Capítulo Cinco
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Ao deixar a casa da minha avó com algumas respostas, sigo com %Jisung% e %Christopher% para a casa do último, já que seus pais não estariam no local. Depois da conversa com a minha avó, eu me sentia um pouco mais aliviada; não sabia ao certo ainda até aonde eu poderia confiar nesses garotos, porém minha avó garantiu que não existia nada de errado com eles.
Essa noite eu queria sair para caçar e precisava de um plano para não ter meus pais no meu pé. A escola era um lugar que ainda me deixava bastante intrigada, mas a floresta também era um local que merecia uma boa atenção, visto que muitas coisas podem se esconder por lá.
- Estou um pouco ansioso para hoje à noite. – %Jisung% esfrega as mãos uma nas outras e eu balanço minha cabeça negativamente.
- Não acho certo você se meter nisso. – suspiro.
- Por quê? – %Jisung% me pergunta.
- Não acho certo eu ter que cuidar de uma pessoa que não sabe nada. – esfrego minhas mãos no rosto.
- Eu sou esperto. – começo a rir de repente. Eu queria saber da onde saia essas ideias dele.
- Você pode morrer, %Jisung%. – dou um sorriso sombrio.
- Não morri até agora ao lado de %Chan%. – bufo.
- Você está entrando em um terreno que nunca conheceu. – tento explicar.
- Novas experiências. – ele era teimoso demais para aceitar meu conselho.
- Ok. – dou de ombros, não adiantava eu ficar gastando saliva com uma pessoa que não iria considerar minhas palavras. – Mas lembre-se, quando você se lamentar, eu não irei livrar sua bunda de nenhuma confusão. – aviso. – E você – aponto para %Christopher% – melhor não me dar dor de cabeça. – suspiro.
- Eu sou um lobo, lembra? – o encaro, sem acreditar que ele falava as palavras e alto e bom som.
- Você não devia se gabar tanto. – nesse momento ele escolhe jogar uma almofada em minha direção, e se não fosse pelos meus reflexos, ele teria conseguido me atingir. – Eu tenho um bom reflexo. – ergo minha sobrancelha. – Você pode tentar me atingir várias vezes, mas não irá conseguir. – jogo a almofada em sua direção.
- Mudando de assunto agora. – %Jisung% se inclina um pouco para frente. – O que você irá fazer caso ache a pessoa que está fazendo tudo isso? – %Jisung% me pergunta, e pela primeira vez na minha vida eu não tinha uma resposta concreta para isso, afinal eu não tinha ideia de quem estava fazendo isso, muito menos sobre como lidar com essa coisa.
- Como não tenho ideia do que isso seja, eu não sei como as coisas irão prosseguir. – respondo com sinceridade.
- Então não temos noção de como acabar com isso? – ele me pergunta.
- Não. – balanço minha cabeça. – Para ser bem sincera, não sei o que nos espera, e era por isso que não queria que vocês se envolvessem nesse assunto. – mudo o tom de voz.
- É tarde demais para isso. – %Christopher% fala. – A gente já se envolveu demais. – ele se inclina para frente e me encara. – Vamos arrumar um jeito de acabar logo com isso. – balanço minha cabeça.
- Ok. – não era o envolvimento de %Christopher% que me deixava mais angustiada, e sim o de %Jisung%, afinal, ele não tinha nenhum conhecimento desse mundo, apenas sabia que seu melhor amigo era um lobo.
- Então... – %Jisung% parecia empolgado. – Que hora iremos sair? – ele pergunta olhando para mim.
- Daqui a pouco. – suspiro. – Apenas preciso que meus pais saiam de casa para eu pegar minhas coisas. – explico.
- Que coisas? – %Christopher% me pergunta.
- O que você acha? – pisco para ele.
- Melhor não saber. – ele gesticula.
- Isso mesmo. – faço um joinha para ele.
- Enfim, a floresta é um pouco grande, iremos nos separar? – a pior das hipóteses seria se separar.
- Vocês nunca assistiram filme de terror antes? – pergunto. – A pior coisa é fazer isso, iremos ficar juntos. – falo decidida.
- Ainda acho que seria melhor a gente se separar. – %Christopher% tenta argumentar.
- Não irei poder proteger ninguém se a gente estiver separado. – ergo minha sobrancelha ao tentar ganhar um ponto.
