Capítulo Quatro
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Depois de apagar Eleanor com o pó da amnésia, me despeço de %Hyunjin%, me sentindo um pouco triste por isso; além de %Minho%, ele era uma das pessoas mais próximas que eu tinha no submundo.
Após minha despedida, %Christopher% e eu caminhamos para o meu carro, na realidade, ele parecia mais quieto do que o normal, não que eu conhecesse o suficiente sobre ele para saber se ele era uma pessoa falante ou não, porém quando estávamos indo para casa de Eleanor, ele não parou de falar por um segundo.
- Por que continua me seguindo? – destravo meu carro, porém não entro.
- Preciso de uma carona. – reviro meus olhos.
- Você é um lobo, corra, seja livre. – aceno para ele ir embora de uma vez.
- Não posso fazer isso aqui. – %Christopher% parecia sem jeito.
- Que belo idiota você é. – reviro meus olhos. – Você pode correr livremente por ai e tem a audácia de me falar que não pode? – pergunto.
- É um pouco complicado. – bato na minha testa, era inacreditável as palavras que saiam da boca dele.
- Ok. – respiro. – Entre. – minha voz soa um pouco irritada.
- Obrigado. – %Christopher% da à volta pelo meu carro entra pela porta do passageiro.
Deixo que %Christopher% me guie até a sua casa, e fico surpresa por ver que ele não morava tão longe assim da minha própria casa. Eu sabia que %Jisung% era meu vizinho, afinal, mais cedo ele tinha me atormentado para dar carona e ficou falando que éramos vizinhos o tempo todo, mas como ele estava sozinho, eu supus que %Christopher% morava em outro local.
- Saia! – digo assim que paro meu carro na frente da sua casa.
- Antes de eu ir, tenho uma pergunta. – bato com a minha cabeça no volante.
- Apenas fale, antes que eu perca minha paciência. – me viro para encara-lo e dou um sorriso cínico para ele.
- O que acontece agora? – suspiro.
- O que você quer dizer com isso? – pergunto.
- Vocês irão achar quem está fazendo isso caso não seja Eleanor? – fico pensativa, eu sabia que meus pais não iriam descansar até matar quem está fazendo isso, então a resposta era positiva.
- Tenho certeza de que meus pais irão fazer o possível. – aceno para ele sair do carro.
- E você não irá se envolver? – %Christopher% pergunta de repente.
- Por que você quer saber? – pergunto.
- Porque eu quero ajudar. – fecho meus olhos e penso um pouco. Eu não podia envolver mais pessoas nos assuntos da Ordem, mesmo que eu não fizesse mais parte dela, acredito que envolver %Christopher% só iria trazer dor e sofrimento para ele e sua família.
- Talvez não seja uma boa ideia você se meter nisso. – falo calmamente.
- E por que não? – parecia que seria impossível faze-lo mudar de ideia.
- Tem noção de que no final você pode acabar morto? – uso palavras sinceras para abrir seus olhos.
- Não me importo de morrer, se no fim eu conseguir matar quem fez isso. – suspiro.
- Olha... – paro por um momento. – Existem outras coisas que deveriam preocupar você. – tento convencê-lo.
- Não. – balanço minha cabeça.
- Você é teimoso. – faço uma careta.
- Eu quero proteger minha cidade, minha família e meus amigos. – passo minha mão no rosto repetidas vezes antes de encara-lo.
- Ok. – eu sabia que no fundo eu iria me arrepender de deixar %Christopher% se envolver nisso, porém ao ver sua insistência no assunto, ele em algum momento iria acabar sendo imprudente.
- Sério? – ele me pergunta, um pouco descrente.
- Dou a minha palavra, agora saia. – mando.
- Tudo bem. – %Christopher% sorri para mim. – Vejo você amanhã na escola. – ele abre a porta do meu carro e sai imediatamente.
- Amanhã não teremos aula. – reviro meus olhos.
- Oh, certo. – ele parecia por um momento ter esquecido da morte do diretor.
- Mas esteja pronto cedo, irei levar você em um lugar. – suspiro.
- Aonde? – %Christopher% me encara.
- Você verá. – aceno com a cabeça para ele fechar a porta. – Até amanhã. – falo enquanto dou partida.
Felizmente o trajeto até a minha casa não é demorado, porém quando paro meu carro dou de cara com o carro dos meus pais já estacionado na frente de casa e tento pensar nas melhores desculpas para dar a eles, afinal, os dois tinham me mandado direto para casa. Sem escolha, eu saio do carro, até porque eu não poderia dormir dentro do carro por medo dos meus pais.
