Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XLI

Tempo estimado de leitura: 35 minutos

  - Bom dia, sunshine... – Uma voz suave me fez despertar e eu senti algo tocando o meu rosto.
  - Hm? – Murmurei ainda sonolenta, tentando abrir os olhos.
  - É hora de acordar, babe. – Continuou falando baixo e eu não precisei olhar pra saber que era Zayn tentando me tirar do sono que me envolvia tão graciosamente.
  - Que horas são? – Abri um dos olhos e fiz uma careta com a claridade.
  - Oito e meia... Eu sei que é cedo, mas... – Continuava fazendo carinhos no meu rosto e mantinha um sorriso impecável, ajoelhado no próprio colchão do chão e inclinado sobre mim.
  - Como eu cheguei aqui ontem? – O interrompi sem me lembrar de muitas coisas da noite passada.
  - Você dormiu nos meus braços, %Tah%... Na sala, lembra? Daí eu te trouxe pra cá.
  - Lou e nana? Eles já foram?
  - Você acorda cheia de perguntas, hein? – Riu baixo. – Sim, já foram... E eu avisei que você não queria ir.
  - Obrigada... – Suspirei e forcei um sorriso, me esticando um pouco até beijá-lo na bochecha.
  - Não me agradeça ainda... – Sorriu com o meu beijo de bom dia, mas eu o fitei sem entender. Logo ele se juntou a mim na cama e deitou o rosto no meu travesseiro. – %Tah%... Eu sei que você não vai gostar de ouvir isso, mas eu acho que deveria ir. Por ele, sabe? Prestar essa última homenagem.
  - Eu não quero ir, Zayn. – Desviei o olhar. – Não quero vê-lo ali dentro.
  - Ele não está mais lá... Não sei o que tem do outro lado, mas com certeza ele foi pra o lugar melhor que a gente tanto ouve falar. O que vai estar dentro do caixão é só o que o prendia aqui. Uma cápsula. – Falava com cuidado, medindo as palavras para que eu não tivesse outra crise de choro. – O seu avô está no seu coração, por mais clichê que seja. E é pra esse que você nunca vai precisar dizer adeus.
  - Eu acho que você está certo... – Por mais que eu não quisesse escutar, tinha que admitir que Zayn estava com a razão. – Ainda dá tempo?
  - Claro que sim. – Sorriu encorajador e beijou a minha testa. – Eu vou me trocar no quarto do Lou pra te deixar a vontade, aqui, tá?
  - Uhum.
  Concordei com um aceno de cabeça e o observei se levantar e pegar a sua mala preta e sair do quarto. Zayn estava sendo de tremenda ajuda e eu sinceramente não sabia o que faria sem ele. Estaria perdida, com toda certeza. Meus olhos ardiam um pouco e deviam estar vermelhos. Pelo que eu me lembrava, havia chorado por horas até não ter mais forças e foi nesse momento que eu devo ter pegado no sono. Zayn não falou nada, mas me abraçou e me acolheu o tempo inteiro; me protegeu. E era por ele que eu tentaria ser forte e iria até o enterro que já deveria estar acontecendo. Meu maior medo de ir era ter que aceitar a perda, era tornar tudo mais real do que já era.
  Levantei-me devagar, evitando uma tontura, mas sem conseguir espantar uma pontada na cabeça. Acho que eu deveria me acostumar com essa dor chata na minha cabeça, mesmo que ela não fosse nada comparada à ferida na minha alma. Caminhei até a minha bagagem no canto do quarto e procurei alguma peça de roupa que serviria para a programação do dia, dando sorte de encontrar um vestidinho preto bem comportado. O lado de fora devia estar frio, mas eu não me importava. Meu avô sempre gostou quando eu usava vestidos, pois o lembrava de quando eu era pequena, então eu o usaria como parte da homenagem. Tratei de me despir dos pijamas e da camisa social que eu ainda estava usando e deixei tudo em cima da cama. Vesti a peça preta e também peguei o sobretudo preto que encontrei na mala.
  Eu queria estar linda para o caso de Charles estar nos olhando lá de cima... Ou de qualquer lugar que ele pudesse estar. Não me preocupei em passar maquiagem alguma e muito menos arrumar o cabelo. Apenas o penteei e deixei-o cair liso sob as minhas costas. Em seguida, calcei um sapato baixo e coloquei um óculos escuro no rosto, escondendo bem as minhas olheiras. Em pouco tempo já estava pronta e guardava meu celular dentro do bolso, evitando levar alguma bolsa. Não estava em condições de levar muita coisa nas mãos, pois com certeza acabaria perdendo tudo. Meu quarto ali não tinha um espelho, então tive que me olhar no reflexo da janela, mas aquilo não me importava muito. Eu mesma não me reconheci e isso apertou o meu coração até que fui obrigada a respirar fundo.
