Ballet Shoes


Escrita porElla Souza
Editada por Isabelle Castro


Capítulo XII

Tempo estimado de leitura: 34 minutos

  - Já estamos aqui na frente, %Abi%. – Falei quando ela atendeu a minha ligação, olhando para o lado de fora da janela do carro de Harry.
  - Venham até a porta e eu já vou buscar vocês! – Ela respondeu.
  Ambos saímos do carro e eu arrumei a minha roupa antes de começar a andar em direção à porta do bar. Bar não... Do Pub. Um letreiro vermelho piscava e deixava as palavras “Karaoke Night” em evidência. Eu sempre amei karaokês, então seria uma noite legal. Pelo menos era o que eu esperava. %Abigail% apareceu em menos de dois minutos e nos levou para dentro. O lugar estava meio cheio, então segurei a mão de Harry para não nos perdermos. Tive que desviar de umas três pessoas pra não acabar suja com alguma bebida sendo derramada em mim, mas logo chegamos a mesa em que Niall e Zayn conversavam animadamente. Pela quantidade de garrafas de cerveja vazias que pude ver em cima da mesa, os dois já estava bebendo há um bom tempo.
  - Olha quem chegou! – %Abi% nos apontou para os meninos e o olhar de ambos foi de mim para Harry.
  - Hey, guys. – Cumprimentei os dois.
  - Não sabia que você ia trazer o seu namorado. – Zayn falou enquanto encarava a minha mão entrelaçada na de Harry.
  - Ele não é meu namorado. – Olhei para Harry, que ria. Eu não havia nem notado que ainda segurava a sua mão.
  - É bom te ver, %Tah%. – Niall ignorou o amigo e se levantou para me abraçar.
  Soltei Haz para poder abraçar Niall, que sussurrou algo na minha orelha, mas eu não entendi muito bem o que era. Em seguida, o loiro cumprimentou Harry e eu acenei para Zayn, já que ele nem ao menos se levantou para me abraçar, ou algo do tipo. Não que eu quisesse abraçá-lo, só pra que fique claro. Nos sentamos na mesa – não literalmente, óbvio – e %Abi% tratou de pedir mais bebidas para todos.
  - Então, o que vocês vão cantar? – Niall perguntou, me fazendo olhar em volta. O lugar estava bem cheio e eu não costumava cantar na frente de estranhos. Claro que pra Harry seria fácil, já que ele tinha uma voz incrível.
  - Cantar? Eu não vou cantar aqui, Niall, sinto muito. – Ri.
  - Vamos, %Tah%... – Harry tentou me convencer. – Eu já te ouvi cantar e a sua voz não é tão ruim.
  - Tá vendo? Sua voz não é tão ruim. – %Abi% fez todos nós gargalharmos e eu continuei balançando a cabeça em negação.
  - É a sua primeira vez aqui, então vai ter que cantar alguma coisa. É tradição entre os alunos da academia. – Zayn balançou os braços como se eu não tivesse escolha.
  - Deve ser tradição entre os alunos de música, porque eu não tenho obrigação de saber cantar! – Tentei me defender, mas ninguém me deu ouvidos.
  - Eu vou colocar o nome de vocês na lista. – %Abigail% já foi levantando e os meninos me impediram de ir atrás dela.
  Observei a pequena ruiva ir até uma mesa onde uma mulher anotava algo em um caderno. Ao lado da mesa estava um palco que devia ter pouco mais de um metro de altura, onde uma menina um tanto desafinada cantava uma música que eu não conhecia. O que mais me surpreendeu é que aquele não era um karaokê normal, onde os participantes ficavam de frente para uma TV de onde saia o som e as legendas. Perto do palco ficava uma banda que tocava as músicas ao vivo e não tinha nenhuma televisão com legendas. Acho que esse deveria ser o desafio... Cantar como se estivesse em um show de verdade. Aquele Pub era muito popular entre os alunos da Academy, segundo meus amigos, e eu começava a entender o porquê.
  As nossas bebidas chegaram alguns segundos depois que %Abi% voltou a se sentar, indicando que não demoraria muito pra chegar a nossa vez. Olhei em direção ao palco e a menina já havia parado de cantar e recebia aplausos da plateia. Dei um gole no meu cosmopolitan e fiz uma careta. Aquela bebida estava bem mais forte do que a da festa de Zayn. Os meninos riram da minha cara e também pegaram as suas taças, levantando no alto para fazer um brinde.
  - A novas amizades. – Harry começou.
  - A muitas risadas! – %Abi% sorriu.
  - A beber até cair. – É claro que o bêbado do Niall falaria algo assim.
  - A uma noite incrível. – Zayn falou me encarando e eu agradeci por não estar tão claro, já que as minhas bochechas deveriam estar vermelhas.
