Capítulo Catorze
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Meu corpo e minha mente estavam ligados de uma maneira incompreensível, pensando em todas as possibilidades que poderiam ter nos trago até este momento. Estava claro que o assassino havia sido meticuloso em seu planejamento, e que os acontecimentos não só dessa noite, mas como as demais noites eram parte do seu plano, o que me deixava intrigada, no entanto, é que eu realmente queria saber o real motivo do assassino estar agindo dessa maneira, pois era óbvio que há alguma coisa por trás do seu comportamento. Essa questão dos assassinatos perdurou na minha mente enquanto %Minho% e eu fizemos o trajeto de volta até o local que deixei meu carro estacionado.
A leve brisa batendo em meu rosto ajuda a clarear meus pensamentos, e, parando para observar toda a situação de um jeito frio e calculista, talvez eu não pudesse confiar em ninguém cem por cento, até porque minha prioridade era descobrir quem era o verdadeiro autor desses crimes. Minhas palavras podem até soar um pouco genuínas, mas a verdade era que eu queria acabar logo com tudo isso, e talvez esse tenha sido o motivo de eu acreditar que Eleanor era a verdadeira assassina, pois para mim seria muito mais fácil culpá-la. No entanto, nada parecia ligá-la às mortes que estavam acontecendo, o que me deixava completamente inquieta. Utilizar o pó da amnésia do %Hyunjin% tinha sido uma saída rápida para descobrir se ela era ou não a pessoa que eu estava procurando, e tenho que admitir que, por um momento, após os assassinatos terem parado, pensei que Eleanor fosse a verdadeira assassina, e admito também que talvez eu estivesse pensando em diversas maneiras de puni-la, porém a morte de hoje me deixou na estaca zero, e apenas o pensamento de ter que correr contra o tempo me deixava alarmada.
- %Minho%... – Seguro seu braço para impedi-lo de andar.
- O que foi, %Faith%? – pelas suas feições, ele não parecia muito satisfeito comigo.
- Acabei de pensar em algo muito sério. – compartilhar meus pensamentos nesse momento era um jeito de extravasar o que estava me deixando incomodada.
- Eu tenho muito medo quando você fala dessa maneira. – o humor dele parecia meio instável.
- Bom... – tento encontrar palavras que pudessem descrever corretamente o que eu queria contar a ele, mas não tinha certeza se isso soaria de forma positiva.
- Um tempinho atrás eu pedi para que %Hyunjin% me trouxesse um pó da amnésia. – dou um pequeno sorriso, %Minho% era uma das pessoas que me encorajava a concertar minhas burrices utilizando o pó, então ele não iria me repreender por isso.
- %Hyunjin% me contou sobre sua aventura na casa daquela garota. – aquele garoto era um fofoqueiro e nunca me deixava contar nada. – Passei horas escutando ele reclamar sobre o fato de você achar que ele é uma máquina de fazer antídotos para concertar suas burradas. – me sinto um pouco perplexa com suas palavras.
- %Hyunjin% gosta de ser dramático, mas ama nos ajudar. – minhas palavras soam um tanto quanto grosseiras. – Agora voltando ao assunto antes que eu perca o foco... E se... Estivermos lidando com um transmorfo? – pergunto de repente.
- Então temos um grande problema, pois pode ser qualquer pessoa. – concordo com ele. – O que podemos fazer?
- Talvez %Felix% e %Hyunjin% possam rastrear um transmorfo, se o que estamos lidando no momento for um. – pensamentos percorrem pela minha mente a mil por hora.
- %Faith%, o que você quer fazer realmente? – %Minho% me segura pelos ombros.
- Primeiro, eu tenho que tirar a prova de que Eleanor não é um transmorfo. – coço minha testa. – E para isso irei precisar de %Hyunjin% novamente.
- Você irá apagar a memória da garota? – ele não parecia muito feliz com a minha ideia. – Isso não parece certo, não quando feito recentemente. – fecho a cara.
- %Minho%... – minha voz soa um pouco melosa, pois eu precisava que ele amolecesse seus pensamentos.
- A garota pode ter efeitos colaterais, você está ciente disso? – sua voz soa um pouco áspera.
- Eu sei disso, porém, se ela for um transmorfo... – sou impedida de continuar falando.