  Bem, era o melhor que eu poderia fazer em tão pouco tempo. Deixei o quarto bagunçado do jeito que estava e ao abrir a porta já encontrei com Zayn no corredor. Ele também estava vestido de preto e com um sobretudo semelhante ao meu. Um cachecol acinzentado aquecia o seu pescoço e o deixava charmoso como sempre. Ao me ver, se desencostou da parede e deu passo na minha direção.
  - Podemos ir?
  - Só preciso escovar os dentes... Cinco minutos?
  - Enquanto isso eu vou ligar para o taxi... – Tirou um pedaço de papel do bolso. – Sua avó deixou comigo para o caso de você mudar de ideia.

+++

  Eu sempre tive uma ideia fechada de o que um cemitério deveria parecer. Lápides quebradas, grama mal cuidada, sujeira, terra, árvores secas, neblina cobrindo o chão... Um verdadeiro cenário de terror e eu não poderia estar mais errada. Pelo menos naquele caso. O cemitério onde meu avô seria enterrado era relativamente pequeno comparado com os outros da cidade e por aquele motivo estava em condições ótimas, se é que eu poderia falar isso. Havia lápides sim, umas mais antigas do que outras, só que isso não significava que estivessem abandonadas por ali. Uma grama bem esverdeada cobria o lugar de norte a sul e algumas árvores cheias de folhas chacoalhavam com o vento. Ironicamente falando, o Lumière Cimetière era cheio de vida. Alguns pingos de chuva caíam do céu, mas eu e Zayn éramos protegidos pelo grande guarda chuva que comportava nós dois perfeitamente. Já estávamos caminhando por uns dez minutos a procura de qualquer movimentação, mas estava sendo complicado encontrar.
  - Tem certeza que é por aqui? – Perguntei com as mãos dentro dos bolsos, olhando em volta.
  - Eu acho que sim... – Não foi convincente. – Não prefere ligar para o seu irmão?
  - Eu não sei se o celular dele está no silencioso, então tenho medo de atrapalhar...
  - Tem razão... – Passou o braço por trás de mim e me puxou pra perto.
  - Obrigada por me fazer vir, Zayn... Eu provavelmente iria me arrepender de ficar em casa.
  - Eu sei que é difícil, %Tah%, porque eu já passei por isso. Mas fugir só piora as coisas, sabia?
  - Sei disso agora. – Forcei um meio sorriso e encostei a cabeça ao ombro do mais alto. – Você está escutando algo?
  - Parece um violino, né?
  Olhamos à nossa direita, na direção de onde a melodia estava vindo. Um grupo de pessoas estava reunido ao longe e mesmo que eu não pudesse reconhecer ninguém, sabia bem que era o que procurávamos. Dei mais uma olhada para Zayn, como se estivesse querendo mais algum encorajamento e ele me olhou como se entendesse exatamente o que se passava pela minha cabeça. Beijou a minha testa e eu fechei os olhos por um momento, respirando fundo e mudando a direção dos meus passos. Calmamente começamos a ir em direção da aglomeração e a cada passo dado a música ficava mais clara e facilmente reconhecível: While My Guitar Gently Weeps – The Beatles. Charles sempre foi um grande fã dos “garotos de Liverpool”, por isso eu não estanhei nada a escolha daquela trilha sonora.
  A cada novo passo dado, eu queria voltar três. Não estava arrependida de estar ali, mas tinha muito medo de ver o que estava no centro do circulo de pessoas que lamentavam e se abraçavam. A chuva havia diminuído, por isso Zayn fechou o guarda-chuva e segurou a minha mão, indicando o lado que deveríamos ir. Como era mais alto que eu, deve ter avistado a minha avó, pois era até ela que estávamos marchando. Meu irmão se encontrava firmemente parado ao lado da senhora e seu olhar era triste. Jay e Dan estavam um pouco mais ao lado, assim como algumas primas da minha mãe e outros familiares que eu lembrava vagamente de quem eram. Mantive meu olhar levantado até passarmos entre as pessoas e chegarmos na frente do circulo. Cumprimentei a minha avó com um olhar, que sorriu a me ver ali. Ela não foi a única a notar a minha presença, pois algumas pessoas comentaram algo entre si em um cochicho discreto e apontaram na minha direção. Como não fui no velório, a minha chegada ali também não deveria ser esperada.
  O líder religioso que fora escolhido para realizar aquela cerimônia de adeus não me era nada estranho e eu saia que já tinha visto-o alguma vez antes. Ele deveria ser amigo da família, pois minha avó nunca pediria a um estranho para prestar aquela última homenagem ao meu avô. O senhor que estava mais perto do caixão fechado era o único vestido de branco e discursava algo que eu parei para escutar:
  - Há o tempo que devemos viver e o tempo que devemos partir. O tempo para dizer “oi” e o tempo para dizer “adeus”. Mesmo que seja muito difícil dizer adeus agora, nós devemos limpar as lágrimas dos nossos olhos e continuar de alguma forma... – Olhava para todos ao nosso redor, mas eu tinha certeza que era a única que o olhava de volta. – E quando for a nossa vez de partir... Os outros estarão nos dando adeus e será a nossa vez de falar “oi” novamente.