  - A nós. – Terminei o brinde e todos nós batemos nos copos uns dos outros e bebemos.
  Todos os meninos viraram os copos deram gritos de animação. É claro que eu não bebi tudo de uma vez, mas balancei a cabeça e comecei a rir. Um homem subiu no palco com o microfone em uma mão e um papel na outra, indicando que chamaria os próximos a se apresentar. “Niall Horan e %Abi% Horan.”
  - Não acredito que vocês usaram o mesmo sobrenome de novo. – Zayn riu, levando uma mão até a própria testa.
  - E nem me convidaram pro casamento! – Me fiz de indignada.
  - Foi um casamento relâmpago, então ninguém foi convidado. – %Abi% levantou e puxou o namorado.
  Os dois foram correndo para o palco e enquanto Niall foi falar com a banda, %Abi% pegou um dos microfones. Ela não parecia ter vergonha alguma, em momento nenhum, e por isso eu a invejei.
  - Boa noite, pessoal! – %Abi% falou, recebendo aplausos e gritinhos. Principalmente vindos de mim. – Nós gostaríamos de dedicar essa música a uma pessoa muito especial que entrou na nossa vida há pouco tempo, mas que já se tornou indispensável. E como hoje é a primeira vez que ela vem ao Pub, vamos homenageá-la!
  Olhei para os dois e não segurei o sorriso. Estava surpresa com aquilo; porque é claro que eles estavam falando de mim. O som de piano começou e eu me arrepiei completamente quando a melodia de “Home – Philip Philips” tocou. Eu tinha amigos perfeitos e sabia disso. Não só aqueles dois, mas Harry, Liam, Louis e até mesmo Zayn estavam incluídos. A melhor coisa do mundo é se sentir amada e ao lado daqueles idiotas eu me sentia a pessoa mais amada do mundo.
  - Hold on to me as we go. (Segure-se em mim enquanto vamos) As we roll down this unfamiliar road and although this wave is stringing us along… (Enquanto descemos por essa rua desconhecida e mesmo que essa onda esteja nos arrastanto...) - Eles começaram a cantar, me deixando mais arrepiada ainda.
  A voz de %Abi% e de Niall se misturavam de uma forma emocionante, e eu sabia que eles cantavam com o coração. É possível que todo mundo que eu conheço canta bem? Não quero desmerecer a minha amiga, mas a voz do loiro era simplesmente contagiante. Ele estava no curso certo, com toda certeza. O casal caminhava pelo palco totalmente desinibido. %Abigail% até balançava o braço livre de um lado para o outro, fazendo a plateia seguir os seus movimentos.
  - The trouble, it might drag you down. (Os problemas podem te levar pra baixo) If you get lost, you can always be found. (Se você está perdida, pode sempre ser encontrada) Jus know you’re not alone. (Apenas saia que você não está sozinha) ‘Cause we’re gonna make this place your home… (Porque nós vamos fazer desse lugar o seu lar) - Encerraram a música e eu aplaudi de pé, com lágrimas nos olhos.
  Aquele foi um jeito deles falarem que eu não estaria sozinha e que me achariam se eu ficasse perdida dentro de mim mesma. Eles fariam Londres ser a minha casa e, de certa forma, já era mesmo. Os dois voltaram para a mesa e eu os abracei ao mesmo tempo.
  - Isso não se faz! – Falei com a voz chorosa.
  - Foi só uma forma de mostrar pra você o quanto é importante pra gente. – Niall me fez sorrir ainda mais.
  - Não chore! Ou vai borrar o rímel. – %Abi% riu, mas ela também parecia estar com os olhos molhados.
  - Eu te amo, %Abi%. – A abracei mais uma vez e Niall foi se sentar em seu lugar. Nós duas nos apertamos com tanta força que chegou a doer, mas eu não liguei. Era a primeira vez que eu tinha uma amiga como ela. Porque por mais que eu tivesse os meus amigos, com ela era diferente. Poderíamos conversar sobre roupas e futilidades, mas também sobre coisas mais sérias. Eu sabia que ela iria me entender em qualquer situação e muitas vezes nos comunicávamos apenas com olhares. – Eu não sei o que faria sem você.
  - Eu também te amo, %Tah%. – Ela me olhou e nós duas estávamos quase chorando. – Você é a melhor amiga que eu poderia ter.
  - Acho que eu vou chorar. – Harry estragou o clima do momento, mas nos fez rir com o seu choro falso e exagerado.
  - Idiota. – Soltei a minha amiga e me sentei no colo de Haz. – Não precisa ter ciúmes... Você sabe que eu também te amo, cupcake.
  - Sei? Não sei de nada! – Fez um bico gigante e eu dei um beijo estalado em sua bochecha.
