Capítulo Dois
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A primeira coisa que faço quando chego em casa é avaliar todos os cantos daquele local. Fazia muito tempo desde que estive aqui, e a casa parecia não ter mudado nada nos últimos anos. Depois de fazer minha checagem, eu corro para o meu quarto e tranco a porta dele, a bolsa que estava nos meus ombros jogo em cima da minha cama e começo a me despir para tomar uma ducha.
O dia tinha sido completamente exaustivo para mim. Depois de viajar por cinco horas, e ainda por cima ir para a escola, tudo o que eu mais queria no momento era deitar na minha cama e dormir até o dia seguinte sem interrupções, porém meus sonhos são interrompidos quando ouço o barulho da porta se abrindo e fechando. Imediatamente eu assumo uma posição de estratégia, pois não sabia se eram meus pais que estavam chegando em casa, ou um estranho qualquer a invadindo.
- %Faith%. – reviro meus olhos ao ouvir a voz da minha mãe vindo do cômodo abaixo. – Poderia descer por um minuto? – jogo minha cabeça para trás e encaro a porta do meu banheiro, decidindo que seria melhor não contrariar minha mãe no momento.
- Estou indo. – pego a blusa que tinha jogado no chão e a visto novamente e abro a porta do meu quarto, descendo imediatamente as escadas.
- Como foi sua aula? – semicerro meus olhos e observo minha mãe colocando um pouco de comida pronta na bancada.
- Foi boa. – dou de ombros e continuo a encarando. Minha mãe podia parecer uma pessoa jovem que se preocupa com o bem estar da sua filha publicamente, mas todos que a conheciam sabiam que ela preferia lidar com índigos e transmorfos a lidar com sua própria filha. – Por que a pergunta? – cruzo meus braços.
- Apenas queria conversar um pouco com você. – bufo.
- Desde quando você quer conversar comigo? – aponto para mim mesma.
Conversar era um gesto que eu definitivamente não esperava da minha mãe. Quando ela me mandou para a academia, minha mãe, assim como meu pai cortaram os laços completamente. Eles apareciam aqui e ali apenas para as pessoas acreditarem que éramos parte de uma Ordem forte e glorificada, algo que não era realmente verdade.
- Acho que você não é mais criança. – observo minha mãe se apoiando na bancada.
- Novamente, aonde você quer chegar com essa conversa? – eu já estava ficando sem paciência.
- Como você bem se lembra, há alguns anos vivemos aqui, mas o que você não sabe é que antes de termos vocês, eu estudei na mesma escola que a sua, assim como seu pai. – reviro meus olhos, e tento entender onde ela queria chegar com essa conversa. – Temos um motivo por voltarmos para essa cidade. – prendo meus dentes entre os lábios para evitar que uma risada saísse. – O quê? – minha mãe bate com a mão na bancada.
- Eu já sei o motivo de vocês estarem aqui. – cruzo meus braços e a encaro.
- Como? – mamãe parecia não acreditar muito em mim.
- As pessoas gostam de falar nessa cidade, e então eu descobri que existem alguns sumiços e algumas mortes que a polícia não conseguiu solucionar. – continuo sorrindo. – É só somar dois mais dois. – reviro meus olhos.
- Não é apenas isso. – minha mãe solto um suspiro. – Essa cidade é um farol para os sobrenaturais. – a encaro um pouco mais atenta.
- Esse é o motivo de vocês estarem aqui? Para matar todo mundo? – a questiono.
- Pessoas inocentes estão sendo assassinadas, %Faith%. – minha mãe tenta me explicar.
- Apesar de pessoas inocentes estarem sendo assassinadas, isso não dá o direito de vocês quererem matar todo mundo. – gesticulo com as mãos, completamente irritada com o que minha mãe tinha acabado de falar.
- %Faith%, já conversamos sobre isso antes. – mamãe continua me encarando e a julgar pelas suas feições ela estava dando o máximo para não me xingar.
- E eu irei continuar expondo minha opinião. – explico.
- Tanto faz. Você não é uma de nós. – por um momento suas palavras me machucam.
- Acho que você quem não deveria ter sido, mãe. – me refiro a sua insensibilidade comigo.
- Nunca pensei que ao ter uma filha, ela iria contra as regras da família. – jogo minha cabeça para trás e bato palmas.
- Regras da família? – pergunto irritada. – Talvez eu apenas siga o lema da família do papai. – eu sabia que falar sobre a família do meu pai iria ser um golpe baixo para minha mãe.
- Você não vê sua avó ou qualquer um deles tem muito tempo. – reviro meus olhos.