  - Tudo bem, %Tah%? – Lou sussurrou na minha direção e eu apenas afirmei que sim com a cabeça, totalmente envolvida pelas palavras do padre.
  - Hoje estamos aqui para celebrar a partida de uma pessoa muito querida para todos nós. Porque a morte deve ser tratada como uma porta... Uma passagem. Onde deixamos esse mundo para trás e encontramos outro totalmente diferente. Sem dor, sem sofrimentos, sem doença... Apenas a paz e serenidade. – O homem falava baixo, porém podia ser escutado por todos. – E um dia nós estaremos juntos novamente e vai ser como se tempo nenhum tivesse passado...
  O senhor continuou falando sobre partidas, sobre o que poderia nos aguardar do “outro lado” e que aquele não era o fim para a trajetória do espírito e coisas assim. Ele tentava amenizar o sofrimento e nos dar ao menos um pouco de esperança de que todos voltaríamos a nos ver um dia, pois repetiu isso ao menos três vezes. Por mais que eu tentasse com todas as forças me agarrar àquela esperança, esse futuro parecia longe demais e não era o suficiente pra mim. Como eu usava um par de óculos escuros, as lágrimas que molhavam os meus olhos foram escondidas por um tempo, mas elas logo trataram de escorrer pelas minhas bochechas. Não me preocupei em limpá-las, pois seria inútil, já que tinha certeza que outras mais vinham por aí. Mantive as minhas mãos dentro dos bolsos do meu sobretudo, protegendo-as do frio que agora só tocava o meu rosto e minhas pernas.
  A cerimônia continuou naquele mesmo ritmo por algum tempo e a “banda” de instrumentos de corda seguiu tocando algumas das músicas preferidas do meu avô. Muitas delas me lembravam de um tempo mais simples, onde eu podia deitar na minha cama com a certeza de que o veria novamente, ou das vezes onde eu o peguei dançando com a minha avó na cozinha e ficava escondida apenas desejando encontrar um amor como o deles um dia. Meus avós se conheceram no colégio e permaneceram juntos desde então, passando mais da metade da vida inteira juntos. Para Jolene aquela perda com certeza estava sendo bem pior do que para qualquer um de nós, pois ela não deveria mais saber viver sem o marido. Ao menos eu sabia que ela não desistiria e isso me tranquilizava um pouco.
  - Alguém gostaria de falar alguma última palavra? – O cerimonialista terminou seu discurso e deu espaço para que alguém tomasse o seu lugar.
  - Eu quero... – Não tinha certeza do que estava fazendo e muito menos do que iria falar, mas precisava falar algo. Era a minha última chance.
  Todo mundo olhou na minha direção e a minha avó era a única que sorria. Zayn tocou o meu ombro como carinho e Lou também me encorajou. Minha mãe levou a mão até os lábios, segurando o choro. Eu retirei o óculos e o guardei no bolso, caminhando até o lugar onde o padre estivera momentos atrás. Fiquei de frente para o buraco na terra onde seria a última morada do corpo do meu avô e senti um arrepio muito ruim ao ver o quanto era fundo. Antes que eu pudesse começar a falar, Louis se aproximou pela lateral e me entregou um único botão de rosa branca.
  - Meu nome é %Star%... Alguns de vocês podem não me conhecer, mas eu sou a neta de Charles e gostaria de me despedir... – Respirei fundo.
  - Fique a vontade, %Star%.
  - Quando se é uma criança a gente não espera que algo assim vá acontecer. Nunca passa pela nossa cabeça que um dia teremos que dizer adeus para o nosso herói, porque para nós... Ele é imortal. Nós mesmos somos imortais. Quando se é uma criança não se sabe o que é a morte e por isso não temos medo dela, nos sentimos invencíveis. O caso é que com o passar do tempo a gente começa a entender que as coisas não são bem assim. Passamos a entender o perigo de fazer algo impulsivo, de atravessar a rua sem olhar para os dois lados... Começamos a crescer. E com essa maturidade vem o medo. Ficamos cientes que a nossa passagem pela Terra não é eterna, mas mesmo assim, mesmo sabendo disso... Nós nunca estamos preparados quando o dia realmente chega. Apenas desejamos silenciosamente que seja diferente, que coisas assim não aconteçam com a gente. Pior do que partir é ver uma pessoa que você ama ir embora e é isso o que nós estamos fazendo aqui hoje. – Tentei manter a minha voz o mais clara possível, mas dali em diante seria bem complicado. As lágrimas continuavam a cair e eu tentava lutar contra elas. Olhei para o caixão mais uma vez e senti um aperto no meu coração, fazendo-me olhar para o céu. - Eu nunca pensei que teria que dizer isso, papá... Nunca pensei que estaria te falando adeus um dia. Eu vou sentir tanto a sua falta, tanto! Não vai ter um dia que passe que eu não vá lembrar tudo aquilo que o senhor me falava, todos os seus poucos sorrisos que eram os mais verdadeiros possíveis. E eu só tenho a agradecer, pois todas as lições que o senhor me ensinou são coisas que eu vou levar comigo para o resto da vida. Espero que o senhor esteja me olhando aqui embaixo, porque eu sempre vou estar te procurando aí em cima. O nosso segredo vai ficar guardado no meu coração, assim como nós prometemos. Por você eu vou tentar ser forte, ok? Porque eu sei que é o que você iria querer... Obrigada por tudo. Obrigada por sempre acreditar em mim quando nem eu mesma acreditava. Obrigada por cuidar de mim e por me tornar essa pessoa que eu sou hoje. E espero que tenha te dado orgulho... Pode ter certeza que sempre farei de tudo pra continuar te deixando orgulhoso. Eu te amo, papá. Para além do sempre. Espero te ver em breve...