  - Espera... Cupcake? E depois reclama do meu pudincup! – %Abi% reclamou, com as mãos na cintura.
  - Preciso de mais uma dessas. – Zayn se levantou com a garrafa vazia de cerveja e parecia aborrecido.
  - Alguém ficou com ciúmes. – Niall riu e eu mostrei a língua pra ele.
  - Ele gosta de você? – Harry perguntou ao meu ouvido.
  - Claro que não. Só é chato assim mesmo. – Expliquei e deixei o assunto morrer.
  O ‘apresentador’ do karaokê chamou mais duas pessoas e logo foi a vez de Harry. É claro que ele foi sorridente até lá e se posicionou bem ao centro do palco. Falou o nome da música que iria cantar para a banda e voltou o seu olhar para a plateia. “Isn’t she lovely” era uma de minhas músicas preferidas e ficou ainda mais bonita na voz dele. Já estava óbvio que Harry sabia cantar bem e ainda era muito bonito. É claro que a parte feminina da plateia foi à loucura, gritando e praticamente gemendo. Ele mandou alguns beijos para as meninas, mas o que me surpreendeu mais foi a felicidade que ele parecia estar sentindo ali em cima. Era como se cantar em um palco fosse o que ele havia nascido pra fazer. Eu mesma não conseguia tirar os olhos dele ou parar de sorrir. A música chegou ao fim e mais uma vez ele foi aplaudido por todos que estavam presentes, incluindo algumas garçonetes.
  - Acho que agora é a sua vez, %Tah%. – %Abi% falou animada.
  - O quê? Eu? Já? – Resmunguei, não querendo levantar quando o homem chamou o meu nome.
  - Você vai se sair muito bem, eu tenho certeza! – Niall tentou me encorajar, mas eu já sentia borboletas no estômago. E não das boas.
  - Anda, %Star%! Não é tão ruim. – Harry, que já havia voltado para a mesa, me fez levantar. Será que tudo pra ele não era tão ruim?
  - Ok, ok! – Me dei por vencida. – Mas eu não quero ir sozinha. Vem comigo, %Abi%?
  - Não mesmo. – A cachorra se negou.
  - Harry? – Tentei.
  - Eu acabei de ir, %Tah%. Não vou de novo.
  - Eu canto com você. – Zayn me surpreendeu e se levantou. – Se você quiser...
  - É claro que sim! – Sorri em agradecimento, por mais que tenha ficado ainda mais nervosa.
  Nós dois caminhamos até o palco e eu senti as minhas pernas tremerem. Malik sussurrou que tudo ficaria bem e perguntou se eu conhecia a música Give Your Heart A Break”, da Demi Lovato; porque supostamente era boa pra duetos. Eu afirmei que sim e ele foi falar com a banda. Me entregaram um microfone e eu olhei para a plateia pela primeira vez. Um canhão de luz quase me cegou quando foi focado diretamente em mim. Zayn veio para o meu lado e sorriu, me encorajando. Eu sorri de volta, mesmo sem saber exatamente o que estava fazendo. O piano começou a tocar e eu respirei fundo.
  - The day I first met you, you told me you’d never fall in love... (No dia em que eu te conheci, você me disse que nunca se apaixonaria) – Comecei a cantar e olhei para Zayn, como se perguntasse porque ele não estava cantando também. Ele não fez nada, apenas sorriu e balançou a cabeça, me indicando a continuar. – But now that i get you, I know fear is what it really was. (Mas agora que eu te entendo, eu sei que era apenas medo) – Até que eu estava pegando o jeito e como ninguém me vaiou ou atirou tomates, eu fui me soltando aos poucos e começando a me mexer e andar um pouco. – Now here we are. (Agora estamos aqui) So close, yet to far... (Tão próximos, mas ainda tão distantes) Haven’t I passed the test? (Eu não passei no teste?) When will you realize that, baby, I’m not like the rest? (Quando você vai perceber que, baby, eu não sou como o resto?)