- %Faith%. – abro a porta devagar, mas quando vejo que meus pais estavam sentados no sofá apenas me esperando, não me importo de bater a porta com força.
- Olá. – aceno para eles com um sorriso no rosto.
- O que eu falei para você mais cedo? – minha mãe estava calma.
- Depende, você falou muitas coisas. – mantenho uma distância segura dela.
- Não brinque com o meu humor. – minha mão solta um suspiro audível. – Onde você esteve até agora? – ela me pergunta.
- Resolvendo algumas coisas? – coloco minha mão no bolso da calça.
- %Faith%. – meu pai não parecia estar de bom humor também.
- Tinha mais alguém com você na cena do crime? – ele me pergunta.
- Já cuidei disso. – era quase certo de que a polícia tivesse ido até a escola enquanto meus pais estavam investigando.
- E o que você fez? – minha mãe parecia curiosa para saber.
- Diferente de vocês, eu trabalho de outro jeito. – continuo parada entre o corredor, a escada e a sala de estar.
- Não teste minha paciência. – o copo que estava ao lado da minha mãe é jogado no chão.
- Não estou testando sua paciência. – a encaro. – Apenas estou falando que meu trabalho é diferente do seu. – cada dia que se passava eu conseguia ver mais semelhanças entre minha mãe e minha avó.
- Se envolver com o submundo não é algo que você deveria fazer. – ela me encara séria.
- Você se envolveu, a fruta não cai muito longe do pé. – sorrio.
- Seu pai não faz parte desse mundo. – reviro meus olhos.
- Sua mãe tem razão. – meu pai se pronuncia.
- Negando suas próprias raízes, que decepção. – eu não queria ter um relacionamento ruim com meus pais, porém não tinha sido minha escolha, até porque foram eles que me afastaram de tudo o que eu conhecia apenas para ter uma filha caçadora.
- %Faith%... – meu pai me repreende.
- Por que vocês não me dão uma folga? – pergunto.
- Porque você fez merda. – minha mãe se levanta do sofá. – Dê graças a Deus que temos caçadores infiltrados na polícia, ou senão teríamos que ter uma conversa bem séria. – ela estava irritada, por isso dou um passo para trás.
- Eu não fiz nada. – tiro as mãos do meu bolso e cruzo os braços. – Talvez vocês não tivessem tido nem tempo de dar uma boa olhada no corpo se não fosse por mim. – sorrio para ela.
- O que você quer? Um elogio? – mamãe me pergunta. – Porque não é isso que você irá receber essa noite. – reviro meus olhos.
- Eu cresci sem receber nenhum elogio. – explico. – Então não preciso de você passando a mão na minha cabeça.
- Cuidado com o que fala. – minha mãe me encurrala na parede.
- O que você irá fazer? – tento não baixar a cabeça mediante a situação que me encontrava.
- Vamos parar. – meu pai decide intervir.
- Pat. – minha mãe encara meu pai.
- Vou me retirar. – nem tento esconder o sorriso nos meus lábios.
- Não sorria muito, %Faith%. – minha mãe avisa. – Você pode perder tudo. – paro no meio do caminho.
- Eu perdi boa parte da minha vida trancada dentro de uma escola para caçadores, perdi muita coisa, então não venha com ameaças vazias. – subo as escadas rapidamente e ao entrar no meu quarto bato a porta atrás de mim.
Fecho meus olhos e tento reprimir a frustração que estava sentindo. Queria poder berrar por todos os cantos da casa e falar o quanto sou prejudicada pelos meus pais, porém eu me repreendo e me lembro de tudo que aprendi na academia, manter a calma era o passo essencial para eu não perder minha mente.
***
Acordo na manhã seguinte mais disposta, apesar da minha mãe ter passado dos limites na noite passada, eu não deixaria que essa situação me afetasse e muito menos saísse do controle. Eu precisava de respostas, respostas essas que não teria livremente dos meus pais, então eu iria atrás das únicas pessoas dispostas a me ajudar enquanto eu estivesse nessa cidade.
Meus avós.