  Funguei ao terminar a minha despedida e joguei a rosa branca de Louis sob o caixão. Me senti um pouco mais leve, tendo a certeza de que o meu avô escutara as minhas palavras de alguma forma. Não recebi uma salva de palmas, mas todos que me olhavam estavam com o coração na mão. Minha mãe tinha os olhos mais vermelhos e até mesmo Zayn parecia ter chorado. Alguns homens de paletó se aproximaram e seguraram algumas cordas presas à madeira do ataúde e começariam a abaixá-lo dentro do buraco na terra. Agora a banda tocava uma versão bem mais calma de “All You Need Is Love” e eu não conseguiria ficar ali parada.
  Fiz meu caminho para o meio da multidão e passei esbarrando entre algumas pessoas. Não queria que ninguém me seguisse e parece que fui entendida, pois pessoa alguma veio atrás de mim. Eu havia falado tudo que precisava e não aguentaria ver o final daquele funeral, não aguentaria ver o meu avô sendo enterrado por mais que repetisse o tempo inteiro na minha cabeça que aquele “receptáculo” estava vazio e a alma de papá estava em um lugar melhor, em um mundo mais bonito. Continuei chorando e me afastando cada vez mais rápido daquela parte do cemitério. A música ficou inaudível em questão de minutos e foi então que eu percebi que estava correndo. Sim, correndo o mais rápido que eu podia, desviando de árvores e lápides. Precisava sair dali, de perto de toda aquela atmosfera melancólica.
  Passei as mãos pelos meus olhos, evitando a minha visão de ficar turva e acabar me fazendo tropeçar e cair no chão. Ironicamente a chuva voltou a cair, mesmo que continuasse fraca. Avistei uma saída a poucos metros de mim, mesmo não sendo no mesmo caminho pelo qual eu havia entrado, e continuei correndo até lá. Pela velocidade eu estava ganhando, os pingos de chuva pareciam mais facas que cortavam o meu rosto, mas não me importei. Na verdade, não me importava com muita coisa naquele momento, só queria correr, correr e correr. Correr até não sentir mais as minhas pernas, até que a dor física se tornasse tão insuportável ao ponto de amenizar a dor emocional.
  Passei pelos portões de ferro enquanto soluços escapavam entre os meus lábios e pessoas me olharam assustadas. Como eu estava toda vestida de preto e saindo de um cemitério, ou eu era uma assombração ou uma pessoa que estava sofrendo com a perda de alguém querido. Não fiquei por perto pra ver qual das duas opções as pessoas resolveriam aceitar e continuei com a minha correria. Meus olhos voltaram a ficar embaçados e eu não consegui parar a tempo antes de começar a atravessar uma rua movimentada. Também não vi o que me atingiu, só senti uma pancada bem forte no meu quadril que me jogou do outro lado da rua. Tentei gritar com o susto e com a dor, mas não consegui emitir som algum.
  - Meu Deus, menina, você está bem? – Uma voz masculina se aproximou de mim.
  - Eu...
  Tentei falar e me mexer, mas não consegui. Acabei ficando deitada no asfalto enquanto uma confusão começou a acontecer a minha volta. Pessoas preocupadas e outras apenas curiosas tentavam falar comigo, mas eu só conseguia chorar e desejar conforto. Eu sabia que havia sido atropelada e sabia que a culpa era minha. Também sabia que já estavam chamando uma ambulância, mas preferia que me deixassem ali. Por um momento preferia fechar os olhos e esperar pela morte que parecia tão doce e suave comparada a confusão de coisas que eu sentia. Não estava sendo dramática, apenas não queria mais sentir nada. “Eu estou pronta...” Uma mentira que me obrigava a aceitar. Meus olhos reviraram uma vez e eu senti que estava apagando. Involuntariamente o meu corpo continuou lutando para permanecer vivo e minhas pálpebras foram abertas para que eu encontrasse uma luz forte batendo sobre o meu rosto. Foi aí que eu pude vê-lo... Meu avô. Apenas a sua expressão. Eu sabia que era ele... Vindo me buscar...

