça. – Então vamos fazer assim... Você pode me perguntar qualquer coisa que quiser e eu vou responder com sinceridade.
  - Qualquer coisa? – Olhei pra ele de forma desafiadora.
  - Qualquer coisa, por mais que esse seu olhar tenha me deixado com medo. – Ele riu e eu me ajeitei na grama, ficando de frente pra ele.
  - Qual é a sua cor preferida? – Iria começar devagar.
  - Eu estava com medo disso? – Ele gargalhou de forma gostosa. – Vermelho.
  - Seu maior medo?
  - Água!
  - Eu sabia que você não toma banho! – Fiz uma careta e ri de novo.
  - Não água nesse sentido, sua besta. Lugares com muita água... Porque eu não sei nadar. – Zayn fez uma cara de coitadinho que me deixou com o coração na mão.
  - Eu posso te ensinar, se quiser. – Ofereci. – Próxima pergunta... Comida preferida?
  - Galinha! Qualquer tipo. – Ele respondeu e eu já sabia a minha próxima pergunta.
  - Um sonho?
  - Ser um grande cantor. Fazer a diferença e me sentir no topo do mundo...
  - E por que você se esconde atrás dessa pose de badboy? – Zayn ficou tenso e respirou fundo.
  - Eu sabia que você ia perguntar isso... – Seu sorriso sumiu, mas ele não pareia bravo com a minha pergunta. – Quando eu era menor, durante a escola e ensino médio, eu sofri muito bullying... Pode não parecer agora, mas eu era excluído e as pessoas pegavam no meu pé só por eu ser diferente. Sabe? Meu pai é muçulmano, então metade de mim também é. Crianças podem ser muito cruéis quando querem. Me chamavam de terrorista e coisas horríveis. Então quando cheguei ao último ano do colegial resolvi que não iria mais aguentar essas provocações e foi quando essa minha fama de “badboy”, como você chama, começou. Usei isso como uma forma de proteção, um escudo. E as pessoas passaram a querer andar comigo e a me respeitar. Foi o jeito que eu achei de me enturmar e ser parte de algo.
  - Eu não fazia ideia... – Estava chocada com todas aquelas informações. Não fazia ideia que a infância dele havia sido tão difícil.
  - Agora eu posso te fazer uma pergunta? – Ele abriu um meio sorriso, como se falasse: “Está tudo bem, eu superei essa fase”.
  - Claro que pode. – Afirmei.
  - Porque você me evitava? %Abi% me contou que você me chamava de “perigo”. – Fez aspas no ar e riu. É, falando em voz alta eu parecia muito idiota.
  - Vou matar aquela menina. – Escondi o rosto nas mãos. Não era pra ela ter contado aquilo pra ele! De qualquer forma, respirei fundo e me preparei pra tocar em um assunto delicado. – Tá bem, vamos pelo começo. Quando eu tinha dezessete anos eu conheci esse garoto... Ele era bonito, popular, mais velho, aparentava ter tudo aquilo que uma garota desejava. Era um garoto encantador. Mas mal sabia eu que aquilo não era verdade. Não sei exatamente como, mas nós começamos a sair juntos e acabamos namorando. Dois meses depois ele disse que me amava e nós fizemos tantos planos juntos... – Suspirei. Zayn me olhava com atenção e parecia já saber onde essa história ia terminar. – E eu entreguei pra ele uma coisa que nunca poderia pegar de volta. Algo que eu estava guardando pra alguém especial e achava que ele era esse alguém. Duas semanas depois... PUFF. Ele sumiu. Não atendia mais as minhas ligações e nem respondia as minhas mensagens. Quando eu ia a casa dele, a mãe falava que ele estava viajando, ou que não estava em casa. Eu fiquei arrasada. Não queria voltar pra escola, ou comer... Enfim. Quando eu te conheci, pensei que fosse como ele. Por isso eu tive tanto medo de me aproximar. Eu acreditava que quanto mais me afastasse de você, mais protegida ficaria.
  - Uau, que cara idiota. – Falou irritado. – Se algum dia ele aparecer por aqui... Você me avisa, ok?
  - Vai bater nele, Malik? Aviso sim. – Acabei gargalhando, mesmo sempre ficando tensa com aquele assunto. – Eu nunca contei isso pra mais ninguém além de Harry e meu irmão.
  - Então posso me sentir importante? – Levantou uma sobrancelha e eu sorri.
  - Claro que sim! - Eu começava a confiar em Zayn, principalmente por estar vendo aquele lado que eu sabia estar escondido e que não eram todos que conseguiam conhecer. Ele estava se abrindo pra mim, então porque não abaixar a minha guarda e deixar ele se aproximar?