Quando falei mais cedo sobre meu pai, e sobre ele vir de uma família de lobos, eu não tinha contado tudo. Minha família paterna era um tanto quanto peculiar, meu avô era um lobo de nascença assim como teoricamente seus filhos deveriam ser, digo teoricamente, pois meu pai não era um lobo e não tinha nenhum poder. Já minha avó tinha uma origem um tanto quanto sombria, e quando digo sombria, falo pelo fato de ela ter relações com uma Banshee.
Sim. Segundo a lenda, Banshee são mensageiras da morte, antigamente elas serviam para as grandes famílias da Irlanda, e cada uma tinha ligação com a família que servia, porém os tempos mudaram, as famílias se espalharam e as Banshee estão por ai, minha avó ter ligação com uma não é surpresa alguma, ainda mais quando ela tinha descendência irlandesa.
- Olá. – paro meu carro na frente da casa de %Christopher% e o espero.
- Aqui. – encaro o copo que %Christopher% me entrega. – É café. – ele revira os olhos e me entrega.
- Por que você está me dando café uma hora dessas? – na noite anterior eu tinha pegado no número de %Christopher%, apenas para poder entrar em contato com ele nessa manhã. Então assim que tive a confirmação de que não teríamos aula, mandei uma mensagem para ele informando que iriamos sair e que era para o mesmo estar me esperando na frente de sua casa.
- Porque não tenho ideia para onde iremos. – inclino minha cabeça para trás, apoiando ela no banco.
- Não irei fazer nada com você, só ajudá-lo. – bufo.
- Então, sobre isso... – %Christopher% parecia querer me falar alguma coisa.
- Desembucha. – estralo meus dedos.
- Podemos buscar %Jisung%? – ele parecia estar com um pouco de medo no momento.
- Você falou para o seu amigo que iria ajudar? – era inacreditável como %Christopher% estava envolvendo outras pessoas nessa história.
- Ele tem me ajudado desde que me transformei em lobo, jamais o deixaria para trás. – fecho meus olhos com força.
- Você é tão ingênuo. – ligo o carro imediatamente e dou a volta para ir até a minha casa. – Como você faz uma coisa dessas e nem me pergunta? – continuo falando.
- Desculpe. – tomo um gole de café e quase me engasgo.
- Droga. – xingo quando vejo que eu tinha sujado minha roupa.
- %Jisung% não é ruim, ele é uma boa pessoa. – tento abstrair suas palavras, mas era difícil no momento.
- Sim. – balanço minha cabeça. – E ele é humano.
- Assim como você. – %Christopher% fala.
- Fui treinada a vida toda para ser uma caçadora. – explico.
- Entendo. – ele fica quieto.
- Droga. – xingo novamente. – Por que você tem que complicar as coisas para mim? – assim que entro na minha rua, xingo mais um pouco. %Jisung% estava parado na frente da sua casa, completamente empolgado.
- Olá. – %Jisung% coloca a cabeça para dentro do carro. – Esperei você sair de casa e fiquei chateado por ter visto que você tinha ido há um tempo. – reviro meus olhos.
- Entre no carro. – eu não queria que meus pais me vissem nessa rua até o final da tarde.
- Tudo bem. – ele se apressa em fazer o que peço. – Para onde iremos? – %Jisung% era a primeira pessoa a me perguntar isso.
- Iremos visitar minha avó. – dou partida no carro novamente.
- E por que iriamos visitar sua avó? – %Christopher% me pergunta.
- Porque eles irão saber conversar com você. – solto um suspiro. – %Jisung%, você dormiu bem na noite passada? – eu estava quase que me arrependendo por não ter apagado as memorias de %Jisung% e implorado para %Hyunjin% fazer um feitiço para apagar a mente de %Christopher%.
Sim. O pó da amnésia só funcionava em humanos, pois a nossa mente funcionava diferente, já com um ser sobrenatural, era obrigatório o uso de feitiços.
- Apesar de ter ficado com medo na noite passada, eu consegui lidar bem com o sentimento de aflição. – reviro meus olhos, pois eu podia sentir a mentira sendo destilada de sua boca.
- Pelo que me lembro, você tem um grito bem agudo e afinado. – o encaro pelo retrovisor. – Quem sabe você deveria se tornar cantor. – solto uma risada ao ver sua expressão.
- Porque estamos nos envolvendo com ela, %Chan%? – fico um pouco confusa pela maneira que %Jisung% chama %Christopher%, mas não falo nado.
- Talvez seja porque ela aparenta ser mais experiente. – um sorriso se forma nos meus lábios.
- Obrigada. – viro meu rosto rapidamente e pisco para %Christopher%. – Realmente sou muito experiente. – sorrio.