+++

  “Beeep... Beep... Beeeeep.” Um barulho contínuo e irritante me fez despertar de um sono que eu nem mesmo sabia que estava tendo. Mexi os olhos em uma tentativa falha de abri-los e também me movi sob a superfície em que eu estava deitada. Uma dor aguda em meu pulso direito me fez gemer e finalmente conseguir ver o que estava acontecendo e me encontrei dentro de um quarto estranho. Não precisei olhar a agulha furada em meu braço pra perceber que estava em um hospital e tomava soro. O barulho que me acordou era daquela máquina que mostra os batimentos cardíacos e o “Beep” era um bom sinal. Fora isso, não havia ninguém ali, nem ao menos um recado que pudesse me informar do que estava acontecendo, ou de quem me levara até ali.
  Minha família devia estar tão preocupada! Zayn e Louis ficariam loucos me procurando pelo cemitério inteiro e a minha mãe teria um treco ao descobrir que eu não tinha ido pra casa. Ao mesmo tempo que eu queria ligar pra eles e avisar onde estava, não podia trazer mais essa preocupação pra ninguém. “Muito bem, %Star%... Com todos esses problemas, você ainda inventa de dar mais trabalho?” Não, não! Bati na minha própria testa com a mão direita e isso acabou arrancando com tudo a agulha da minha veia e causou um pequeno corte no meu pulso que começou a sangrar. Reclamei baixinho e apertei ali com força. Eu estava perdida e não sabia o que fazer, mas o pior de tudo ainda era estar sozinha; estar sozinha e não poder pedir ajuda a mais ninguém. Talvez se eu fosse até o corredor pudesse encontrar uma enfermeira pra me ajudar...
  Decidi sair daquela cama nada confortável e tirei o lençol que me cobria de cima de mim. Também não estava usando as minhas roupas, e sim aquela camisola de hospital. Pelo menos não era daquela completamente aberta atrás, protegendo o meu corpo de ficar a mostra na medida em que eu começasse a andar. Ainda apertando o pulso, pisei no chão e quase cambaleei. Eu deveria estar mais fraca do que imaginava e tudo girou. Tive que me segurar na parede pra não ir ao chão mais uma vez e o meu quadril latejou de dor bem no lugar onde o carro havia batido. Levantei a camisola até encontrar uma mancha roxa que devia ter uns dez centímetros de comprimento. “Droga!” Balancei a cabeça em negação e segurei o choro. Não precisava de uma opinião média pra saber que aquilo estava feio.
  Arrastei um pé após o outro, fazendo o meu caminho em direção à porta daquele quarto. Não sabia que horas eram, mas devia passar das quatro horas da tarde por causa da programação que passava na televisão que encontrei pendurada em um canto do corredor vazio. “Eu devo ter sumido a tarde inteira...” Me sentia muito culpada pela preocupação que estava causando, mas talvez ninguém estivesse me procurando... Talvez só estivessem pensando que eu precisava desse tempo sozinha. É, aham. Vamos pensar assim, ok? Difícil.
  Domingo deveria ser um dia tranquilo naquele hospital, pois eu não via nenhum médico ou enfermeiro passeando pelo corredor e também não sabia qual caminho deveria seguir. Só andei em frente tentando espiar dentro de uma sala ou outra. Aquele hospital era público, mas super limpo e bem cuidado, diferente do que se vê em outros lugares, ao menos assim eu não daria mais gastos para a minha família. Chegando ao final do primeiro corredor, tive uma escolha a fazer: Ir para a direita ou esquerda. Uma placa tinha uma seta apontando para cada lado com as palavras “Recepção” e “Berçário”, respectivamente. Qualquer pessoa normal teria ido pelo caminho da recepção, pois lá com certeza teria alguém para dar informações, mas não eu. A minha curiosidade me levou a ir pela esquerda e procurar o tal berçário que não deveria ficar muito longe.
  E não ficava mesmo, já que prontamente cheguei até uma parede que tinha a sua metade coberta por um vidro, permitindo quem estava do lado de fora ver o que ocorria ali dentro. Vários bercinhos estavam ocupados por bebês super fofos. Uns dormiam, outros chupavam dedo, e ainda tinha um que estava bem acordado e observava tudo que acontecia à sua volta. Esse último bebê era o que estava mais próximo ao vidro e eu sabia que era um menino por causa do seu manto azul claro. Dei uma batida de leve para chamar a atenção do neném e ele logo me olhou curioso.
  - Oi, coisa fofa! – Falei baixo, mesmo sabendo que não seria escutada. Um sorriso escapou no meu rosto quando eu acenei para o pequeno e ele mexeu os braços gordinhos na minha direção.
