Capítulo LIV
Tempo estimado de leitura: 62 minutos
- Vocês querem parar de comer a minha massa? – Bati nas mãos de Liam e Harry assim que eles investiram pela terceira vez com uma colher para a minha bacia de massa de brownies.
O natal finalmente havia chegado e com isso as preparações para a ceia que aconteceria à noite também vieram. A casa inteira estava uma completa confusão, ao menos a parte da sala de jantar e cozinha. Todos os meninos se propuseram a ajudar e no começo até que tudo andou conforme o planejado, mas foi só eu começar a misturar os ingredientes do brownie de chocolate que Li e Haz desandaram. Eu não estava irritada e nem estressada, pois prometera a mim mesma que aquele dia seria um dia feliz, como tinha que ser! Como não havia dormido muito bem nos últimos dois dias por conta de certo acontecimento que não preciso comentar, concentrei-me em canalizar toda a minha energia restante nas comemorações natalinas. Eu gostava demais do natal para acabar com a sua magia.
- %Tah%, você é a única menina que eu conheço que não gosta de massa crua. – Liam estava debruçado sob a bancada americana e me olhava trabalhar.
- Eu não fui sempre assim, sabia? – Coloquei a mão sobre o peito como se me preparasse pra contar uma história triste. – Na última festa do pijama na casa da %Abi%, eu comi tanto dessa massa que passei mal. Agora fico enjoada só de pensar...
- Sobra mais pra gente! – Harry tocou no meu ombro e me fez olhar para a direita, passando pela minha esquerda e roubando uma colherada de massa pela direita.
- Harold!! – Briguei com uma risada. – Vocês querem que eu deixe o brownie assim? Falo sério, vou desistir de colocar no forno!
- Queremos! – Liam e Harry responderam ao mesmo tempo.
- Não mesmo. – Louis entrou na cozinha com um saco preto nas mãos. – Pode continuar, %Tah%, vou colocar esses dois pra fazer alguma coisa e te deixar em paz.
- Isso. – Comemorei com uma dança desengonçada e peguei a bandeja onde iria despejar a massa para levá-la ao forno.
- Eu já estou fazendo alguma coisa. – Harry jogou a sua colher na pia e foi para o fogão, onde mexia uma panela onde cozinhava algo que cheirava muito bem.
- Então Liam, já pra sala. Você vai me ajudar a arrumar os presentes embaixo da árvore. – Lou apontou para a porta e esperou o outro se mexer.
- São tantos assim? – Perguntou ao se dirigir para a porta.
- Você vai ver. – Lou riu misterioso e veio para o meu lado, tirando algo de dentro do saco preto. – Olha o que eu achei.
- Um gorro! – Arranquei das mãos dele o objeto vermelho e branco e o coloquei na minha cabeça. Agora eu estava completamente natalina, da cabeça aos pés.
- Curly. – Louis jogou outro gorro na direção de Harry, que se virou bem a tempo de pegá-lo no ar.
- Agora todos somos ajudantes do Papai Noel. – Hazza riu como uma criança e colocou o gorro na cabeça, mas quase não conseguiu conter os seus cachinhos.
- Lou, você tem um minuto? – Perguntei, mesmo já sabendo da resposta. Dei meia volta para colocar a bandeja no forno e em seguida me virei para o meu irmão. – Tenho uma coisa pra você...
- Vou ganhar algo? – Seus olhos azuis brilharam e eu o puxei pela mão.
- Só se vier comigo!
Sorri ansiosa para ver a cara dele ao descobrir o que estava ganhando. Saí da cozinha em direção ao hall de entrada e logo passei pelas escadas. De relance avistei Liam tentando encontrar uma forma de organizar as dezenas de presentes embaixo da árvore. Sim, eu finalmente havia tirado os presentes que comprei de dentro do meu closet e os outros meninos fizeram o mesmo. Pelo que consegui contar, tínhamos um total de 24 presentes e isso porque %Abi%, Niall e Zayn ainda não haviam chegado com os próprios. Por isso eu amava o natal... Presentes por todos os lados! E não, eu não tentei espiar o que havia dentro de nenhum deles. Ainda.
Arrastei Louis até o segundo andar e ambos entramos no meu quarto. O deixei de pé perto da minha cama enquanto fui procurar algo no fundo do closet e só saí de lá quando encontrei uma caixinha de couro que abria pelo centro, enfeitada com um laço vermelho em cima. O único presente que não foi para debaixo da árvore de natal. Lou sorriu, já sabendo do que se tratava – mesmo não conhecendo o conteúdo do presente – e aceitou a caixa assim que eu a entreguei.
- Feliz aniversário, Boo bear. – Meu irmão só era chegado em demonstrações de afeto quando necessário e aquele momento era mais do que isso, então o puxei para um abraço antes de deixá-lo abrir o presente. – Está tudo bem em não querer crescer, contanto que você não deixe de viver.
- Mais uma frase do caderno de papá? – Riu ao retribuir o meu abraço. – Já é a sexta que você usa essa semana.
- Estou ficando boa nisso! – Separei o abraço. Louis tinha razão, eu andava me tornando adepta às frases filosóficas que encontrava no caderninho de anotações do nosso avô. – Mas abra logo esse presente, ande! Quero ver o que acha.
- Pensei que não fosse me deixar abrir! – Tirou o laço de fita vermelho do topo do presente e me entregou. Em seguida, abriu a caixinha e quase gritou. – Um Rolex?
- Não é todo dia que se faz vinte e um anos, né? – Dei de ombros. Era um presente caro, mas ele merecia. – Além do mais, aceite isso como um presente do nosso pai também. Querendo ou não, foi com o cartão de crédito dele que eu comprei.
- Obrigado, %Tah%. – Me abraçou mais uma vez. O segundo abraço em um dia só?! Uau.
- De nada. – Sorri marota e grudei o laço que eu segurava no topete perfeito do menino. – Tem as suas iniciais gravadas.
- Eu vi. – Deixou o laço onde eu o coloquei e virou o relógio de cabeça para baixo, onde as letras “L. W. T.” estavam gravadas em uma caligrafia delicada. – É perfeito.
- Perfeito pra você! – Fui até a porta do quarto. – Agora podemos voltar aos nossos afazeres? Teremos uma festa acontecendo mais tarde!
- Sim, senhora. – Passou por mim em direção ao próprio quarto. – Quem te nomeou a organizadora da festa mesmo?
- Eu, é claro. Guarde seu presente e desça. Te quero na cozinha em cinco minutos! – Brinquei com uma voz séria e comecei a descer as escadas. – Ou então descontarei do seu salário!
- Eu devia estar recebendo salário? – Louis gritou, mas resolvi ignorar.
Desci os degraus de dois em dois, já dominando a arte de descer as escadas sem tropeçar, e parei no meio do hall. “O que eu tenho pra fazer agora?” Pensei. De um lado, Harry estava na mesa da sala de jantar, enfeitando uma casinha de gengibre. Do outro, Liam sofria para arrumar os presentes. Dos dois, quem parecia estar precisando de mais ajuda era o segundo, então foi até ele que eu andei. O menino parecia mais interessado em brincar com os lacinhos e fitas do que de fato organizar tudo.
- Que coisa feia! – Cheguei sorrateiramente, pegando-o no flagra ao tentar levantar a tampa de um presente.
- %Star%! Eu não estava fazendo nada, eu só... – Tentou se justificar, mas viu que não adiantava de nada. – Tem o meu nome no cartão!
- Eu sei que tem. – Tomei o presente da mão dele e me sentei no chão, próxima ao pinheiro enfeitado. – Fui eu mesma quem escreveu.
- Esse é o presente que você vai me dar? – Sorriu e se sentou no lado oposto ao meu, com a árvore entre nós.
- É sim, mas não vai ter graça se você ver antes! – Coloquei a caixa em minhas mãos bem próxima a parede e atrás de várias outras. – Só podemos abrir os presentes amanhã, na manhã de natal.
- Eu não entendo isso que você tem com tradições. – Balançou a cabeça em negação, mas estava sorrindo.
- Acho que aprendi isso com a minha mãe. – Peguei outra caixa, lendo o cartão que falava que era um presente de Harry para Louis. – Ela podia ser maluquinha da cabeça, mas todo natal era a mesma coisa. Eu e Louis acordávamos cedo pra ajudá-la na cozinha e meu pai tirava folga do trabalho, então nós acabávamos fazendo várias coisas juntos. Sempre era uma luta pra conseguir dormir na véspera de natal, porque eu queria ficar esperando o papai Noel... Mas então nós escutávamos uma história e comíamos chocolate quente perto da lareira. Depois disso eu só lembrava de acordar na minha cama no dia seguinte e ir correndo para a sala e abrir meus presentes.