  - Don’t wanna break your heart, wanna give your heart a break… (Não quero partir seu coração, quero dar um descanso para o seu coração) - Zayn me acompanhou e nós dois começamos a cantar juntos. Eu olhei pra ele e sorrimos ao mesmo tempo. – I know you’re scared it’s wrong, like you might make a mistake. (Eu sei que você está com medo que seja errado, como se fosse cometer um erro) There’s just one life to live, and there’s no time to wait, to waste, so let me give your heart a break… (Só há uma vida para seviver e não há tempo a perder, então me deixe dar um descanso ao seu coração)
  - On Sunday you went home alone, there were tears in your eyes. (No domingo você foi pra casa sozinha, havia lágrimas nos seus olhos) – Zayn cantou sozinho e eu apenas olhei pra ele e ele pra mim. Era como se quisesse dizer algo e, por um momento, eu me lembrei do desastre da festa. – I called your cell phone, my love, but you did not reply. (Eu liguei para o seu celular, meu amor, mas você não respondeu)
  - The world is ours, if we want it, we can take it, if you just take my hand. (O mundo é nosso se quisermos. Podemos tomá-lo se você apenas pegar a minha mão) – Cantamos juntos novamente e ele andou até onde eu estava. – That’s no turning back now… Baby, try to understand… (Não há como voltar agora. Baby, tente entender)
  Mais um refrão começou e Zayn segurou a minha mão. Eu não me esquivei do seu toque, como das outras vezes. Entrelacei os nossos dedos e sorri. Sim, sorri enquanto cantava e ele fez o mesmo. Aquele não era o Zayn “badboy” que tentava se dar bem em tudo, ou que enxergava segundas intenções e um mero “bom dia”. Aquele era o Zayn que eu gostaria de conhecer.
  - n your lips are on my lips... And our hearts beat as one. (Quando os seus lábios estão nos meus lábios... E nossos corações batem como um só) But you slip under my finger tips… (Mas você escapa entre os meus dedos...) - Cantei sozinha e comecei a andar pra trás. Ele ficou parado, o que fez nossas mãos começarem a se soltar, assim como a letra da música. – Everytime you run. (Todas as vezes que corre)
  - Baby, try to understand. Don’t wanna break your heart, wanna give your heart a break. (Baby, tente entender. Eu não quero partir o seu coração, quero dar um descanso ao seu coração) – Zayn soltou a minha mão, mas se aproximou e mim e cantou olhando em meus olhos.
  - ‘Cause you’ve been hurt before. (Porque você foi machucado antes) I can see it in your eyes. (Eu consigo ver nos seus olhos) You try to smile it away, some things you can’t disguise. (Você tenta fazer passar com um sorriso, mas certas coisas não se pode disfarçar) – Minha voz saiu tão intensa que eu mesma me assustei.
  - Don’t wanna break your heart, maybe I can ease the ache, the ache… (Não quero partir o seu coração, talvez eu conseguida amenizar a dor, a dor) So let me give your heart a break… (Então me deixe dar um descanso ao seu coração) - Terminamos a música juntos e os aplausos me fizeram acordar. Por um momento eu havia esquecido onde estávamos e que as pessoas estavam nos assistindo. Por um momento era só eu e ele.
  Retomei a minha consciência e Zayn voltou a ser o garoto de antes, piscando para as meninas que se jogavam aos seus pés. Ele desceu do palco e esticou a mão pra me ajudar a descer, mas eu apenas o ignorei e desci sozinha. Fomos para a mesa e todos estavam espantados.
  - %Star%... Você nunca me disse que sabia cantar assim... – %Abi% foi a primeira a falar. Será que estava bêbada?
  - Assim como? – Ri, pegando um copo de água que estava em cima da mesa sem realmente me importar com quem seria o dono. Minha garganta estava seca.
  - Como um anjo. – Ela colocou as mãos em baixo do rosto, fazendo uma pose angelical. Sim, ela estava bêbada.
  E aparentemente não era a única que havia exagerado no álcool, porque Niall estava rindo escandalosamente de uma besteira qualquer. Harry também não estava muito atrás, pois fazia caras e bocas e falava mais devagar que o normal.
  Meia hora depois, Haz já tinha ido cantar novamente e eu tentava controlar as bebidas dos que restaram na mesa. Não me leve a mal, eu não sou do tipo careta que não gosta que ninguém beba enquanto eu estou por perto, mas eles já estavam ficando alegres demais. %Abi% puxou Niall pela gola da camisa e os dois foram dançar. Zayn e eu ficamos sozinhos na mesa e eu comecei a rir das palhaçadas que ele fazia.
  - Olha, %Tah%... Eu sou um vampiro! – Zayn colocou dois palitos de dente embaixo do lábio superior e começou a fazer cara de mal.
  - Para com isso, Malik! – Comecei a rir, mesmo sem querer. – Você pode se machucar. Vai acabar cortando o lábio.
  - Se eu me machucar, você vai ter que dar beijinho pra sarar.
  - Bêbados não sabem o que estão falando! – Rolei os olhos em meio a risadas e puxei os palitos da boca dele.
  - Ei, isso doeu! – Reclamou, massageando o lábio. – Agora você vai ter que me beijar.
  - Talvez nos seus sonhos! – Empurrei o seu rosto para o lado quando ele começou a se aproximar com um biquinho.
  - Qualquer uma estaria doida pra me beijar.