- Eu sei disso, por isso você fica com %Jisung%, eu irei sozinho. – suspiro.
- Ainda continuo achando uma má ideia. – cruzo meus braços.
- Pense que dessa forma podemos investigar mais rápido, e eu sou um lobo, sei me cuidar. – solto uma risada.
- Um lobo recém-transformado é igual a um bebê aprendendo a andar. – balanço minha cabeça, inconformada. – Mas se você quer isso... – abano minha mão no ar.
- É o certo a ser feito. – faço uma careta, porém não falo nada. Era mais fácil o deixar pensar dessa maneira.
Não demora muito para que deixássemos a casa de %Christopher% e fossemos até a minha, eu precisava pegar o máximo de suprimentos para não ter nenhuma surpresa enquanto estivesse dentro daquela floresta, afinal, ela parecia ser um pouco mais sombria ao entardecer.
Mais cedo, quando decidimos por onde iriamos começar, deixei claro que o interessante era começar pela floresta na parte de trás da casa da minha avó, por isso o carro de %Christopher% é deixado no terreno da vovó. Escolher aquela parte da floresta tinha sido interessante pelo fato de termos uma trilha para nos guiar durante o nosso trajeto. Optei por ela, para o caso de que se alguém se perdesse no meio do caminho, conseguiria achar a saída. Conforme começamos a entrar mais e mais para dentro do coração da floresta, meu coração começa a doer, e uma sensação ruim começa a tomar conta do meu corpo, de repente, ao olhar para o lado, percebo que %Jisung% não estava me acompanhando e arregalo meus olhos, pois os pensamentos do que poderia ter acontecido com ele nesse trajeto tomam conta da minha mente.
A neblina da floresta tinha desestabilizado minha visão, eu praticamente não conseguia ver nada na minha frente e isso me deixou levemente apavorada, pois eu precisava me manter invisível na floresta, como se fizesse parte dela, mas como isso seria possível, se eu não conseguia enxergar o que estava na minha frente? Na realidade, eu fiz uma das poucas coisas que eu costumava fazer, eu rezei, rezei para que %Jisung% e %Christopher% estivessem bem, e principalmente para que nada de ruim acontecesse comigo.
Depois de recuperar o folego e a minha sanidade, eu volto a andar lentamente pela floresta, e mesmo que eu não pudesse ver nada na minha frente, tentei manter um bom trabalho ao ficar calada e deixar meus passos leves como pluma. A floresta estava assustadoramente silenciosa, o que poderia ser considerado um mal pressagio não só para mim, mas para todas as pessoas dessa cidade, de repente eu escuto um pedaço de galho quebrando e olho para os lados em busca do barulho, porém algo no meu instinto me diz para começar a correr, e é isso que eu faço imediatamente.
Ao olhar para trás, eu não consigo enxergar a forma correta do que estava me seguindo, então continuo correndo como se minha vida dependesse disso,
porque ela dependia.
Eu não podia simplesmente dar o braço a torcer nesse momento, eu tinha gastado toda a minha munição, um ato nada inteligente da minha parte, admito, ao tentar atingir essa
coisa que me perseguia, para piorar toda a minha situação, eu começo a sentir uma ardência no lado direto da minha barriga, e ao colocar a mão no local que doía, sinto algo quente encharcando minha blusa, e ao colocar a mão próxima ao meu nariz sinto o cheiro de sangue.
- Droga. – involuntariamente solto um grito assustador.
- Mas o quê? – de repente eu bato em uma base sólida e me assusto. – %Faith%? – me sinto mais aliviada ao ouvir a voz de %Christopher%, porém em seguida me coloco em defensiva, pois ele poderia ser a pessoa atrás de mim.
- Onde você estava até agora? – pergunto.
- Estava procurando por vocês. – ele parece farejar algo. – Você está ferida? – %Christopher% aproxima seu nariz no meu pescoço.
- Fique quieto. – os batimentos cardíacos de %Christopher% estavam normais, então ele não estava correndo loucamente por ai.
- Pare com isso. – eu tinha pressionado minhas mãos em sua boca para que ele não falasse mais nada. – Você está toda suja de lama. – ele me encara da cabeça aos pés e fala assim que consegue se livrar das minhas mãos.
- O animal que estamos procurando, ele está aqui. – sussurro.
- Como você sabe que é ele? Estamos aqui há bastante tempo. – %Christopher% fala, e nesse momento me afasto dele para mostrar a prova.
