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Arco 2 - A Vilã da Casa Bellerose

Escrita porLiv
Revisada por Lelen

– The Villainess Of The House Bellerose –


Capítulo 15

Tempo estimado de leitura: 33 minutos

Arabella Fiore

A sala parecia girar por conta da comoção que as palavras de Jade causaram; a equipe de feiticeiros foi acionada, chegando no ambiente em menos de cinco minutos e eu me senti mal por eles — já que deviam estar ocupados com algo mais importante. Acho que Mya não imaginou que revelar essa questão na frente dos demais resultaria nesse alvoroço, seus olhos pediam desculpas incessantes e eu apenas segurei a sua mão discretamente e sorri sem mostrar os dentes, tentando assegurar-lhe que estava tudo bem. Viviene e Giovanni conversavam com a sua equipe e pude ver doutor Lúcio também presente, comentando alguma coisa brevemente com Killian. Independente da situação, as únicas pessoas com feições diferenciadas de aflição eram as crianças, que deviam estar me agradecendo mentalmente por terem terminado o jantar mais cedo para que fossem brincar antes do horário de dormir. Serene as acompanhou e dispensei Rin, solicitando que ela preparasse um banho com alguma erva que me fizesse relaxar, visto que a noite seria mais longa do que o meu dia já foi.
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  — Senhorita, se importa se eu analisar a sua mão? — Uma mulher beirando os seus cinquenta se aproximou, carregando uma grande esfera. Neguei com a cabeça. — Hum, não há nada de anormal com as suas linhas e não consigo sentir algum resquício de mana. Por favor, posicione as duas palmas no objeto.
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  — Essa esfera é capaz de mostrar qual é o seu elemento e o seu nível de mana que não percebemos a olho nu.
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  Doutor Lúcio explicou um pouco mais sobre o funcionamento da esfera enquanto aguardávamos o resultado. Basicamente, a esfera muda de cor de acordo com a sua especialidade, sendo que, para a quantidade de mana, só há três colorações: rosa é a baixa, roxa intermediária e branca é avançada. Não que eu tivesse alguma expectativa, mas se a magia realmente corre pelas minhas veias, aposto que é bem baixa.
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  — A esfera continua inalterada — um dos assistentes notificou —, não seria melhor usarmos um estímulo?
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  — É uma boa e arriscada ideia, entretanto, todos nessa sala possuem um elemento, e isso afetaria os resultados — Marlla respondeu pensativa. — O ideal seria termos alguém da cura, mas até solicitarmos os nossos colegas da equipe da família real, levaria um bom tempo.
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  — Hum… — Jade caminhou para o meu lado. — Eu meio que tenho?
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  — Jade, não precisa…
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  — Está tudo bem, Arabella — ele me cortou, sorrindo sem graça –, é uma forma de agradecê-la por ter me ajudado. — Mesmo que eu contestasse mais, Mya se recusaria a escutar os meus argumentos.
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  Quando alguém transfere sua mana para outra pessoa, existem altas chances de o doador adoecer caso a outra não tenha controle nenhum da sua. Meu primo passando a sua mana para mim pode resultar em sua frágil saúde — independente dele ser um feiticeiro da cura — caso eu realmente tenha alguma mana, pois não saberei como manuseá-la se ela sair dos trilhos e a mesma tentará sugar toda a mana de Jade.
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  — Você tem certeza disso, jovem? — Doutor Lúcio perguntou pela terceira vez, recebendo a confirmação de Mya prontamente. — Há uma equipe bem treinada a sua volta, se sentir algum desconforto, se afaste imediatamente, não importa o quanto a mana da senhorita Arabella te suplicar, entendido?
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  — Sim. — Jade se virou para mim e posicionou as suas mãos acima das minhas. — A partir do momento que você sentir dor, me avise. Grite, me bata, me peça para parar mesmo que o seu interior fale o contrário, certo? No três vou iniciar a transferência.
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  Concordei e respirei fundo, esperando o processo que deixava todos ansiosos; confesso que estou um tanto nervosa, o modo que os outros agem não me permite a ficar tranquila, nem que seja por alguns segundos. Assim que meu primo finalizou a contagem, a luz azul saiu de suas palmas, levando o calor de mais cedo para os meus dedos, se assemelhando a sensação de tomar uma injeção: dá para sentir a mana sendo injetada na pele, provocando um formigamento na ponta dos dedos; a dor que ia surgindo gradativamente é tolerável, no entanto, ia se espalhando velozmente por todo o meu braço e logo a notei tomando conta do meu corpo, da cabeça aos pés. Um gemido escapou de meus lábios ao sentir uma pontada forte na nuca, dando espaço para uma voz que clamava por mais e que parecia querer assumir o controle dos meus sentidos. Agarrei com força a cadeira, tentando me manter em pé. Todos estavam afastados do círculo que envolvia eu e Mya, e a julgar por suas expressões, não havia nada que pudessem fazer.
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  A minha mana estava descontrolada e sedenta.
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  A dor consumiu os meus ossos e a minha garganta se fechava, pedindo por ar; Jade tinha uma feição de desespero e no momento que ele cometeria a loucura de me abraçar e se deixar ser levado pela minha sede, eu o empurrei com um tipo de força incomum, distinta da que eu já tinha nascido.
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  — E-essa dor é a da morte? — sussurrei para mim, ainda agarrada a cadeira. — M-meu coração dói.
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  As lágrimas desceram pelas bochechas e eu comecei a tossir ao cair no chão de joelhos.
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  Eu não quero morrer…
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  Eu não posso morrer.
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  Não pela terceira vez.
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  Um clarão preencheu o espaço por completo, fazendo todos se protegerem automaticamente. Por uma fração de segundo, senti o meu corpo leve e os meus olhos começaram a pesar. A última coisa que ouvi foi uma voz terna falar enquanto me segurava em seus braços:
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  — Pode descansar agora, Arabella. Tenha bons sonhos, sim?
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*