- Tem certeza? – pergunto. Minha mãe não tinha ideia de quantas vezes eu tinha saído da academia sem ser pega.
- O que você quer dizer com isso? – ela parecia um pouco irritada, e vamos ser sinceros aqui, minha mãe não era burra, ela teria entendido perfeitamente o que eu falei, apenas queria uma confirmação para poder me punir.
- Você entendeu muito bem. – pego uma maçã de cima da fruteira e mordo. – E mamãe. – apoio minha mão livre no queixo. – Eu não me formar como caçadora não significa que não irei lutar por aquilo que julgo certo. – aviso.
- %Faith%, não faça coisas que você irá se arrepender depois. – a aflição na voz da minha mãe era visível, porém não era por medo de eu me machucar, e sim pela Ordem descobrir.
- Pelo contrário. – solto um suspiro. – Tenho certeza de que se eu não fizer o que julgo certo, irei me arrepender pelo resto da minha vida. – dou um pequeno sorriso para ela.
- Apenas não se meta no nosso serviço. – ela me avisa.
- Desde que vocês não se metam no meu. – ergo uma sobrancelha e me viro para sair da cozinha.
- %Faith%... – paro no meio do caminho ao ouvir minha mãe me chamando novamente. – Não faça eu me arrepender de ter trazido você conosco.
- Talvez seja tarde demais para arrependimentos. – volto para o meu quarto imediatamente.
Eu estava tão exausta e essa conversa com minha mãe piorou ainda mais o meu estado de espirito. Claro que eu tinha ideia de que não seria nada fácil voltar a morar com meus pais depois de tanto tempo, porém eles assumiram a responsabilidade de me trazer para cá. Se eu me envolver em alguma coisa referente à pequena missão dos meus pais, isso não seria minha culpa. Eles sabiam onde estavam se metendo quando me trouxeram para casa, então o mínimo que eles podiam fazer era me dar uma folga.
***
- Ei, querida. – meu pai aparece na porta do meu quarto e chama minha atenção.
- Sim? – eu tinha tirado um tempo depois de descansar para fazer minhas tarefas da escola.
- Sua mãe e eu iremos fazer uma ronda. – o encaro.
- E por que você estaria me falando isso? – o questiono.
- Porque eu conheço você muito bem. – ele baixa o tom de sua voz e entra no meu quarto. – Eu posso não ser o melhor pai do mundo, assim como sua mãe não é a melhor mãe do mundo. – finjo um bocejo. – Não faça isso. – meu pai me repreende. – Nós realmente nos preocupamos com você. – balanço minha cabeça, mesmo que eu não achasse que eles realmente se preocupassem comigo.
- Você está divagando muito, papai. – eu tinha que cortar logo o que ele estava falando, pois se deixasse, meu pai iria falar que tudo que eles fizeram até hoje foi pensando em mim.
- Desculpe, entendi que você não quer conversar. – ele para no meio do meu quarto. – Como estava falando, sua mãe e eu iremos sair para uma ronda. – papai suspira. – Não cruze o nosso caminho. – ele pisca para mim antes de sair do quarto.
Claro que apesar dele ser um caçador e aceitar tudo o que acontecia ao seu redor, ele ao menos parecia me dar um voto de confiança para seguir meus instintos. Eu sabia que sua atitude amigável era apenas para ficar de olho em mim, talvez ele esperasse que ao me dar pequenos avisos, eu iria confiar nele, porém o que acredito que ele não saiba é que eu sou uma pessoa que não confia facilmente nos outros.
***
Espero meus pais saírem de casa para que eu pudesse me arrumar rapidamente e fazer o que precisava ser feito. Eu sabia que nessa ronda, meus pais poderiam encontrar alguma coisa, como não poderiam encontrar nada, porém meu instinto falava mais alto, e ficar em casa sentada, de braços cruzados, não era uma alternativa para mim no momento.
Meu cérebro pedia para eu tentar solucionar o que estava acontecendo, assim como minha sede de curiosidade por saber quem estaria matando tantas pessoas em uma cidade como essa. As roupas que eu tinha colocado eram pretas, para combinar com o breu da noite, e eu estava equipada com uma pistola e uma faca de prata. Apesar de eu ser contra usá-las, lembro que teve uma ou duas vezes que não tive escolha, porém, mesmo sendo necessário o uso, eu carrego essa culpa comigo até hoje. Embora eu fosse contra algumas coisas na academia de caçadores, tenho que admitir que houve dias de aprendizado que foram muito úteis apara mim, como por exemplo aprender a me movimentar silenciosamente em qualquer ambiente, ou como eu tinha que ser paciente para conseguir as coisas que eu queria.