- Parece divertido. – Liam me escutava com atenção.
- E era... – Suspirei, arrumando três caixas lado a lado. – Até que meus pais resolveram se separar e tudo mudou. Você tem sorte, Li, por ter seus pais juntos.
- Achei que você já tinha se acostumado com isso, %Tah%. Quero dizer... Já faz algum tempo e tal.
- Eu já me acostumei sim, claro. Até porque os dois já seguiram em frente e construíram novas famílias. Eu gosto muito do Dan e se a Rachel não tivesse se casado com meu pai, eu não teria a Lux. Hoje em dia está tudo bem, mas na época foi terrível.
- Não posso nem imaginar o que você passou. – Liam podia não imaginar, mas eu via em seus olhos que ele sentia muito.
- Eu acho que hoje em dia essas coisas de divorcio são normais. – Dei de ombros. – Só os seus pais e os pais do Ni ainda estão no primeiro casamento.
- E você acha que o seu vai ser assim também? – Parou um pouco com a arrumação para estudar minhas reações. – Quero dizer... Você acha que vai se casar uma vez e viver pra sempre com o mesmo cara?
- Eu espero que sim. – Sorri. – Não sonho com um casamento perfeito, sabe? Eu sei que haverá brigas e desentendimentos, mas vai ser mais que isso. Eu quero me casar com alguém que valha a pena passar por isso.
- E eu tenho certeza que vai. – Jogou uma bolinha vermelha que enfeitava a árvore e ela caiu no meu colo.
- Como chegamos nesse assunto mesmo? – Ri balançando a cabeça. Pendurei a bolinha de volta na árvore e me levantei. – Ainda temos muito o que fazer! Você acha que consegue arrumar isso aí sozinho?
- Agora que eu vi como se faz... – Ficou de joelhos para abranger uma área maior da árvore e fez sinal de positivo.
- Ótimo! E eu ainda tenho que achar um lugar pra pendurar essas meias... – Caminhei devagar até o sofá, onde sete pés de meias diferentes estavam separadas. – Espero não ganhar carvão na minha meia...
Eu podia levar aquelas tradições muito à sério, mas não me importava nem um pouco. Eram essas pequenas coisas que me faziam feliz e, já que não machucavam ninguém, não fazia mal me dedicar a elas. Escutei a risada de Liam atrás de mim, mas não dei atenção. Peguei as meias e olhei em volta. Nós não tínhamos uma lareira pra pendurar em cima, mas tínhamos uma estante bem grande, então teria que servir. É claro que eu não iria prender as meias com pregos, porém, dei muita sorte por ter uma estante com pequenas gavetas. Cada gaveta tinha um puxador redondo, os quais usei para prender as meias. Não ficou a coisa mais linda do mundo, mas teria que servir.
Louis finalmente desceu as escadas e eu olhei no relógio pendurado na parede. Ele levou mais de cinco minutos! Pelo visto, ter dado um relógio de presente pra ele não fez muito efeito. Piadinhas a parte, o segui para a sala de jantar. Naquele cômodo, Harry ainda trabalhava na sua casinha de gengibre e ela estava adoravelmente fofa. O telhado fora coberto por uma massinha branca que lembrava a neve, janelinhas foram criadas com bengalas de açúcar e a porta de biscoito dava um toque especial.
- Pelo menos na casa dos senhores Biscoito vai ter neve. – Puxei uma cadeira e me sentei. Além da casinha, Harry também fez alguns biscoitos de gengibre na forma de bonequinhos, os quais ainda precisavam ser enfeitados. – Lou, trás os enfeites que estão aí em cima, por favor?
- Claro... – Gritou da cozinha. – Vocês não acham que tem muita comida aqui?
- Natal tem que ter muita comida! – Harry respondeu, levantando o rosto sujo de cobertura.
- E o que sobrar, nós comemos amanhã. – Sorri já sentindo a boca salivar. Louis logo voltou para a sala de jantar e colocou na mesa uma bandeja cheia de potinhos com confeitos coloridos. – Obrigada.
- O que eu faço agora, chefe? – Meu irmão me olhou.
- Eu tenho uma tarefa muito importante pra você! – Apontei para uma caixa de papel no canto daquela sala e Lou caminhou até ela. – Você tem arrumar um lugar pra pendurá-los.
- Viscos? – Tirou uma plantinha de plástico de dentro da caixa e eu sorri.
- Yep! Mas nem pense em colocar em lugares impróprios, como no banheiro ou na porta de entrada! – Adverti enquanto escolhia o primeiro enfeite que colocaria no Sr. Biscoito. – A não ser que você queira beijar todos que entrarem.
- Como você e a %Abi% serão as únicas mulheres a vir aqui hoje, eu passo. – Segurou a caixa nos braços e se preparou para sair.
- Eu chamei a Liv. – O olhei de soslaio para captar sua reação.
- Pensando melhor... – Foram as suas últimas palavras antes de se retirar.
Balancei a cabeça a reprimir uma risada. Eu torcia para que Olivia viesse, mesmo sabendo que seria difícil. Ela me contou que sua família tinha planos, mas que tentaria dar uma passada na nossa festa, nem que fosse só pra desejar feliz Natal. Lou não precisava saber desse detalhe, claro. Desde a festa surpresa de Louis no lago, nós duas não havíamos passado muito tempo juntas, mas sempre tentávamos trocar algumas mensagens pelo Twitter. Liv se mostrou muito preocupada comigo pelo incidente da floresta e até mesmo me deu um colar com o pingente de uma pedra esverdeada, dizendo que era para a minha proteção. Eu não acreditava muito nessas coisas, mas apreciava a sua ação.
Deixei o universo pra trás, me concentrando em enfeitar os biscoitinhos de gengibre. O primeiro ganhou até uma cartola de biscuit e um bigode de chocolate. Também lhe dei uma roupinha fofa e, claro, botões de gota de chocolate. O segundo eu enfeitei como se fosse uma dama, com um vestido e flores na cabeça. Os outros ganharam penteados malucos e roupas rasgadas (como o biscoito zumbi) ou uma gravatinha e colares de perola. Todos estavam muito fofos e pareciam deliciosos. Vez ou outra eu roubava uma gota de chocolate escondida de Harry e comia. Bem, mesmo que o menino notasse eu não me importaria, até porque seria a minha vingança.
- %Star%? %Star%! – Harry estalou os dedos na minha frente como se estivesse chamando a minha atenção há horas. – Você pode atender a porta?
- Ah, sim. – A campainha estava tocando?
Só fui escutar quando me levantei. Eu tinha ficado tão distraída com os biscoitos que não escutei nada ao meu redor. Limpei as mãos na minha calça e arrumei o gorro em minha cabeça. Quem quer que fosse teria a impressão que entrara na fábrica do Papai Noel. Ri sozinha dos meus próprios pensamentos e girei a chave na fechadura, destrancando a porta e abrindo-a. Tive uma surpresa muito grande ao ver meu pai, Rachel e Lux parados na varanda. Meus olhos demoraram mais na minha pequena, pois ela tinha um gorrinho igual ao meu e um casaco de oncinha que a protegia do frio. Não era uma combinação muito boa, mas ela não deixava de estar linda.
- Que surpresa! – Me atirei nos braços do meu pai, recebendo um abraço bem apertado. – Feliz natal, daddy!
- Feliz natal, filha! – Beijou a minha cabeça e acariciou meus cabelos. – Trouxemos alguns presentes pra colocar embaixo da sua árvore.
- Podem entrar! Ainda estamos arrumando tudo. – Assim que separamos o abraço, dei espaço para que meu pai entrasse e em seguida abracei a minha madrasta. – Feliz natal, Rach.
- Feliz natal, %Tah%. – Me abraçou de volta e também entrou. – Que cheiro bom é esse?
- Deve ser o peru! Harry passou a manhã inteira temperando-o. – Sorri e olhei para quem ainda faltava cumprimentar. – Oh, meu Deus... O papai Noel esqueceu uma de suas ajudantes aqui?
- Sou eu, %Tah%... – Lux tirou o gorro da cabeça e eu fingi estar surpresa.
- Luxy, é você? Eu quase não a reconheci. – Me abaixei até ficar da altura da pequena e puxá-la para um abraço. – Eu já falei que você está muito grande?
- Da sua altura? – Colocou a mãozinha na testa e depois na minha, como se estivesse nos medindo.
- Está quase da minha altura! – Beijei a sua bochecha gordinha e me levantei para que pudéssemos entrar.
- Eu escutei a voz da minha Lux? – Harry saía da sala de jantar procurando a menor.
- Hally! – Lux soltou a minha mão e correu ao encontro do menino. Ela parecia mais em feliz em vê-lo do que à sua própria irmã.