  Ele era tão inocente, tão puro... Mal sabia todas as coisas que teria que passar ao começar a crescer. Suspirei e o sorriso se desfez, dando lugar ao vazio na minha expressão. Os pais dele deveriam estar tão felizes! Assim como os avós, principalmente se fosse seu primeiro neto. Me impedi de continuar aquela linha de raciocínio, caso contrário acabaria chorando mais uma vez.
  - Aí está você! – Uma mulher com um uniforme esverdeado parou ao meu lado. – Eu estava te procurando! Acabei de ir ao seu quarto e a senhorita não estava lá!
  - Desculpa...? – Não estava muito certa do que falar. – Eu estava procurando ajuda...
  - Pois já achou! Mas vamos te levar de volta para o quarto, pois não está em condições de ficar andando por aí! – Ela me pegou pelo braço e me arrastou para longe do berçário. – A propósito, meu nome é Sam e sou a enfermeira responsável por você, querida.
  - Sou %Star%. – Tente parecer simpática, mesmo estando sendo obrigada a voltar para o quarto entediante.
  - Uhh, eu sabia que o seu nome seria tão bonito quanto você. – Sorriu.
  - Ahn, você se importaria em dizer como eu vim parar aqui?
  - Que cabeça a minha! Claro que não... – Segurou o meu pulso e viu o corte que já não sangrava tanto quanto antes, me lançando um olhar feio. – Você foi atropelada e a ambulância a trouxe aqui... Mas estava sozinha. Por isso nem sabíamos o seu nome.
  - E as minhas roupas?
  - Estão secando, não se preocupe. Mas fora isso não tinha mais nada com você... Nem uma bolsa.
  - E um celular? Dentro do bolso do casaco? – Me desesperei.
  - Desculpe, querida, não tinha nada no seu casaco.
  - Droga! – Fiz uma careta.
  - Não se exalte! Você precisa ficar em repouso. – Me repreendeu. – Estava muito fraca quando chegou aqui e foi uma sorte não ter quebrado uma costela.
  - Quando eu vou poder ir pra casa?
  - Bem, você vai ficar sob observação hoje, mas acho que já vai ter alta amanhã cedo. – Abriu a porta do quarto para que eu entrasse e foi abrir as cortinas da janela.
  - Amanhã? – Arregalei os olhos.
  - Sim... Mas tem alguém que você queira avisar? Eu posso ligar pra você. Já teríamos feito isso, mas também não encontramos nenhum documento contigo.
  - Não, não... Não tenho ninguém.
  Me doeu falar aquilo, porque ao mesmo tempo que era verdade, também era uma mentira. Eu teria alguém pra ligar e avisar que estava no hospital se eu pudesse de fato avisá-lo... Mas como não podia, não tinha ninguém. Vidinha complicada essa, viu? Me rendi às ordens da enfermeira Sam e voltei para a cama um tanto quanto dura. Ela mesma me cobriu e pegou novamente aquela agulha com o soro para colocar no meu braço, mas eu choraminguei.
  - Eu não gosto disso... – Fiz bico e me encolhi para longe dela.
  - Mas eu tenho que colocar em você, %Star%... Porque seus exames mostraram que você está fraca.
  - Mas isso dói! – Sam devia estar acostumada a lidar com crianças teimosas, mas eu conseguia ser pior do que uma quando queria.
  - Podemos fazer um trado? – Perguntou e eu afirmei que sim com a cabeça. – Eu vou trazer algo pra você comer e a senhorita vai se alimentar direito. Assim eu deixo você ficar sem o soro ate a hora de dormir. Fechado?
  - Eu não to com fome... – Babuciei, mas ao ver o olhar repreendedor da enfermeira, me arrependi. – Fechado!
  - Assim está melhor. – Levantou uma sobrancelha. – Baunilha ou tapioca?
  - Me surpreenda. – Dei de ombros.
  Era a primeira vez que eu ficava internada, mas já tinha experiência o suficiente pra saber que comida de hospital nunca é boa. Justamente por isso eu não me importava muito com o sabor que um pudim iria ter. Sam piscou em resposta e me deu o controle da televisão do quarto para que eu pudesse me distrair enquanto ela não voltava com a comida, mas qualquer coisa que estivesse passando ali não iria tirar da minha cabeça a única coisa que passava por ela: A “imagem” que tive de meu avô antes de desmaiar.
  Agora que estava consciente, podia me lembrar claramente de ter visto-o sorrir pra mim daquela forma reconfortante que só ele conseguia. No momento do acidente eu achei que fosse um chamado dos céus atendendo o meu pedido para acabar com o meu sofrimento, mas ali, deitada na cama do hospital... Eu agradeci por estar enganada. Eu não queria morrer de verdade, claro que não! Mas fui egoísta o suficiente pra achar que sim... Imagina o sofrimento que a minha avó iria ter ao perder a neta e o marido em um período tão curto de tempo? E a minha mãe? Ela com certeza se sentiria culpada por tudo que me fez nos últimos anos e por toda a sua ausência na minha vida. E quanto a Louis, Harry, Liam, Niall e %Abi%? Perderiam uma amiga que eles amavam muito. O mesmo serviria pra Zayn... Que esteve do meu lado em todos os momentos e provavelmente estaria ali também, se eu deixasse. Meu pai, Rachel... Principalmente Lux, que me tinha como um modelo do que ela gostaria de ser quando crescesse. Eu não podia morrer, não poderia abandonar todas aquelas pessoas que precisavam de mim do mesmo jeito que eu precisava deles.
