CAPÍTULO SETE
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%Jongho%'s POV
O barulho dos fogos começando a estourar no céu ainda ecoava, mas o momento estranho que acabara de acontecer comigo e %Mia% ocupava cada centímetro da minha mente. Eu tinha me assustado com os fogos, sim, mas não tanto quanto com o jeito como ela se recostou em mim — como se fosse a coisa mais natural do mundo. E, droga, a forma como os braços dela envolveram meu pescoço...
Sacudi a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Olhei para o céu, os fogos já perdendo força. Que horas eram, afinal? Era cedo para isso, não?
— Que horas são? — Perguntei, mais para quebrar o silêncio do que por real curiosidade.
%Mia%, que parecia ainda mais desconfortável que eu, levantou o braço e olhou para o relógio de pulso.
— Quase dez da noite. — Respondeu em um tom curto, evitando me encarar diretamente.
Ela fez uma pausa, como se decidisse algo internamente, e então nadou até a borda da piscina. Começou a se levantar, a água escorrendo pelo seu corpo e criando pequenos círculos no reflexo do céu iluminado.
— Vou sair. Acho que já aproveitei o suficiente por hoje. — Disse, sem olhar para mim, sua voz carregando um desconforto que ela tentava esconder.
Fiquei parado, observando-a pegar a toalha que tinha deixado perto da piscina e começar a se secar rapidamente, sem dizer mais nada. Algo nela parecia...
diferente. Não era só o desconforto, mas talvez algo que ela também não sabia nomear.
— Boa ideia. — Falei baixo, mais para mim mesmo. Ela não respondeu, apenas deu as costas e caminhou em direção à casa, me deixando sozinho.
Suspirei e apoiei os braços na borda da piscina, a cerveja meio esquecida ao lado. Observando o céu estrelado acima, me perguntei por que ela parecia tão...
mexida. Eu não tinha feito nada, não de propósito, pelo menos. Certo?
Mas também, por que eu estava pensando tanto nisso?
Balancei a cabeça de novo, soltando uma risada irônica.
Droga,
%Mia%. Essa mulher tinha alguma coisa que fazia com que eu não conseguisse tirá-la da cabeça, mesmo que quisesse.
Encostei a cabeça para trás, encarando o céu. Talvez o silêncio e o tempo sozinho ajudassem a organizar os pensamentos que ela deixava espalhados na minha mente.
O silêncio da noite foi interrompido pelo som suave dos passos de %Mia%. Virei o rosto na direção da casa e a vi se aproximando, um pouco hesitante. Eu já tinha saído da piscina e estava prestes a entrar também, o ar noturno começando a esfriar contra minha pele.
Ela parecia desconfortável, talvez até um pouco sem graça, enquanto me olhava de relance e depois desviava o olhar. Parou a poucos passos de mim, abraçando os próprios braços como se quisesse se proteger do frio.
— Posso usar a banheira do seu quarto? — Perguntou, sua voz quase tímida, como se estivesse pedindo algo muito mais grandioso do que realmente era. — Acho que preciso de uma água quentinha para me aquecer.
Fiquei surpreso por um segundo. Era a primeira vez que ela me pedia algo sem implicar ou lançar algum comentário sarcástico.
— Claro. — Concordei, sem jeito e sem a menor vontade de começar outra discussão. A essa altura, estávamos ambos cansados demais para isso. — Fique à vontade.
Ela assentiu com um leve sorriso de agradecimento e começou a se virar para entrar na casa. Por um instante, pensei em dizer algo mais, talvez um comentário casual para aliviar o clima, mas acabei ficando em silêncio.
Enquanto a observava desaparecer pela porta, percebi que, apesar de toda a implicância, havia algo de intrigante em %Mia%. Algo que me fazia querer entender melhor por que ela era tão fechada e ao mesmo tempo tão teimosa.
Soltei um suspiro, passando a toalha pelo cabelo molhado antes de seguir para dentro também. Talvez fosse o começo de uma trégua — ou só uma noite sem mais provocações. E, no fundo, isso já era o suficiente por agora.
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%Mia%'s POV:
A água quente já estava quase na altura ideal na banheira quando ouvi a porta do quarto se abrir de repente. Virei a cabeça, surpresa, e me deparei com %Jongho% entrando no quarto como se fosse o dono do lugar.
Ah, espera. Ele era o dono do lugar. Ele me encarou de forma casual, como se encontrar alguém sentado na sua cama fosse completamente normal.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, franzindo a testa e cruzando os braços.