  - Vem, temos que ir! – Zayn olhou no relógio em seu pulso e se levantou.
  - Pra onde vamos agora? – Ele me ajudou a levantar e me entregou a minha bolsa.
  - Outra surpresa. Mas temos que ir logo, ou não vai dar tempo.
  Eu já não estava entendo mais nada quando ele me puxou pela mão e saímos correndo. Desviamos de algumas pessoas e até assustamos alguns cachorros. Zayn parecia atrasado pra algo e eu o segui. Enquanto corríamos, eu só conseguia pensar no toque que a sua mão tinha na minha. Na sua pele macia aquecendo a minha... Começava a se tornar impossível não sorrir ao lado dele. Tudo que ele fazia, tudo que falava e até mesmo o modo que mexia a boca pra falar me atraia. Mais do que antes. Não sei se é por causa da honestidade que ele estava tendo comigo, já que Zayn estava sendo “ele mesmo” ou o “verdadeiro Malik”, ou se eu sempre fui atraída por ele e só estava deixando a minha guarda baixar agora. Provavelmente as duas coisas combinadas com uma tarde linda e divertida.
  Continuamos correndo até estarmos próximos o suficiente do London Eye. Olhei o topo da roda gigante e meu pescoço chegou a doer. Era realmente MUITO alto. Mais do que eu podia imaginar. A fila também estava enorme, mas Zayn me mandou esperar por ele ali. Eu concordei e ele passou por baixo da facha que organizava a fila e passou na frente de algumas pessoas. Estava querendo arrumar confusão? Era o que parecia, já que um homem reclamou. Zayn falou com o atendente e eu estava longe demais pra escutar o que era. Só entendi quando ele me chamou e eu tive que furar fila também. Pedi mil desculpas e fui passando na frente de todo mundo.
  - Você está maluco, Zayn? O que estamos fazendo? – O questionei e o atendente já nos mandou entrar em uma cabine que tinha acabado de esvaziar.
  - Estamos nos preparando pra ver a vista mais bonita de Londres! – Ele sorriu como se não houvesse nada de errado em passar na frente de pessoas que deveriam estar esperando há horas. – Só aproveita, %Tah%. Vai valer a pena.
  - Se você diz, né? – Fui convencida facilmente e entrei na cápsula de vidro. Zayn me seguiu e o homem travou a porta. Achei aquilo estranho, porque deveria caber pelo menos mais vinte pessoas ali dentro. – Não tem mais ninguém vindo com a gente?
  - Eu pedi pra essa cabine ser só nossa. – O olhei confusa e a roda gigante começou a girar bem devagar. – Os funcionários são subornados facilmente aqui.
  - Tá explicado! – Ri e caminhei até a parede de vidro. – É a segunda vez que alguém me traz aqui...
  - Sério? Eu achei que seria algo especial. Droga!
  - Meu pai foi o primeiro. – Sorri e olhei para Zayn, que pareceu mais aliviado. – Mas eu era bem pequena, então não aproveitei nada.
  - Então não conta, %Tah%. Essa é a primeira vez que você vai aproveitar! – Ele se inclinou no ferro de segurança e nós dois ficamos ali, apenas encarando a paisagem.
  Na medida em que íamos subindo, o horizonte ficava maior. Aos poucos as pessoas foram se tornando apenas pontinhos escuros e os carros pareciam formiguinhas. Zayn ia apontando os monumentos e me contando curiosidades sobre eles, como o ano em que foram criados, ou nas vezes que os visitou quando era criança. Também me mostrou onde ficava o melhor restaurante da cidade e as boates que eu deveria conhecer. Claro que ele prometeu me levar em um tour completo por todos os “hot spots” de Londres. Demoramos quinze minutos para chegar exatamente na metade do passeio e a roda gigante parou no ponto mais alto.
  - O que aconteceu? – Olhei em volta, começando a me preocupar. Imagina se houvesse algum problema técnico? Eu já comecei a pensar em todo o trabalho que teriam pra me tirar dali. – Estamos presos?
  - Calma, %Star%! – Zayn gargalhou do meu susto e mal se mexeu. – Essa parada faz parte da surpresa.
  - É agora que você me conta que é um assassino e escolheu esse lugar pra me matar? – Brinquei, parecendo realmente séria.
  - Como você descobriu o meu plano? Eu levei meses planejando tudo! – Colocou a mão na testa e me olhou com indignação.
  - Muito engraçado, Zayn! – Coloquei as mãos na cintura e o encarei, esperando uma explicação melhor.