- Às vezes eu acho que ela gosta mais de você do que de mim. – Cruzei os braços com um bico, mas ninguém me deu importância.
- Achou certo, não é Lux? – Harry a colocou nos braços e a pequena afirmou que sim com a cabeça, mas eu sabia que ela concordaria com qualquer coisa que “Hally” falasse.
Deixei os dois brincando na sala de jantar; enquanto Harry mostrava a casinha de gengibre e a menina fingia ser um dos biscoitos. Preferi ignorar meu ciúme e ir até o outro cômodo. Cheguei a tempo de ver meu pai abraçando Louis e lhe desejando um feliz aniversário. Rachel estava de pé perto da árvore de natal e colocava dois presentes em cima de outros. Pelo que entendi quando Liam passou por mim, ele estava indo buscar algo no carro, então fiquei sozinha com a minha família na sala.
- Vocês não querem ficar para a nossa ceia? – Me sentei no braço do sofá e coloquei os pés pra cima.
- Adoraríamos, %Tah%, mas já prometemos que passaríamos o natal com os meus pais. – Rach se sentou ao meu lado. – Vamos ver a vovó Valerie, não é, Lux?
- Nany! – A pequenina entrou correndo na sala com Harry ao seu encalço.
- E a viagem até Brighton é um pouco longa. – Meu pai respondeu e pegou Lux no colo. – Vovô construiu uma casinha pra ela.
- Que divertido! Quero uma foto, ok?
- Nós mandaremos várias fotos quando chegarmos lá, %Tah%. – Rachel tocou a minha perna e se levantou. – É melhor irmos...
- Mas já? Vocês mal chegaram! – Também me levantei e fui até meu pai e Lux, abraçando os dois ao mesmo tempo. – Fiquem mais um pouco.
- Não podemos ficar... – Papai beijou a minha testa e tinha quase um pedido de desculpas na sua voz. – Só viemos deixar o seu presente. Aliás, tenho certeza que você vai amar!
- Tudo bem, tudo bem. – Os soltei e dei de ombros. – Eu entendo... Então levem os presentes de vocês também.
- Nós temos presentes? – Rachel sorriu ao me ver andar até a árvore de natal.
- É claro que tem! – Peguei três caixas perfeitamente embrulhadas e entreguei para a mulher. – O cor de rosa é o da Lux e eu espero que ela goste!
- Presente! Dá... – Lux tentou pegar a caixa, mas meu pai a segurou com mais força, impedindo-a de se jogar nos braços da mãe.
- Só pode abrir amanhã... Ou então o papai Noel vai esconder todos os outros presentes e te colocar na lista de meninos maus. Você não quer isso, certo? – Segurei a mão da mais nova e dei um beijo.
- Não... – Senti que Lux não estava tão certa da sua resposta, mas teria que esperar.
Todos nos despedimos e Harry quis levar Lux até o carro. Ok, talvez eu entendesse o carinho que um nutria pelo outro. Ele era super carinhoso tratava Lux de igual pra igual. Ao mesmo tempo em que ela se sentia uma princesa perto dele, também sentia que ele era o seu príncipe e por isso o idolatrava. Meu ciúme poderia ser muito pior e eu entendia o lado dela. Se eu tivesse tido um Harry quando era mais nova, também reagiria da mesma forma. A pequena tinha sorte por ter tanta gente que babava por ela. Acabei acompanhando-os para o lado de fora e foi justamente nesse momento que meu pai ficou muito empolgado, conversando com Liam – que encontramos no caminho – e Louis sobre o surgimento da banda, concurso do X Factor e etc. Aí já viu, né? Todos ficaram mega animados e só o que me restou foi rir.
Rachel estava com a chave do carro, então o destrancou e abriu a porta de trás, onde pude ver a cadeirinha de criança instalada. Lux odiava aquela cadeirinha e eu percebi isso quando ela resmungou bastante ao ser colocada ali e quase não deixou a mãe atacar o sinto de segurança. Minha irmã mais nova podia ser um anjo de menina quando queria, mas era só fazer algo que a contrariasse que ela virava uma peste. Por sorte isso nunca aconteceu quando eu era a responsável por cuidar dela, então acabava ficando um pouco aliviada. Consegui acenar um beijo pra ela antes da porta ser fechada e em seguida Rach chamou meu pai para que fossem embora. A visita havia sido curta demais, mas eu os entendia. Ao menos pude entregar os presentes sem ter que dirigir até o apartamento deles.
- %Tah%, olha o que eu achei... – Assim que o carro desapareceu e Louis e Harry entraram, Liam parou ao meu lado e me entregou um objeto.
- Meu celular! – Sorri ao segurar aquele objeto que nunca mais achei que veria. – Onde você o encontrou?! Achei que tivesse perdido...
- Estava no porta-malas do carro. Você deve ter deixado cair enquanto trocava de roupa. – Explicou e devia ter razão.
- Obrigada, Leeyum! – Destravei a tela, vendo o número gigante de chamadas não atendidas e mensagens. Senti um calafrio e preferi guardar o aparelho no bolso. Eu não estava pronta pra ler todas as mensagens preocupadas dos meus amigos quando eles achavam que eu havia desaparecido. Não ainda.
+++ Eu sabia que alguém batia na porta do quarto, mas não de muita atenção. Provavelmente era %Abi% querendo me apressar ou Louis dizendo que começariam a comer sem mim. O caso é que eu acabei me enrolando um pouco nos enfeites natalinos e com isso demorei para subir até o meu quarto e tomar banho. Quando deixei o primeiro andar, todos os três convidados haviam chegado e estavam super arrumados. Minha amiga usava um vestido verde super curto e os dois garotos que chegaram com ela não ficaram pra trás: Zayn ainda desafiava as leis da genética e parecia um modelo italiano com a camisa social preta e os dois últimos botões abertos. Niall estava com uma camisa de malha branca e uma jaqueta que parecia muito um blazer, então estava fino e charmoso. Tenho que comentar que algo me dizia que %Abi% escolhera aquela roupa pra ele, mas enfim.
A única que demorou demais pra ficar pronta fora eu, mas resolvi esse problema em meia hora. Depois de um banho bem tomado, cabelo escovado e roupas vestidas, fiquei pronta para encantar meus convidados. Modéstia parte, é claro. Coloquei meu celular no bolso escondido na lateral do meu vestido e apaguei a luz do quarto. Assim que abri a porta, quem quer que fosse a pessoa que estivera me apressando minutos antes, já havia desistido e ido embora. Do corredor do segundo andar era possível escutar as conversas animadas dos meus amigos e não pude deixar de sorrir.
- We wish you a Merry Christmas... – Cantarolei ao descer as escadas, mas mantive a voz baixa para que ninguém me escutasse. – We wish you a Merry Christmas and a happy New Year...
- Olha quem resolveu nos dar o ar da sua graça. – Louis me encontrou no pé da escada e estendeu a mão como um verdadeiro cavalheiro. – Puis-je?
- Oui, s'il te plaît! – Segurei a sua mão e fiz uma meia reverência, segurando a barra do vestido. Me senti uma princesa ao ser escoltada até a sala.
- Já chegou falando francês! – Zayn estava sentado no sofá, na ponta mais próxima a mim, e sorria abobalhado. Às vezes eu esquecia o quanto ele gostava de me ouvir falar em outra língua, mesmo que não entendesse nada.
- Oh, mon amour! C'est bon de te voir! – Sorri e caminhei até ele para me sentar comportadamente em seu colo.
- Eu não sei o que você acabou de falar, mas concordo. – Riu e me abraçou pela cintura, beijando a minha bochecha.
- Ela disse que é bom te ver. – Louis traduziu e cortou todo o mistério que eu tentava fazer.
- Ennuyeux! – Rolei os olhos com aquele pequeno insulto e voltei a fitar o meu namorado, que ainda sorria. – Mas ele está certo.
- E você está linda. – Acariciou o meu joelho descoberto pelo vestido e senti um arrepio leve.
- Como sempre. – Joguei os cabelos por cima do ombro, convencida.
- Não fala mais com os velhos amigos? – Niall estava na outra ponta do sofá e me olhava com um bico. Eu já havia cumprimentado todos antes de subir para tomar banho, mas aparentemente tinha que fazer tudo de novo.
- Eu nem ti vi aí, Niall! – Ironizei com uma risada e dei um selinho em Zayn antes de me levantar para ir cumprimentar o loiro. – Só não espere que eu sente no seu colo.
- Por que não? – Fez-se de ofendido, mas levantou do sofá para me abraçar.
- Porque eu ouvi dizer que a sua namorada é ciumenta! – Deixei um beijo estalado na bochecha dele e depois olhei em volta. – Onde está ela, aliás?