- Olhe para isso. – aponto para o ferimento latejante na minha barriga. – Isso não é um simples ferimento. – aquilo ardia como um inferno e eu podia sentir minha energia acabando aos poucos.
- Onde está sua arma? – %Christopher% pergunta.
- Acabou a munição. – me escoro nele, pois minhas pernas fraquejam.
- Ok. – %Christopher% continua me dando apoio, porém começa a andar. – Temos que achar %Jisung%.
- Droga. – resmungo, eu não sabia se era pela dor que eu estava sentindo, ou pelo garoto estar perdido na floresta sozinho.
Vir até aqui não tinha sido uma boa ideia. Começamos a caminhar pela floresta em busca de %Jisung%, meu maior medo era de que a
coisa o tivesse pegado antes de me atacar, enquanto isso eu tento me manter o mais silenciosa possível, e tento ao máximo não deixar transparecer a dor dilacerante que eu estava sentindo na minha barriga, pois não queria chamar a atenção da
coisa, caso ele estivesse lá fora apenas observando.
De uma forma bastante perturbadora, eu também comecei a sentir uma aflição emanando de %Christopher%, assim como sua transformação à beira de um colapso, o que me deixava bastante preocupada, porque tudo o que eu não precisava no momento era um lobo se transformando ao meu lado.
- Talvez ele tenha voltado para o carro? – Enquanto caminhamos %Christopher% sugere.
- Acredito que não. %Jisung% parece ter um bom imã para se meter em problemas, então meu palpite é que ele esteja apenas perdido na floresta. – sugiro para %Christopher%.
- Você subestima muito o %Jisung%, %Faith%. – a questão não era eu subestimar %Jisung%, a questão é que eu não confiava no senso de direção daquele garoto.
- Não precisa elevar o tom de voz, afinal, estamos em uma missão para encontrar seu amigo. – reviro meus olhos e me desvencilho de seus braços.
- Ande devagar, você está machucada e estamos em uma floresta cheia de armadilhas. – paro por um momento e encaro o chão.
- Me deixe adivinhar. – faço uma pausa dramática. – Você já caiu em uma dessas armadilhas? - pergunto.
- Mais ou menos. – %Christopher% parecia sem graça. – Só tome cuidado, ok? – aceno com a cabeça.
- Tudo bem. – balanço a cabeça e caminho lentamente até achar um local que aparentemente tinha acabado de ser mexido. – Acho que alguém caiu em uma armadilha. – segurando a minha barriga, me aproximo do buraco. – Tenho certeza de que foi %Jisung%. – solto uma pequena risada, e me sinto um pouco aliviada.
- Tenho certeza de que é ele. – %Christopher% para ao meu lado.
- Fique atento. – peço delicadamente. – Não sabemos o que pode estar realmente ali dentro. – explico.
- %Faith%? – assim que me aproximo da armadilha ouço uma voz conhecida.
- %Echo%? – pergunto intrigada.
- Sim. – ela berra de dentro do buraco. – Não acredito que escutei uma voz conhecida. – me aproximo do local e olho para baixo.
- O que você está fazendo aqui? – pergunto confusa.
- O que você acha? A academia não é a mesma sem você. – bufo.
- Não acredito que você deixou a academia. – balanço minha cabeça, totalmente desacreditada.
- Somos uma dupla, jamais iria abandonar você. – ela continua falando. – Pode me tirar daqui? Tem um garoto que apagou tem meia hora ao meu lado. – solto uma risada.
- %Jisung%? – inclino minha cabeça para o lado ao notar o garoto apagado. – %Christopher%? - o chamo. – Como iremos tirar eles dali? – pergunto, pois eu não podia fazer nenhum esforço.
- Temos corda no carro? – ele pergunta.
- Sim. – balanço minha cabeça positivamente.
- Espere aqui, em breve eu volto. – reviro meus olhos, mas concordo.
- Vocês estão machucados? – pergunto.
- Apenas alguns arranhões. – %Echo% fala. – O garoto que está apagado que me preocupa.
- %Jisung% é aparentemente um pouco fraco. – resmungo. – Tente acordá-lo, %Christopher% não irá conseguir tirar vocês dai sozinho. – minha voz sai um pouco arfada.
- Aconteceu alguma coisa com você? – ela me pergunta.