— Esse é o meu quarto, %Mia%. — Ele respondeu como se fosse óbvio, parando a poucos passos de mim.
Rolei os olhos, já me preparando para brigar.
— Ok, mas eu vou usar a banheira. Já disse isso.
— Você pode usar à vontade. — Ele deu de ombros, passando por mim em direção ao banheiro. — Só vou tomar um banho e me secar.
Fiquei incrédula, quase pulando da cama.
— Como é que é?! %Jongho%, eu estou
nua! Quero dizer, vou estar nua. Vou usar a banheira sem nada! — Falei, tentando soar firme, mas minhas palavras soaram mais indignadas do que autoritárias.
Ele parou na porta do banheiro, se virando para me encarar com uma expressão de falsa inocência que me deu vontade de jogar uma almofada nele.
— Sem problemas. Eu fecho os olhos, você fecha os seus, e tudo fica resolvido. — Ele disse, como se fosse a coisa mais lógica do mundo.
Antes que eu pudesse formular uma resposta, ele começou a tirar a camisa.
— O quê? Não! %Jongho%, você não vai mesmo...
— Relaxa, %Mia%. Fecha os olhos. — Ele me cortou, a voz calma enquanto puxava a camiseta pela cabeça.
Automaticamente, apertei os olhos fechados, mas minhas mãos se fecharam em punhos no meu colo, minha indignação crescendo junto com o calor do quarto.
— Você é completamente louco! Totalmente sem noção! Quem faz isso? — Protestei, sentindo meu rosto queimar de frustração. — Quem entra no quarto e começa a se despir como se fosse nada?
— Alguém no próprio quarto. — Ele respondeu, despreocupado.
— Você está me enlouquecendo! Eu devia jogar você para fora daqui agora mesmo! — Resmunguei, minhas palavras tropeçando enquanto minha mente me traía, imaginando como ele parecia sem roupa.
%Jongho%, claro, me ignorava completamente. Ouvi o som de tecidos sendo jogados no chão e o barulho de água correndo no banheiro.
Eu odiava o fato de que ele não só me provocava, mas fazia isso com uma calma que quase parecia diversão.
Ele estava me ganhando no meu próprio jogo — e, droga, isso só me deixava mais irritada.
O som da água do chuveiro ecoou pelo quarto assim que ele abriu o registro. Eu respirei fundo, soltando um bufar alto, claramente irritada com a audácia de %Jongho%. Ele realmente não tinha limites!
— %Jongho%! — Chamei, me levantando da cama e cruzando os braços enquanto olhava na direção do banheiro, mesmo sem coragem de me aproximar.
— O que foi agora, %Mia%? — Ele respondeu, a voz abafada pelo som da água caindo.
— Você pode, por favor, me guiar com a sua voz até a banheira? — Perguntei, exasperada. — Eu não consigo desligar a água sozinha e, graças a você, vou acabar inundando o banheiro inteiro!
Houve um momento de silêncio, provavelmente porque ele estava digerindo o meu pedido, antes de sua risada baixa atravessar o som do chuveiro.
— Quer que eu seja o seu guia agora? Que interessante... — Ele zombou, e eu podia ouvi-lo claramente se divertindo com a situação.
— Sim, quero! E, por favor, sem piadinhas, %Jongho%. Estou a um segundo de perder a paciência.
— Tá bom, tá bom. Vem para a direita. — Ele disse, com um tom que era metade orientação, metade provocação.
Segui sua voz, dando passos cuidadosos pelo quarto.
— Mais um pouco... Isso, mais para a esquerda agora.
— Você está me guiando ou me fazendo dar voltas de propósito? — Questionei, desconfiada, enquanto avançava mais alguns passos.
— Relaxa, %Mia%. Estou ajudando. — Ele respondeu com um sorriso na voz.
Finalmente, alcancei a banheira. Tateei até encontrar a torneira e desliguei a água, respirando aliviada.
— Pronto. Satisfeita? — Ele perguntou, ainda no mesmo tom despreocupado.
— Não, %Jongho%. Eu ainda não estou satisfeita. Só ficarei quando você sair desse quarto e me deixar em paz!
Eu o ouvi rir novamente, dessa vez com um toque de desafio.
— Boa sorte com isso, %Mia%. — Ele respondeu antes de voltar ao chuveiro, me deixando bufando sozinha e tentando controlar o impulso de jogar algo em sua direção.
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