- Acho que ela está na cozinha com o Harry. – Liam apontou o caminho.
- Ok, então eu já volto... – Acenei para os meninos que continuariam conversando ali na sala.
Ninguém me interrompeu, mesmo que o olhar de Zayn mostrasse que ele queria ficar comigo. Eu logo voltaria para os seus braços, mas primeiro precisava mostrar o meu modelito para %Abi%, visto que ela era a única a entender de moda tanto quanto eu; ou quase isso. Passei pelo hall de entrada até chegar na sala de jantar. O cômodo estava simplesmente lindo! Eu podia ter me atrasado, mas com certeza valeu a pena. Uma toalha vermelha com detalhes em verde cobria a grande mesa de madeira e, sobre esta, vários pratos natalinos enchiam os olhos e estômago de quem quer que passasse por ali. Tínhamos peru, farofa com passas, arroz de lentilha, bolo de frutas secas, biscoitos de gengibre, batata assada, algumas saladas e frutas vermelhas. É, realmente tinha MUITA comida...
Peguei uma cereja na bandeja de frutas e a levei à boca antes de continuar o caminho até a cozinha. %Abi% e Harry realmente estavam por ali e tentavam encontrar algo nos armários ao lado da geladeira. Terminei de mastigar a cereja e joguei o caroço no lixo antes de ir abraçar a minha digníssima amiga %Abigail%. Ela ainda estava com a consciência um pouco pesada desde o último sábado, então me tratava como um amor de pessoa. Eu até que gostava de não ser xingada com tanta frequência, mas sentia falta da velha %Abi%.
- Quando você fez compras sem mim? – Parou com as mãos na cintura, me olhando dos pés à cabeça após nos abraçarmos. – Eu me lembro muito bem de ter visto esse vestido na vitrine da Annabelle & Co.
- Na sexta feira passada! – Admiti. – Não esperava que eu fosse te convidar pra vir comigo comprar o seu presente de natal, certo?
- Na verdade esperava sim! – Fez bico, mas logo desarmou a cara emburrada. – De qualquer forma, o vestido fica melhor em você do que no manequim.
- Né? – Ri e dei uma voltinha, fazendo a saia do vestido rodopiar. – E o que vocês estão procurando?
- As taças de vinho. Pra tomar limonada... – Harry estava parado próximo a pia e acrescentou a última parte ao notar meu olhar reprovador. Eu andava meio cética com bebidas alcoólicas ultimamente.
- Elas estão aí em cima... – Fui até o menino e abri o armário. Quase que no mesmo instante, uma coisa verde (presa por um fio fino) caiu e ficou pendurada sob as nossas cabeças. – Ah, não...
- Olha quem está embaixo do visco do amor! – %Abi% comemorou e eu escondi o rosto nas mãos.
- Ah, é... Louis escondeu um aqui. – Harry comentou, na maior lerdeza.
- E você não pensou em falar isso antes? – O encarei sem acreditar. – Tipo antes de nós dois estarmos embaixo dele?
- Já sabem as regras! – %Abi% gargalhou, claramente se divertindo com tudo aquilo. – Estão parados embaixo de um visco, tem que beijar!
- Eu tenho mesmo que beijar o Harry? – Fiz uma careta. Seria quase como beijar Louis!
- Eeeeei, o que tem de tão ruim nisso? – Haz cruzou os braços e eu rolei os olhos.
- Nada! – Acabei rindo da minha falta de sorte. – Ok, vamos acabar logo com isso. E mantenha a sua língua dentro da boca!
- %Tah%! – Harry reclamou, me surpreendendo. – Não quero que o nosso primeiro beijo seja assim.
- Eu não acredito que estou ouvindo isso. – Pensei alto e o observei com certa curiosidade.
- Ai, como eu queria estar com a minha câmera aqui! – %Abi% bateu palmas e eu senti vontade de bater nela.
Harry me segurou pelos ombros e eu dei um passo para trás inconscientemente. Ele me reprovou com os olhos e me fez encostar o corpo contra a bancada ao nosso lado. Ok, aquela situação começava a ficar séria demais para o meu gosto. Eu só torcia pra que Zayn não entrasse ali do nada e entendesse tudo errado. Afastei esses pensamentos com um balanço de cabeça. Na verdade, afastei qualquer tipo de pensamento, pois era o certo a se fazer naquele momento. Respirei fundo, aceitando o meu destino. Beijar Harry não poderia ser tão ruim assim, certo? Ele era bonito e tal. Mas ainda era o meu Hazza. Fui tirada de meus pensamentos assim que o menino segurou as minhas mãos e me fez apoiá-las em sua nuca. “Ele vai fazer tudo? Ok.” Contra todos os meus instintos, olhei pra cima, encontrando os olhos verdes do garoto com os meus azulados.
O de cabelos cacheados parecia querer prolongar aquele momento mais que o necessário e isso me deixou um tanto impaciente. Deslizou as mãos pela lateral do meu corpo até segurar a minha cintura com delicadeza e passou o nariz pelo meu. Fechei os olhos no mesmo instante e fiquei parada. Talvez justamente pela minha falta de atitude é que Harry demorou para encostar nossos lábios, me instigando à procurar os dele com os meus. O contato logo veio e me surpreendi ao notar que os lábios do menino eram mais macios do que eu jamais imaginara. Não cheguei a sentir calafrios como no beijo de Liam e muito menos aquele choque elétrico que Zayn dava ao me beijar, mas ainda foi... Bom. Notei que estava prendendo a respiração, então acabei suspirando devagar no rosto de Harry para não ficar sem ar. Com isso, ele acabou aproximando o corpo ainda mais do meu até que separamos os rostos por fim. Não havia sido um beijo de cinema e nós só trocamos o mínimo de saliva possível, porém tive certeza de que estava com as bochechas vermelhas.
- Ficou quente aqui, né? – %Abi% não ria mais e até se abanava com um prato de vidro.
- Foi tão ruim assim? – Harry deu um passo para trás, mas não antes de colocar uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.
- Ahn... – Esqueci como se fala por um instante e limpei a garganta, me recompondo. – Poderia ter sido pior!
- Até perdeu a fala! – %Abigail% voltou a rir e eu a fuzilei com os olhos.
- Acho melhor voltarmos para a sala, né? – Me afastei de Harry antes que mais algum visco milagrosamente caísse sobre nós e puxei a minha amiga pelo pulso.
- Já estou indo, não precisa arrancar o meu braço fora! – Apressou o passo para poder me seguir, mas me fez diminuir a velocidade ao soltar um cochicho nada discreto: - Até agora você já beijou três de cinco. Quem será o próximo?
- %Abi%! Isso é coisa que se fale? – A repreendi, mas resolvi entrar na brincadeira. – É claro que eu não vou beijar o meu irmão, então só sobra um...
- É verdade. – Sorriu marota, demorando demais pra perceber a quem eu me referia. – Espera aí!
- Nialler, meu bem, cadê você? – A deixei para trás e corri até a sala.
- Estou aqui, %Tah%... – O irlandês continuava no mesmo lugar no sofá, sorrindo como se não estivesse sabendo de nada.
- Bem quem eu estava procurando! – Passei direto por Zayn, que arqueou as sobrancelhas, e me joguei no sofá entre ele e Ni.
- Zayn, segura a sua namorada! – %Abi% entrou como um furacão, tentando se equilibrar sobre os saltos. – Pudincup, sai daí agora!
- O que está acontecendo? – Zayn obedeceu a ruiva e me puxou para perto de si; coisa que não me incomodou nada.
- Harry, porque você está com um batom cor de rosa na boca? – Liam foi quem notou a prova do crime no momento em que Harry pôs os pés na sala.
- %Star%? – Louis devia saber bem o que tinha acontecido e, quando me chamou, fez todos os outros olharem pra mim.
- Não perguntem. – Levei uma mão à testa, me escondendo. Ao menos todos pareceram deixar aquele assunto passar.
- E onde estão os copos que você foi buscar? – Li mais uma vez falou com Harry e mais uma vez todos olharam pra mim.
- Está investigando um caso, Sherlock? – Rebati para Liam, que se calou.
- Tudo bem, eu vou buscar. – Meu irmão deu de ombros e se levantou.
Como Liam acabou seguindo-o, %Abi% resolveu ir atrás. Algo me dizia que o meu beijo e de Harry não seria o único que a animaria de assistir. Eu só torcia para que Louis tivesse esquecido de onde escondeu os viscos e caísse na própria armadilha; com Liam. Haz se sentou ao lado de Niall, começando um assunto que eu não me importei em escutar. Olhei para Zayn ao meu lado e o menino sorriu. Ele ainda segurava o meu braço como se eu fosse fugir e isso me fez rir. Acabei me soltando dele para poder passar o braço em volta de seus ombros. O moreno descansou a cabeça ali e ficou me observando. Mais uma vez senti as bochechas esquentarem, porque eu simplesmente não conseguia me acostumar com aqueles olhares.