  — Oh, um sonho?
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  Eu estava em um jardim com um pequeno lago no fundo, observando uma criança sentada na beirada que balançava os seus pés dentro da água. Ela cantarolava uma melodia e mexia a sua cabeça de um lado para o outro, perdida em seu próprio mundo. A menina levantou e começou a andar ao redor do lago, mas, quando menos esperava, ela tropeçou. Corri em sua direção, desesperada com a sua queda, contudo, antes que eu fizesse algo, ela foi envolvida por uma luz branca e posta no chão, afastada da água. A criança sorria e pedia desculpas a quem lhe salvou, apertando a silhueta contra as suas bochechas rosadas. Quando me viu, parou na minha frente e puxou um pedaço do meu vestido para que eu ficasse na sua altura:
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  — Quem é você?
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  — Você consegue me ver? — perguntei surpresa.
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  — Sim! Eu e a Nymph!
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  — Nymph? — ponderei. — Você sabe o que significa o nome dela, pequenina?
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  — É claro! Nymph é Nymph, a minha única amiga! — Ela fez um bico, incomodada por eu duvidar de seu conhecimento.
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  — Peço desculpas a você e a Nymph, ok? — Afaguei seu cabelo vermelho.
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  — Tudo bem! Quer conhecer a minha amiga?
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  — Claro.
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  — Nymph, cadê você? Ah, te achei! A garota foi para trás da árvore e voltou com uma serpente em seu pescoço, sussurrando para a réptil. Sim, é ela.
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  — Já nos conhecemos? — A encarei confusa.
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  — Nymph diz que sim, já que somos a mesma pessoa!
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  — Você e a cobra?
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  — Não. — Ela segurou os meus dedos. — Eu e a senhorita somos a mesma pessoa. Bom, é isso que Nymph disse.
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  Não sei exatamente a hora que acordei, mas o sonho ainda estava fresco em minha memória. O quarto tinha apenas a iluminação do luar, e ao tentar levantar, senti todo o meu corpo doer, me fazendo falhar. Percebi que, além de mim, a minha cama era ocupada por quatro crianças abarrotadas uma em cima da outra em um sono profundo, e os sofás eram ocupados por Lian, Ethan e Jade. Descansei a cabeça na cabeceira, respirando fundo e comecei a lembrar do que havia acontecido.
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  — Boa noite, Arabella — uma figura feminina estava sentada na cadeira ao meu lado, lendo um livro —, como se sente?
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  — Nymph? — Cocei os olhos.
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  — Você não sabe como eu senti saudades da minha mestra. — Ela me abraçou delicadamente. — Sinto muito por ter te deixado sozinha por tanto tempo.
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  — Mas… você sempre esteve comigo, certo?
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  — Sim.
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  — Por que não conseguimos nos comunicar? Até pouco tempo eu não sabia que tinha mana, e o sonho que eu tive quando mais nova…
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  — Acho que assim que você se recuperar, devemos esclarecer tudo. — Ela passou a mão no meu rosto carinhosamente. — Agora, quero que descanse mais, tudo bem? Ninguém aqui vai a lugar algum, tenha mais sonhos tranquilos.
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  — Não sei se conseguirei dormir novamente — alonguei os braços —, essas crianças são muito fofas, mas roncam muito, sabe?
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  — Sim. — Nymph soltou uma risadinha. — Nesses três dias…
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  — Três dias?! — Por conta da surpresa, minha voz saiu um pouco alta, quase acordando os outros. — Eu dormi por três dias?!
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  — Por mim, dormiria por mais! A senhorita precisa descansar, sabia? Vai acabar me dando mais trabalho do que o esperado!
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  — Desculpa?
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  — Estou brincando, Bella — ela riu —, contudo, acho que você poderia descansar mais. Sobre a sua pergunta, a resposta é a única possível: inibidores. Não acho que Perci Fiore suspeitasse da sua mana, afinal, eu sempre fiz um ótimo trabalho em esconder as evidências; a questão é que acho que ele preferiu prevenir do que remediar. Seria uma ameaça a ele se você tivesse poderes, certo? — Assenti. — Os efeitos dos inibidores, se tomados com frequência e por bastante tempo, são demorados para saírem totalmente do seu sistema, então, é compreensível que você nunca tenha suspeitado também.