Como eu tinha dito antes, meus pais não eram burros, eles sabiam que eu iria sair para patrulhar também e é por isso que na primeira oportunidade que tive, eu entrei no meu carro que tinha chegado nessa tarde, e dou partida. Não era a melhor ideia, devo admitir, porém o local que eu queria ir era longe demais para percorrer a pé.
Quando me aproximo da escola, estaciono eu carro o mais distante possível para que eu não chamasse uma atenção indesejada e começo a caminhar pelas sombras. Enquanto caminho para a escola algo chama minha atenção, a cidade não tinha barulho de insetos, o que não fazia sentindo, ainda mais o local sendo próximo de uma floresta. Esse era um dos indícios de que as coisas que estavam ocorrendo na cidade eram sim sobrenaturais, e não um assassino em série.
- O que vocês estão fazendo aqui? – mal entro na escola e encontro %Christopher% e %Jisung% no local.
- Eu faço a mesma pergunta para você, %Faith%, não é mesmo? – %Christopher% me encara com os olhos semicerrados.
- Olha aqui... – começo a falar quando sou interrompido por um grito extremamente agudo, e por conta disso eu saio correndo para achar o local que originava o grito, deixando os garotos para trás. – Droga. – não esperava que eu fosse ter companhia dentro dessa escola, e agora parecia que algo estava acontecendo por aqui. – Merda. – xingo quando percebo que entrei no lugar errado.
- É por aqui, %Faith%. – ouço a voz de %Jisung%, e fico surpresa por ele estar me seguindo, o mesmo gesticula com as mãos para o local certo e eu começo a correr com ele bem atrás de mim.
- O que vocês estão fazendo aqui? – eu podia sentir que o garoto estava perdendo o ritmo e ficando para trás.
- Podemos falar sobre isso depois? – ele me pede enquanto tenta a todo custo me acompanhar. Quando viro para trás, percebo que %Christopher% não estava por perto e paro de repente.
- Cadê o seu amigo? – seguro o braço de %Jisung% fortemente.
- Ele apenas pegou um atalho. – o garoto dá de ombros e eu murmuro irritada.
- Se isso for um jogo para vocês, que fique bem claro, vocês irão sofrer as consequências. – explico pausadamente.
- Por que você acha que isso é um jogo? – %Jisung% me pergunta, porém não ligo muito para o que ele fala, minha mente trabalha mais rápido e minha mão praticamente voa para o peito do garoto, impedindo que ele entrasse na sala da onde o grito tinha vindo.
- Mas o quê? Oh meu Deus. – era impossível me afastar dos berros de %Jisung%, acredito que ele estava um pouco atormentado pelo que tinha acabado de ver.
- Acho melhor apenas %Jisung% se aproximar. – reviro meus olhos ao ouvir a voz de %Christopher%, afinal, não é como se eu nunca tivesse visto um corpo morto na minha frente, isso era o que mais fazíamos na academia durante o treinamento.
- Não me teste, %Christopher%. – passo por ele sem me importar com o cheiro que o corpo já exalava.
- Eu juro que não fui eu. – escuto uma voz feminina e meus olhos praticamente voam para ela.
- Então por que você está aqui? – %Christopher% pergunta.
- Eu estava na biblioteca até uma hora atrás. – Eleanor parecia apavorada demais, o que era visível em sua voz.
- Então você sabe o que aconteceu. – cruzo meus braços.
- Eu não sei. – ela continua atropelando as palavras. – Eu estava na biblioteca estudando, fui para minha casa e agora estou aqui. – a garota parecia não estar entendendo muita coisa, assim como eu e os garotos que estavam aqui momento.
- Como posso confiar em você? – olho para as três pessoas ao meu redor. – Ou melhor, em vocês? – era muito suspeito que os três estejam no mesmo local, e na mesma hora de um assassinato.
- E como nós poderíamos acreditar em você? – %Christopher% se pronuncia, um pouco mais frio do que ele aparentava ser na escola. – Afinal, você acabou de chegar na escola e uma morte acontece. – reviro meus olhos.
- Como se isso não estivesse acontecendo há muito tempo. – cruzo meus braços.
- Gente. – %Jisung% chama nossa atenção. – Vocês não se importam de conversar em outro lugar? – ele meio que aponta para o lado, local onde o corpo jazia.
- Não. – %Christopher% e eu falamos juntos.
