Alter Ego

Escrita porLelen
Revisada por Lelen

Um • Princeton-Plainsboro

Tempo estimado de leitura: 9 minutos

  Aquele nojento tinha que parar de me pressionar, detesto ser pressionada, ainda mais por um fracassado como Bob que faz qualquer coisa por uma migalha de pão. Quem ele pensava que era para me chantagear? Desliguei a droga do celular sem deixar que o inútil do meu colega de trabalho terminasse a frase que queria. Pouco me importava o que ele tinha para dizer ou reclamar, eu o tinha em minhas mãos e ele sabia disso. Mas é claro que é da natureza masculina querer parecer superior às mulheres, e é por isso que Bob Jenkins acabara de ferrar qualquer oportunidade de subir de cargo com a ajuda da minha pessoa. Eu já havia conseguido tudo o que queria com ele; Jenkins já não me servia de nada, a não ser para lamber o chão no qual piso. Já havia algum tempo que Bob vinha com suas chantagens baratas e nada elaboradas para cima de mim, eu estava cansada de ter de aturá-lo e naquela manhã de sexta ele teria uma surpresinha quando chegasse ao trabalho.
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  Liguei o rádio do carro numa estação qualquer enquanto dirigia para uma filial da empresa onde trabalhava. Minutos de paz foram míseros, logo o celular tocou novamente, um barulho irritante para meus ouvidos. Foi algo estranho o que aconteceu. A cada toque novo do aparelho que se encontrava no banco do carona, mais o som parecia irritar minha audição. Alguns segundos e a irritação passou para uma grande pressão em meus ouvidos e a dor insuportável não tardou a chegar. Freei bruscamente com o carro quando a dor se tornou ainda pior, as buzinas irritadas apenas agravando a dor. Saí do carro tonta e caí de joelhos no asfalto sem me importar com os motoristas hostis que me xingavam ou buzinavam enquanto passavam por mim. Tentei sanar a dor tapando meus ouvidos, mas a cada carro que passava por mim buzinando, mais eu sentia que meus tímpanos estavam prestes a estourar, então gritei de dor.
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  Eu ainda sentia minha cabeça latejar e meus ouvidos vibrarem pelo ocorrido. Um homem parou seu carro atrás do meu e com gentileza ajudou-me a sair do meio da rua, logo depois ligando para a emergência. Trouxeram-me ao hospital Princeton Plainsboro e depois de me submeterem a uma série de exames e me medicarem, me largaram naquela porcaria de ala de emergência numa maca que fedia a gente. Queria por todo o céu sair daquele lugar cheio de moribundos que me encaravam como se não tivessem que se preocupar com suas próprias vidas… Não conseguia entender por que eles ainda me prendiam ali. Tudo estava melhor, meus ouvidos não doíam mais; por que continuar com essa inutilidade?
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  Eu estava irritada, então resolveram ligar para meu marido. Não sei de onde diabos eles conseguiram o número de %Michael%, só o que sei é que logo ele estava sentando ao meu lado na ala de emergência segurando minha mão, completamente preocupado.
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  — Estou bem, %Mike% — murmurei. — Só quero ir embora.
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  — Eles disseram que vão te encaminhar para uma área de diagnósticos com profissionais mais competentes para seu caso — %Michael% murmurou de volta dando-me um beijo na testa.
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  Suspirei. Como eu detestava quando ele queria dar uma de esperto tentando me explicar alguma coisa que sequer ele mesmo entendia.
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  Finalmente me tiraram daquela ala irritante e por algum motivo me levaram ao andar de internação. Eu me sentia melhor, por que precisava ficar ali e em especial naquele andar?
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  — Seu caso foi passado para o Dr. Gregory House — uma enfermeira explicou anotando alguma coisa em minha ficha.
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  Gregory House, hein? Interessante o número de vezes que ouvi falar seu nome e o de sua maravilhosa e competente equipe. Tudo bem, talvez não fosse assim tão ruim passar mais algumas horas ali. Ao menos a cama era mais confortável que a da ala de emergência.
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  Depois de alguns longos minutos com %Michael% contando sobre seu trabalho, quatro médicos vieram ao meu quarto.
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  — Olá, %Zoey% %Flanagan%, certo? — o homem negro cumprimentou ao mesmo tempo em que lia minha ficha. Assenti sorrindo ao reconhecê-los.
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  — Sim, %Zoey%. — Sorri encarando aos outros três. O mais baixo, Taub, parecia intrigado com algum fato; o loiro de olhos claros, Chase, parecia animado; o médico que me cumprimentara primeiro, Foreman, parecia indiferente, mas mantendo o sorriso nos lábios; a única mulher do grupo, Hadley, parecia estar preocupada com outras coisas.
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  — Você teve uma arritmia cardíaca — Chase começou explicando enquanto empurrava uma cadeira de rodas em direção à minha cama.
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  — Arritmia cardíaca? Isso não deveria se manifestar no coração? — perguntei erguendo a sobrancelha.