  - Então eu acho que não sou qualquer uma. – Parei de rir um pouco e bufei. Se ele achava que começaria a me comparar com as outras que ele pegava, estava muito enganado. – Com licença.
  Me levantei e o deixei sozinho na mesa. Segui para a pista de dança improvisada onde %Abi% descia até o chão e atraia olhares em sua direção, mas nem se importava. No palco, Niall e Harry cantavam “I Will Survive” a plenos pulmões. É claro que eu comecei a rir e também me joguei na pista. %Abi% gritou ao me ver e puxou as minhas mãos, me fazendo girar. Claro que nós duas quase caímos, mas quem liga?
  - Vamos lá pra cima! – A ruiva começou a andar em direção à escadinha que dava passagem para o palco.
  - Você ta louca? Não mesmo! – Tentei puxá-la de volta, mas %Abigail% era impressionantemente mais forte que eu. Quando me dei conta, já estávamos em cima do palco.
  - Você disse que não era estudante de música e não tinha obrigação de cantar. Então dance!
  Eu queria correr dali e me esconder, mas seria impossível. Resolvi entrar na onda e comecei a dançar ao lado de Harry, que continuou cantando. %Abi% estava na outra ponta e coreografava e interpretava a música. O moreno me ofereceu o microfone e nós cantamos o refrão juntos. Tenho certeza que me enrolei nas palavras, mas também não liguei. Estava rindo mais que tudo. Zayn chegou à pista de dança e começou a dançar desengonçado. Não sei se ele realmente não sabia dançar, ou se era culpa da bebida. Só sei que eu já estava rindo muito e ao vê-lo minhas risadas só fizeram piorar. Sem perceber, comecei a dançar encarando-o. Ele com certeza percebeu, pois sorriu maroto e se aproximou do palco.
  - Dança comigo? – Zayn fez uma reverência e eu pensei em dizer não.
  - Por que não? – Dei de ombros.
  Eu estava dançando em cima de um palco, com centenas de pessoas me assistindo, ao lado de dois garotos que pareciam ter acabado de sair do armário e uma ruiva bêbada. Que mal faria dançar com Zayn? Ele provavelmente não se lembraria de nada no dia seguinte mesmo. Segurei a sua mão e desci do palco, tropeçando nos meus próprios pés. Típico! Por sorte, Zayn me segurou pela cintura e eu não caí no chão.
  - Opa, cuidado. – Ele sorriu, me ajudando a retomar o equilíbrio. E olha que ele era o bêbado da história!
  - Obrigada. – Gargalhei e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
  Aparentemente mais ninguém queria cantar, então os meninos continuaram com o show. Os dois garotos levavam jeito para a coisa, mas %Abi% só fazia palhaçadas. Eles começaram a cantar um cover dos Beatles: “She loves you”. É claro que como uma fã dos Beatles desde pequena, eu puxei Zayn para o meio da pista e começamos a dançar. A batida da música era bem dançante, então até ele acertou uns passinhos. Imitávamos coreografias dos anos 60 e ele me girava pelo espaço todo. Minha saia voava e meus cabelos logo estavam em meu rosto, mas eu não me importava. Quando não estava segurando a minha mão, ou me puxando, Zayn rodopiava sozinho e balançava os braços. Minhas bochechas chegaram a doer de tanto que eu ri e o garoto não estava muito atrás, gargalhando o tempo todo. Eu sabia que ele ficaria bonito de qualquer jeito, até mesmo todo suado e desarrumado como estava, mas aquilo já era demais. O olhar, o sorriso, os músculos modelados perfeitamente pela camisa...
  A música acabou e nós dois retomamos o fôlego. Eu aproveitei aquela pausa pra colocar os pensamentos no lugar, ou seja, mandar os pensamentos impróprios para o fundo da minha memória. Tinha certeza que eles voltariam a me assombrar mais tarde.
  - Essa vai para os casais da plateia! – Harry anunciou a próxima música. – Ela se chama “Talking to the moon.”
  Sorri no mesmo instante que ele começou a cantar. Seria possível que Hazza conhecia todas as minhas músicas preferidas? Fiquei parada apenas olhando-os cantar por uns segundos. Era uma música bastante lenta e casais começaram a se formar pela pista de dança. Zayn se aproximou cauteloso e eu me virei de frente pra ele. Não falamos palavra alguma, mas as suas mãos envolveram a minha cintura e meus braços o seu pescoço. Nossos corpos se juntaram e começamos a dançar devagar, indo de um lado para o outro como se ninguém mais importasse. Sei que é besteira e que eu não devia estar me deixando levar, mas eu realmente sentia como se estivéssemos sozinhos ali. Deitei meu rosto no ombro de Zayn e a ponta do meu nariz tocou seu pescoço. Senti que ele ficou arrepiado com aquilo e ri baixo. Sabia que ele estava sorrindo e eu não precisei olhá-lo pra perceber aquilo. Fechei os olhos e inspirei, deixando aquele perfume -que eu tanto gostava de evitar- me entorpecer.
