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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Arco 1 - A Vilã da Casa Bellerose

Escrita porLiv
Revisada por Lelen

– The Villainess Of The House Bellerose –


Capítulo 1

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

  — Finalmente, o último capítulo foi postado!
  Desci do ônibus com os olhos vidrados no meu celular, já salvando nos meus favoritos o capítulo mais aguardado de um de meus manhwas favoritos. Sem prestar muita atenção no caminho, andei o mais rápido que consegui para chegar em casa e ter um tempinho antes de ter que ir para o meu outro emprego. Como sou liberada somente meia-noite e o cansaço do dia se acumula, não tenho forças para postergar a minha tão adorada leitura, ainda mais na reta final. E a ansiedade não me daria um descanso — a curiosidade sempre fala mais alto –, todavia, sou responsável o bastante para saber que ler enquanto ando não é a melhor combinação. Alguns acidentes durante os últimos meses haviam ocorrido tanto por pedestres quanto por motoristas que não desgrudavam de seus celulares, então, sendo um bom exemplo, logo guardei o meu e me chamei de hipócrita, soltando uma risada abafada. Vinte minutos se passaram e pude avistar a fachada antiga do prédio de onde eu moro, e observei que a senhoria estava na porta juntamente de seu neto. Por ser filha única — e abandonada por ambos os pais –, cresci sempre querendo ter um irmão mais novo ou alguém que pudesse compartilhar todas as novidades, e assim que me mudei para esse lugar, fui acolhida pela dona e às vezes eu trabalhava como babá de seu neto, que até me chamava de irmã mais velha. Cumprimentei os dois e corri pelas escadas, alcancei minha porta e girei a maçaneta com certa pressa, já tirando minhas roupas pelo trajeto e indo tomar um banho. Na parte da manhã todos os meus pertences para mais tarde já estavam organizados, me dando meia hora a mais para saborear um sanduíche e entregar a minha atenção para a “Vilã Da Casa Bellerose”. Vesti meu pijama e arrumei a minha escrivaninha, liguei o notebook e abri a página da história, dando início ao final.
  — Realmente, eu mal posso esperar para ver a conclusão!

*

  — Isso eu não aceito! — exclamei irritadamente pegando minha bolsa. — A história é tão boa, mas por que o final da Arabella foi tão trágico? Claro, ela é taxada como vilã, óbvio que teria um final ruim, porém… Ela sofreu mais que todos ali! — Joguei meu travesseiro na cama e suspirei fundo, enxugando as lágrimas do meu rosto e caminhei para as escadas, mais uma vez.
  — Já saindo para o trabalho, Akira? — A senhoria sorriu. — Vá com cuidado, filha.
  — Obrigada, senhora Yoko! Nos vemos mais tarde, Yuri!
  Com o aceno do pequeno, segui para mais uma andada de meia hora até o meu destino e fui tentando digerir tudo o que aconteceu nesse último capítulo. Por mais triste que eu esteja pela morte da Arabella, fiquei feliz por ter acompanhado a sua história, quase como se eu fosse uma amiga próxima sua. Os cenários, os personagens, o plot! Tudo foi tão bem elaborado e escrito, além de que o traço da autora é tão bonito que me deixou mais apaixonada ainda pelo manhwa!Quando uma colega da faculdade me indicou, eu não esperava ficar tão animada, e cá estou, com meus pensamentos todos voltados à história e sem acreditar que acabou. A autora disse que não pretende fazer nenhuma side story e que prefere imaginar que seus personagens prosseguiram os seus caminhos por si próprios, restando para nós, meros leitores mortais, criar teorias sem respostas para o futuro deles. Entretanto, algumas dúvidas restaram, mas, quando percebi, estava dando boa noite para o meu chefe e pondo o meu avental.
  Depois de cinco horas estocando as prateleiras, atendendo clientes e fazendo levantamento dos produtos, pendurei o avental e me despedi dos meus colegas e superiores, que iam para o lado contrário do meu. Como os ônibus haviam parado de rodar, aproveitei de mais uma caminhada e o que ela tinha para oferecer: a brisa fresca e o silêncio. Um ótimo momento para criar hipóteses sobre a história e suas pontas soltas, enquanto eu observo as folhas que caíam das árvores por conta da estação.
  Minha mente absorvia inúmeras ideias que eu ia tendo, e aproveitei para checar as mensagens ao esperar o sinal fechar. Grupos da faculdade falando sobre as provas e sms com promoções de mercado, uma ou outra atualização de colegas nas redes sociais e, para ser sincera, nada muito interessante. Olhei para ambos os lados e atravessei a larga e praticamente deserta rua, ainda sem superar a história e pensando em entrar nos fóruns para comentar sobre com outras pessoas. Entretanto, o meu entusiasmo foi substituído por uma dor absurda e uma escuridão, e as últimas palavras que escutei foram “aguente firme, estou chamando a ambulância para você”.
  — Quem é que deixa a janela de um hospital aberta?
  A primeira coisa que senti foi um frio terrível. Era como se fosse inverno e eu estivesse vestindo roupas que usavam durante o verão, e a primeira reação que tive foi procurar por cobertas, mas o que achei foi um lençol remendado. Minha visão estava um pouco borrada e, ao tentar levantar, percebi que não tinha forças na perna e caí no chão. Tateei até encontrar algo que pudesse ajudar a me sustentar, e quando consegui enxergar claramente o meu reflexo no espelho, um arrepio tomou conta do meu corpo. A imagem à frente definitivamente não correspondia ao que eu estava acostumada; o quarto não era de um hospital, e sim de uma casa que eu conhecia como a palma da minha mão.
  — Cabelo longo vermelho, olhos dourados e um vestido rasgado verde… — Levei meus dedos para minhas bochechas, apertando-as sem piedade. — Eu me tornei... a Arabella?!

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