Eu desliguei o chuveiro e alcancei a toalha pendurada ao lado, secando o rosto primeiro antes de me virar para verificar se %Mia% tinha conseguido desligar a água da banheira. Ela estava lá, ao lado da borda, parecendo tão exasperada quanto adorável em sua irritação.

  — Vai se virar ou vai ficar aí plantado, me encarando? — Ela perguntou, cruzando os braços e me lançando aquele olhar típico que dizia "não estou de brincadeira".

  — Calma, calma. Eu vou me virar. — Respondi, levantando as mãos como se me rendesse.

  Cumpri minha promessa e virei de costas, ouvindo o leve som da água se mexendo enquanto ela entrava na banheira. Apesar de tentar manter minha mente em outro lugar, falhei miseravelmente.

  Era quase impossível não imaginar %Mia% naquele momento. Ela estava nua, imersa na água quente, provavelmente com os cabelos soltos e gotas escorrendo pela pele...

  Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento. Não era o momento para isso, mas meu corpo parecia não entender o recado.

  Respirei fundo, focando no som da água e na leve movimentação dela na banheira. Cada pequeno som parecia ecoar na minha mente de forma exagerada.

  — Você está muito quieto. — A voz dela cortou o silêncio, e eu quase me engasguei com o pensamento que estava tendo.

  — Só estou respeitando o seu momento, %Mia%. — Respondi, sem me virar.

  — Uhum. — Ela murmurou, com um tom que não demonstrava muita confiança. — Melhor mesmo.

  Mordi o lábio para conter um sorriso. Ela estava completamente alheia ao fato de que eu estava lutando contra a minha própria mente para não imaginar cada detalhe dela naquela banheira.

  "Controle-se, %Jongho%", pensei, apertando a toalha nas mãos. Eu precisava sair dali antes que minha mente me traísse de vez.

  Desliguei o chuveiro e, enquanto a água escorria pelo meu corpo, peguei a toalha pendurada próxima à porta. Eu me enrolei nela com um movimento rápido antes de sair do box. Quando cruzei a soleira, nossos olhares inevitavelmente se encontraram. %Mia% estava encostada na borda da banheira, a água e a espuma cobrindo seu corpo, mas o suficiente para deixar muito para minha imaginação.

  Ela arqueou uma sobrancelha, mas não desviou os olhos, como se estivesse me desafiando.

  — Você não deveria estar com os olhos fechados? — Provoquei, inclinando a cabeça e cruzando os braços, fingindo estar relaxado, mesmo que meu coração estivesse batendo mais rápido do que eu gostaria de admitir.

  — Eu sabia que você sairia com a toalha já enrolada. — Ela rebateu sem perder o tom. — E você também deveria estar com os olhos fechados.

  Soltei um riso baixo, me aproximando levemente da pia, mas mantendo minha atenção nela.

  — Eu sabia que a espuma já estaria cobrindo seu corpo. — Respondi, minha voz mais baixa e carregada de ironia.

  Ela estreitou os olhos e abriu um sorriso de canto, claramente não gostando de perder essa pequena disputa de provocações.

  — Você é impossível. — Disse, ajeitando a espuma em seus ombros, como se quisesse reforçar a barreira entre nós.

  — Eu tento. — Retruquei, pegando outra toalha para secar os cabelos.

  %Mia% soltou um suspiro audível e desviou os olhos para o teto, como se estivesse reunindo paciência. Era quase engraçado como ela oscilava entre irritação e... algo mais, algo que a fazia ficar nesse cômodo comigo, mesmo podendo pedir para eu sair.

  "Essa noite está ficando interessante", pensei, enquanto voltava minha atenção para a pia e fingia estar alheio ao fato de que ainda podia sentir o olhar dela queimando em mim.

  Com a toalha ainda enrolada na cintura, peguei meu desodorante na bancada da pia e passei calmamente, fingindo não notar o olhar dela. Depois, alcancei o creme hidratante que havia deixado ali. Espalhei o produto nos braços e ombros, seguindo para o pescoço e o peitoral, sem pressa.