- Podemos pedir apenas para que %Hyunjin% cheque se ela é ou não um transmorfo, se a resposta for positiva, então vocês poderão escolher o que fazer, caso contrário, ela permanece do jeito que está. – baixo minha cabeça e resmungo baixinho. – Você sabe que eu consigo ouvi-la, não é mesmo? – %Minho% solta uma pequena risada.
- Odeio isso. – começo a andar com passadas firmes.
- Me espere, %Faith%! – %Minho% praticamente berra no meio da rua e eu dou um olhar feio para ele, pois não queria que as pessoas nos ouvissem por aí.
- %Minho%... – o repreendo.
- Vamos lá! Não fique brava, você sabe que eu sempre penso no bem estar das pessoas ao meu redor, e %Faith%, você mais do que ninguém deveria saber que os efeitos colaterais de mexer com a mente das pessoas é péssimo. – reviro meus olhos.
- Eu sei disso, eu fiz minha lição de casa, e não é como se eu nunca tivesse sido cuidadosa com as pessoas. – começo a resmungar. – Você, melhor do que ninguém, sabe que apagar a mente das pessoas, e principalmente de alguns seres sobrenaturais, foi a única saída que achei para não matar ninguém. – eu estava começando a ficar irritada e com fome, então nada do que %Minho% falasse para mim no momento iria ser bem recebido.
- E eu serei eternamente grato por você pensar nas pessoas do nosso mundo, e de arrumar novas maneiras para solucionar as coisas, porém, nesse momento, eu não acho certo você simplesmente apagar a memória de uma pessoa sem ter uma confirmação.
- Por que você ficou assim de repente? – me refiro a sua postura.
- Porque eu não quero que mais ninguém se machuque. – suas palavras são curtas.
- Só me prometa uma coisa. – o encaro.
- Depende... – observo o momento que %Minho% semicerra os olhos para mim.
- Se pegarmos o verdadeiro assassino, você pode diminuir o castigo do meu tio? – engulo em seco, pois eu sabia que trazer esse assunto à tona iria deixar %Minho% irritado.
- Posso pensar em algo, porém ele ainda precisa ser punido pelos seus atos. – balanço minha cabeça concordando com ele.
- Apenas pense nisso. – mostro um pequeno sorriso, pois eu sabia que apesar de tudo, %Minho% era uma pessoa completamente compreensiva e às vezes até humano demais para um vampiro.
Parando para refletir sobre o quão compreensivo era %Minho%, uma lembrança de como o conheci me assola de repente. Eu lembro vagamente de estar em uma missão com %Echo%, nossa primeira missão em dupla, já que %Changbin% tinha se ferido anteriormente. Nós duas estávamos caminhando por uma cidade, de uma maneira calma para não chamar a atenção das pessoas ao nosso redor, e foi nesse momento que meus olhos se encontraram com %Minho%, talvez por eu ser um pouco inexperiente naquela época, eu tenha realmente achado que ele era apenas um humano inofensivo, até porque ele sabia se misturar muito bem entre os humanos, no entanto, sua identidade foi revelada mais tarde em um momento que eu e %Echo% estávamos em apuros e prestes a morrer. Eu realmente queria saber o que o impulsionou a nos salvar naquele dia, porém %Minho% nunca nos contou os seus motivos.
- %Faith%... – %Minho% segura minha mão, impedindo que eu continue minha caminhada.
- O quê? – me viro para encará-lo.
- Vou ser bem claro com você. – meu amigo assume uma postura mais severa. – Se eu ver que você ou %Echo% estão em perigo... – ele faz uma pausa. – Eu imediatamente irei levar vocês para bem longe daqui, fui claro? – suas palavras eram afiadas como uma faca e apenas concordo, apesar de achar errado fugir de uma briga, ela sendo favorável ou não para mim.
- Por acaso você apenas está fazendo isso por causa daquela vez? – mordo minha boca.
- Você sabe muito bem que não é apenas por causa daquela vez, e sim por todas as vezes que vocês se colocaram em perigo por causa da Ordem. – eu sabia que %Minho% sempre ficava chateado comigo e com %Echo% pelo fato de sempre nos metermos em confusão, porém era inevitável. – E vocês duas sempre acabam se ferindo por conta disso. – ele me encara. – O seu último ferimento quase tirou sua vida, e eu realmente fiquei apavorado com a ideia de não ter você ao meu lado. – parece pouco, mas momentos como esse deixavam meu coração mais quente, saber que %Minho% tinha apreço por mim era maravilhoso, pois ele era um dos meus melhores amigos no mundo, e dificilmente ele agia dessa maneira na minha frente.