- Apenas um machucado. – resolvo olhar para o local onde fui ferida e percebo que o local estava ficando mais escuro do que o normal. – Droga. – sussurro.
- Está muito feio? - %Echo% me pergunta.
- Talvez. – solto uma risadinha estridente. – Não irei pensar nisso agora. – baixo minha camisa e continuo conversando com %Echo%.
- %Faith%? – %Echo% me chama.
- Você notou como a umidade da floresta está alta? – fecho meus olhos e tento me concentrar.
- Vampiros? – ela me pergunta.
- Tenho quase certeza. – me viro para ficar mais alerta, não que eu tivesse muito que fazer no momento.
- Isso seria uma armadilha de vampiros? – minha amiga pergunta.
- Provavelmente. – balanço minha cabeça, mesmo que ela não pudesse me ver. – O cheiro de sangue deve ter atraído eles até aqui. – suspiro.
- Você tem sua arma? – %Echo% grita.
- Perdi toda a munição tentando acabar com a coisa que me atacou. – falo.
- Pegue a minha então. – ela me joga a sua arma, e a munição em seguida. – É seu dever nos proteger. – fecho meus olhos concordando e espero o inevitável.
- Ora, ora, ora. Veja o que temos aqui. – fico paralisada rapidamente ao ouvir aquela voz soar em meus ouvidos.
- %Seungmin%. – eu praticamente grito para ele. – O que você está fazendo aqui? – eu quase tinha atirado nele, droga.
- Senti seu cheiro e resolvi ver o que você estava aprontado. – ele cruza seus braços e me encara com um sorriso enorme nos lábios.
- Me escute. – falo entredentes. – Caia fora daqui. – o encaro e não desvio meu olhar em nenhum momento.
- Vamos lá, prima, o que você pode fazer contra mim? – sinto o deboche sendo destilado de sua voz melódica.
- Se esqueceu de que sou uma caçadora? – pergunto irritada.
- Como eu poderia me esquecer, %Faith%? Você escolheu a família da sua mãe. – olho para ele chocada, pois em nenhum momento eu demonstrei que me tornar caçadora tinha sido um desejo meu.
- O que você está fazendo na cidade? – pergunto. – Não deveria estar em Nova York? – meu primo se mantinha distante.
- Esse assunto é um pouco delicado para ser tratado agora. – meu primo se aproxima lentamente. – Fique quieta, nós temos companhia. – rapidamente %Seungmin% está ao meu lado.
- Fique fora disso. – dou uma cotovelada em sua barriga.
- Por que eu ficaria? Você sabe que eu adoro uma boa luta. – reviro meus olhos com sua teimosia.
- Finalmente encontrei o caminho de volta, estou com as cordas. – a voz de %Christopher% ecoa por dentro da floresta.
- Que merda é essa, %Faith%? – faço uma careta, era certo de que nesse momento, %Seungmin% já tivesse captado o cheiro de %Christopher%.
- Não interessa. – digo rapidamente. – Isso é um assunto meu e você não deve se meter. – minha voz soa como uma ordem.
- Quando me falaram que você estava se afundando com o submundo, não tinha noção da imensidão que era. – reviro meus olhos.
- O que está acontecendo aqui? – %Christopher% se aproxima com cautela.
- Esse é meu primo, %Seungmin%, aparentemente ele sentiu o cheiro do meu sangue e resolveu passar para falar oi. – dou de ombros, exausta demais para falar mais alguma coisa. – Podemos tirar eles dali? Eu realmente preciso de um curativo. – aponto para o buraco e logo depois para a minha barriga.
- Claro. – %Christopher% fala rapidamente e se aproxima do buraco. – %Jisung%, você está ai? – ele grita para o amigo.
- Não sei se o garoto que está ao meu lado é %Jisung%, mas posso garantir que ele está apagado. – solto uma pequena risada com a resposta de %Echo%.
- Quem é você? – ele pergunta.
- Apenas os tire de lá, logo eu explico tudo. – faço um pouco cansada.
- Ok. – ele balança a cabeça e para minha surpresa %Seungmin% o ajuda.
- Como vocês caíram ai? – meu primo pergunta.
- A armadilha já estava ativada quando cai, a neblina estava muito forte. – %Echo% explica. – Já o garoto, eu não tenho certeza por quanto tempo está aqui. – suspiro.
- Apenas os tirem de lá. – me sento no chão, sem me importar de sujar minhas roupas, afinal, elas já estavam sujas.