- Não devemos chamar a polícia? – a voz de Eleanor se sobressai de repente.
- Não! – novamente %Christopher% e eu falamos juntos.
- Ele é o diretor. – acredito que %Jisung% tomou coragem e foi ver de quem era o corpo.
- Você fez um bom trabalho de reconhecimento. – faço um joinha para ele e me aproximo do corpo.
- Por que parece que você sabe o que está fazendo? – %Jisung% me pergunta.
- Porque eu sei o que estou fazendo. – tiro um lenço de dentro do bolso e mexo no pulso do diretor.
- Estou com medo. – Eleanor fala de repente, me desconcentrando um pouco.
- Não precisa ter medo. – olho para trás e pego seu olhar. – Isso não é nada. – eu não queria fazer pouco caso do diretor, porém, nesses anos como futura caçadora, eu passei por momentos extremamente desconfortáveis. – Por que vocês não vão embora? – pergunto. – Deixem que eu cuido disso. – nesse momento, tudo o que eu desejava era estar com o pó de amnésia que consegui com %Hyunjin% outro dia no submundo.
- O que podemos fazer? – %Jisung% pergunta prestativo.
- Você irá ficar comigo. – encaro %Jisung%. – %Christopher%, leve Eleanor embora. – aceno com a cabeça para ele ir.
- Como posso confiar em deixar você sozinha com meu melhor amigo? – ele pergunta.
- Porque somos vizinhos? – aponto de %Jisung% para mim e vice versa.
- Não sei se consigo deixar %Jisung% com você. – %Christopher% balança a cabeça.
- Veja bem. – coloco meu dedo indicador na testa. – Se eu quisesse fazer algum mal para qualquer um que estivesse aqui nessa sala, você acha que eu não teria feito antes? – eu tinha que manter minha pose mais ereta e confiante.
- E como você faria mal para mim? – %Christopher% pergunta.
- Eu sei que você é um lobo, e que a prata, assim como acônito, é um dos seus pontos fracos – tinha demorado mais do que o normal para descobrir isso.
- E você é o quê? – ele pergunta.
- Sou uma caçadora. – tento ser o mais transparente possível. – Saber sobre essas coisas é meu dever. – sorrio.
- Isso quer dizer... – o interrompo.
- Não se meta nos meus negócios, e assim eu não irei me meter nos seus. – pisco um olho para ele.
- O que você precisa que eu faça? – ele resolve mudar de assunto.
- Chegue perto do corpo e fareje bem, enquanto isso eu irei ligar para os meus pais. – essa parte burocrática era o que eu mais detestava, por isso pedi que meus pais viessem e resolvesse essa situação o quanto antes. Eu não era egoísta como meus pais, claro que eu tinha consciência de que se eles tivessem descoberto algo, não iriam me contar, porém, para ser sincera, eu não tinha as ferramentas necessárias para mover o corpo e muito menos descobrir quem tinha feito isso com ele.
- A propósito, seu amigo sabe o que você é? – sussurro quando estou ao seu lado, %Jisung% não tinha aguentado ver o corpo ensanguentado no chão, assim como Eleanor e ambos acabaram deixando %Christopher% e eu sozinhos.
- Ele estava comigo quando isso aconteceu. – balanço minha cabeça em sinal de compreensão.
- Olha... – %Christopher% para de farejar de repente. – Não sinto nenhum cheiro diferente. – ele me explica.
- Ok. – solto um suspiro e analiso o corpo sem vida na minha frente. Ele tinha sido mutilado, e seu coração arrancado. Eu não conseguia imaginar quem poderia ter feito isso, porém, a julgar pelas marcas profundas, a pessoa tinha garras afiadas e um senso muito delicado por partes de corpo. Eu sabia que meus pais teriam uma avaliação mais detalhada sobre isso, porém faço minhas anotações e bato algumas fotos de como o escritório do diretor estava para que eu pudesse analisar mais tarde.
- Seus pais estão vindo? – %Christopher% me pergunta assim que checo meu celular.
- Sim. – balanço minha cabeça. – Eles são os únicos que podem limpar essa bagunça. – dou um meio sorriso.
- Então eles são caçadores? – %Christopher% me pergunta.
- Sim. – confirmo sua pergunta. – Mas diferente de mim, se você continuar aqui, não garanto que irá sair com vida. – informo.
- O que você sugere? – o garoto continua me fazendo perguntas.
- Sugiro que vocês tirem Eleanor daqui e sumam, assim meus pais não irão saber que estiveram aqui. – claro que eu teria que limpar muitas coisas para que meus pais não soubessem da presença deles aqui, porém era algo que jamais falaria para %Christopher%.