  - Você realmente não pode aproveitar o momento, né? Olhe em volta! Eu te trouxe aqui pra ver o pôr-do-sol mais bonito da cidade.
  Zayn não estava impaciente e parecia ansioso pra ver a minha reação. Eu olhei pra frente e fiquei impressionada com o que encontrei. O Sol brilhava exatamente na minha frente e o vidro protegia os meus olhos dos raios. Apoiei as duas mãos no corrimão em minha frente e fiquei ali parada, só olhando o sol ir descendo e o crepúsculo brilhar no céu limpo.
  - É tão... Incrível... – Fiquei quase sem palavras. Não havia a necessidade delas, pra falar a verdade.
  - É algo mágico, não? – Ele sorria ao meu lado.
  - Com toda certeza...
  - Não espere pelo momento perfeito, pegue o momento e o torne perfeito... – Zayn falou em um sussurro e eu sorri. Ele tinha razão quando disse que era o pôr-do-sol mais bonito.
  - Obrigada, Zayn... Por me mostrar. – Minha voz também saiu baixa e eu o senti pousar a mão sobre a minha com cuidado. Eu não recusei o seu toque como teria feito antes.
  - Eu gostei de dividir isso com você. - Tive que olhar pra ele.
  Seus olhos cor de avelã brilhavam com o reflexo da luz e estavam ainda mais cintilantes que o normal. Zayn também olhou pra mim e ficamos conectados até ele tirar a mão de cima da minha. Meu corpo virou de frente pra ele em um movimento involuntário e ele fez o mesmo. Sorriu sem mostrar os dentes e pousou a mão abaixo da minha orelha, segurando a minha nuca e acariciando a minha bochecha com o polegar. Envergonhada com o tom avermelhado de minhas bochechas, olhei pra baixo, mas também sorri. Zayn delicadamente me fez olhar novamente pra ele e eu subi o olhar demoradamente pelo queixo, lábios e finalmente encarei mais uma vez aqueles olhos. Senti uma intensidade tão grande na forma que ele me observava que um arrepio percorreu a minha espinha. Nossos sorrisos foram diminuindo devagar e mais lentamente ainda ele se inclinou em minha direção. Fechei os olhos e também me inclinei, esperando o que estava por vir. Senti a respiração pesada de Zayn bater em meu rosto e em seguida ele pressionou os lábios fechados contra os meus. Minhas mãos traçaram um caminho até a nuca do menino e ele me envolveu pela cintura com os braços. Quase que imperceptivelmente me puxou mais pra perto de seu corpo e nós dois mexemos os lábios um pouco; entreabrindo-os. A língua dele encontrou a minha iniciamos um beijo lento. Arrisquei e passei os dedos entre os fios macios do cabelo de Zayn e ele pareceu gostar, já que deixou o beijo um pouco mais intenso. Os lábios dele tinham um gosto impossível de ser descrito em palavras. Eu também senti um pouco do sabor de cereja do meu gloss labial, que, graças a Deus, não era daqueles grudentos que só atrapalham. Foi um primeiro beijo perfeito e eu não queria que acabasse. A roda gigante voltou a se mover quando Zayn e eu separamos as nossas bocas, mas continuamos bastante próximos. Ele encostou a testa na minha e eu abri os olhos devagar. O lado de fora da cabine já estava bem mais escuro do que antes e não havia mais resquício algum do sol.
  - Eu gosto mais desse Zayn do que daquele outro. – Ri baixo, retomando o fôlego.
  - Eu também gosto mais dessa %Star% que não se afasta de mim. – Ele sorriu e continuou me abraçando pela cintura.
  Eu deitei a cabeça em seu ombro e nós dois ficamos aproveitando aqueles últimos minutos que teríamos ali dentro enquanto nossa cabine terminava de descer. Eu era intoxicada pelo cheiro delicioso que a roupa dele tinha e respirei fundo algumas vezes só pra senti-lo mais forte. Me senti bem nos braços deles, me senti protegida de uma forma que nunca achei que poderia. Todo aquele “medo” que eu tinha, havia ido embora. Zayn não era quem eu achava... Ele era diferente, era melhor.

+++

  Quando saímos do London Eye e tivemos que caminhar até onde deixamos as bicicletas, Zayn passou o braço em volta dos meus ombros e eu me encolhi em seu abraço. A noite começou a esfriar e eu me arrependi por não ter levado um casaco. Ele até me ofereceu a sua camisa xadrez, mas era tão fina que não adiantaria muita coisa. Fiquei com mais frio ainda quando estava em cima da bicicleta e o vento batia direto contra o meu corpo. Pelo menos o exercício que estava fazendo esquentava um pouco as minhas pernas.