- Eu também odeio quando fico ferida nas minhas missões, e é por isso que quero pegar o maldito de uma vez. – beijo sua bochecha.
- E esse é o motivo de eu estar ajudando vocês no momento. Eu realmente fiquei apavorado quando soube que você ficou ferida. – jogo minha cabeça para trás e solto uma risada.
- Mesmo quando tento esconder as coisas de você, você dá um jeito de descobrir. – balanço minha cabeça.
- É porque somos amigos, não costumo fazer isso com os outros. – me sinto tocada com suas palavras.
- Promete que não irá embora? – ergo meu dedo mindinho para ele.
- Prometo. – ele entrelaça seu dedo no meu.
- Você sabe que a partir do momento que fazemos esse tipo de promessa, ela não pode ser quebrada. – dou um beijo nos nossos dedos para selar a promessa.
- Eu sei disso. – %Minho% sorri. O típico sorriso sombrio dele, mas que era capaz de aquecer nossos corações.
- É por isso que eu amo você. – pisco para ele.
- Não fale isso perto de %Echo%, ela pode sentir ciúmes. – não era de hoje que %Minho% tinha um apreço diferente por %Echo%.
- %Minho%... – eu não sabia muito bem o que rolava entre os dois, e o fato de %Echo% ser uma pessoa muito simpática não me ajudava a desvendar sobre eles.
- Não comece com isso, %Faith%. – ele sabia muito que eu iria falar, mas prefere me interromper.
- Tudo bem. – levanto minhas mãos para cima. – Vamos? – mudo de assunto rapidamente.
- Vamos. – ele apoia a mão nas minhas costas e começa a caminhar comigo até o local que eu tinha deixado meu carro estacionado.
***
O caminho para a casa da minha avó é silencioso e abre brechas para os meus pensamentos novamente. Eu ainda estava dividida sobre levar %Minho% até a casa da vovó, pois eu sabia que minha família não iria recebê-lo muito bem, porém apesar de parecer improvável, essa pequena reunião era importante para definir os próximos passos, para que juntos pudéssemos capturar o verdadeiro assassino.
Se a situação não fosse tão cômica, seria no mínimo engraçado, afinal, quando poderíamos pensar em ter dois príncipes do submundo na casa da minha família? Sim, eu sabia que nesse momento minha avó deveria estar de cabelo em pé com %Hyunjin% em sua casa, e pensando em diversas maneiras de mandá-lo embora, pois meu amigo tinha uma mania de se sentir muito confortável na casa dos outros, e extrapolar da paciência das pessoas ao seu redor, mas ele era um doce de pessoa, o que acabava cativando todos que ficavam próximos a ele, porém nisso tudo o que me deixava preocupada era com o fato de ter outros lobos na casa da minha avó no momento que chegássemos lá, afinal, foi %Hyunjin% que levou o corpo da garota para a casa dela e provavelmente eles iriam prepará-la para um enterro digno que é passado de geração por geração nas alcateias.
- No que você pensa tanto? – %Minho% tinha pedido para levar meu carro, apenas pelo fato dele não confiar em eu dirigindo por ai.
- Estou pensando qual será a reação dos meus avós quando você passar pela porta da casa deles. – eu não iria ficar fazendo rodeios sobre os meus pensamentos, ainda mais com %Minho%.
- Não se preocupe com isso, hoje eu irei em paz. – não escondo meu desagrado, pois eu sabia que apesar dele teoricamente ir em paz, qualquer coisa que ele pudesse usar de oportunidade para insinuar as atitudes do meu tio, ele iria usá-la.
- Por que estou começando a ficar com dor de cabeça? – massageio minha testa.
- Talvez porque o dia tenha sido um pouco turbulento? – ele parecia se divertir as minhas custas.
- %Minho%... – minha voz soa um tanto quanto repreensiva. – Fique quieto. – peço enquanto ele estaciona o carro.