O caminho para a casa da minha avó não era muito longe, típico de cidade pequena, porém sua casa diferente das outras, ficava perto de uma entrada para a floresta, ou seja, o que para algumas pessoas parecia ser assustador, para os meus avós era maravilhoso e automaticamente sorrio com as lembranças que tomam conta da minha mente. Quando eu era mais nova e meus pais ainda permitiam que eu ficasse com meus avós, nesse caso, quando eu não sabia nada sobre meus pais serem caçadores, ou que meu avô e tio eram lobos, eu passava boa parte do meu tempo brincando com meu primo na floresta, era engraçado ver que desde que eu era criança podia ter um senso de direção afiado. Foi só quando fiquei mais velha que meus pais falaram que eram caçadores, que lobos e vampiros existiam e que estávamos nos mudando, sempre temi que minha família paterna achasse que eu era igual aos meus pais e que estava dando as costas para eles, porém desde que entrei na academia fiz o possível para que eles não pensassem nisso.
- É aquela casa. – aponto para a casa dos meus avós para que os meninos pudessem vê-la.
- Nossa. – os dois pareciam surpresos com o que viram. – Esse lugar é incrível. – %Jisung% comenta.
- Claro que sim, meus avós gostam de caçar. – resolvo brincar com eles.
- Seus avós costumam caçar o quê? – %Christopher% pergunta sem jeito.
- O que você acha? – ergo minha sobrancelha para ele.
- Pare com isso, %Faith%. – %Jisung% se pronuncia para defender seu amigo.
- Você me pede isso agora, mas logo estará me implorando para acabar com seu amigo antes de ele morder ou tentar comer você. – dou de ombros e saio do carro. – Vocês esperam aqui por um minuto. – digo. – Minha avó não gosta de muitas pessoas ao redor dela, então entrarei primeiro. – inclino minha cabeça para trás para saber se os meninos realmente tinham entendido o que eu pedi.
- Tudo bem. – %Christopher% responde meio sem graça, e sorrio para eles enquanto fecho a porta do carro.
Caminho lentamente para perto da casa dos meus avós, e tenho certeza de que os dois sabiam que alguém tinha chego ao local, pois sua casa era a única por aqui. Enquanto caminho, repasso tudo o que tenho para falar, e até mesmo as coisas que não eram de estrema importância no momento. Eu realmente queria compartilhar muitas coisas com ela.
- Veja se não é a minha neta. – minha avó abre a porta no momento em que eu iria bater.
- Olá vovó. – digo um pouco sem graça, eu não via minha avó há muito tempo, eu podia contar nos dedos quantas vezes eu tinha visto ela nos últimos anos.
- Soube que vocês se mudaram recentemente para cá. – minha avó continua para na porta, com os braços cruzados. – Esperei você vir me visitar.
- Eu não me mudei com eles imediatamente, na realidade, só estou aqui porque fui expulsa da academia. – explico.
- Soube sobre isso também, as noticias correm soltas no submundo. – ela solta uma pequena risada.
- Infelizmente estou proibida de entrar lá por um tempo. – minhas bochechas coram.
- Como %Minho% ficou? – levanto minha cabeça e arregalo meus olhos, pois eu não tinha ideia de que minha avó soubesse que eu conhecia %Minho%.
- Ele está bem, saiu a tempo. – a encaro, confusa. – Como você o conhece? – pergunto.
- Longa história. – minha avó abana o ar. – Fiquei sabendo sobre o diretor também. – suspiro.
- Infelizmente quando cheguei, ele já estava morto. – encaro o chão.
- Vamos conversar lá dentro, chame seus amigos. – minha avó semicerra os olhos enquanto os encara. – Eles não são caçadores. – ela parecia surpresa com sua descoberta.
- Não. – balanço minha cabeça.
- Então os chame. – ela pede e eu vou correndo até o carro.
- Vamos lá. – chamo os dois garotos que nesse momento estavam parados como estátuas em seus bancos. – O que está acontecendo? – pergunto.
- Você não irá matar a gente, não é mesmo? – %Jisung% pergunta.
- Se eu fosse fazer isso, não seria aqui. – reviro meus olhos e os chamo novamente.
– Vamos lá, não tem nada a temer na casa da minha avó, ela só mantém algumas armadilhas por lá, mas nada demais. – solto uma gargalhada ao notar suas caras amedrontadas. – Estou brincando. – eles não tinham nenhum senso de humor.