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  — E a sua aparição?
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  — Oh, isso? O efeito do inibidor começou a desaparecer do seu corpo lentamente e eu consegui despertar do que parecia ser um sono sem fim. Eu pensei em te surpreender, entretanto, ao analisar a situação, percebi que precisava ser o seu braço direito e te ajudar no que fosse preciso. Acho que demos um belo susto naquele velhote e, sinceramente, acho que podíamos ter feito…
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  — Nymph — a chamei seriamente, com as mãos trêmulas. — Você sabe, não é?
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  A figura fechou o livro e o pôs na cômoda, enrijecendo a sua postura na cadeira; ela soltou o ar e me olhou, me respondendo prontamente:
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  — Sim, eu sei que você não é aquela Arabella.
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  Ouvir suas palavras trouxe à tona pela primeira vez desde a transmigração o sentimento de culpa, que eu havia empurrado para o fundo da minha alma.
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  — Não me diga que você está se culpando pelo o que aconteceu? — Nymph segurou o meu rosto. — Tudo o que você sente, eu sinto também, não precisa esconder isso de mim. E não tem por que sentir culpa, a Arabella devia ter deixado isso mais claro.
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  — C-como você sabe? — As lágrimas rolavam sem permissão.
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  — Tudo o que você sente, eu sinto, Bella. Mesmo em sono profundo, eu sentia todas as suas emoções. Eu sou a sua familiar, sou alguém que você pode compartilhar o peso de suas vidas.
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  — M-mas você não me vê como uma impostora?
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  — E por que eu a veria assim? — Nymph gargalhou. — Não importa quem você já foi, agora você é a Arabella Fiore, a minha mestra, e nada disso mudou e nem mudará. Compreendo que seja difícil lidar com essa questão sozinha, e espero que quando tiver dúvidas, venha compartilhar comigo.
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  — Nymph, posso te fazer uma pergunta?
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  — Claro, Bella. — Ela sorriu.
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  — Familiares não conseguem prevenir a morte de seu mestre?
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  Um silêncio se instaurou no cômodo, causando uma inquietação no meu dolorido corpo. Respirei fundo, tamborilando os dedos aflita ao esperar a resposta.
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  — Familiares possuem o dever de proteger os seus mestres, não importa o que aconteça. Nós nascemos com eles e vivemos nossos dias em prol de seu bem-estar e felicidade. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance, até o impossível; no entanto, a partir do momento que corre o risco de interferir no seu livre arbítrio, não podemos ultrapassar essa barreira. Se quisermos, podemos tentar impedir algo, mas estaríamos agindo por egoísmo, visto que devemos servir sem segundas intenções.
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  — Então, resumindo…
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  — Se um mestre quiser morrer e for de sua verdadeira vontade, não há nada que um familiar ou alguém possa fazer. Arabella deixou esse mundo com a certeza que alguma pessoa viria salvá-la, independente de estar presente fisicamente para presenciar tudo de perto. Então, pequena senhorita — Nymph tocou na minha testa, e antes de eu digerir as suas palavras, senti as minhas pálpebras pesarem —, não se preocupe muito com o passado e continue visando a viver o futuro.
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  Jade e eu fomos ao centro, em busca de alguns materiais para o começo de suas aulas com a equipe de feiticeiros do castelo Bellerose. Depois do que aconteceu comigo, ele deu a sua resposta final à duquesa e ela cuidou de tudo, mas não que fosse difícil: como o poder da cura é algo raro no nosso reino, os monitores chefes ficaram empolgados em terem um membro como Mya na equipe. Nesses três dias que fiquei desacordada, meu primo, Ethan e Killian passaram a maior parte do tempo juntos com as crianças, então, não me assustei tanto quando acordei e os vi conversando como se fossem melhores amigos. Principalmente Jade e Eth, que só se desgrudaram ao me ouvirem ameaça-los antes de virmos para a cidade.