- Você está tensa demais, %Faith%, não se preocupe. – ele sorri para mim de repente e se aproxima. – Eu irei me comportar. – prendo minha respiração enquanto ele solta meu sinto de segurança. – Vamos?
- Um dia você ainda irá me matar do coração. – abro a porta do carro e saio imediatamente. – Vamos acabar logo com isso. – suspiro enquanto encaro as luzes acesas da casa da minha avó. – Acredito que a família esteja toda reunida nesse momento. – resmungo.
- Seu tio também? – ele me pergunta com cautela.
- Menos ele. – começo a caminhar. – E lembre-se, você prometeu. – o encaro mais uma vez.
- Sim, sim. – %Minho% resmunga.
A primeira coisa que noto ao caminhar para a casa da minha avó, era a ausência de outros carros no local, claro que eu sabia muito bem que lobos não precisavam utilizar carros, afinal, eles podiam correr livremente por ai, porém minha avó tinha dito que com os recentes assassinatos, todos os lobos entram em um acordo de não se transformar, pois não queriam chamar a atenção dos caçadores. E o motivo de eu estar tão nervosa, foi por conta dessas palavras ditas por ela, visto que ao ver %Hyunjin% junto com %Seungmin% e %Echo%, os três iriam acabar comentando que %Minho% tinha ficado para trás para me ajudar, e com isso eles poderiam fazer uma emboscada para ele, ou no mínimo serem ariscos pelo tempo que %Minho% estivesse aqui. Claro que eu não esperava que %Minho% tivesse uma recepção gloriosa, ou que as coisas pudessem se resolver da melhor forma possível, mas desejo que o desenrolar dessa história seja positivo e não negativo e que as diferenças de %Minho% e %Seungmin% no momento pudessem ser colocadas de lado para que uma aliança fosse formada.
- Olá. – abro a porta de casa e noto que o ambiente estava quieto demais. – Alguém em casa? – apesar das luzes estarem acesas, era possível que não tivesse ninguém no local, o que me deixava um pouco preocupada, pois eu não tinha ideia de onde %Hyunjin% e %Echo% poderiam estar.
- Será que todo mundo saiu? – %Minho% entra com cautela dentro da casa dos meus avós.
- Provavelmente? – a indecisão na minha voz é evidente.
- Ou eles estão esgueirados em algum lugar, apenas esperando para me atacar? – a desconfiança de %Minho% era normal, afinal, ele estava em um território inimigo.
- Entendo a sua preocupação, mas eles não arriscariam colocar tudo a perder. – dou um sorriso para ele. – Vamos para a sala, acredito que em breve alguém apareça. – dou de ombros.
- Onde será que eles foram? – ele parecia ligeiramente curioso.
- Talvez eles levaram o corpo da garota para a família dela. – suponho.
- Provavelmente irão demorar. – %Minho% não parecia muito feliz.
- Acredito que não, apesar dela ser um lobo, geralmente os funerais se reservam apenas para a alcateia que ela pertence. – explico.
- Mas seu primo falou que a conhecia. – ele me questiona.
- Conhecer e pertencer são duas coisas totalmente diferentes. – me sento no sofá e aceno para ele fazer o mesmo.
- Não consigo entender como as coisas funcionam pra essa espécie. – solto uma risadinha ao ver %Minho% revirar os olhos.
- Até porque você é um vampiro. – continuo rindo.
- Você está bem engraçadinha hoje, não é mesmo? – dessa vez ele me olha sério.
- Sim, sim. – seco uma lágrima que cai depois de rir tanto. – Eu sei que vocês tem uma maneira diferente de lidar com as mortes da família. – me inclino um pouco para frente para poder ter um olhar amplo do %Minho% sentado na poltrona.
- Geralmente reunimos diversos clãs, temos bastante vinho e música. – toda vez que ele falava sobre os clãs eu me sentia deslumbrada.
- Vocês sempre foram extravagantes. – balanço minha cabeça e continuo rindo.
- Confesso que muita coisa mudou. – sua postura muda um pouco, ficando mais rígida.
- Vocês não vivem mais em castelos horripilantes. – finjo um calafrio.
- Isso é lenda. – %Minho% se defende.
- Pode ser lenda, mas ficou marcado na minha infância. – antes e eu descobrir sobre o submundo, eu escutei muitos contos, e o dos vampiros não seria diferente.