  Mesmo sem olhar diretamente para %Mia%, eu podia sentir seus olhos fixos em mim, como se ela estivesse tentando entender por que ainda não tinha desviado o olhar. Era quase divertido.

  Quando terminei, fechei o pote de creme e me virei para ela novamente, apoiando as mãos na borda da pia.

  — Você vai continuar me observando ou já terminou de avaliar? — Perguntei com um tom desafiador, um sorriso provocador surgindo no canto dos meus lábios.

  Ela ergueu o queixo, como se quisesse demonstrar indiferença, mas o rubor sutil em suas bochechas a entregava.

  — Estou só esperando você sair para finalmente ter paz. — Respondeu, mas sua voz soou menos firme do que talvez ela pretendesse.

  Inclinei a cabeça, estreitando os olhos.

  — Tem certeza disso, %Mia%? Parece que você está bem confortável aí...

  Ela soltou uma risada seca, mas desviou os olhos para a espuma que ainda a cobria.

  — Acredite, %Jongho%. Você é a última coisa que me deixaria confortável.

  — Ótimo. — Retruquei, meu sorriso se ampliando. — Fico feliz em manter você alerta.

  O silêncio se instalou entre nós por um momento, mas o peso da troca de olhares continuou presente. Havia algo na maneira como ela me encarava, desafiadora e ao mesmo tempo intrigada, que fazia minha vontade de provocá-la crescer ainda mais.

  — Bom, se não vai dizer mais nada, vou me vestir. Aproveite sua "paz". — Acrescentei, finalmente rompendo a tensão e me dirigindo ao armário do quarto para pegar minhas roupas, mas ainda sentindo o olhar dela me seguir.

  Afundei um pouco mais na banheira, deixando que a espuma cobrisse tudo o que podia, enquanto %Jongho% finalmente saía do banheiro. A tranquilidade era quase imediata, mas é claro que eu não resistiria a provocá-lo.

  — Sabe — comecei, elevando o tom de voz só para garantir que ele me escutasse —, eu sei que você deve estar morrendo de inveja. Mas acredito que, diferente da piscina, essa banheira não cabe nós dois.

  Satisfeita com meu comentário, me recostei na borda, um sorriso vitorioso surgindo em meu rosto. Porém, o sorriso morreu no instante em que %Jongho% reapareceu no banheiro, ainda com a toalha enrolada na cintura, uma sobrancelha arqueada e aquele olhar desafiador que parecia ser a sua marca registrada.

  — Quer fazer o teste? — Ele perguntou, o tom de voz sério demais para o meu gosto, o que só fez meu coração disparar.

  Endireitei a postura na banheira, tentando me recompor.

  — Nem pense nisso, %Jongho%! — Exclamei, apontando para ele como se pudesse intimidá-lo.

  — Relaxe, %Mia%. Foi só uma brincadeira. — Ele disse com aquele mesmo sorriso provocador, mas não parecia nem um pouco inclinado a sair do lugar.

  — Ótimo. Então pode brincar bem longe da minha banheira.

  Ele cruzou os braços, inclinando-se levemente contra o batente da porta, como se estivesse considerando seriamente o "convite".

  — Sabe, você fica engraçada quando está desconfortável.

  — E você fica insuportável quando tenta ser engraçado.

  Ele deu de ombros, como se não se importasse, mas o brilho desafiador em seus olhos denunciava que ele não ia me deixar em paz tão facilmente. Antes de sair do banheiro, %Jongho% se virou para mim novamente, cruzando os braços e apoiando o ombro na porta.

  — Sabe, %Mia%, você fala muito sobre não caber na banheira... mas será que é mesmo verdade? Ou só está com medo de dividir o espaço?

  Meu olhar estreitou na direção dele. Era típico dele transformar qualquer situação em uma provocação.