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  Encarei meu primo com um sorriso cansado; o rapaz tinha a mesma disposição que os meus irmãos, e não é como se eu não estivesse animada, porém havia me recuperado recentemente — o que resultou nas nossas inúmeras pausas. A sensação que tenho é a de estar levando o meu filho para comprar materiais para a escola, o que me fez soltar uma risada anasalada.
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  — Arabella, você está bem? Se quiser, podemos descansar um pouco. — Ele colocou a mão na minha testa, medindo a minha temperatura, preocupado.
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  — Vamos prosseguir, Mya. — Segurei o seu braço e ajeitei o meu vestido. — Ser descendente da Ordem tem as suas vantagens, uma delas é a quase rápida recuperação! Ah, e temos que voltar a tempo das suas aulas, não queremos um sermão do doutor Lúcio…
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  — Senhorita Arabella?
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  Um indivíduo apareceu atrás da gente e logo nos viramos para descobrir quem era. Apertei levemente o braço do meu primo, esperando que ele entendesse a mensagem: eu não tinha vontade alguma em estabelecer uma conversa com Ryle Tartosa, ainda mais quando eu e Jade tínhamos um combinado. Tentei, de uma forma natural, agir como se estivesse feliz ao vê-lo, afinal, era só uma questão de tempo até o rapaz mostrar a sua verdadeira face, e eu gostaria de que ele cavasse a sua cova com o seu próprio mérito.
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  — Sir Ryle Tartosa, que coincidência! — Sorri amigavelmente.
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  — Vejo que está feliz em me ver, senhorita. — O ego inflado ataca novamente, como da última vez. — Estava a caminho de pedir que entregassem essa carta à senhorita, mas, já que nos esbarramos, aqui. — Ele me deu o envelope e eu passei para Mya, que guardou em sua bolsa transversal.
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  — Agradeço pela carta… Precisamos ir, mas foi bom te ver, Sir Tartosa.
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  — Sir?! — O escutei sussurrar incrédulo. — Erm, quem é ele?
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  — Oh? — meu primo murmurou, sem interesse no bate-papo. — Sou o acompanhante de Arabella, algum problema, sir Tartosa?
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  — Qual é o seu nome? — Seu tom começava a se alterar, assim como a sua postura.
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  — Meu nome? É qualquer um que a minha querida Arabella desejar. — Jade sorriu, depositando sua mão em cima da minha. — Estamos realmente com pressa, foi um prazer conhecê-lo, Sir Tartosa.
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  Não permitimos que o loiro retrucasse e ao nos afastarmos o suficiente, começamos a ter uma crise de risos, parando somente quando lacrimejamos. Contei para o meu primo sobre Ryle Tartosa e como nos conhecemos; não foi nada demorado, porém, meu primo deixou claro que já não gostava dele. Agora mais do que nunca, Mya não soltou seu braço do meu, com receio de que Ryle ou alguém viesse me perturbar. Prosseguimos com as compras e, depois de uma hora, finalizamos nossas agendas. Como recebi uma semana de licença médica, estou longe dos campos de treinamento, então convidei Jade para aproveitarmos a tarde juntos. Sentamos em uma confeitaria pequena, que ficava escondida no meio de várias lojas maiores. Passamos em frente dela por acaso e decidimos voltar quando terminássemos de ver os materiais. Enquanto esperávamos nosso pedido, observei Mya pentear o seu cabelo levemente e ajeitar o botão de sua camisa de manga longa. Ele usava uma saia que cobria parte de seus sapatos, combinando com a minha; sorri para o outro, que me correspondeu.
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  — Mya Mya — o chamei pelo apelido que lhe dei –, você quer conversar sobre o que aconteceu na sua casa?
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  — Hum… — agradecemos ao garçom pelas bebidas, e o garoto ponderou. — Tudo bem. Acho que vai ser bom pôr para fora, sabe?
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  — Eu também quero desabafar — assenti. Cortei um pedaço da torta e levei à boca, saboreando antes de prosseguir –, te ver naquela situação fez o meu trauma vir à tona. Não é sua culpa, não se sinta mal, está bem? — concordou. — O barulho do vidro quebrando foi o gatilho inicial; eu percebi que tinha algo de errado quando a emprega se mostrou relutante para me deixar entrar.