- O que você vai fazer no Ano Novo? – Quebrou o silêncio com aquela pergunta que me pegou desprevenida.
- Não sei... Não tinha parado pra pensar nisso. – Até aquele momento eu só tinha me preocupado com a festa de natal, pra ser bem sincera. – Por que?
- Minha família tem um chalé em Wiltshire, que ninguém vai estar usando... – Algo que dizia que eu já sabia onde ele queria chegar, mas Zayn estava tão fofo ao falar meio tímido que eu o deixaria terminar. – Então eu estive pensando... Você não gostaria de ir até lá comigo?
- Está me convidando pra viajar com você, Malik? – Sorri divertida, indo direto ao ponto. – Só nós dois?
- Estou. Não é uma cidade muito grande, mas é bem bonita. – Aproximou o rosto do meu pescoço e deixou um beijo ali. – Não vou prestar atenção em nada além da companhia mesmo. E é um problema irmos sozinhos?
- Muito pelo contrário. – Mordi o lábio inferior. Me imaginar em uma casa sozinha com Zayn durante alguns dias era bom demais pra ser verdade. – Eu adoraria viajar com você.
- Podemos ir no dia 30 e voltar no dia primeiro, por causa do resultado do X Factor. – Sorriu, animando-se com nossos planos de viagem.
- Perfeito! – Entrelacei nossos dedos. – Por falar nisso... Está ansioso?
- Pra viajar com você? É claro que sim. Eu já estava pensando em te levar lá há algum tempo, mas não sabia se seria cedo demais...
- Não, Zayn! Não é disso que eu estou falando. – Uma risada escapou por entre meus lábios. – Quero saber se você está ansioso com o resultado...
- Estou mais nervoso que ansioso... – Sua mão que estava entrelaçada à minha ficou fria de repente.
- Eu também estou! – Fiz carinho em sua palma com o polegar. – Mas tenho certeza que vocês vão ganhar. Sabe a conta do Twitter que vocês criaram para a banda?
- Sei... O que tem? – Voltou a descansar o rosto no meu braço. – Niall me disse que a %Abi% é quem posta a maioria das coisas.
- Nós revezamos! – Me defendi. – Geralmente postamos fotos de vocês, ou contamos as últimas novidades... Também desejamos feliz natal e essas coisas que agradam o eleitorado. O Liam adora fazer twittcams, aliás.
- Ah, é... Eu assisti à última. – Riu de forma gostosa como se soubesse de algo que eu não. – Ele fez um tour pela casa e até mostrou o seu quarto!
- Ele fez o que? – Arregalei os olhos, mas tratei de me concentrar no que era realmente importante. – Enfim! Vocês já tem muitos seguidores sabia? E pelo que eu vi... Seus fãs são bem leais.
- Como diz a música... Vamos esperar o pior, mas torcer pelo melhor. – Aquela foi a deixa para deixar o assunto de lado e eu respeitei. Zayn se aproximou com um sorriso travesso. – Por que não fazemos algo mais interessante?
- Algo mais interessante, é? Acho que sei exatamente o que você quer dizer... – Também me aproximei, mas não o beijei como queria. Apenas fiquei brincando e roçando nossos lábios de vez em quando. – Vamos dançar!
- Vamos... Ahn? – Zayn pareceu muito confuso ao me ver levantar do sofá e ir em direção à estante da sala. – Não era bem isso o que eu tinha em mente, babe.
- É claro que era! – Ri divertida e liguei a TV e o aparelho de DVD onde eu já tinha posto um CD de músicas natalinas preparado pra tocar. – Pode levantar!
Mesmo com o meu pedido, Zayn não se mexeu. Era como se ele estivesse chateado por eu ter negado alguns beijos. Assim que Jinlge Bell Rock – por mais clichê que fosse – começou a tocar, eu me virei na direção do menino no sofá e comecei a andarem sua direção no ritmo da música. Eu o chamava com o dedo indicador e sorria encantadoramente. Sem conseguir resistir por muito tempo, Zayn riu dos passos que eu usava para convencê-lo a se juntar a mim e bagunçou os cabelos. Niall e Harry também olhavam para nós dois e se o meu namorado não aceitasse o meu convite logo, eu puxaria um deles. Zayn pareceu perceber isso, então acabou levantando em um impulso e segurou a minha mão esquerda com a sua direita e segurou a minha cintura com a livre. Aquela música não era ideal para se dançar valsa, mas eu não iria reclamar. Ele estava dançando comigo e era o que importava.
Começamos a girar pela sala e eu agradeci por ter lembrado de tirar a mesinha de centro dali, caso contrário iríamos acabar batendo nela. A única coisa que nos apresentava um pouco de perigo era a árvore de natal que piscava com suas luzes coloridas. Em um daqueles passos mais divertidos, Zayn me girou e meus saltos deslizaram na madeira do chão. Gargalhei um tanto alto, divertida, e me apoiei nos ombros do outro para recuperar o equilíbrio. Ele também ria e começamos a tentar outros movimentos. Pra mim era fácil, claro, mas Zayn tinha um pouco de dificuldade em me acompanhar, o que acabava me fazendo rir mais ainda. O ensinei a fazer alguns movimentos com os pés, indo para trás quando eu ia pra frente e vice versa, mas só o que me rendeu foram alguns pisões e tropeços. Ele realmente estava no curso certo, porque dança não seria um bom caminho.
Entrando na onda musical, Niall e Harry também levantaram e começaram a dançar um com o outro. Não sei o que era mais engraçado: Os dois querendo decidir quem seria o homem e quem seria a mulher, ou Zayn mexendo o quadril de um lado para o outro. Ok, pensando melhor... O primeiro era engraçado e o segundo era sexy. Muito sexy. Se o último continuasse daquele jeito, eu acabaria subindo para o segundo andar e esqueceria completamente da festa no andar de baixo. Poderia até não ser tão ruim assim... “Concentre-se, %Star%!” Briguei comigo mesma e puxei Zayn pelos ombros para que pudéssemos dançar mais juntos. Não era uma música lenta, mas fomos embalados um pelo corpo do outro. Nos olhamos, nos sentimos. Acima de tudo, ignoramos os dois palhaços ao nosso lado.
- O jantar está quente, pessoal! – %Abi% apareceu na entrada da sala e nos chamou para ir comer.
- Nãããão! – Abracei Zayn com mais força, sem querer sair dali. Eu estava curtindo tanto que não queria parar. – Só mais cinco minutinhos, mummy!
- Eu quero provar os seus brownies, babe. – Zayn beijou o meu ombro e usou aquela desculpa, mas eu sabia que ele só estava tentando escapar.
- Vamos comer, %Tah%... – Harry segurou o meu braço, provavelmente querendo ajudar o amigo e banda a fugir.
- O que é isso?! Um complô contra mim? – Terminei me dando por vencida e fui me juntar a minha amiga na saída.
- Você nunca vai adivinhar o que aconteceu! – Sussurrou pra mim assim que estávamos em uma distância segura os outros.
- Lou e Liam? – Perguntei com o cenho franzido e a risadinha que ela deu em seguida confirmou tudo que eu precisava saber.
+++ - Eu acho uma ótima ideia fazer o casamento no verão, mãe! – Sorri sozinha me mexendo na cama pela milésima vez. – Porque vocês não fazem a cerimônia naquela capela onde o papá e a nana se casaram?
- Dan e eu discutimos isso, mas como não é o primeiro casamento de nenhum de nós, preferimos escolher um lugar mais... Casual. – Minha mãe respondeu do outro lado da linha. Ela parecia tão... Alegre. – Mas não se preocupe, %Tah%, ainda usarei um vestido longo e branco.
- Ainda bem que você falou isso! Eu já estava quase tendo um ataque do coração aqui. – Ri, trocando o celular de orelha. – Também tenho sonhado com o vestido que eu vou usar!
- Tenho certeza que vamos encontrar o vestido mais lindo pra você, filha. – Jay suspirou tão profundamente que eu me questionei se ela estava imaginando o meu próprio vestido de noiva. – Bem, eu vou passar o telefone para a sua avó e depois Dan quer falar com você, tudo bem?
- Claro que sim, mum. E mande lembranças à sua sogra por mim! – Ri mais uma vez ao lembrar que era na casa da família do noivo que minha mãe estava passando o feriado. – E feliz natal!
