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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Arco 1 - A Vilã da Casa Bellerose

Escrita porLiv
Revisada por Lelen

– The Villainess Of The House Bellerose –


Capítulo 4

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

A única coisa que meus antigos parentes me ensinaram antes de me abandonar foi a me adequar rapidamente a qualquer situação, por pior que fosse. Por vivermos amontoados em dívidas, sempre nos deslocamos de um lugar para o outro, até o momento que me levar junto se tornou um custo maior do que esperavam. Suas palavras se repetiam na minha mente em qualquer momento difícil, e por mais que eu quisesse ignorar, eu lhes dava um pouco da razão.
  Assim como na minha vida passada, a antiga Arabella precisou se adaptar drasticamente à todas as mudanças que ocorreram rapidamente e, agora, comigo “reencarnada” como ela, não seria diferente. Com a falta de atenção e a burrice do marquês, foi fácil conseguir dinheiro suficiente para o meu planejamento; enquanto estava ocupado em ser uma pessoa horrível — me ameaçando e cometendo micro agressões —, eu recepcionava todos os seus convidados que iam na casa durante a semana, a fim de criar um cenário onde eles quase descobrissem o que eu sofria. No entanto, por ainda não ser a hora de revelar todas as crueldades do homem, precisei calcular bem o tempo para que meu plano fosse efetivo.
  Mesmo que os outros o vissem pondo as mãos em mim, provavelmente não interfeririam, como belos covardes que são. Mas, para manter o seu status e imagem intocados, Perci Fiore não faria nada na frente de seus sócios, ao invés disso, ele estava armazenando sua irritação por dias, sendo incapaz de fazer o que bem entendesse comigo.
  Aproveitando as oportunidades, eu e Giovanna organizávamos um dossiê com o máximo de provas contra o marquês que conseguimos durante esses quinze dias, de acordo com o nosso baile. Desde a nossa primeira ida à cidade, comentei com Anna sobre o meu plano de vingança e que eu pretendia fugir com os meus irmãos antes do plot começar — deixando a informação sobre a história original de fora, por enquanto. Ela concordou com a minha ideia, todavia, levantou a questão de que se eu fugisse, as chances do homem colocar uma equipe atrás de mim seria grande, podendo movimentar até a família real por causa da posição de mamãe e tornando nossas vidas piores do que são. Minha amiga estava certa, o que nos encaminhou a pensar na possibilidade de eu ser expulsa pelo próprio, já que ele não havia feito por eu não ter dado motivos palpáveis. Em suma, o esqueleto principal do nosso baile estava saindo do forno e conforme os dias se passaram, pude aproveitar as várias brechas para pôr em ação o que tínhamos combinado.
  Ao se conhecerem, Giovanna e Arabella determinaram algumas palavras chaves e as deram um novo significado, podendo assim conversar sobre seus assuntos importantes sem serem observadas por terceiros. Conhecido como uma festividade comum em todo o reino, bailes são eventos que podem possuir vários cenários e objetivos, sendo importante planejá-lo com certa antecedência para que os detalhes saiam da melhor forma. E, para dar continuidade à nossa lista de afazeres, meus pés deram os seus primeiros passos para fora do quarto, o qual fechei a porta de costas e comecei a atravessar o longo corredor.
  O tapete que eu pisava tinha diversos desenhos de forma que parecia que estava contando a história de alguma guerra antiga, com seus guerreiros armados e animais espalhados. Mesmo com serventes para todo o lado, o único som que eu me concentrei foi o dos meus saltos, ajustando a minha respiração conforme eles tocavam o chão. Os olhares dos demais vinham como flechas nos meus ombros, de modo que dissessem que a minha presença não é aceita ali e que ela os irritavam. Minhas mãos, cobertas por luvas rendadas, tocaram as maçanetas frias calmamente, dando um minuto a mais para que eu respirasse fundo pela última vez antes de girá-las.
  A atmosfera densa e hostil é a primeira percepção que tenho antes de ser recebia com um tapa em meu rosto; a ardência surgiu velozmente e levei meus dedos à minha bochecha, sentindo a parte da pele atingida quente. Enquanto o homem patético andava impaciente de uma janela a outra, bradava fervorosamente todos os xingamentos e ameaças que proferia a mim desde mais nova. Pude ver o selo da carta amassada que ele carregava e me limitei em dar um sorriso de canto, vendo que a cereja do bolo tinha sido entregue a tempo.
  Os aliados do marquês são escolhidos a dedo, sendo mercadores descartáveis o suficiente para o homem jogá-los fora quando não lhe servissem mais, então, integrantes da nobreza nem sonhavam em adentrar a sua lista de parcerias.
  Perci Fiore sabia que na primeira oportunidade, os nobres o colocariam na beirada da prancha, sem remorso algum — mesmo que se beneficiem do “negócio”. Afinal, nenhum deles era tão ingênuo de cair em contratos fraudulentos e correr o risco de serem presos. Agindo com o seu mau-caratismo e ganância para cima dos desavisados, os seus sócios são, em sua maioria, tão sujos e burros quanto o mais velho — o que o auxiliava e se fazia passar por inteligente era a sua lábia.