- O que eu posso fazer para mudar sua opinião? – %Minho% se aproxima de mim e me olha diretamente nos olhos.
- Infelizmente não posso pedir para você me levar em um funeral de vampiros, pois não quero ser a única humana por perto. – solto uma risadinha e desvio meus olhos de %Minho%.
- Você tem razão, %Faith%, eu jamais colocaria você em perigo. – ele se inclina para frente. – Então não tem como eu mudar isso para você. – faço uma careta.
- Vou confiar em você e nas suas palavras. – pisco para ele e ouço um barulho de carro entrando no terreno da minha avó. – Acho que eles estão aqui. – me levanto do sofá para ficar ao lado de %Minho%.
- Por que você está aqui? – ele me pergunta confuso.
- Porque eu sou sua proteção hoje. – sorrio.
- Chegamos. – escuto minha avó falar ao abrir a porta.
- Estou na sala. – berro logo em seguida para que ela pudesse me ouvir.
- Está acompanhada? – ela pergunta.
- O que você acha? – devolvo a pergunta.
- Estou indo. – arqueio minha sobrancelha para %Minho% e pergunto para ele silenciosamente se estava tudo bem.
- Sim. – ele sussurra para mim e fica mais relaxado no sofá.
- %Minho%... – minha avó está acompanhada do meu avô e eles não pareciam felizes.
- Olá Sally, olá Kevin. – encaro os três, curiosa, pois parecia que eles realmente se conheciam há bastante tempo.
- %Minho%... – meu avô o encara por um instante antes de olhar para mim. – É assim que você retribui, %Faith%? – eu nunca tinha visto meu avô tão bravo na vida.
- Depende do seu ponto de vista. – me ajeito no sofá. – %Minho% não fez nada de errado, então não vejo motivos para vocês serem hostis com ele. – eu não queria parecer mal educada, porém meu avô me atacar dessa maneira não era justo.
- Você resolve as coisas, Sally, hoje foi um dia pesado demais para eu ter que lidar com %Minho%. – meu avô se dirige para o corredor, provavelmente indo para o seu quarto.
- Bem... Eu não esperava uma recepção com abraços e beijos. – bato na coxa de %Minho%, pois infelizmente ele não estava em posição de ser sarcástico no momento. – %Faith%... – seu olhar me corta como lamina e eu faço uma careta. – Onde estão %Echo% e %Hyunjin%? – ele muda seu olhar para a minha avó.
- Estão vindo com %Seungmin%. – minha avó resmunga. – %Minho%... – presto atenção no que minha avó falaria. – Você não está cansado em se envolver nos assuntos que não dizem respeito a você? – ela é direta, e fico impressionada com isso.
- Se envolve meus amigos, diz respeito a mim. – diferente da minha avó que parecia apreensiva, %Minho% estava bem relaxado.
- Me parece um tanto quanto possessivo a sua resposta. – arregalo meus olhos.
- Acredito que a palavra que a senhora usou seja um tanto quanto desrespeitosa para mim, afinal, eu protejo as pessoas próximas. – ele sorri. – Isso tudo seria inveja porque nunca cedi para você ou seu grupo? – ok, talvez trazer %Minho% até aqui não tenha sido uma boa ideia.
- Você gosta disso não é mesmo? De receber atenção. – vovó solta uma risada e minha mão automaticamente voa para o braço de %Minho%.
- Receber atenção? Eu sou o único que ofereceu suporte e proteção para %Echo% e %Faith% quando elas quase foram mortas, não uma e sim diversas vezes, e ai eu pergunto para você, onde vocês estavam quando isso aconteceu? – ele não parecia feliz com as palavras da minha avó.
- Eu não confio em você. – vovó desvia o assunto e isso me deixa ainda mais intrigada, pois ela não tinha respondido a pergunta de %Minho%.
- Não preciso da sua confiança, e eu nem estaria envolvido diretamente com você se não fosse por %Faith%. – as palavras de %Minho% são duras. – Além do que, meu intuito era apenas encontrar com vocês durante o julgamento do seu filho. – ele sorri.
- Então é isso que você irá fazer? Colocar meu filho em um julgamento por conta de uma morte? – fecho meus olhos, desacreditada com as palavras da minha avó.