- Mãe, é a %Star%! – Escutei-a gritar para alguém de lá e esperei pacientemente. – Feliz natal, querida. Eu te amo muito.
- %Estrelinha%, é você? – A voz macia de minha avó Jolene logo encheu meus ouvidos e eu sorri como uma criança.
- Nana, que saudade! – Era tão bom ouvir a voz dela... – Como está tudo por aí?
- Eu havia me esquecido como o natal sem seu avô é chato. – Nana suspirou, mas não me pareceu triste. Até mesmo arriscou uma risadinha. – E essa casa é uma bagunça completa que eu acabo ficando distraída.
- Acho que estou percebendo isso! São gritos que eu estou escutando?
- Oh, sim... Phoebe e Daisy ganharam um pula pula de presente de natal e não descem dele por hipótese alguma! – Imaginei a minha avó sentada em uma cadeira de balanço enquanto observava suas novas “netas adotivas” brincando. – As meninas são adoráveis. Não como você, é claro, mas vão se dar bem.
- Tenho certeza que sim, nana. – Não tinha não.
- Mas me conte... Sua mãe me disse que você está dando a sua própria festa de natal? – Sua voz tinha aquele tom de “você está crescendo tão rápido.”
- É verdade! Mas é só para amigos. Nós acabamos de comer e eu os deixei lavando os pratos pra vir aqui e ligar pra vocês! – Ri da minha própria preguiça.
- Sempre arrumando um jeito de escapar das tarefas domésticas! – Ela também riu de forma gostosa. – Certas coisas nunca mudam! E o jovem Zayn? Como ele está?
- Ele está... Bem! – Me impedir de responder com “perfeito”. – Aliás, ele me pediu pra te desejar um feliz natal e disse que está com saudades da sua comida.
- Ora, mas isso é muito bom de se ouvir! Fale pra ele vir me visitar e eu farei questão de recebê-lo com um banquete!
- Assim você vai engordar o meu namorado! – Ao falar aquilo acabei pensando no corpo perfeito e definido de Zayn. “Abortar! Abortar!” – Quem sabe qualquer dia desses não aparecemos por aí?
- Eu vou adorar! – Disse e eu sabia que era verdade. Ninguém ficaria mais feliz com uma visita surpresa do que nana. – Tenho que ir agora, meu bem, mas nos falamos logo. Eu prometo. Dan está me rondando como um tubarão! Acho que ele quer mesmo falar com você.
- Tudo bem, nana, até depois. Se cuide, sim? Eu te amo tanto... – Me despedi, torcendo para não demorar muito pra falar com ela novamente.
- Alou, %Star%? Aqui é o Dan! – Aquela forma de atender ligações dele nunca perdia a graça.
- Oi, Dan! Feliz natal! – Ri, mas tendei não deixar muito na cara que ele era o motivo da graça.
- Não vou tomar muito do seu tempo, ok? Meu Deus, como as mulheres da sua família falam! – Foi a vez dele de rir. – De qualquer forma, eu e a sua mãe gostaríamos de te fazer um pedido. Um pedido de coração mesmo.
- Ahn, pode falar, eu estou escutando... – Parecia sério, então era melhor eu prestar atenção.
- Nós gostaríamos muito que você fosse a nossa madrinha de casamento! Também vamos falar com o seu irmão para que ele seja o padrinho, mas preferimos falar com você primeiro. Então, o que me diz?
- Uau, Dan... Eu sinceramente não sei nem o que falar... – Aquele convite me pegou de surpresa. – É claro que eu aceito! Como não aceitaria?
- Então é oficial! Jay, querida, ela aceitou! – A última frase não foi pra mim, então eu só esperei que ele falasse com a minha mãe. – Nos falamos em breve! Feliz natal, %Tah%.
- Feliz natal, Dan!
Ainda rindo, desliguei a chamada e fitei o nada. Seria divertido ter Dan na família. Preciso dizer que minha mãe tinha um ótimo gosto para homens; primeiro meu pai e agora Dan. “Esse casamento vai ser divertido.” Pensei sozinha e guardei o celular no bolso. Me virei na direção da porta e calcei mais uma vez os sapatos que tinha tirado ao sentar na cama. Saí do quarto e encontrei Niall no corredor, que parecia muito animado com alguma coisa. Ou ele estava procurando o banheiro, ou queria me contar algo.
- O que houve, Ni? – Perguntei curiosa.
- Está nevando, %Tah%! Vai ver, vai ver! Lá fora! – Niall só faltou ar cambalhotas de felicidade e apontou escada abaixo.
Nevando? Como poderia ser? Eu teria mesmo um natal branco como nos filmes? Não fiquei ali parada esperando obter respostas. Sem nem me preocupar em estar usando sapatos de salto, corri para o primeiro andar e encontrei a porta aberta. Na minha passagem para fora da casa, não encontrei ninguém do lado de dentro, o que indicava que todos foram ver a neve. Eu não estava com casaco algum, mas mal me importava. Só o que eu queria era ver o meu maior desejo para aquele natal se realizar. Passei correndo pela varanda e desci os degraus, olhando por todos os lados e procurando a tal neve.
Quando eu me preparava pra brigar com Niall por ele ter me enganado, senti pequenas bolinhas brancas caindo sobe o meu cabelo e meus braços. Logo as bolinhas foram aumentando de quantidade, caindo sempre mais e mais. Sorri e abri as mãos em forma de concha pra pegar alguns flocos de neve e foi então que eu percebi... Aquilo não era neve de verdade. Eram daquelas bolinhas de isopor. Além disso, era só em mim que elas estavam caindo, pois os outros meninos, que me olhavam com sorrisos cúmplices, estavam limpos. Sem saber muito o que estava acontecendo, olhei para cima do telhado da varanda, de onde as bolinhas estavam caindo. Tive uma surpresa ao ver Zayn sentado ali em cima, com um saco de bolinhas de isopor nas mãos, continuando a derrubá-las em cima de mim.
- O que é isso?! – Ri com os braços abertos, deixando a neve falsa encher o meu cabelo e roupa.
- Você disse que queria neve! – Ele respondeu. – Esse foi o único jeito que eu consegui fazer nevar.
- Você é louco, Malik! – Girei com os braços ainda abertos, aproveitando a minha surpresa. – Mas eu amei!
- A %Star% tem o melhor namorado do mundo. – %Abi% falou atrás de mim.
- Ei, eu estou bem aqui, sabia? – Niall reclamou.
- Tenho mesmo! – Parei de girar antes que ficasse tonta e pedi para Zayn descer com um aceno. – Baby, vem aqui pra que eu possa te agradecer direito!
- Chamando assim, eu vou agora! – Primeiro jogou o saco vazio e depois pulou do telhado. Sim, pulou do telhado.
- Malik, você vai se machucar! – Tapei os olhos para não ver a queda e só voltei a abri-los quando duas mãos grandes seguraram a minha cintura.
- Feliz natal, Anjo. – A minha preocupação foi embora ao vê-lo são e salvo.
Meu pobre coração já não aguentava mais tantas emoções assim, então o melhor a se fazer foi puxá-lo para um beijo. Envolvi Zayn pelo pescoço e juntei nossos lábios de uma vez, até com um pouco de violência. No começo doeu um pouco, mas nenhum de nós pareceu se importar. Eu só precisava ter a boca dele perfeitamente encaixada à minha. Não demoramos para encontrar o nosso ritmo e aproveitar aquele enlace. %Abi% estava completamente certa ao dizer que eu tinha o melhor namorado do mundo, porque era verdade. Que outro cara realmente escuta o que a namorada fala e faz absolutamente de tudo para atender até os seus desejos mais impossíveis? Fazer nevar seria realmente impossível, mas Zayn se esforçou pra dar um jeito de trazer a sensação de estar nevando.
- Feliz natal... – Respondi assim que nos separamos.
- Agora podemos mostrar a última parte da surpresa? – A voz de Louis me vez olhar em volta.
Não sei por quanto tempo fiquei de olhos fechados nos braços de Zayn, mas foi o suficiente para que acendessem algumas velas e a espalhassem pelo gramado. Agora que a “fila de pessoas” no meio do jardim havia se desfeito, eu pude ver o que eles escondiam: Não chegava a ser uma fogueira, mas uma churrasqueira redonda estava acesa e sem a grelha de cima, o que quebrava um galho danado. O fogo era baixo, mas ainda seria o suficiente para esquentar sete pessoas. Ao redor dessa churrasqueira estavam alguns cobertores forrados na grama para que nos sentássemos e outros dobrados para nos enrolar. Também ganhamos coroas de papel; uma tradição inglesa que eu adorava. Queria uma vermelha para combinar com o meu vestido, mas acabei ficando com uma azul para combinar com os meus olhos.