  Admito que possa ter alucinado e imaginado que vi o meu avô, mas isso ficou marcado dentro de mim de tal forma que eu não conseguiria esquecer ou deixar pra lá. Nunca fui dessas que acredita em revelação espiritual ou milagres, claro que também nunca tive nada contra quem acredita, mas a minha mente aberta para coisas novas me fez pensar no “e se?”. E se foi mesmo real? E se o que eu vi foi a forma de o meu avô mostrar pra mim que estaria sempre comigo mesmo que eu não pudesse vê-lo? E se ele fosse o meu anjo da guarda? Chegar a essa conclusão me fez sorrir. Mas sorrir de verdade mesmo, não os sorrisos forçados que eu estava tão acostumada a dar ultimamente.
  - Toc toc! – Sam abriu a porta e trouxe consigo um carrinho no estilo daqueles de hotel e em cima dele estava uma bandeja de comida. – Demorei?
  - Nem um pouco. – Balancei a cabeça e me sentei.
  A enfermeira se aproximou de mim e inclinou um pouco a cama automática, coisa que eu nem sabia que era possível. Também colocou os travesseiros nas minhas costas para que eu ficasse mais confortável. Aquela mordomia toda me agradava muito, diga-se de passagem. A agradeci com um sorriso e antes de me dar o almoço/jantar, pegou o meu pulso novamente e deu uma boa olhada. Provavelmente estudando se precisaria fazer um curativo e deve ter constatado que sim, pois pegou um kit de primeiros socorros que também estava no carrinho e tirou de lá uns pedaços de gaze e esparadrapo. Borrifou um spray e eu resmunguei de dor. Teria assoprado o local, mas não quis parecer mais com uma criança do que já estava. Em seguida, ela colocou a gaze por cima do machucado e o envolveu com o esparadrapo.
  - Agora está bem melhor! – Sorriu e se virou para pegar a comida.
  - Obrigada, Sam. – Sorri com sinceridade e a ajudei a colocar a bandeja sob as minhas pernas. – Você não precisava estar fazendo tudo isso por mim.
  - Claro que precisava! – Riu baixo e tirou a tampa que cobria o “prato principal”. – Você me lembra muito a minha filha, %Star%.
  - Mesmo? – Ergui as sobrancelhas e peguei uma colher que encontrei ali por cima.
  - Sim... Ela faleceu no ano passado, sabe? – Sam disse isso com tanta naturalidade que eu até fiquei nervosa. – Mas só de olhar pra você eu já me sinto um pouco mais perto dela.
  - O que aconteceu com ela? Se é que eu posso perguntar... – Comecei a mexer na sopa de legumes e peguei uma colherada.
  - Pode sim, eu não me importo. – Sentou-se na ponta da cama e me vigiou comer. – Minha Allie sofria com depressão... Mas ela nunca disse nada pra mim ou pra qualquer outra pessoa, por isso não pude fazer nada pra ajudar. Até que um dia... Já era tarde demais. Ela tirou a própria vida...
  - Eu sinto muito, Sam, de verdade... – Senti um aperto no coração ao escutar aquela história e quase não consegui engolir um pedaço de brócolis. – E as vezes as pessoas mais próximas de nós tem algum problema e a gente não consegue ver. Mas não é porque não nos importamos, só... Tendemos a acreditar no que é melhor e não no que está na frente dos nossos olhos.
  - Isso mesmo. – Sorriu com pesar. – E como está a sopa, huh?
  - Está boa... Um pouco sem sal. – Peguei outra colherada e levei até a boca.
  - Comida de hospital não pode ter sal algum, sabia? Faz mal. – Explicou. – Mas vamos conversar e você vai comendo aos poucos. Daqui a pouco acaba e você nem percebeu!
  - Tá bem! – Concordei depois de engolir e peguei o copo de suco de laranja para ajudar a descer.
  - Me conte mais sobre você? Até agora eu só sei o seu primeiro nome.
  - Bem... Meu sobrenome é Tomlinson e eu sou daqui mesmo, mas atualmente estou morando em Londres...
  - Londres? Dizem que é lindo, mas eu nunca tive a oportunidade de ir conhecer.
  - É lindo sim! – Concordei com a boca cheia de sopa e quase babei.
  - E o que você faz lá?
  - Eu estudo em uma academia de artes... Faço Ballet Clássico.

+++

  - Você se lembra do nosso trato? – A noite havia caído devagar e Sam tentava me convencer a honrar a minha palavra e deixá-la colocar o soro no meu pulso.