  - Por hoje é só, pessoal! – O organizador do karaokê começou a se despedir e eu me perguntei há quanto tempo a música já tinha acabado. Levantei a cabeça, mas não fiz questão de afastar o meu corpo do de Zayn.
  - Achei que você tinha dormido aí. – Ele riu e eu revirei os olhos.
  - Pra onde vamos agora? Alguém conhece uma festa? – Uma %Abi% risonha se aproximou e eu e Malik nos separamos.
  - Agora nós vamos pra casa, %Abigail%. Nada de festa. – Ela fez um bico enorme quando eu cortei o seu barato, mas tenho certeza que parte disso foi por ter usado o seu nome inteiro; coisa que ela odiava.
  - %Tah% chata. – Niall me mostrou a língua e eu revidei com uma careta.
  Nós fomos até o caixa e Harry e eu não precisamos pagar, por ser a nossa primeira vez. Se mais Pubs em Londres fossem assim, eu iria visitar um novo a cada semana. Saímos do estabelecimento e chegamos até o estacionamento. E foi então que encontramos um problema. Um bem grande, aliás. Zayn dera carona à %Abi% e Niall, mas nenhum dos três estava sóbrio o bastante para dirigir. Deixar o carro no estacionamento do Pub e pegar um taxi também estava fora de cogitação, já que o lugar ia ficar fechado até a próxima sexta. Ou seja: Qualquer carro que fosse deixado por ali estaria preso até a próxima semana e ninguém podia ficar sem transporte.
  - E agora? Esses três aí não estão em condições de dirigir. – Me virei para Harry.
  - Não cabem todos do meu carro... – Passou a mão pelos cabelos, pensativo.
  - O que estão cochichando aí? – %Abi% se pendurou no meu ombro e quase fui ao chão.
  - Estamos decidindo o que fazer, já que você e o pudincup vieram com o senhor-eu-preciso-de-mais-mil-dessas. – E apontei para Zayn, que não conseguia nem abrir o próprio carro.
  - Eu posso levar o casal ternurinha no meu carro e você leva o Zayn no dele. – Harry teve essa brilhante conclusão.
  - E depois que eu deixar o Malik em casa com o carro, volto de taxi? Sozinha? Não mesmo!
  Zayn finalmente conseguiu abrir o carro e estava quase sentando no banco do motorista, mas eu fui mais rápida e corri até ele. Harry segurou %Abi% quando eu me afastei e indicou a ela e Niall para entrarem em seu carro, escondidos de mim.
  - Onde o senhor pensa que vai? – Segurei a porta do carro, impedindo Zayn de ir a qualquer lugar.
  - Te levar em casa, é claro. – Seus olhos estavam entreabertos e sua voz saiu embargada.
  - Claro que vai. – Ironizei, mas pelo sorriso que ele me deu não deve ter entendido que eu não falava sério.
  - Te ligo amanhã, %Tah%. – Harry gritou quando passou ao lado do Volvo, já dentro de seu carro e levando os outros dois consigo.
  - HAROLD! – Gritei de volta, mas era tarde demais. Ele partiu e me deixou sozinha com o bêbado. Digo... Zayn.
  - Parece que somos só nós dois agora, gata. – Gata? Pronto, era só o que me faltava.
  - Tá de brincadeira? – Choraminguei, escondendo o rosto em minhas mãos.
  Já que não tinha mais jeito, eu fiz Zayn levantar e ir para o banco de trás. Ele resmungou algo como “Ninguém dirige o meu carro”, mas eu rebati que aquele carro era na verdade da mãe dele. Cinco minutos depois ele já estava apagado. Além de tudo, aquela ainda era a minha primeira vez dirigindo um carro britânico; ou seja, tudo ficava do lado contrário ao que eu estava acostumada. Tive vontade de desistir por um minuto e me senti fraca. Odiava me sentir assim, então segui em frente justamente por isso. No começo foi meio complicado, mas como as ruas estavam praticamente vazias, fui pegando o jeito devagar.
  Olhei Zayn pelo retrovisor e pensei no que a mãe dele acharia na hora que seu filho mais velho entrasse em casa completamente bêbado. E o pior é que não deveria ser a primeira vez, mas mesmo assim eu me senti mal por ela. Pelo que %Abi% me contou, ele era o homem da casa desde que seu pai fora embora, tendo que cuidar da mãe e das três irmãs. Então era normal que ele quisesse se divertir de vez em quando e esquecer toda a pressão que deveria ser depositada nele. Mas ao mesmo tempo... Não era justo com a sua mãe. Odiei-me por me importar tanto assim, mas só tinha uma coisa que eu poderia fazer. Na verdade, só tinha uma coisa que eu deveria fazer.

