Capítulo Sete
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Pela primeira vez na minha vida, eu não tinha noção por onde começar. Ter que deixar %Echo% para trás com a minha família, pessoas que ela nunca teve nenhum tipo de contato antes, partia meu coração, porém não tinha como eu simplesmente levá-la para casa e dizer para os meus pais que %Echo% tinha abandonado a academia para vir atrás de mim, eles achariam esse ato um absurdo, e com toda certeza do mundo a fariam voltar para lá. E eu não queria obrigar uma das minhas melhores amigas a fazer algo que não queria no momento.
No entanto, mesmo com tudo acontecendo, %Jisung% e %Christopher% pareciam estarem mais empolgados do que o normal, e isso me deixava incomodada por vários fatores: para ser bem sincera, eu não sabia se poderia realmente confiar neles, e apesar da minha avó afirmar mais de uma vez que eu poderia acreditar no potencial dos meninos, eu ainda ficava com um pé atrás. A outra parte que me incomodava, era o fato de um deles poder se machucar seriamente e eu carregar o peso da culpa pelo resto da minha vida, afinal, sempre fui uma pessoa que prezou o zelo das pessoas próximas a mim.
- Pensei que jamais voltaria para casa. – a primeira imagem que tenho quando atravesso o hall de entrada é a dos meus pais organizando seus equipamentos de caça.
- Precisei de um tempo para me recuperar. – eu ainda sentia muita dor no local, e precisava desesperadamente de um remédio, porém não queria demonstrar fraqueza na diante dos meus pais.
- Se você tivesse feito o que pedimos e não saísse por aí com pessoas inexperientes, você não estaria machucada no momento. – me encosto na parede enquanto observo meus pais guardarem o restante das suas armas em uma bolsa.
- Aonde vocês vão? – eu queria desesperadamente mudar de assunto e também ter uma noção do próximo passo que meus pais dariam.
- Aonde você acha que iremos? – minha mão bufa e me encara de cima para baixo. – Iremos cuidar do que você não conseguiu. – ela não estava satisfeita e eu podia sentir isso na sua voz e no seu olhar. Eu tinha certeza que, para ela, eu estar machucada era um sinal de fraqueza que ela não queria que ninguém soubesse.
- Boa sorte então. – eu sabia que não devia gastar meu tempo precioso falando com eles.
- Por que você diz isso? – meu pai me encara enquanto embalava sua faca de prata.
- Porque aquilo que me atacou é praticamente invisível. – me desencosto da parede.
- Como assim? – parecia que eu tinha a atenção dos meus pais finalmente.
- Por um momento, eu achei que pudesse ser um transmorfo. – confidencio. – Porém ele não se parecia com um, apesar das características serem semelhantes. – semicerro meus olhos.
- Você acha que estamos lidando com um transmorfo? – inclino minha cabeça para o lado.
- Talvez? – pergunto. Era impossível no momento saber, afinal, existiam diversas categorias de transmorfos, e alguns podiam simplesmente assumir a forma tanto de animais, quanto de humanos.
- Então devemos nos prevenir, de qualquer forma. – minha mãe pega algumas balas de prata.
- Está confiando em mim? – fico um pouco surpresa.
- Transmorfos são difíceis de revelarem, então temos que ficar de olho. – balanço minha cabeça concordando.
- Vou deixar vocês trabalharem. – dou um sorriso e começo a me afastar.
- Descanse, %Faith%, amanhã você tem aula. – fecho meus olhos com força.
Eu podia sentir minha ferida ardendo, e apenas o simples fato de meus pais mencionarem que eu deveria ir para escola amanhã me deixou desanimada, não que eles fossem fazer diferente, pois como eu já havia mencionado anteriormente, eles iriam achar formas de me punir pela minha expulsão da academia até eu me tornar maior de idade e me livrar deles.
Cansada, subo para o meu quarto e bato a porta. Eu precisava tomar banho, mas ao mesmo tempo a preocupação de molhar a ferida era gigante e apenas o fato de saber que eu iria sentir dor me deixava preocupada e chateada, pois eu tinha sido completamente descuidada enquanto estava na floresta no dia anterior, e a culpa me comia viva por isso.