- Não há nenhum mal lá, certo? – dessa vez é %Christopher% que pergunta.
- Minha avó jamais faria mal a vocês, não ela. – falo calmamente.
- Ok. – os meninos decidem sair do carro.
- Sua avó é mesmo legal? – %Jisung% pergunta.
- Por que você não pergunta para mim? – eu não tinha visto minha avó se aproximando, ela, assim como eu, dominava a arte de parecer invisível quando queria, e nem a pessoa mais experiente do mundo conseguiria escuta-la se aproximar. – Vocês estão demorando demais, vamos. – ela acena com a mão e eu saio correndo, os deixando para trás.
Entrando na casa sou tomada por uma onda de energia pura, e um cheiro completamente familiar. Eu tinha sentindo muita falta de estar na casa da minha avó e poder compartilhar informações com ela.
- Não corra desse jeito. – assim que minha avó entra em casa, me repreende.
- Desculpe. – me jogo no sofá e dou um sorriso para ela.
- Então... – ela me encara. – Me conte o que está acontecendo e como vocês dois se envolveram com ela. – vovó encara %Jisung% e %Christopher%.
- A gente se encontrou sem querer na escola. – %Christopher% parecia um pouco envergonhado.
- E depois disso ele me seguiu feito um cachorro. – dou uma piscada para ele.
- Essas piadas não tem graça. – minha avó e %Christopher% falam juntos.
- Desculpa. – ergo minha mão para cima. – Muito tempo na academia. – reviro meus olhos.
- Bobinha. – minha avó se aproxima de mim e aperta minhas bochechas.
- Então, a realidade é que meus pais vieram para cá por conta dos assassinatos, e como fui expulsa da academia, tive que me mudar junto. – me ajeito no sofá. – Ontem eu estava fazendo uma investigação quando encontrei esses dois e mais uma garota na escola, a garota foi quem achou o diretor. – faço um biquinho.
- E nenhum dos dois é o culpado? – minha avó aponta para eles e solto uma risada ao ver a expressão dos meninos caírem.
- %Christopher% é um lobo. – aceno com a cabeça. – %Jisung% é um humano, ele não conseguiria matar o diretor. – solto uma risada baixa ao vê-lo resmungando.
- Há quanto tempo você é um lobo, garoto? – minha avó se volta para %Christopher%.
- Mais ou menos oito meses. – arregalo meus olhos com a informação.
- Você está falando sério? – me levanto num pulo.
- Por que vocês duas estão me encarando desse jeito? – ele pergunta.
- Você foi mordido, garoto? – vovó o questiona.
- Não. – %Christopher% recua um pouco.
- Ele não foi, eu mesma verifiquei, seus olhos são cor de âmbar, quase dourados. – explico.
- Isso é estranho. – minha avó dá a volta em %Christopher%.
- O que é estranho? – vovô de repente entra na sala.
- Vovô! – corro em sua direção e o abraço.
- Olá querida. – ele afaga minha cabeça. – Sobre o que vocês estão falando?
- %Christopher% é um lobo recém-transformado, mas não foi mordido. – solto um suspiro. – Pensei que talvez você pudesse saber de algo. – observo meu avô encarar %Christopher% da cabeça aos pés.
- É realmente estranho. – meu avô fica pensativo. – Geralmente os lobos se transformam aos cinco anos de idade. – balanço minha cabeça concordando. – Talvez você seja uma exceção. – solto um suspiro.
- Talvez? – %Christopher% se pronuncia.
- Sim, talvez. – vovô concorda. – Por que vocês dois não vêm comigo?
- Para onde iriamos? – pela primeira vez desde que chegamos, %Jisung% se pronuncia.
- Quero mostrar algo para vocês. – vovô sabia ser persuasivo, então os dois acabam seguindo ele.
- Então... – assim que eles passam pela porta, minha avó começa a falar. – Um lobo e um humano? O que seus pais acham sobre isso? – ela pergunta.
- Eles não sabem. – volto a me sentar no sofá.
- Esperta. – minha avó sorri.
- Sinceramente? – a encaro. – Eu só quero achar o desgraçado que estar causando toda essa bagunça. – suspiro.
- Tenho certeza de que você irá achar, e por incrível que pareça, você tem boas amigos. – reviro meus olhos.
- Eles não são meus amigos. – aponto para a porta.
- Você fala isso agora. – vovó finaliza.