+++

  - Ei, essa não é a minha casa. – Zayn teve essa brilhante conclusão quando entrávamos na minha casa. Ele mal conseguia andar, então eu passei seu braço por cima do meu ombro e o arrastei até as escadas.
  - É a minha casa, Malik. – Expliquei. – E fala baixo, porque tem gente dormindo.
  - Uhhh. – Ele sorriu cafajeste e eu acabei rindo. Será que até bêbado ele só pensava besteira?
  - Nada de “uhh”. Eu fiquei com pena da sua mãe, por isso te trouxe pra cá.
  - Querendo agradar a futura sogra. – Disse assim que terminamos de subir as escadas.
  Eu o ignorei, é claro, e rolei os olhos. Abri a porta do meu quarto e o deixei sentado na minha cama. Voltei a fechar a porta, por causa do barulho, e coloquei a minha bolsa e casaco dentro do closet. Aproveitei pra pegar algumas peças de roupas que serviriam em Zayn. Claro que as roupas não eram minhas, porque ele com toda certeza não iria caber em nenhuma das minhas camisolas. Separei uma camiseta do The Strokes e uma calça de moletom cinza que pertenceram ao meu irmão antes que eu as roubasse.
  - Eu vou tomar um banho e depois você vai, ok? – Ele assentiu com a cabeça e eu caminhei até o banheiro, deixando as roupas dele em cima da cama.
  Fechei a porta, mas não cheguei a trancar, imaginando que o menino ficaria onde estava me esperando voltar. Tirei os sapatos, a saia e a blusa, ficando apenas com as roupas íntimas. A porta se abriu de repente e Zayn correu até o vaso sanitário. Eu me assustei, e cobri o corpo com as mãos. O menino se ajoelhou e começou a vomitar. Eu deveria ter ficado com nojo, ou reclamado pela forma que ele entrou, já que eu poderia estar pelada. Mas só consegui sentir pena dele. Sim, pena. Deveria estar muito enjoado, já que misturou as bebidas no Pub. Eu caminhei até ele e me abaixei. Teria segurado os seus cabelos se fosse uma mulher, mas apenas repousei a minha mão em seu ombro e apertei de leve.
  - Vai passar... – Fiz um carinho por ali, sem saber mais o que falar. Ele logo parou de colocar o estômago pra fora e me olhou envergonhado. – Melhorou?
  - Um pouco... – Eu o ajudei a levantar e Zay se apoiou na pia, lavando a boca e o rosto.
  - Eu acho que você deve tomar banho primeiro. – Nem lembrava que estava quase sem roupa alguma até sentir o menino me olhar pelo reflexo do espelho. Mas ele não me olhava com quartas intenções e eu tinha certeza que estava se sentindo mal por ter atrapalhado o meu banho. – Um banho quente seria mais gostoso, mas você precisa é de água fria!
  - Água fria? – Choramingou. Eu afirmei que sim e caminhei até o chuveiro, ajustando a temperatura da água.
  - Pronto. Eu vou estar aqui fora e qualquer coisa você me chama, ok? – Caminhei até a porta, pronta pra sair.
  - %Tah%... – Ele me chamou e eu voltei a olhá-lo. Zayn estava visivelmente sem jeito. Parecia uma criancinha envergonhada. – Você... Pode me ajudar?
  - Te ajudar a tomar banho?
  - É melhor deixar pra lá. Eu me viro. – Ele deu um passo, se afastando da pia, e quase se desequilibrou.
  - Zayn! – Fui até ele. – Você está tonto, é claro que eu ajudo.
  O fiz encostar mais uma vez na bancada do banheiro, de frente pra mim dessa vez. “Não acredito que estou fazendo isso”, era só o que passava pela minha cabeça quando eu segurei a barra da camisa que ele usava. Comecei a levantá-la devagar, impedindo o meu olhar de fazer um caminho pelo abdome e peitoral que começava a aparecer. Ele levantou os braços pra me ajudar a tirar a peça de roupa e me olhou de forma engraçada. Eu acabei rindo com aquilo e olhei para a próxima peça de roupa que teria que ir embora.
  - Pode me ajudar com isso? – Perguntei e ele riu. Tirou os tênis com os próprios pés e fez o mesmo com as meias.
  - Isso ajuda?
  - Não era disso que eu estava falando, Malik! Tire as suas calças! – O olhei em reprovação e ele riu de novo.
  - Já? Sem nem um jantar antes? – Ele brincou, mas desabotoou a calça jeans e eu a observei cair de suas pernas.