Eu tentava a todo custo puxar na minha mente o momento em que fui atacada, porém nada que eu fizesse realmente me fazia lembrar o exato momento que isso aconteceu. Retomando meus pensamentos, eu lembro que tinha me perdido dos garotos por conta da neblina extensa, e em seguida eu comecei a ser perseguida por alguma coisa. Primeiramente pensei que poderia ser um vampiro, ainda mais por conta da neblina que surgiu no local, porém, depois de sentir as garras do predador, eu tive minha resposta: ele era diferente. Eu sabia que a única alternativa que eu tinha era contar com a ajuda de %Hyunjin% e %Felix%, porém eu teria que fazer um bom trabalho para conseguir persuadir os dois a me ajudarem, já que da ultima vez eu quase não consegui voltar.
Eu tinha aproveitado o momento do banho para limpar minha ferida e passar as ervas que minha avó tinha mandado para mim, e apesar da ferida estar começando a cicatrizar, ela não estava ficando bonita, e infelizmente seria algo que eu teria que carregar comigo pelo resto da minha vida; não que eu realmente me importasse com isso, pois tinha algumas cicatrizes das missões que fiz enquanto estava na academia, mas admito que nenhuma delas superava as cicatrizes mentais que eu tentava a todo custo não abrir. Ser caçadora nunca foi fácil, principalmente para mim. Eu sempre parti do principio de que eu não deveria usar a força bruta para acabar com as pessoas ao meu redor, porém estive em situações que infelizmente tive que utilizar dessa força.
A academia em si não era um local amigável; para ser bem sincera, existiam diversas divisões dentro dela, da qual a maioria dos caçadores escolhia a dedo com quem ficariam e que tipos de aliança formariam. Lá, a competição também não era saudável, e muitas vezes nós brigávamos entre nós mesmos por conta dos nossos egos, e apesar da minha avó ser a diretora da academia, ela não fazia absolutamente nada para mudar esse fato, afinal, para ela, essa era a única maneira de saber quem tinha o espirito de caçador e quem não tinha.
Apesar de tudo o que acontecia na academia, aquele lugar era um dos locais mais seguros que já passei na minha vida, e muito bem equipado com uma tecnologia de ponta. Passar anos naquele lugar não tinha sido ao todo ruim, no entanto, tive que abrir mão de boa parte da minha vida para estar lá, e foi assim, como um ato de rebeldia, que eu acabei me envolvendo com o submundo.
Por outro lado, com um ar totalmente diferente da academia ou até mesmo da Ordem, o submundo era um local mais sublime, e não tinha nada haver com o que era retratado nas aulas de história que tínhamos na academia, na realidade, nossos professores sempre explicaram que aquele local havia sido criado como uma base para se rebelar contra os humanos, o que era completamente inadmissível. Eu sabia que o submundo tinha sido criado como uma força de proteção para todos os seres sobrenaturais do mundo, lá eles podiam viver livremente sem se importar com o que as pessoas vissem deles, afinal, apesar de terem características diferentes, todos compartilhavam de uma relação com o mundo sobrenatural. As divisões no submundo eram um pouco difíceis para memorizar, eu tinha estudado muito pouco sobre elas, pois na academia nós não tínhamos aprofundamento no assunto, porque, de acordo com eles, não fazia parte dos nossos interesses; porém ao conhecer %Hyunjin%, %Felix% e %Minho%, eu descobri como o sistema deles funcionava.
No submundo existia a família central, que era comandada por uma matilha de lobos, nela eles tinham um líder, o rei. E então tinha as subfamílias, que eram compostas por outros seres, e aí que entrava %Hyunjin%, %Felix% e %Minho%, cada um deles fazia parte de uma subdivisão da família central, sendo %Hyunjin% considerado o príncipe dos bruxos, logo após sua família ser dizimada na batalhada dos vinte anos, e único sucessor direto para o trono dos bruxos. Conhecendo %Hyunjin% como eu conhecia, ele detestava o fato de ser o único de sua linhagem, e detestava ainda mais as pessoas que o cercavam e tentavam a todo custo fazer com que ele se casasse com alguém apenas para que os sangues fossem misturados.
%Felix% era o príncipe das fadas, ele vivia em um local um pouco mais afastado do submundo, pois o mesmo não sentia que seu povo estava completamente preparado para lidar com outras pessoas, afinal, eles eram seres mais sensíveis e o convívio com outras pessoas, principalmente de diversas índoles, segundo ele, iria acabar prejudicando seu povo.
%Minho% era o príncipe dos vampiros, ele era calmo e calculista, e uma das pessoas mais reservadas que eu conheci na vida. %Minho% por ser imortal acabou presenciando diversas batalhas entre caçadores e o submundo, e talvez seja por isso que hoje seja uma das pessoas mais sábias que eu conheço. Ele, diferente dos meninos, mantinha seu povo dentro de uma redoma, da qual ele cuidava e alimentava todos muito bem. Sua principal regra é que ninguém faria mal aos humanos e por conta disso criou um sistema único de alimentação aos vampiros, que até hoje parecia surtir um efeito positivo na vida de todos.