- Isso é lindo! – Sorri. Quantas vezes mais eu seria surpreendida naquela noite?
- Essa parte foi ideia do Liam. – Zayn apontou para o garoto que sorria tímido.
- Não chega a ser uma lareira, mas... – Balançou os ombros e eu sabia exatamente o que ele queria dizer.
- É perfeito, Li. – Suspirei. – Muito obrigada.
- Podemos começar com isso logo antes que eu comece a chorar? – %Abi% segurou a minha mão com carinho e me guiou até uma parte do lençol.
- Começar com o que? – Me acomodei ao lado de %Abi% e Zayn ocupou o outro lado.
- Louis teve uma ideia... – Harry explicou e se sentou ao lado de Zayn, seguido por Liam, Louis e por último Niall. Formamos um círculo em volta do fogo e cada um se cobriu com um lençol ou manta.
- Não me diga que vamos ter que cortar um pedaço do nosso cabelo e jogar no fogo... – Brinquei.
- Não mesmo! – Zayn colocou a mão na cabeça, protegendo o seu topete.
- O meu acabou de crescer de novo! – Liam choramingou.
- Vão me deixar falar ou não? – Louis bufou quase impacientemente. Assim que todos olharam para ele, pode começar a explicar a sua ideia. – O natal é um momento de estar com quem se ama, de pensar nesse ano que já está acabando e no próximo que vai começar em alguns dias. Então eu pensei que talvez cada um pudesse falar um pouco sobre o que se é grato e sobre o que gostou nesse ano.
- É uma ótima ideia, Lou! – Niall riu. – É como se fosse um discurso do dia de ação de graças.
- Como não temos um dia de ação de graças aqui e muito menos na Irlanda, fique quieto e deixe o menino falar! – %Abi% brigou com o namorado, mas ele só a agarrou e roubou um beijo.
- Seguindo em frente... – Lou rolou os olhos. – Quem quer começar?
- Eu posso começar. – Levantei a mão ao ver que ninguém mais se voluntariaria. – Eu quero falar com cada um de vocês individualmente, tá? Porque sinto que há coisas que devem ser ditas antes que seja tarde demais.
- Já vi que vai ser bom! – Harry esquentou as mãos no fogo e se preparou para escutar o que eu tinha pra falar.
- Ok, vamos lá... – Respirei fundo para começar o meu discurso. Dei um meio sorriso e olhei para Louis. – Vou começar por você! Lou, meu irmão... Você é tão mais que isso. Nós sempre fomos muito próximos, mas acho que vamos ter que concordar que nos tornamos bem mais próximos depois que viemos pra cá. Eu sinto que você encara o papel de homem da família e que toma conta de mim da melhor forma que encontra... Mas podemos dizer que nós dois cuidamos um do outro, né? Porque às vezes eu é que pareço a irmã mais velha e você a criança da casa. Deus, eu nem posso acreditar que você está fazendo vinte e um anos! Você não sabe disso e eu provavelmente não vou ter coragem de repetir em voz alta nunca mais, mas eu te admiro desde que me entendo por gente. Você sempre foi o meu ídolo, se por assim dizer. Lou, era em você que eu me espelhava... Era com você que eu queria me parecer ao crescer. Sei que nunca vou chegar aos seus pés, mas já me sinto muito feliz em ainda te ter tão perto assim. Nós tivemos as nossas brigas enquanto crescíamos e isso é normal! O importante é que nunca nos perdemos. Eu só queria que você visse o quanto é bom e o quanto tem um coração maior que o mundo. Eu tenho muito orgulho de poder dizer que sou sua irmã, Boo bear. E por isso eu te amo.
“Harry... Meu cupcake de morango com cereja e granulado! Só eu sei o quanto é bom te ver todos os dias e ter a certeza de que não precisarei te dizer adeus mais uma vez quando as férias acabarem. Você é o meu melhor amigo desde que eu consigo me lembrar. Já fazem o que? Sete anos? Oito? Parece muito mais que isso. Você me entende, me aceita e se parece comigo de tantas formas que eu não consigo nem colocar em palavras! Nós passamos por uns maus bocados, né? O divorcio dos seus pais e dos meus... Nós nos apoiamos em todos os momentos importantes. Hazza, quando nós nos conhecemos não existia celular, Twitter, Facebook, e-mail e nenhuma dessas redes sociais. Muitas vezes nós dois passávamos seis meses sem sequer trocar um oi, porque a ligação de um país para o outro era muito cara. Mas nós dois achamos um jeito de driblar essa distancia e continuamos amigos apesar de tudo. Eu sempre sabia que, ao chegar aqui pra passar as férias na casa do meu pai, você estaria me esperando. E era como se eu nunca tivesse partido. Eu sei que sou muito sortuda por ter alguém como você na minha vida e, pode ter certeza, eu não vou te deixar ir a lugar algum! Eu sou eternamente grata pela sua presença na minha vida, Harry. E eu te amo.
“Liam. Eu me lembro na primeira noite que passei nessa casa... Parando pra pensar agora, parece que faz tanto tempo, né? Naquela noite eu não consegui dormir e resolvi descer pra fazer um chá ou me distrair e te encontrei na sala, também sem sono. Lembra? E nós conversamos por horas e horas como se fossemos velhos conhecidos! Naquele primeiro momento eu já pude sentir o quanto você era diferente de qualquer um. Você se abriu pra mim e me deu a confiança que eu também precisava pra me abrir. Nós dois nos conectamos com um estalo de dedos e eu não posso nem começar a agradecer por você ter me deixado entrar na sua vida... Uma garotinha com problemas de fazer amigos até conversar com um garoto sem me sentir insegura. Acho que foi o seu jeito tão seguro de si mesmo e sem se importar com a opinião dos outros que mais me chamou a atenção naquele primeiro momento. Você é um garoto maravilhoso e obrigada por dividir isso comigo. Nós dois temos algo que ninguém dessa roda seria capaz de entender e eu sei que você entende. Eu te amo, Leeyum. Do fundo do meu coração.
“Meu irlandês preferido, Niall! Você é tão precioso, Ni. É tão difícil encontrar alguém como você no mundo de hoje. Porque o seu coração é puro como de uma criança e eu falo isso da melhor maneira possível. Você é generoso, é altruísta e sempre coloca a felicidade dos outros na frente da sua. Ver os seus amigos bem é a coisa mais importante do mundo pra você e eu admiro isso. Também admiro a forma como você é capaz de qualquer coisa pra ajudar qualquer um que esteja precisando. Eu sou muito grata por ter a luz que você leva por onde quer que passe. Seu sorriso contagia qualquer um e eu sei que o mundo vai ver isso também. Basta dar uma chance. Eu te amo, pequeno duende.
“Abi, por favor não chore! Eu não sei nem por onde começar, porque se não fosse por você, eu tenho certeza que não seria metade das coisas que sou hoje. Primeiramente, você me trouxe duas pessoas maravilhosas que eu nunca poderia ter conhecido se não fosse pela sua influência. Obrigada pelos conselhos de irmã, pelos abraços e pelo apoio. Obrigada pelas ligações de madrugada quando eu não conseguia dormir. Você me mostrou que não tem problema me sentir confusa às vezes, que é normal ter dias que a gente se sente mal. Você me ensinou a me aceitar e a ver que eu posso ser forte, que eu consigo vencer desafios e, principalmente, que você sempre vai estar ao meu lado ao enfrentar os meus monstros. É a minha garota, a minha melhor amiga. Foi com esse jeitinho elétrico e fora do normal que você me conquistou desde o primeiro dia. Obrigada por tudo. Eu te amo, ruivinha.
“O último, mas não menos importante... Zayn. Ou Malik, como eu gosto de chamar. Acho que nós dois já passamos por todos os tipos de situações, né? Situações de felicidade, de surpresa... Mas as que mais marcam são aquelas de dor. Quando eu simplesmente não sei se poderia ter superado se você não estivesse ao meu lado. Porque eu sei que posso cair e me quebrar em pedaços, mas você sempre vai estar lá pra juntar todas as partes quantas vezes for preciso. Ao seu lado eu não tenho medo de ser quem eu sou por dentro, ou de mostrar os meus defeitos. Eu não me importo em te mostrar meu lado ruim, ou de te contar os meus medos e sonhos mais loucos. Zayn, antes de você entrar na minha vida eu duvidava que fosse capaz de me abrir dessa forma pra algum garoto. Você me mostrou o que é o amor, por mais bobo e ridículo que isso soe, mas é verdade! Isso que eu sinto por você é grande demais pra sequer tentar explicar. Você me consome, me sufoca. E ao mesmo tempo é o meu ar, meu alivio. Você é tudo, Zayn. Se doa por inteiro sem esperar nada em troca. Não posso prometer que farei todos os seus problemas sumirem, mas prometo que você não precisará enfrentá-los sozinhos. Eu não poderia ser mais grata por alguém do que eu sou por você. Quando nos conhecemos, eu tentei fugir de todas as formas. Tentei me afastar, tentei ignorar isso que eu senti por você a partir da primeira vez que trocamos um olhar. Mas era mais forte que eu, né? Ainda é mais forte que eu. Eu tinha medo de você, mas agora eu só tenho medo de te perder. Eu te amo. Da melhor forma que eu sei, da melhor forma que eu posso.