  Logo chegamos ao Volvo da mãe de Zayn – que ele estava tentando confiscar de vez – e pudemos ligar o aquecedor. Minha barriga roncou de fome e eu não sabia onde enfiar a cara. Mas Zayn só riu e disse que também estava com fome. Nós paramos pra jantar em uma lanchonete, por mais que Zayn insistisse em me levar em um restaurante melhor. Mas eu não estava vestida bem o suficiente pra ir a um lugar chique como o que ele queria.
  - Então é assim que Zayn Malik trata uma garota no primeiro encontro? – Perguntei assim que a garçonete saiu após anotar os nossos pedidos. – Primeiro praticam uma atividade física, depois uma boa ação por um amigo... Então ele a leva pra ver uma das paisagens mais bonitas que ela já viu na vida e depois vão jantar algo cheio de calorias?
  - Eu não sabia que isso era um encontro. – Ele sorriu, sentado na cadeira em frente a minha. É, até mesmo eu já começava a chamar aquilo de “encontro”.
  - E não é? Ainda bem, porque eu não costumo beijar no primeiro encontro. – Rebati, piscando o olho direito.
  - Então quando vamos sair em um encontro oficial? – Ele esticou a mão até pegar a minha e começou a brincar com os meus dedos.
  - Não seria você que deveria responder isso? – Joguei os meus cabelos para trás dos ombros usando a mão livre e sorri.
  - Então você gostaria de... – Começou a me convidar, mas eu o interrompi antes que continuasse.
  - Você não pode me convidar assim, Zayn! Não sabe como funciona? – Eu ri e ele pareceu confuso. – Primeiro nós vamos nos encontrar nos corredores da Academy. Trocaremos olhares e eu vou fingir que não te vi... Você vai se aproximar e puxar um assunto qualquer, só porque quer ter uma desculpa pra falar comigo. Vamos conversar por um tempo e eu direi que tenho que ir para a aula, mesmo que não queira me afastar ainda... Começarei a andar e você vai me puxar pelo braço, me fazendo parar. Eu te olharei confusa e aí é que você vai poder me convidar pra sair.
  - Uau! – Ele riu e eu suspirei, já imaginando uma cena de um filme de romance. – Vou precisar te perguntar quando for te pedir em casamento também, pra não fazer errado.
  - Muito engraçado, Malik. – Entrelaçamos os dedos.
  A garçonete chegou trazendo os nossos pedidos e ela encarou as nossas mãos em cima da mesa. Olhou pra ele e depois pra mim, com aquela cara de: “O que essa menina está fazendo ele?” Me senti tão desconfortável que acabei soltando a mão dele e esperando-a colocar a comida na mesa. Cada um pediu um sanduíche com Milk Shake e dividiríamos a porção de batatas. Dei um gole na minha bebida e fechei os olhos ao sentir o sabor do morango, me deliciando. Escutei Zayn rir e abri os olhos. Ele apontou para a boca dele, bem acima dos lábios pra ser mais precisa.
  - O quê? – Perguntei confusa.
  - Está com bigode. – Riu mais ainda.
  - Gosh! – Peguei um guardanapo em cima da mesa e me limpei, envergonhada.
  - Isso acontece. – Quando olhei novamente pra ele, Zayn também tinha um bigode de Milk shake e eu gargalhei alto. – O que foi?
  - Você tem uma coisinha melada aqui. – Apontei para a minha boca do mesmo jeito que ele fizera antes, mas o menino continuou se fingindo de desentendido.
  - Na sua boca? – Zayn brincou e se levantou da cadeira pra se inclinar sobre a mesa e selar os lábios nos meus. – E agora?
  - Agora nós dois estamos sujos! – Reclamei depois de retribuir o selinho e me limpei mais uma vez. Aproveitei para pegar outro guardanapo e limpá-lo também.
  Nós dois comemos até ficarmos cheios e até mesmo brigamos pelas batatas fritas que foram sumindo cada vez mais rápido. As bebidas também acabaram e eu me senti uma morta de fome. Zayn fez tanta palhaçada durante o jantar e eu já não sabia se estava passando mal por ter comido muito ou de tanto rir. Nem vimos à hora avançar e já passava das 21h30min quando ele pagou a conta e nos preparamos pra ir embora.