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  "Eu entrei no seu quarto, e desculpa por pegar a sua mala sem autorização, mas foi uma ação impulsiva. Com Rin em um lugar seguro, fui ao encontro dos sons e a primeira coisa que eu vi foi sangue. Tinha tanto sangue no chão que eu paralisei, minha mente não raciocinava direito. Todos os anos de agressão e de violência constante passavam na frente dos meus olhos e isso me deixou muito mal, no entanto, eu sabia que não podia te largar para trás. Eu nem tinha noção se você era ou não uma boa pessoa, contudo, lá no fundo, a minha intuição dizia que, de fato, você é. Quando retomei o controle do meu corpo, eu quebrei a porta; foi uma forma rápida de fazê-los se afastarem de você, e, Mya, pelos deuses, quando eu te vi pela primeira vez, envolvido em machucados e sangrando tanto, minha vontade foi de matá-los. De enfiar minha espada em seus corações e acabar logo com todo o seu sofrimento... No entanto, mais do que ninguém, entendo que não é assim que as coisas funcionam, e não poderia tirar a sua chance, caso queira, de vingança. Não quando eu passei pela mesma situação e entendo que nada é tão fácil como desejávamos que fosse."
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  Encostei as costas na cadeira e soltei o ar, controlando a respiração para que eu não chorasse na frente dele. Meus dedos trêmulos mal conseguiam cortar um pedaço da torta, e eu desisti, empurrando o prato para frente.
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  — Eu fico feliz por ter escolhido ficar comigo e por ter me mandado a carta. Eu não tinha conhecimento da sua existência porque nunca fui próxima dos meus familiares, e eu queria tanto que você não precisasse passar por isso. Eu odeio Perci Fiore e a sua família, eu odeio o fato de ter vivido a minha vida inteira com cicatrizes pelo corpo e pelos meus irmãos terem que sofrer junto. — As lágrimas rolavam sem permissão pelo meu rosto, e a minha voz estava alterada. Eu já não ligava mais se estávamos em público, eu só queria externar o que eu sentia. — Mas, se Mya quiser, podemos criar novas memórias juntos; memórias mais felizes, com as pessoas a nossa volta e em novos lugares. Não peço que se jogue de cabeça no meu plano, entretanto, se quiser se vingar da sua família, eu posso te ajudar. Sei que eu deveria deixar isso para lá, mas é algo que eu preciso resolver para poder seguir a minha vida. Não me importa se pensar que eu sou…
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  — Arabella! — Jade jogou os braços no meu pescoço, me puxando para um abraço. — Você aguentou muita coisa e, assim como eu, sei que ainda está. Eu não tenho que achar nada, mas — ele segurou o meu rosto — eu acho que Arabella Fiore é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. E não é preciso passar muito tempo com você para perceber isso. Eu sinto muito por termos que sofrer tanto, nenhum de nós merecia isso. Eu prometo que vamos nos vingar deles e que iremos fazer novas lembranças longe de todo o mal que essas pessoas nos causaram… — pausou. — Não foi nada fácil para mim…
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  Sua voz saiu por um fio e eu pus a minha mão por cima da sua, na tentativa de consola-lo. O nó preso na garganta ia se desfazendo de pouco a pouco, de modo que em algum dia, estaríamos livres dele para corrermos mundo à fora sem preocupações.
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  — Meus pais nunca gostaram de mim e viviam me comparando a você. Não que tivéssemos contato, todavia, só do meu pai saber que o seu irmão possuía um título tão grandioso quanto o de "marquês", era o suficiente para ele descontar em mim. A sua esposa, Sally, não é minha mãe biológica; ela nunca gostou do fato de eu lembrar muito a minha mãe, então Sally sempre me ignorou. Quando as agressões começaram, a mulher ficava ao lado de Richard o incentivando, e ao me ver usando outros tipos de roupa, ela enlouqueceu. Para ela, eu usar roupas consideradas femininas a fazia pensar em mamãe, o que atiçava o seu ciúme… Ciúme de uma pessoa morta, estranho, não é? — Mya riu sem humor, mexendo sem interesse na sua torta. — Ela sempre me viu como uma ameaça por achar que eu assumiria o papel de Richard e herdaria a casa, o que a levou a me matricular em alguns trabalhos voluntários perto das fronteiras; a única coisa decente que ela já fez por mim. De quinta-feira à segunda, eu ficava longe da casa, e como os trabalhos eram em um único dia, eu aproveitava os restantes para fazer pesquisas e aprender mais sobre a magia da cura. Felizmente, eles não sabem disso.
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  Jade relaxou o corpo na cadeira e suspirou. Escutar sua história me fazia sentir ainda mais raiva de toda a família Castillo, e ele continuou dizendo que só soube me contatar por eu ter sido a notícia em sua residência. Richard escutou os comentários sobre minha ida à festa e à cidade, falando em casa sobre, o que fez com que Jade no mesmo instante me procurasse. Ele foi pessoalmente até o castelo e ficou esperando ser atendido por mais de meia hora até que Rin fosse investiga-lo. Mya contou com detalhes a feição que minha empregada fez, além dela deixar claro que não se responsabilizaria pela falta de resposta, já que sou muito ocupada. Sorri com o seu relato, Rin definitivamente é uma ótima amiga e merecia um aumento.