  - Calado. – O repreendi, mas acabei rindo. – Agora entra no chuveiro!
  Ajudei-o a caminhar até o chuveiro depois de explicar que ele teria que tomar banho de cueca. Que por sinal, era uma boxer preta. Agradeci mentalmente por não ser branca, daquelas que ficariam transparentes depois de molhadas. Ele entrou no box e apoiou uma mão na parede. Fui distraída por um momento e acabei passando os olhos pelas costas de Zayn, estudando cada traço, cada linha e cada músculo. Ele virou de frente pra mim e eu repeti o ato, quase babando pela perfeição do seu corpo. Além de reparar nas mil tatuagens que ele tinha, é claro. Começava a me sentir uma aproveitadora. Balancei a cabeça negativamente e afastei pensamentos impróprios para menores de idade e o fiz entrar embaixo do chuveiro. Ele gemeu de frio e eu senti pena mais uma vez. Claro que comecei a rir das caretas que ele fazia e acabei sendo puxada pra dentro do cubículo de vidro.
  - O que você está fazendo? – Tentei me soltar dele, fazendo de tudo pra não gritar com os pingos de água fria que batiam na minha pele.
  - Não vou deixar você ficar rindo de mim! – Zayn me puxou pra baixo do chuveiro, gargalhando do meu desespero.
  - Mas você é que está bêbado! Não eu! – Finalmente me soltei e nós dois saímos de debaixo d’água. – Eu posso tomar banho quente.
  - Cadê o apoio? – Ele continuou rindo de mim e eu lhe entreguei um sabonete.
  - Não sou muleta pra dar apoio. – Ok, talvez eu estivesse um pouco bêbada sim, porque essa piadinha foi terrível. Pelo menos ele riu.
  - Você também não sabe fazer piada! – Gargalhou, começando a passar o sabonete pelo corpo.
  Ignorei seus movimentos sensuais e me ocupei em lavar seu cabelo. Seus fios escuros deslizavam entre os meus dedos e o shampoo logo fez espuma. Eu queria perguntar se ele tinha algum creme especial que fazia o cabelo ficar tão macio assim, mas me contive.
  Logo ele estava limpo e um pouco mais sóbrio. Entreguei-lhe uma toalha felpuda pra que pudesse se secar e o mandei pra fora do banheiro. Antes que ele saísse pra que eu pudesse tomar o meu banho direito, expliquei que tinha um colchão em baixo da minha cama que ele deveria pegar pra dormir. É claro que Zayn estava achando que iria dormir comigo, mas eu logo tratei de destruir aqueles sonhos. Assim que fiquei sozinha no banheiro, tirei as roupas que ainda me restavam e entrei no chuveiro. Claro que só depois de esquentar a água.
  A noite havia sido realmente incrível. Cada dia parecia ser melhor que o anterior e eu estava me acostumando com a vida agitada que tinha em Londres. Em Paris era totalmente diferente, já que eu quase nunca saía de casa. A não ser pra ir à escola e a ensaios, ou quando Lou me arrastava pra ir ao cinema e coisas assim. Nada muito animado. Sem falar que era a primeira vez que eu dava banho em um homem que não fosse o meu irmão. Se babá de bêbado desconhecido? Isso eu já tinha feito. Mas dar banho? Não até aquele momento.
  Devo ter demorado pouco mais de vinte minutos pra terminar o banho e me vestir com um pijama de mangas compridas. Segui para o quarto e encontrei uma surpresa: Zayn estava dormindo na minha cama. E não era como se ele tivesse adormecido ali por acidente, já que estava todo enterrado embaixo das cobertas. Eu pensei em acordá-lo, mas ele estava tão tranquilo que eu não consegui. Pelo menos Malik tinha vestido o pijama improvisado e arrumado as suas coisas na minha mesinha de cabeceira. O celular dele estava piscando ali em cima e eu li a frase: “Você tem uma nova mensagem de: Mum.” Ela devia estar preocupada. Peguei o aparelho e li a mensagem.

“Zayn Javadd Malik, onde você se meteu?”

  Eu não sabia que o nome do meio dele era Javadd... Dei de ombros e apertei no botão pra responder:

“Desculpa te preocupar, mãe... Acabou ficando tarde e eu vim dormir na casa de um amigo. Não precisa se preocupar, ok? Amanhã cedo eu volto pra casa.”

  Enviei e torci para ser convincente o bastante. Já que o senhor Malik estava na minha cama, eu puxei o colchão e arrumei a minha cama improvisada pelo chão mesmo. Estava pronta pra apagar a luz do abajur quando o celular começou a piscar novamente.

“Tudo bem, meu amor. Mas se cuide. As meninas sentem a sua falta. Não demore.”
Capítulo XII
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