- Ok. – os dois falam juntos e começam a trabalhar.
Os meninos levam cerca de vinte minutos para poder tirar %Jisung% e %Echo% de dentro do buraco, esse tempo de espera tinha retirado toda a energia que me restava e eu podia sentir a febre tomando conta do meu corpo. Apesar de o sangramento ter parado um pouco, a dor que eu sentia era contínua e a fraqueza estava tomando do meu corpo, eu suspeitava que as garras do animal que me atacou pudessem conter algum tipo de veneno, um veneno que agia lentamente no organismo dos humanos, porém não mencionei para %Christopher%, pois não queria alarma-lo ainda mais com a situação.
Eu sabia que precisávamos sair o mais depressa possível de dentro da floresta, pois só assim iriamos evitar dar de cara com um vampiro, porém a caminhada realmente estava sendo um ato difícil de fazer, e quando me dou conta, uma mancha preta invade meus olhos e eu caio no chão.
- Vejo que você acordou. – abro meus olhos rapidamente quando ouço a voz da minha avó e, ao tentar me levantar da cama, sou impedida.
- O que aconteceu comigo? – pergunto a ela.
- Você desmaiou e eles a trouxeram para casa. – minha avó explica e rapidamente passo minhas mãos no ferimento que tinha barriga. – Não foi um ferimento bom, na realidade, quando você chegou, estava realmente preto. – olho para minha avó antes de soltar um suspiro.
- Você ao menos conseguiu uma amostra? – pergunto inquieta.
- Infelizmente não. – ela balança a cabeça. – Estive mais preocupada em salvar sua vida. – vovó sorri sutilmente para mim. – Você conseguiu ver o que era? – ela me pergunta.
- Não. – balanço a cabeça negativamente. – Tudo o que eu senti foi medo. – conto.
- O que você irá fazer agora? – ela me encara de um jeito curioso.
- Tem algo que eu posso fazer. – fico um pouco pensativa. – Mas tenho certeza de que a senhora não iria aprovar isso. – dou um pequeno sorriso.
- E o que seria? – ela parecia já estar desconfiando.
- Acho que eu deveria chamar %Hyunjin% até aqui. – falo convicta.
- E o que ele poderia fazer por você? – de repente vovô entra no quarto.
- Entrar nas minhas memórias. – encaro os dois parados na minha frente.
- Isso não é uma boa ideia, você precisaria de uma fada para ajudar. – balanço minha cabeça positivamente.
- Ainda bem que conheço muitas pessoas no submundo que podem me ajudar. – sorrio.
- Isso está fora de cogitação. – minha avó se levanta. – Além do mais, você está fraca para isso. – ela dá a última palavra.
- Eu sei disso. – faço uma careta, era um pouco inevitável, pois se eu não estivesse bem, nem %Hyunjin% e muito menos %Felix% iriam me ajudar.
- Tente descansar. – minha avó coloca o cobertor em mim novamente. – O veneno já foi retirado do seu corpo, então você não corre perigo. – balanço minha cabeça.
- Obrigada. – dou um sorriso agradecido.
- Sabíamos que seria difícil para vocês, mas não a ponto de você se machucar desse jeito. – fecho meus olhos envergonhada.
- Estou com vergonha de mim mesma nesse momento. – viro meu rosto para o lado.
- Não sinta vergonha, é completamente normal algumas coisas darem errado. – vovô fala.
- Não no meu mundo. – retruco.
- Eu sei disso, mas lembre-se, você tem dois mundos. – ele sai do quarto deixando eu e minha avó sozinha.
- O que ele quis dizer com isso? – pergunto.
- Que você está cada vez mais envolvida com o submundo, e mesmo não sendo um lobo, você tem o sangue de um correndo em suas veias. – prendo minha respiração. – Por isso você tem um bom senso de direção e liderança. – ela sorri para mim. – Vou deixar você descanar.
- Espera. – peço antes de ela fechar a porta. – Por que %Seungmin% está aqui? E como os meninos e %Echo% estão? – pergunto.
- Mais tarde iremos falar sobre o motivo do seu primo estar aqui, e seus amigos estão descansando nos quartos ao lado. Essa noite foi perturbadora para todos, então descanse. – vovó finaliza a conversa enquanto apaga a luz e fecha a porta do quarto, me deixando sozinha novamente.