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  Depois de limparmos as lágrimas e finalizarmos nossos lanches, comprei metade dos doces da vitrine, em forma de desculpas para a confeiteira que pensou que choramos por não gostar de seu trabalho.
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  — Não sei o que vamos fazer com tantas tortas. — Meu primo suspirou.
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  — Distribuiremos entre os empregados do castelo, aposto que não vão negar um mimo, sim? — Começamos a andar, indo a última loja que era perto da confeitaria.
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  — Arabella, já peguei o que faltava. — Jade surgiu ao meu lado depois de sumir por alguns minutos — Vamos?
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  — Claro, Felippa foi na frente para informar ao cocheiro. Sabe, Mya... — Me virei para ele, o vendo confuso. — Está tudo bem em reclamar pelo modo que o Sir Tartosa te olhou. Não quero que se cale por achar que não deva expressar o seu descontentamento.
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  Meu primo suspirou, como se pensasse "fui pego"; não foi difícil observar os olhares dos demais em si, e muitos deles, como de Ryle Tartosa, foram discriminatórios.
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  — Isso é algo que eu já estou acostumado, então a tendência é apenas ignorá-los. Nenhum deles pagará os meus bens, certo?
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  — Exato. — Apertei sua mão em forma de conforto. — Contudo, está tudo bem em respondê-los, ninguém no castelo te julgará por isso, caso você se preocupe com a opinião deles.
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  — Oh… Eles são bem receptivos, não é? Fiquei surpreso, sempre achei que a duquesa fosse alguém rígida e séria… Não que ela não seja, entretanto, ela é mais carinhosa do que falavam. O duque até me elogiou, disse que saia caía bem em mim. — Perceber a felicidade de Jade em seu olhar aqueceu o meu coração, o que me deu vontade de apertar suas bochechas.
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  — Hum… Acho que devemos lhes mostrar nossas novas roupas, certo?
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  — Só pra eles? — Mya fez um bico, arrancando uma gargalhada minha.
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  — Para quem mais você quer se amostrar, Mya Mya? — Arqueei uma sobrancelha, curiosa para saber se minhas suspeitas estavam corretas.
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  — Para o Eth. — Ele assobiou e desviou o olhar. As suas bochechas começaram a corar em seguida.
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  — Ah, é por isso que vocês estavam grudados e eu precisei ameaçá-los?
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  — Falando assim parece até que não fiz outra coisa a não ser estar com ele… — Jade me ajudou a subir na carruagem, se acomodando assim que sentei.
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  — E o que vocês fizeram nesses três dias que eu dormi?
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  — Ficamos com você! E… — Ele respirou fundo, enrolando uma mecha de seu longo cabelo no seu dedo. — Conversamos sobre muitos assuntos relacionados à magia, e percebemos que temos muito em comum, além de nossas viagens pelo reino. —É impressão minha ou todas as pessoas desse mundo se conectam rapidamente?
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  — Ah, realmente! — Bati a mão na testa. — Isso me fez lembrar que gostaria de sua ajuda em algo. Vejamos, Ethan tem um admirador secreto…
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  — Ele tem? — Vi seu ânimo murchar.
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  — Não precisa ficar tão desanimado, Mya Mya. Voltando ao assunto, estamos nos programando de ir para perto da fronteira com a região oeste para reunirmos algumas informações, e como você viajou para diversos lugares, queremos que nos ajude.
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  — Hum, tudo bem. Não posso ficar chateado, afinal, também tenho um admirador que tenho um grande apreço. — Jade empinou o nariz.
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  — Ora ora, mais trabalhos para a nossa trupe, então! — Bati palmas animadas.
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  — Não será algo fácil, Arabella. Se essa pessoa for que nem eu, encontra-la vai ser complicado. O fluxo de pessoas que passam por aquelas pensões é enorme, e as que não usam o nome real é o dobro; eu, por exemplo, assinava apenas com as iniciais, enquanto alguns correspondentes utilizavam pseudônimos. Veja…