  — %Jongho%, se você está pensando em testar sua teoria, eu juro que—

  Antes que eu pudesse terminar a frase, ele começou a caminhar em minha direção, tirando a toalha de forma teatral e jogando-a no balcão ao lado da pia. Meu coração disparou, e eu fiquei estática, observando enquanto ele se aproximava com aquele sorriso irritante no rosto.

  — %Jongho%, nem ouse... — ameacei, mas minha voz soou mais fraca do que eu gostaria.

  Ele ergueu uma sobrancelha, já inclinando uma perna para dentro da banheira.

  — Relaxa, %Mia%. Estou apenas testando um espaço que, tecnicamente, é meu.

  — %Jongho%! — Minha voz saiu em um grito abafado enquanto ele se acomodava na outra extremidade da banheira, com um sorriso satisfeito nos lábios.

  A espuma e a água se agitaram, cobrindo estrategicamente nossos corpos, mas a proximidade era inegável. Ele estava sentado de frente para mim, parecendo completamente à vontade, enquanto eu ainda processava o absurdo da situação.

  — Está confortável? — perguntei, cheia de sarcasmo, tentando esconder meu desconforto.

  — Até que sim. — Ele deu de ombros, relaxando ainda mais. — E você?

  — Eu estava, até você aparecer.

  Ele riu baixo, inclinando a cabeça para o lado.

  — Admita, %Mia%. É divertido dividir espaço comigo.

  — Divertido? Eu chamo isso de invasão de privacidade.

  — Você realmente deveria relaxar mais. Quem sabe essa água quente não ajuda a derreter seu mau humor?

  Eu revirei os olhos, mas era impossível ignorar o quanto meu corpo estava consciente do dele ali, tão próximo. %Jongho% era a definição de inconveniente... mas, naquele momento, eu não conseguia decidir se isso era algo tão ruim quanto deveria ser.

  %Jongho% apoiou os braços nas bordas da banheira, parecendo ainda mais confortável do que deveria. Seu sorriso malicioso permanecia firme enquanto ele me encarava, completamente à vontade naquela situação absurda.

  — Sabe, %Mia%... acho que você tem medo de me achar interessante demais. — Sua voz tinha um tom arrastado, provocador, que fazia o sangue subir para o meu rosto.

  Eu o encarei, incrédula, com os olhos semicerrados.

  — Interessante? Você está confundindo "irritante" com "interessante", %Jongho%. Isso é sério?

  Ele riu baixinho, inclinando-se levemente para frente, diminuindo ainda mais a distância entre nós.

  — Você está ficando nervosa. Está tentando me convencer ou convencer a si mesma?

  Minha boca abriu e fechou algumas vezes, sem encontrar uma resposta imediata. Ele estava me tirando do sério, mas de um jeito que fazia meu coração bater rápido demais.

  — Sabe o que é engraçado? — continuei, tentando retomar o controle da situação. — Como você sempre encontra um jeito de ser o mais inconveniente possível.

  — Ah, então estou incomodando você? — Ele apoiou o queixo na mão, ainda sorrindo. — Porque, para mim, parece que você está se divertindo.

  Bufei, cruzando os braços, o que fez a água se agitar levemente.

  — Divertindo? %Jongho%, você está sentado na mesma banheira que eu, sem nenhum respeito pela minha privacidade. Como isso seria divertido?

  Ele ergueu as sobrancelhas, fingindo surpresa.

  — Bem, você ainda não saiu da banheira. Então, ou você está muito educada para me mandar embora... ou está gostando da minha companhia.

  Revirei os olhos com tanta força que achei que eles iam sair do lugar.

  — Você é tão convencido, %Jongho%.

  — Convencido? Ou apenas certo?

  Sua autoconfiança era quase insuportável, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia impedir o canto da minha boca de se erguer em um sorriso involuntário. Antes que eu pudesse responder, ele se inclinou ainda mais, com os olhos brilhando de diversão.

  — Vamos, %Mia%. Admita que estou tornando sua noite mais interessante.

  — Você está tornando minha noite mais caótica, isso sim.

  Ele riu novamente, jogando a cabeça para trás, e eu, contra a minha vontade, achei aquele som quase agradável. Meu desconforto inicial estava se transformando em uma mistura confusa de irritação e algo que eu me recusava a nomear.