- Apenas uma morte? Como você se sentiria se eu tivesse matado alguém da sua família? – ele pergunta. – Porque eu tenho certeza, Sally, que você faria o mesmo, então não venha com esse papo pra cima de mim. – %Minho% cruza os braços e me encara. – %Faith%, infelizmente não tem como eu continuar aqui. – abro minha boca para falar, porém sou interrompida pela minha avó.
- Por mim você não se envolveria com %Faith%, não estou feliz com essa amizade. – me sinto traída pelas palavras dela, pois nesse momento ela parecia meus pais falando.
- Ainda bem que não é você que tem que aceitar alguma coisa. – %Minho% bate de frente com ela.
- %Minho%, vamos ser sinceros aqui, você adora usar as pessoas para benefício próprio. – observo %Minho% fechar os olhos e eu podia sentir que ele estava tomando todo o cuidado para escolher bem as suas palavras.
- Você ainda está sentida por eu nunca ter me relacionado com você? – se antes eu estava de boca aberta com as informações que estava escutando, agora tenho certeza de que iria querer saber aonde isso iria terminar.
- Como sempre pensando em si mesmo. – vovó parecia sentida, o que dá a entender que um dia ela realmente gostou dele.
- Desculpe Sally, mas meu coração pertence a outra pessoa. – %Minho% faz uma careta boba e me encara. – Acredito que teremos que conversar mais tarde, %Faith%, peça para %Hyunjin% me ligar assim que ele chegar. – ele fala.
- Eu irei com você, e assim podemos reunir o pessoal. – me levanto do sofá e paro ao seu lado.
- Você realmente irá sair, %Faith%? – vovó pergunta.
- Eu tenho coisas para resolver. – dou de ombros.
- Então é a minha neta que tem seu coração, %Minho%? – ela pergunta de repente.
- Não Sally, e mesmo que fosse, eu jamais falaria isso para você. – %Minho% começa a caminhar para a saída.
- Desculpe vovó, mas tenho que ir. – aponto para o local que %Minho% acabou de passar.
- Tudo bem, não é como se eu fosse impedir de você fazer isso. – ela vai se sentado aos poucos no sofá e eu fico dividida sobre o que tenho que fazer por um momento, porém no fim eu sigo %Minho%.
***
Saindo de casa, eu penso sobre como eu poderia tocar no assunto anterior com %Minho%, pois eu realmente estava muito curiosa para saber o que tinha acontecido no passado, entretanto, o medo de deixar ele ainda mais irritado do que já estava me inibe de perguntar.
- Para onde vamos? – faço uma pergunta diferente da que eu queria.
- Teoricamente falando, eu iria para casa. – é a primeira vez desde que saímos de dentro da casa da minha avó que %Minho% me olha nos olhos. – Mas preciso de %Hyunjin% para isso. – ele fala.
- Vocês não estavam ficando na cidade? – pergunto exaltada.
- Conhecendo %Hyunjin% como conheço, eu não iria permitir deixar ele nessa cidade e chamar a atenção indesejada, então nós estávamos indo e vindo pelo portal. – fico boquiaberta.
- E ele não reclamou nem um pouquinho? – se a resposta fosse negativa seria tão estranho.
- O que você acha? – %Minho% arqueia a sobrancelha.
- Que você o ameaçou. – isso era uma característica nítida da amizade dos dois que consistia em um ameaçar o outro, e no fim serem melhores amigos.
- Você é realmente inteligente. – reviro meus olhos.
- O que iremos fazer agora? Esperamos eles no carro? – pergunto.
- Acho que seria uma boa ideia, já que certamente eles devem estar chegando. – aceno com a cabeça.
- Então isso quer dizer que você irá pegar %Hyunjin% pela mão e deixar %Echo% e eu para trás? – o encaro.
- Isso quer dizer que não irei resolver as coisas com seus avós a partir de hoje, e sim com seu primo. – faço uma careta.
- Como assim? – digo um pouco cautelosa.
- Acredito que seu primo deve estar desesperado, então resolvi fazer um trato com ele. – %Minho% faz uma cara misteriosa que me deixa ligeiramente preocupada.
- E o que seria isso? – eu não tinha certeza se ele iria falar seus planos para mim, porém não custava tentar.
- Quando eu encontrar %Seungmin%, você irá saber. – suas palavras são curtas e sérias. Detalhe, eu odiava ter que esperar algo.