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  Nossa conversa se estendeu mais um pouco, e tentávamos pensar em possibilidades plausíveis para investigarmos a fundo.
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  A volta para o castelo foi tranquila, e ao sermos recebidos por todos ontem, fui informada que mais cartas de Ryle haviam chegado. Não sei o que ele está querendo com isso tudo, porém, compreendo que ele continua o mesmo da história original, ou seja: já deve estar arrumando uma forma de conseguir me ver. Os pedaços de papéis eram recheados de frases clichês e cheiravam ao seu ego inflado, o que me fazia rolar tanto os olhos que eu achei por um momento que eles sairiam de seus lugares. Soube também que Alicia Mendes continuava a contatar Killian, causando o mesmo incômodo que Ryle provocava, me deixando ainda mais em alerta. Em um universo de romance, como em muitos que já li, é comum ter "rivais" amorosos, e creio que tanto Tartosa como Mendes seriam os nossos — mesmo que ambos não tenham chance alguma. E por falar em Lian, ele estava ajeitando as madeiras da lareira do meu quarto, a fim de manter o ambiente um pouco mais quente, já que hoje é uma das noites em que está fazendo frio. O observei alongar as costas, namorando o seu físico que o roupão me mostrava, desejando que ele o abrisse por completo. Antes que eu começasse a babar pelo rapaz, Bellerose me entregou uma xícara e se juntou a mim na cama, me puxando para mais perto.
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  — Finalmente, um momento a sós! — Killian ergueu a mão. — Um brinde para o nosso reencontro!
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  — Será que os cidadãos de Bellary sabem que o futuro duque deles é tão dramático? — O encarei brincalhona. — Só fiquei fora por três dias, minha lua.
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  — Para mim parece que foi bem mais, Bella. Foi desesperador te ver daquele jeito.
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  — Eu sei, Lian. — Coloquei o chocolate quente de lado e me posicionei entre as suas pernas, deitando a cabeça em seu peito. — O importante é que está tudo bem agora, sim?
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  — A senhorita está proibida de me assustar desse jeito, e sem direito a argumentar. — Ele riu. — Todos ficaram extremamente preocupados com você, tão preocupados que decidiram dormir no seu quarto. Nymph achou uma graça.
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  — Ela deve ter adorado… — Sorri com a menção dela. — Inclusive, quando conhecerei o seu familiar?
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  — Você já o conheceu, Bella. — O olhei confusa. — Se lembra que em um dos treinos, apareceu um gato na árvore? — Assenti. — Então, é o Rose. A sua forma é de um felino.
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  — Mentira! Você precisa nos introduzir formalmente, Killian Bellerose!
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  — Tudo bem, tudo bem, meu sol. Todavia, só amanhã, tudo bem? — Suspirei pesadamente. — Não fique assim, agora Rose e Nymph devem estar vagando pelas ruas. Ambos alegaram que precisavam pôr a fofoca em dia, algo assim.
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  Lian e eu combinamos de passar a noite juntos por conta do pouco tempo que teríamos até o festival; desde que acordei, ele fez questão de estar comigo sempre que podia, e optamos por deixar as nossas noites livres pelo restante da semana para que possamos ter esses momentos de chocolate quente e conversas aleatórias. O duque e a duquesa decidiram em levar as crianças para passeios noturnos nos diversos jardins que o castelo tinha, acompanhados de Serene, Rin, Cliff e Noel. Meus irmãos e os de Killian vinham após suas aulas para brincarmos e lancharmos, e os jantares, ao invés de 3 vezes por semana, foram feitos em família todos os dias. Nós abrimos mão de algum dos afazeres ou mudávamos nossos horários para podermos estar reunidos, e isso fazia com que cada vez mais eu sentisse como se eu pertencesse a um lugar. Afastei os pensamentos a tempo de evitar algumas lágrimas de rolarem, e envolvi ainda mais Lian no meu abraço, adormecendo com o seu calor.
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  N/A: Oi, xuxus!
  O que acharam desse capítulo? Muita informação, massss, eu estava ansiosa para introduzir a Nymph pra vocês! E o sonho da Bella, ela com a mini Arabella? Fofas demais, manoooo. Inclusive, qual elemento vocês acham que é o da Bella? Opiniões sobre ela ter acordado os poderes dela?
  A próxima att será a dupla e eu APOSTO que vocês irão A-M-A-R!!!
  E por falar na att dupla, infelizmente, não sei se sairá esse mês ainda :( rolou uns imprevistos com a autora, então não sei quando exatamente postarei os capítulos. Maaas, em dezembro, teremos capítulos diferentes! Um deles será um especial de natal, espero que gostem!
  Até o próximo capítulo <3