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  — Bem, algumas raras vezes ela se manifesta como dor no ouvido e eis por que estamos aqui, vamos fazer alguns exames — o Dr. Robert continuou sua explicação, ainda com um sorriso de interesse nos lábios. Assenti compreendendo.
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  — Interessante, doutores Taub, Chase, Foreman e Hadley! — exclamei encarando a cada um.
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  — Acertou os quatro! — Taub se pronunciou pela primeira vez.
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  — Incrível, tantos médicos e todos tão atenciosos para cuidarem de mim. — Sorri me levantando com cuidado da cama para me sentar na cadeira de rodas que eles trouxeram.
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  — Pois é, nem precisávamos estar todos aqui. — Ouvi a doutora Hadley retrucar e então olhei para ela por alguns instantes, ela parecia não ter gostado de mim.
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  — Bom, o fato é que seu caso é muito interessante e também um desafio para nós… Estamos todos interessados — Chase murmurou empurrando a cadeira de rodas em direção ao corredor.
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  Levaram-me a uma sala de exames onde me fizeram um ecocardiograma e algumas coisas mais, apesar de toda a atenção, aquilo era entediante.
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  Em meia hora estava tudo pronto e então os quatro médicos e %Michael% me levaram de volta ao quarto.
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  — Oi, %Zô%. — Ouvi uma voz conhecida murmurar assim que entrei no quarto. Era Bob.
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  — Bob, legal da sua parte vir visitar a %Zoey%. — Ouvi %Michael% murmurar olhando em direção ao visitante com um sorriso um tanto cordial. Ele não sabia por que Bob estava ali, não como eu.
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  — É, agora eu tenho bastante tempo livre — Jenkins retrucou se levantando da poltrona em que estivera sentado por longos minutos esperando que eu chegasse. — Graças a você, %Zoey%. — Ele olhou em minha direção com rancor.
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  — Você foi o incompetente e quer colocar a culpa em mim? — perguntei.
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  — Eu fiquei sabendo da tal ligação anônima, %Flanagan%! — Bob exclamou com raiva apontando em minha direção.
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  — Então é isso, Jenkins? Vai cuspir no prato que comeu? — perguntei sentindo outros cinco olhares sobre mim. — Se não fosse por mim, nem aqui você estaria — retruquei lançando-lhe um olhar nada gentil.
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  — Ah é, agradeço por ter me botado no olho da rua — ele murmurou visivelmente alterado. — Mas não importa, eu só vim me despedir de você — ele murmurou caminhando até mim. Bob se inclinou em minha direção segurando meu rosto.
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  — O que pensa que tá fazendo?! — exclamei no mesmo instante em que %Michael% puxou o homem para longe de mim.
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  — Nunca mais toque na minha esposa — %Mike% murmurou sério enquanto continuava a segurar Jenkins. Sua mão livre estava em punho, os nós dos dedos destacados.
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  — Você é um panaca, %Flanagan%. Ela não te ama mais do que me ama — Bob murmurou com um sorriso tonto nos lábios.
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  — Que merda é essa, Jenkins? — %Michael% perguntou já alterado.
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  — Eu tive um caso com ela, espertão. — Bob sorriu ainda mais enquanto via %Mike% se afastar um pouco.
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  — Escuta, é melhor você voltar outra hora — a doutora Hadley murmurou fazendo sinal para os seguranças do andar enquanto encarava a cena, incrédula.
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  — Tudo bem, tudo bem, já estou saindo! — Jenkins exclamou erguendo os braços. — Adeusinho, %Flanagan% — Bob murmurou com seu sorrisinho idiota nos lábios.
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  Respirei pesadamente e logo %Michael% estava ajoelhado a minha frente acariciando meu rosto.
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  — Você tá bem? — perguntou levantando meu rosto para poder encará-lo.
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  — Tô. — Funguei. — Você não acreditou no que ele disse, acreditou? Sabe que é tudo mentira, não sabe? — questionei demonstrando minha aflição.
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  — Hei, calma. É claro que não acredito, ele é só um babaca. — %Michael% levantou-se e me deu um beijo na testa voltando a acariciar meu rosto.
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  — Eu te amo, %Mike%… — murmurei envolvendo a cintura dele num abraço.
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  — Também te amo, %Zô%. — Ouvi ele dizer de volta.
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