Quando terminei todas as minhas declarações a minha boca estava seca, mas eu não me importei. Sequei algumas lágrimas que molhavam meu rosto e olhei em volta, sorrindo ao perceber que não era a única chorando. %Abi% tinha o nariz vermelho e o punho da manga direita de Louis estava bem úmido. Harry sorria como se as minhas palavras tivessem batido no fundo de seu coração e ele agradecia por isso. Niall pareceu ainda mais iluminado e alegre, revezando o olhar entre o fogo e eu, ainda absorvendo as minhas palavras. Liam tinha o cotovelo apoiado na perna e a mão sobre os lábios, sem palavras. Zayn foi o último pra quem eu olhei, já sabendo que ficaria presa em sua expressão. Ele não tirara os olhos de mim por momento algum. Sua pele ganhou um tom mais avermelhado por conta da luz que emanava do fogo e o reflexo das chamas dançava em seus olhos amendoados. Zayn segurou uma de suas mãos com as suas duas e levou até os lábios, onde beijou cada articulação dos meus dedos; ação que queria dizer mais do que qualquer palavra. Eu sabia que o meu amor por ele era correspondido com a mesma intensidade. Não... Eu sentia.
- Como você espera que a gente consiga falar alguma coisa depois disso? – %Abi% secou novas lágrimas e fungou.
+++ Geralmente a hora mais chata é quando a festa acaba e todo mundo tem que ir embora. Mas naquele dia, ninguém iria pra casa – até porque, todos já estavam em casa. As comidas que sobraram estavam dentro da geladeira e a louça foi lavada e guardada nos devidos lugares. Já havia sido decidido que Niall, %Abi% e Zayn dormiriam na minha casa para que todos pudessem abrir os presentes juntos na manhã de natal, e o que deu a maior confusão foi decidir em que quarto cada um dormiria. Claro que Zayn se ofereceu para dormir no meu e eu aceitei prontamente, mas a única ruiva do recinto quis porque quis ficar comigo, até mesmo rejeitando o quarto que Harry prontamente cedeu para ela e Niall. No fim das contas, ela acabou ficando no meu quarto mesmo e os meninos se dividiram: Zayn indo para o quarto de Liam e Niall indo dormir com Louis. Harry alegou que era injusto ele ficar sozinho, então acabou se convidando para ir para o quarto de Lou e Niall. Não sei como fariam caber todos ali dentro, mas não era problema meu.
Fui a primeira a tomar um banho sem molhar o cabelo e fiz a minha higiene para dormir. Vesti um pijama bem quentinho e joguei por cima de tudo o suéter vermelho que roubara das coisas de papá quando estive em Paris da última vez. Enquanto %Abi% se arrumava, fui cuidar de umas últimas tradições natalinas. O lado de fora da casa já estava arrumado e a churrasqueira fora guardada, mas eu consegui roubar duas velas vermelhas que antes enfeitavam o jardim. Abri a porta de entrada devagar, sem querer chamar a atenção de ninguém, e fui até a “grade” de madeira da varanda. Apoiei as duas velas ali e tirei uma caixinha de fósforos do bolso. Antes que eu pudesse acender o primeiro, escutei uma voz atrás de mim.
- O que você está fazendo, %Tah%? – Zayn se aproximou devagar e eu notei que ele também vestia pijamas.
- Nada! – Respondi por impulso e depois ri. – Promete que não vai me achar boba?
- Você sabe que eu já acho isso. – Tocou as minhas costas e beijou a minha testa, me encorajando a contar. – Prometo.
- Em Paris temos essa tradição de acender velas na porta de casa, antes de dormir. E deixar que elas queimem até o outro dia. – Risquei o fósforo e acendi a primeira vela. – Não sei exatamente o motivo, mas eu acho bem bonito.
- Não é para o papai Noel, certo? – Arqueou uma sobrancelha.
- Claro que não! – Ri e cochichei as próximas palavras: - Pro papai Noel é o leite com biscoitos que está perto da árvore.
- Eu sabia que tinha sido você! – Riu jogando a cabeça pra trás e eu acabei rindo também.
- Quer parar de rir da minha cara? – O repreendi. – Eu deixo você acender a última vela.
- E eu posso fazer um pedido ou coisa parecida? – Sorriu e pegou a caixinha de fósforos da minha mão.
- Não é uma vela de aniversário, Malik! – Ri mais uma vez e o abracei pela cintura, me aninhando em seu corpo. – Além do mais, achei que você já tinha tudo que podia pedir.
- E tenho. – Deixou um selinho em meus lábios antes de finalmente acender a vela. - Minha primeira tradição francesa!
- Muito bem, baby! – Comemorei e deixei um beijo no seu maxilar, que era onde eu alcançava sem ele ter que se inclinar na minha direção. – Eu conheço outra tradição que você vai gostar muito.
- E qual é? – Me abraçou e ficamos nos olhando enquanto éramos iluminados apenas pelas duas velas.
- Carregar uma estrangeira pra cama! – Disse travessa.
- Acho que essa vai ser a minha tradição preferida! – E com isso ele passou um braço pela parte de trás dos meus joelhos e me pegou no colo, causando algumas risadas da minha parte.
- Weeee. – O envolvi pelo pescoço.
Zayn não apresentou dificuldade alguma ao entrar em casa e fechar a porta atrás de nós enquanto me carregava. Também não se importou em apagar todas as luzes do primeiro andar antes de seguir pelas escadas. Aquela festa de natal com certeza havia sido melhor do que eu poderia querer. Nós nos divertimos, cantamos canções natalinas à beira da fogueira, conversamos, comemos muito e rimos até ficar sem ar. Agora eu podia ficar ansiosa com o Ano Novo, pois algo me dizia que ele conseguiria ser ainda melhor que o natal. Entretanto... Ainda tinha o dia seguinte pra ficar animada. Eu tentava pensar em todos os presentes que poderia ganhar, mas não fazia ideia do que seriam. Cá entre nós? Estava mais curiosa pra saber o que ganharia de Zayn. Como ele tinha mania de me surpreender, eu sabia que não adiantava ficar especulando ou tentando adivinhar, pois nunca acertaria.
Chegamos ao andar de cima e a porta do meu quarto era a única que ainda se mantinha aberta. %Abi% ainda devia estar no banheiro, por isso Zayn e eu teríamos mais alguns minutos a sós. Ele me colocou delicadamente na cama e eu sorri como agradecimento. Pensei em prolongar o beijo quando tive meus lábios pressionados pelos dele, mas abaríamos prolongando até demais e estava na hora de dormir! É óbvio que eu aproveitei bastante o gosto de pasta de dente de hortelã misturado com a minha de morango e também acariciei bastante os cabelos já bagunçados de Zayn.
- Boa noite, Anjo. – Beijou a minha testa e me cobriu com o edredom colorido.
- Não esqueça que vamos acordar bem cedo, tá? – Bocejei sentindo o sono chegar e puxei o meu ursinho da sorte (sim, o que Zayn me dera de presente). – Até amanhã, sweetie.
- Eu te amo... – Foram as últimas palavras dele antes de apagar a luz e fechar a porta.
Suspirei feliz da vida, apertando ainda mais o ursinho contra o meu peito. Como alguém tão perfeito quanto Zayn poderia existir? E mais importante... Como ele poderia ser meu?! De qualquer forma, fechei os olhos ainda com o sorriso brincando em meus lábios e deixei o sono se aproximar. Escutei um barulho de porta abrindo e fechando, sabendo que era %Abi% saindo do banheiro. Soube que ela estava fazendo seu caminho para a minha cama, mas o grito que ela deu me assustou mais do que devia.
- Bloody hell! – Xingou. – Quem colocou o pé da cama aqui?
- Tudo bem aí? – Perguntei como uma boa amiga, mas comecei a rir descontroladamente ao imaginar a cena de %Abi% batendo o pé na quina da cama e depois pulando em um pé só!
- Cala a boca, %Star%! – Senti um peso no colchão ao meu lado e deduzi que ela estava se deitando.
- Não brigue comigo, porque foi você que inventou de dormir aqui!
- Um erro de que me arrependerei para o resto da vida.