E você deve estar se perguntando, ok %Faith%, como você acabou se envolvendo com eles? A resposta era simples e clara,
nem mesmo eu sabia disso.***
Não demorou muito para amanhecer e meu celular despertar. Um pouco desconfortável, me levanto da cama e noto que o curativo que eu tinha feito em cima da minha ferida estava manchado de sangue e eu não entendia o motivo de ele estar assim, afinal, minha avó tinha dado pontos no local e, aparentemente, as ervas que eu estava aplicando ali já eram para estar fazendo efeito mais rápido, ainda mais quando na noite anterior, após meu banho, o local já havia começado a cicatrizar.
- %Faith%. – a porta do meu quarto abre de repente e eu me deparo com a minha mãe parada, me encarando.
- Sim? – baixo minha blusa e a encaro.
- Sua ferida ainda não está boa? – ela olha para o local que minha ferida deveria estar por debaixo da blusa.
- Vovó me deixou algumas ervas, tenho certeza que daqui a uma semana irá cicatrizar. – vou até a porta do meu banheiro e a abro. – Precisa de alguma coisa? – eu e minha mãe não tínhamos o melhor relacionamento, na realidade, nós duas mal podíamos nos aturar, e fazíamos isso apenas pelo fato da Ordem estar nos observando.
- Deixe-me pegar uma amostra da sua ferida. – ela tenta se aproximar de mim.
- Vovó já limpou o local, não existe nada para retirar para amostra. – explico.
- Ela pode ter limpado o local e aplicado ervas cicatrizantes, mas ao olhar para sua ferida, consigo ver que ela ainda tem muito pus, e olhando para a sua blusa, tenho certeza de que o local sangrou. – fecho meus olhos e respiro.
- Você está certa. – eu odiava ter que dar a razão para a minha mãe.
- Então posso coletar? – claro que se eu dissesse o contrário, ela faria do mesmo jeito, por isso eu apenas aceno com a cabeça e deixo que mamãe se aproxime de mim.
- Faça o que você quiser. – levanto minha camiseta novamente quando minha mãe se aproxima.
- O hematoma está com uma aparência horrível. – reviro meus olhos, pois eu sabia disso.
- Faça a troca de curativos sempre que puder. – ela termina de passar uma espécie de cotonete no local e guarda em uma embalagem plástica.
- Espero que você não contamine isso. – dou um sorriso amarelo. – Posso me arrumar agora? – pergunto.
- Vá em frente, você tem uma escola para ir. – minha mãe parecia satisfeita por ter pegado uma amostra da secreção que saía do corte, e sai do meu quarto rapidamente.
Encaro a ferida novamente e baixo minha blusa irritada, afinal, eu precisava melhorar para que pudesse voltar a investigar mais o caso. Eu não iria descansar até descobrir quem estava fazendo tudo isso nessa cidade e principalmente, eu precisava saber o motivo daquela coisa não ter me matado quando teve a oportunidade.
Me arrumo rapidamente, tentando ao máximo não mexer na minha barriga e praticamente saio correndo de dentro de casa quando noto o carro de %Jisung% estacionado na frente da minha casa, o garoto realmente não tinha noção das coisas que acontecia ao seu redor, se meus pais sonhassem que ele estava envolvido no que aconteceu na noite passada, eu iria levar um sermão de sete dias corridos sobre como eu deveria ser responsável e não envolver pessoas comuns nos problemas de caçadores.
- O que você está fazendo aqui? – abro a porta do carro abruptamente.
- Pensei que seria legal irmos juntos para a escola. – reviro meus olhos e entro no carro.
- Você não pode fazer essas coisas e achar que está tudo bem. – cruzo meus braços e o encaro.
- Por quê? – %Jisung% me questiona.
- Não quero que meus pais pensem que você está se envolvendo nos assuntos de caçadores. – explico.
- E eu oferecer uma carona para você não poderia ser um ato de gentileza? – ele sorri para mim.
- Não existe gentiliza. – coloco o sinto e sinalizo para que ele de partida no carro.
- Claro que existe. – %Jisung% liga o carro e dá partida. – Nossa cidade é muito acolhedora. E como morador, é praticamente minha obrigação facilitar sua vida. – tento prender uma risada, mas não consigo. A imagem de %Jisung% com a mão no peito e uma feição séria era realmente hilária aos meus olhos.