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Lelen

Gente, Nymph, já mora no meu coração.
Eu tô criando uma teoria de que a Akira era a verdadeira Arabella desde o começo e que ela foi enviada pro nosso mundo por engano ou sei lá, trocou de corpo com a verdadeira Akira LOL
(A melhor coisa de histórias de fantasia é que a gente pode viajar horrores com as teorias que tá tudo bem KKKKKKKKK)
E Liv, me diz a real: os admiradores secretos se encontraram, né? CERTEZA. É PRA SER. E SE NÃO FOR, ESSES DOIS PRECISAM FICAR JUNTOS NO FINAL PORQUE JÁ TÔ SHIPPANDO.

Liv

Nymph ganhando corações com a sua primeira aparição, ADORO hahaha
Te falar, curti essa teoria, será?
Nos próximos capítulos você descobrirá hihihi (mas eu shippo também rs)

Meron

Eu sou APAIXONADA no Killian mds ;-; espero mesmo que o Ethan não entre para atrapalhar o romance do Killian com a Arabella u…u
A cada capítulo eu fico mais ansiosa pra saber mais sobre como a Arabella virou a “vilã” na história original.
Enfim , Liv sua história é incrível , estou super ansiosa pra ler mais capítulos <3

Liv

Meron! E quem não é, né? Killian é o mozão de muitas HAHAHAHA
Posso te garantir que o Ethan é um amorzinho, mas… será que ele atrapalhará o nosso querido casal? hehe
Aos poucos vamos descobrindo mais do passado da Bella!
Muito obrigada por acompanhar! <3

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