  Vinda diretamente da família LeBlanc e sendo um dos maiores terrores do marquês, a carta em questão é uma resposta do único filho e herdeiro do visconde Ariel LeBlanc e da viscondessa Zahara LeBlanc, ambos participantes da ordem. Ethan LeBlanc é um dos mais jovens cavaleiros do exército do norte, juntamente de seu melhor amigo e futuro duque, Killian Bellerose. Com seu status e suas habilidades tanto com a espada quanto com magia, não era surpresa que sua falta de interesse em casamentos faria com que o seu pai começasse a apresentá-lo para as senhoritas do reino, a fim de achar a candidata perfeita para seu primogênito — e se ela fosse uma descendente direta da ordem, o jackpot seria incrível.
  Na história original há menções de que o Ethan observava Arabella de longe, no entanto, nunca houve nenhuma interação entre os dois. Claro que isso se deve ao marquês manter a própria filha alheia dos muitos pedidos que recebia, e quando lembrei que o homem escondia as cartas designadas a mim em uma de suas gavetas, não pude deixar de encontrar uma forma de tê-las. Para o meu agrado, suas chaves ficavam em seu escritório, então não foi difícil colocar as mãos nos diversos papéis e lê-los. A carta de Ethan foi a que mais prendeu minha atenção, sendo minimamente a mais interessante e a que ajudaria no meu plano inicial e a estressar ainda mais o marquês. Respondi da mesma forma que o remetente, fingindo ter interesse em seu convite e aguardei a sua carta chegar, rezando para que caísse nas mãos de Perci Fiore — e minhas preces foram ouvidas!
  — Quais são as suas intenções com isso, Arabella? — Exalando sua ira sem esforços, apontou seu dedo na minha direção. — Quando te autorizei a trocar cartas com o filho do visconde?
  — O senhor nunca me proibiu de conversar com outros nobres — pausei, penteando as madeixas do meu rabo de cavalo baixo. — E com o meu debute na sociedade se aproximando, achei que ficaria feliz em saber que tenho propostas de casamento.
  — Ha! Feliz? A única coisa que me deixaria feliz seria te vender para qualquer um que pagasse bem! Você ainda tem esperanças de se casar com esse rosto? — Ele segurou meu maxilar e apertou fortemente, me forçando a encará-lo. — Arabella, pela milésima vez, repetirei para você: ninguém gostará de uma menina que o único talento é ser burra, compreende? Arabella Fiore é uma grande vergonha para a minha casa e é nada sem mim. Nada! — Aos gritos, aumentou a intensidade da força em sua mão e empurrou o meu corpo para trás até que eu atingisse a porta.
  — Ha… tem certeza de que eu sou nada sem você? — retruquei em meio a uma gargalhada, ajeitando a minha postura e parando na sua frente. — Responda-me uma questão, marquês: se não fosse pelo dinheiro da mamãe, o marquês realmente seria alguém na vida? Nós dois sabemos que só tem uma resposta possível, não é, marquês Fiore? — sussurrei em seu ouvido.
  — Sua! Como você ousa falar comigo nesse tom? Perdeu a vontade de ter seus minutos de liberdade, é? Espero que viva terrivelmente nas ruas com os bastardos dos seus irmãos, Arabella!
  No segundo seguinte, Perci Fiore enrolou seus dedos no meu cabelo e o puxou violentamente para baixo, provocando uma dor que iniciou a dar pontadas em minha cabeça. Em meio aos seus berros e a minha visão turva, tive a lembrança de uma memória embaçada: uma mulher trançava os fios vermelhos e longos de uma criança, enquanto contava alguma história na cadeira de balanço. Sua voz não é nítida, mas eu consegui escutar brevemente uma de suas frases; tateei a lateral da mesa com dificuldade, até sentir a parte gélida do metal, que é onde está gravado o brasão da família. Deslizei minha mão para a sua base, encaixando-a da melhor maneira que a situação permitia e a segurei firmemente, traçando a linha imaginária criada nesses segundos de impulsividade e cortei o que me prendia ao homem que tornou a minha vida um inferno.
  Como se fossem folhas caídas no chão durante a troca das estações, observei o meu cabelo sendo levado pelo vento e com a vinda da brisa, uma sensação mista invadiu o meu interior. O peso dos meus ombros se esvaía gradativamente, dando abertura para a adrenalina e o seu êxtase tomar posse de mim; pela primeira vez, Arabella pôde saborear a alegria que é ser livre sem ter alguém para dilacerar as suas asas e eu não podia estar mais feliz.
  Sem aviso prévio, dei as costas para aquela casa com a espada, atraindo os olhares curiosos e horrorizados dos empregados que estavam espalhados pelo jardim. Distribuí com a mesma gentileza o meu dedo do meio para todos, sem me importar com suas reações. Finalmente, dei um passo para fora da residência Fiore e soltei o ar, pondo o capuz antes de continuar o trajeto que me levaria aos meus irmãos e à Anna, sendo recebida pelo trio com sorrisos e acenos calorosos.

“Muitos não sabem, mas há um segredo que só a Ordem tem conhecimento… Como minha filha é tão fofa, vou compartilhar com ela, tudo bem? Se a espada que protege a casa de um dos soldados mais importantes escolher um novo dono, sua lâmina mudará de cor, se tornando a mais afiada de todo o reino e garantindo, assim, sua proteção aonde quer que a leve

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