  — Sabe, eu poderia sair... — %Jongho% começou, olhando para mim com falsa seriedade.

  Eu arqueei uma sobrancelha, esperando que ele terminasse.

  — ...mas só se você pedir com jeitinho.

  — Você está sonhando se acha que vou fazer isso.

  Ele deu de ombros, voltando à sua posição relaxada.

  — Então acho que ficarei por aqui. Afinal, essa é minha banheira, não é?

  Era oficial: %Jongho% era a pessoa mais irritante que eu já conheci. E, de alguma forma, eu odiava admitir que ele tinha razão — eu não queria que ele saísse.

  Eu me acomodei um pouco mais na banheira, deixando que meu braço roçasse de leve no dela, como se fosse algo casual. %Mia% me lançou um olhar desconfiado, mas não recuou. Era quase engraçado vê-la tentando manter sua fachada de indiferença quando eu sabia que estava mexendo com ela tanto quanto ela estava comigo.

  — Você sabe que poderia ser honesta comigo, né? — provoquei, minha voz baixa e quase arrastada. — Admitir que minha companhia é, no mínimo, suportável.

  — Ah, claro — ela retrucou, o sarcasmo pingando de cada palavra. — Sua companhia é tão suportável quanto... não sei, um furacão dentro de um copo d’água.

  Sorri, inclinando-me um pouco mais para perto, o suficiente para sentir o calor da sua respiração.

  Nossos rostos estavam a centímetros de distância, e por um breve momento, pensei que ela fosse recuar, mas %Mia% se manteve firme, os olhos fixos nos meus.

  — Furacões podem ser fascinantes, sabia? — sussurrei, deixando minha mão escorregar sob a água até tocar sua perna de leve, como quem não quer nada.

  Ela tensionou os ombros por um segundo, mas logo relaxou, provavelmente achando que eu não havia percebido sua reação. Um pequeno sorriso curvou meus lábios.

  — Fascinantes e destrutivos — ela respondeu, quase sem fôlego, enquanto sua mão também encontrava meu ombro, os dedos traçando um caminho suave e hesitante.

  Era impossível ignorar a tensão crescente entre nós, aquela mistura de provocação e algo mais profundo, mais perigoso. Inclinei-me ainda mais, até que nossas testas quase se tocassem. Minha mão, que estava em sua perna, subiu um pouco mais, mas ainda mantinha um toque leve, nada invasivo.

  — Destrutivos, sim... mas às vezes, a destruição é necessária para começar algo novo — murmurei, minha voz saindo mais rouca do que eu pretendia.

  Nossos lábios ficaram tão próximos que era quase doloroso não encurtar a distância, mas eu queria prolongar aquele momento, testar seus limites. %Mia% parecia presa na mesma teia, sua mão agora deslizando do meu ombro até o meu peito, deixando um rastro quente e provocativo.

  — Você fala como se soubesse tudo sobre mim — ela disse, tentando soar desafiadora, mas a hesitação em sua voz me entregou o quanto ela estava afetada.

  — Não sei tudo... ainda. — Respondi, meus olhos cravados nos dela.

  Seus lábios se entreabriram, e por um instante, achei que ela fosse dizer algo, mas ao invés disso, ela deixou seus dedos tocarem meu rosto, traçando uma linha lenta ao longo da minha mandíbula.

  Minha respiração ficou mais pesada, e, embora estivesse adorando aquele jogo, percebi que minha paciência estava chegando ao limite.

  — Está se divertindo, %Mia%? — perguntei, o tom provocativo e carregado.

  Ela sorriu de lado, os olhos brilhando com algo entre desafio e diversão.

  — Não mais do que estaria se você estivesse na sala vendo seus vídeos de K-pop.

  Soltei uma risada baixa, sentindo sua mão ainda em meu rosto. Eu sabia que estava jogando com fogo, mas, pela primeira vez em muito tempo, isso não parecia importar.