- Se sua obrigação é facilitar minha vida, você poderia muito bem dar um passo para trás e deixar que pessoas treinadas cuidassem das coisas que acontecem nesse lugar. – o encaro com as sobrancelhas erguidas depois de parar de rir.
- É pelo fato dessa ser a minha cidade que eu devo protegê-la. – era incrível como o discurso de %Jisung% era o mesmo que o de %Christopher%.
- Você acha que apenas pelo fato de entender sobre lobos e saber que seu amigo é um, você realmente está preparado para lidar com o submundo? – pergunto.
- Eu aprendo rápido, %Faith%. – por um momento fecho meus olhos.
- Não seja assim, %Jisung%, você realmente está contando com a sorte. – encosto minha cabeça no vidro.
- Por que você acha isso? – ele me pergunta de repente.
- Para você tudo parece ser novo e perfeito, mas a notícia é que cada vez que você entrar mais nesse mundo, as chances de sair dele são praticamente nulas. – suspiro.
- Ser caçadora foi uma escolha sua? – %Jisung% me pergunta e eu balanço minha cabeça negativamente.
- Nunca foi minha escolha, eu nasci em uma família de caçadores, então sempre tive grandes expectativas em cima de mim. – meus pais nunca falaram muito sobre a família da minha mãe, na realidade, a única coisa que eu sabia era que eles eram uma família comum que fazia parte da Ordem, porém ganharam reconhecimento e liderança depois que meus pais se casaram. As pessoas realmente respeitavam meu pai, talvez pelo fato dele carregar o símbolo real dos caçadores consigo, ou por ele ser um bom caçador, isso eu tenho que admitir, porém essas eram as únicas informações que eu tinha recebido por toda minha vida. Tentei por muito tempo pesquisar sobre a família da minha mãe, mas não existiam registros sobre ela. Era quase como se tudo tivesse sumido de propósito, para que ninguém encontrasse informações sobre ela.
- Parece que você não gosta muito de ser caçadora. – nós já estávamos próximos da escola.
- Pelo contrário, eu gosto de ser caçadora. Apenas não gosto da maneira que temos que agir. – dou de ombros.
- Você é estranha, %Faith%. – chegamos ao estacionamento do colégio e logo ele para o carro.
- Isso vindo da pessoa que quer arriscar a própria vida por uma cidade. – não espero por uma resposta de %Jisung%, pois logo abro a porta do carro.
- Mas não é isso que você faz? Arrisca sua vida para ajudar as pessoas? – ele me pergunta assim que fecha a porta do carro e começar a me seguir.
- Você está certo, mas a diferença entre nós é que eu fui criada para isso, aprendi artes maciais, aprendi a manusear armas e muitas coisas, e você? – explico tudo em um tom de voz baixo para que ninguém entendesse e por fim o questiono.
- Apenas uso meu cérebro da melhor forma possível. – balanço minha cabeça e continuo meu caminho rindo. – A propósito, como Eleanor irá reagir hoje? – com tudo o que aconteceu conosco na floresta, eu não tive tempo de verificar Eleanor, então hoje seria a primeira vez depois de dois dias que eu iria encontra-la.
- Eu confio em %Hyunjin%. – falo enquanto subo as escadas.
- Quem é %Hyunjin% mesmo? – eu tinha esquecido que %Jisung% não estava conosco no dia que apaguei a memória de %Faith%.
- Meu amigo. – sorrio para ele.
- Ah sim, o bruxo ou a fada? – %Jisung% se aproxima de mim e sussurra.
- O bruxo. – apenas soletro sem emitir nenhum som.
- Entendi. – %Jisung% concorda rapidamente. – Vamos, já estamos atrasados. – o sinal bate e eu faço uma careta.
- Não sabia que estávamos tão atrasados assim. – comento.
- Fiquei um bom tempo na frente da sua casa, esperando você. Por um momento achei que você tivesse vindo para escola, ou que não iria vir por causa do seu ferimento. – felizmente aquele dia na floresta apenas eu tinha me machucado.
- Esse ferimento não é nada. – minto, pois eu ainda sentia um pouco de dor enquanto me locomovia.
- Você é forte, se fosse eu, estaria chorando nesse momento. – solto uma risada.
%Jisung% era uma pessoa divertida, afinal. - Tenho certeza de que você chora todo dia à noite quando se toca que está conectado com um mundo totalmente diferente do que você está acostumado. – nós dois andávamos pelos corredores da escola, sem realmente se importar com a aula que estávamos perdendo.