  - Mas, mas, mas... – Resmunguei e acabei me rendendo. – Tudo bem!
  - Boa menina.
  Sam sorriu, mas eu fiz uma careta nada amigável. Estiquei o braço e preferi olha na direção oposta. Aparentemente a minha veia do braço esquerdo não era boa suficiente e com isso a enfermeira teve que enfiar a agulha novamente pelo meu pulso cortado, fazendo doer mais do que antes. Choraminguei como um bebê e fiz a mulher rir da minha desgraça. Se ela não tivesse sido tão legal comigo durante o dia todo, eu provavelmente a xingaria. Depois de algumas tentativas, finalmente conseguiu achar a minha veia e a perfurou com a agulha. Logo comecei a sentir o líquido entrando no meu sistema e o desconforto voltou.
  - Muito bem, %Star%... Não tente tirar sozinha de novo ou vai se machucar, entendeu?
  - Entendi, Sam. – Respondi ranzinza.
  - Amanhã cedo eu volto aqui com o médico pra fazer uns últimos exames e te dar alta, ok? – Diminuiu a inclinação da mesa e eu logo estava deitada mais uma vez. – Tá vendo aquele botão ali? Se precisar de algo, é só apertar e alguém vem correndo.
  - Obrigada mais uma vez. – Sorri de canto, com o humor um pouco melhor dessa vez.
  - De nada, querida. Mas eu ainda ficaria mais tranquila se tivesse alguém aqui com você... – Suspirou. – Tem certeza que não pode ligar pra nenhum amigo ou familiar?
  - Eu estou bem, Sam... De verdade. – Menti.
  - Você é quem sabe, criança. – Não me chamou assim no sentido pejorativo e sorriu. – Boa noite.
  - Boa noite...
  Fechei os olhos antes que a mulher saísse, querendo convencê-la de que eu realmente iria dormir, e a esperei apagar as luzes e fechar a porta do quarto. Mesmo depois de ficar no escuro, ainda era possível ver onde as coisas estavam só com a claridade que entrava pela janela alta do quarto e pela fresta embaixo da porta. Sam ainda ficou do lado de fora por alguns segundos e eu a esperei se afastar mais para bufar impaciente e sentar na cama. Olhei para o meu pulso e tirei a agulha, um pouco mais cuidadosa do que da primeira vez, mas ainda assim saiu um pouco de sangue. Usei o mesmo curativo de antes para tapar a ferida e respirei mais aliviada. Qualquer coisa eu explicaria que tirei o soro apenas pra ir ao banheiro e depois não soube colocar de volta. Isso mesmo!
  Entediada de ficar naquela cama, saltei para o chão e me arrependi por não ter sido mais delicada. O machucado na lateral do meu corpo ainda doía bastante e eu mal conseguia me mexer com velocidade sem quase cair no chão e começar a chorar. Meu maior medo era que ficasse algum tipo de sequela ou mancha, mas acho que só descobriria isso na manhã seguinte, quando o médico viesse me olhar. Sem querer sofrer por antecipação, atravessei o quarto até chegar à janela. Foi bem difícil de desemperrar o vidro, mas consegui abri-lo e sentir o vento frio bagunçar os meus cabelos molhados por causa do banho que eu havia acabado de tomar. A chuva se foi, mas o frio de inverno veio com tudo e eu me perguntei o que estariam fazendo na minha casa... Queria ser uma mosquinha pra voar até lá e ver se estava tudo bem e também me odiei por ter perdido o meu celular. Os meninos deveriam estar tentando me ligar milhares de vezes e a minha falta de resposta os preocuparia.
  Suspirei e olhei para o céu, dando de cara com uma Lua cheia bem grande. Sorri ao lembrar do “segredo” que papá e eu dividíamos... Era algo bem bobo, na verdade, mas ainda assim queria dizer muito para nós dois. Costumávamos dizer que não importa onde estivéssemos... Seja na mesma cidade ou do outro lado do mundo, a Lua que nos ilumina sempre é a mesma e que nós dois podemos nos comunicar através dela. Agora mais do que nunca eu iria me apegar àquele segredo e torcer para que ele também, estando onde estivesse.
  - Hey, papá... Como está tudo aí em cima? Só fazem dois dias e por aqui parece que se passou uma eternidade desde que você se foi. Eu sinto tanta saudade que você não faz ideia. – Suspirei ao conversar com a Lua, esperando por uma resposta que não viria. – Eu estive pensando em umas coisas, sabe? Coisas que eu acho que preciso fazer... Espero que o senhor fique orgulhoso de mim. Ahh, se puder... Avisa pra nana que eu estou bem? Eu sei que é feio sumir sem dar noticias assim, mas eu não sabia o que fazer... O senhor entende, né? Agora que é o meu anjo da guarda...

Capítulo XLI
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (6)
×

Comentários

×

ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x