+++

  As luzes da minha casa estavam apagadas quando Zayn estacionou na calçada e já saiu carro para abrir a porta pra mim. Eu agradeci o cavalheirismo com uma reverencia e ele sorriu, me acompanhando até a porta. Demorei mais que o suficiente para atravessar o caminho de pedra, porque não queria que ele tivesse que ir embora. A tarde tinha sido mais do que agradável e a noite melhor ainda. Eu mal via o tempo passar ao lado de Zayn e começava a acreditar naquele ditado que diz que “o tempo voa quando a gente se diverte.”.
  - Eu realmente gostei do dia de hoje, Zayn... – Disse assim que paramos na porta de casa.
  - Eu deveria agradecer por você ter me dado essa oportunidade de te mostrar que existe algo por baixo da jaqueta de couro e de todas as tatuagens.
  Ele segurou uma de minhas mãos e entrelaçou os nossos dedos novamente. Chegamos naquele momento tenso em que a mulher enrola pra achar a chave da porta, só pra que o homem tome alguma atitude e a beije. Mas no nosso caso não foi nada tenso. Ele usou a mão que estava presa na minha para me puxar e colar nossos corpos, eu já tratei de envolvê-lo pelo pescoço e nossos lábios se encaixaram novamente. Aquele beijo foi um pouco mais tranquilo que o primeiro, já que estávamos um pouco mais familiarizados com as manias um do outro e foi bem fácil encontrar o nosso ritmo. Eventualmente, Zayn soltou a minha mão e segurou na lateral da minha cintura, apertando delicadamente. Ele deitava a cabeça de um lado para o outro enquanto investia a língua contra a minha e eu o acompanhava.
  A porta da casa se abriu com rapidez e, talvez cedo demais, nós nos separamos. Olhei para o meu irmão com raiva por causa da interrupção e ao mesmo tempo com vergonha por ter sido flagrada. E ele, por outro lado, não sabia se fazia alguma piadinha ou se dava uma de irmão ciumento e brigava com Zayn. Esse último apenas sorriu e cumprimentou o meu irmão.
  - Oi, Louis. – Sorriu casualmente. – Sua irmã está entregue.
  - Passaram das dez horas. – Lou olhou no relógio em seu pulso.
  - Só dez minutos, Lou. – Rolei os olhos. – Eu já vou entrar, ok?
  - Agora. – Meu irmão tentou contestar, mas eu o fiz entrar primeiro e fechei a porta antes que ele pudesse voltar.
  - Desculpa por isso. – Apontei a porta com a cabeça, mas Zayn sorriu.
  - Não tem problema algum. Ele está certo em querer te proteger. – Passou as mãos pelos cabeços bagunçados e eu sorri, lembrando de quando eu mesma tinha feito aquilo horas atrás.
  - Então tudo bem... Aliás! Teremos uma noite de jogos aqui amanhã. Você devia vir. – Não sabia se estava fazendo bem em convidá-lo, já que não queria parecer grudenta nem nada, mas convidei do mesmo jeito. – %Abi% e Niall vem também.
  - Noite de jogos?
  - É uma coisa dos Tomlinson. – Dei de ombros. Daria trabalho demais pra explicar tudo.
  - Te vejo amanhã, então.
  Zayn mais uma vez me deu aquele sorriso maravilhoso e eu acenei pra ele. Assim que me virei para abrir a porta de casa, ele voltou correndo até onde eu estava, me puxou e roubou um selinho. Eu me assustei, claro, mas praticamente me derreti na mesma hora. Ele finalmente se afastou e assim que começou a atravessar o jardim, os regadores foram acionados e Zayn teve que correr pra não se molhar muito. Eu fiquei rindo e ao mesmo tempo queria matar o meu irmão, já que ele tinha ligado os jatos de propósito.
  Entrei em casa com um sorriso enorme nos lábios e até ignorei o riso do meu irmão, que estava na sala. Passei direto pelo hall de entrada em direção as escadas. Subi até o meu quarto e Lou veio atrás, claro. Deixei a minha bolsa em qualquer lugar e me joguei na cama.
  - %Tah%, você tem uma coisinha no seu rosto. – Lou ficou parado na porta.
  - O quê? – Comecei a tocar meu rosto inteiro, querendo descobrir o que era.
  - Um sorrisinho sapeca. – Ele respondeu e eu ri. Sim, ri. Em outros momentos, teria jogando um travesseiro na cara dele, mas estava feliz demais pra isso. Apenas me levantei e fui até ele.
  - Boa noite, Louis. – Segurei na maçaneta da porta, pronta para fechá-la na cara dele.
  - E como foi o encontro? – Louis tentou extrair alguma informação de mim, mas só o que eu respondi antes de fechar a porta foi:
  - Não foi um encontro.

Capítulo XVII
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