- Isso é tudo muito estranho. – observo %Christopher% caminhado de um lado para o outro. – Eleanor acabou de encontrar um corpo, e muitas pessoas têm morrido. – ele continua compartilhando seus pensamentos comigo.
- E deixa-me adivinhar, você acha que ela tem algo haver com isso? – pergunto para ele.
- Não que eu ache que isso realmente possa ser verdade, mas é tudo muito estranho. – %Christopher% me responde.
- E o que você sugere? – pergunto.
- Você pode ficar de olho nela? – ele me pede.
- Não tenho tempo para isso. – suspiro, realmente desejando ter o pó da amnésia comigo nesse momento, mesmo que ele não fosse fazer o efeito desejado em %Christopher%, pelo menos me poupava a dor de cabeça com os dois que estavam fora dessa sala.
- Por favor? – ele continua insistindo.
- Se você continuar desse jeito, irei achar que o verdadeiro culpado é você. – cruzo meus braços.
- Juro que não sou eu. – %Christopher% me encara.
- Ok. – concordo com ele, apenas por achar que talvez Eleanor soubesse muito mais do que falava também. – Agora acho melhor você ir. – o pego pelo braço e carrego para fora da sala.
- Então? – Eleanor e %Jisung% estavam sentados no chão.
- Vocês devem ir embora com %Christopher% e não falar sobre isso com ninguém. – semicerro meus olhos, principalmente para Eleanor, já que aparentemente %Jisung% guardava o segredo do seu melhor amigo muito bem.
- Sério? – %Jisung% parecia animado por sair daqui. – E você? Irá ficar? – ele me pergunta.
- Sim. – balanço minha cabeça e tiro a faca do meu bolso. – Estarei protegida, não se preocupe. – pisco para ele.
- Você tinha isso o tempo todo? – ele parecia um pouco vidrado e %Christopher% um pouco mais afastado de mim.
- Sempre mantenho minhas armas comigo. – eu não queria ter que entrar em detalhes com eles. – Agora vá. – aponto para as escadas e encaro %Christopher%. – Se certifique que eles não falem nada. – minha voz soa um pouco mais séria.
- Ainda acredito que devemos chamar a polícia. – Eleanor se pronuncia pela primeira vez depois do seu choque.
- Não vamos envolver a polícia por enquanto, prometo para você que assim que eu terminar, a polícia será chamada. – explico calmamente. – Porém, acredito que você não irá querer explicar os motivos de estar aqui esse horário, não é mesmo? – tento ser persuasiva.
- Você tem razão. – a garota parecia ponderar sobre suas palavras.
- Vá com os meninos, eles irão deixar você em casa em segurança. – novamente encaro %Christopher% que confirma.
- %Faith%. – %Jisung% se aproxima de mim. – Você irá ficar bem? – solto uma risada com a sua preocupação.
- Apenas vá. – o empurro levemente para que ele seguisse seus passos.
- Vamos. – %Christopher% finalmente parecia apto a fazer seu trabalho. – Amanhã iremos conversar, %Faith%. – aceno com a mão para que ele se apresse.
Assim que eles se afastam, eu volto a entrar na sala do diretor e passo a analisar cada detalhe do local, procurando por algo que talvez eu tenha deixado passar. Eu não tinha começado minhas pesquisas sobre as mortes que estavam acontecendo nessa cidade, porém tinha certeza de que esse não foi um caso isolado. O corpo do diretor realmente estava em um estado deplorável, e para ser sincera, a julgar pela aparência, fazia algum tempo desde que ele estava morto, o que deixa Eleanor como a principal suspeita do assassinato, porém o choque em seu rosto quando a encontrei na sala era real, ou ela era uma boa atriz, afinal.
Depois de fazer uma breve avaliação e estudar os detalhes do local, limpo todas as pegadas de %Christopher%, afinal, a primeira pessoa que eles iriam atrás seria ele, apenas pelo fato dele ser um lobo, e meus pais iriam acabar associando a morte do diretor com o fato dele estar na escola no momento do assassinato, porém, ao encarar %Christopher%, eu tinha certeza de que ele não era o verdadeiro assassino, pois seus olhos estavam em uma cor de âmbar praticamente puxado para uma cor de dourado puro, e geralmente quando lobos cometiam assassinatos, seus olhos mudam para uma cor de vermelho sangue.
N/a: Oiii, então o que vocês estão achando da história? Ainda tem muito chão pela frente e fortes emoções então aguardem.
Beijinhos.