- Parece que estou em uma fase de aprendizado eterno. – ele me confidência.
- Então você deve se apressar e não ficar para trás. – abro meu armário para pegar meus livros. – Aqui. – entrego para ele um dos exemplares que trouxe comigo da academia.
- O que é isso? – %Jisung% me pergunta.
- Leia isso, mas não deixe que ninguém o pegue. – peço. – Esse livro é muito valioso e irá ajudar você com a questão do submundo. – eu não queria que %Jisung% estivesse despreparado, ou que fizesse pesquisas sem fundamento na internet.
- Você realmente está me emprestando ele? – os olhos de %Jisung% praticamente brilham.
- Sim, emprestando. – dou um olhar astuto.
- Entendi. – ele rapidamente guarda o livro na mochila. – Obrigado. – %Jisung% parecia agradecido.
Eu não sabia se realmente era uma boa ideia entregar esse livro para ele, porém o medo dele associar coisas nada haver com o assunto do submundo realmente me assustava. Claro que o livro trazia o olhar de um caçador, mas ele falava detalhadamente sobre todos os seres sobrenaturais encontrados até hoje, e até mesmo as formas que poderiam ser usadas para combater o mal que eles poderiam fazer.
- Vamos para a aula? – pergunto para ele.
- Sim, temos a primeira aula juntos. – se eu não soubesse que %Jisung% era atencioso demais, eu teria desconfiado dele no primeiro momento que o mesmo abrisse a boca, mas o que me chamava mais a atenção, era que o fato dele ser meio abobalhado, isso, de certa forma, era um charme que ele tinha.
Pegando o que eu precisava para as duas primeiras aulas, fecho meu armário e começo a caminhar até a sala de aula. Eu devia estar uns dez minutos atrasada para a aula, mas realmente não me importava com isso, os assuntos tratados aqui não me deixavam completamente introduzida, apesar de eu tentar inutilmente que isso acontecesse, minha mente sempre acabava viajando para algum lugar, ou para alguma coisa que eu poderia estar fazendo no momento em que a aula acontecia. Para falar a verdade, eu estava sentindo falta dos meus treinamentos, e agora, ferida, eu sabia que não poderia treinar por um tempo, nem mesmo se eu quisesse, pois apenas pensar na possibilidade de abrir os pontos da minha barriga, me deixava irritada.
- Olá. – bato na porta e a abro delicadamente. – Posso entrar? – tento parecer um pouco tímida para o professor.
- Não sei como funcionava na sua antiga escola, mas aqui os alunos devem entrar quando o sinal bate. – de repente %Jisung% me empurra delicadamente para o lado e aparece.
- Desculpe professor, mas meu carro quebrou e %Faith% estava comigo, somos vizinhos. – ele parecia mais inocente do que o normal e acabo colocando a mão na boca para esconder uma leve risada.
- Entendo. – o professor parecia ponderar se deixava ou não a gente entrar na sala, mas no fim acaba cedendo. – Entrem. – ele gesticula para que andássemos logo e não interferíssemos mais em sua aula.
- Obrigada. – pisco para %Jisung%.
- Estou aqui para ajudar. – ele me guia para as ultimas carteiras vagas. – Sente-se. – %Jisung% tira minha bolsa dos meus ombros e me ajuda.
- Vou começar a desconfiar de você, se você continuar agindo dessa forma repentinamente. – minha voz sai entrecortada.
- Apenas aceite por ora, esse professor me ama. – reviro meus olhos, porém deixo que ele me ajude.
- Não tente ganhar confiança comigo. – semicerro meus olhos. – Porque isso não irá funcionar. – geralmente as pessoas ganhavam os seus lugares ao meu lado, e bajulação de graça não era ao que funcionava comigo.
- Tudo bem. – %Jisung% larga minha bolsa em cima da mesa e vai para a sua.
A aula ocorre como sempre, monótona e sem nenhum assunto interessante sendo tratado, então eu tiro esse tempo para fazer algumas anotações para que eu não viesse a esquecer dos acontecimentos das últimas noites. Se fosse depender de pedir informações para os meus pais, eu estaria perdida, pois eles não abririam o jogo de forma alguma comigo, então tudo o que eu precisava era melhorar o mais rápido possível para que pudesse voltar a investigar as mortes que estavam acontecendo na cidade, e quem sabe desvendar o mistério antes dos meus pais.