Capítulo Onze
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Depois de ouvir atentamente o que minha avó queria, eu volto para meu quarto com %Echo% atrás de mim resmungando mil e uma coisas.
- %Faith% – a primeira coisa que ela faz ao fechar a porta, é me chamar.
- Sim? – me jogo na cama novamente.
- Por que você acha que sua avó agora está confiando na gente sobre pedir para os meninos entrarem na sua mente? – ela me pergunta.
- Não sei explicar muito bem, mas minha tia é um pouco vidente – faço uma careta ao não encontrar a palavra certa para descrevê-la.
- Sua avó deve confiar muito nela, ainda mais sabendo os riscos de que algo pode dar errado – fecho meus olhos.
- Ai é que está! Talvez ela não saiba completamente os riscos e por isso decidiu incentivar. – dou de ombros. – De todo modo, iremos fazer. – me levanto da cama. – Pode me emprestar seu celular? – pergunto.
- Por que você iria querer meu celular? – ela parecia um pouco desconfiada.
- Porque eu perdi o meu e preciso mandar uma mensagem para os meninos – respondo.
- Vamos encontrar eles? – o sorriso que %Echo% abre é enorme.
- Não sei se %Minho% e %Hyunjin% estão nessa cidade, mas vou pedir para encontrar com eles. – começo a escrever rapidamente e envio a mensagem para eles. – O que você acha de irmos correr um pouco? – como era sábado eu não precisaria ir para a escola ou fazer qualquer coisa, então talvez uma corrida seja bom para começar a finalmente me exercitar.
- Pode ser! Eu trouxe roupas pra treino de qualquer jeito, você pode pegar algo – ela começa a mexer em sua mala.
- Onde você deixou o restante das suas coisas? – pergunto ao notar que ela só tinha duas malas e uma mochila e eu sabia que %Echo% tinha muito mais coisas no dormitório.
- %Changbin% levou para a casa dele. – ela me olha. – Os pais dele não ficaram muito felizes ao saber que eu estava saindo da academia logo depois de você, e ficaram apreensivos com as atitudes de %Changbin%. – solto uma risada, pois eu imaginava os pais dele indo até a academia, tentando convencer o filho a não seguir nossos passos.
- E no fim tudo se resolveu? – pergunto.
- O que você acha? Eles fizeram %Changbin% prometer que não iria sair da academia, mesmo eu acreditando que isso pode acontecer a qualquer momento, porque estamos falando de %Changbin% – isso era exatamente uma atitude que eu esperava dos pais dele.
- Pelo menos eles guardaram suas coisas. – %Echo% joga para mim uma legging e um top. – Obrigada. – eu não esperava que %Changbin% seguisse nossos passos, na realidade, eu não esperava que %Echo% fosse fazer algo do gênero, porém eu me sentia feliz por ela estar ao meu lado nesse momento.
- Eles foram generosos em aceitar guardar minhas coisas, pelo menos fico tranquila em saber que elas não foram para o lixo. – concordo com ela. – Agora vá se vestir. – %Echo% aponta para o banheiro.
- Você é uma chata – mostro a língua para ela, porém eu faço exatamente o que ela me pede.
- E você ama quando sou assim. – continuo escutando a voz de %Echo% enquanto troco de roupa. – Será que %Jisung% e %Christopher% já acordaram? – fico pensativa. Eles não tinham tomado café da manhã com a gente, pois minha avó queria que eles continuassem dormindo, então não tinha como eu saber se eles tinham acordado ou não.
- Não tenho ideia, por quê? – pergunto.
- Vamos acordar eles? – a encaro assim que saio do banheiro.
- Você realmente quer acordar um lobo? – pergunto para ter certeza.
- Sim? – %Echo% parecia um pouco indecisa.
- Se você está tão certa disso... – passo por ela. – Por que não vamos agora? – a chamo quando paro na frente da porta.
- Isso é um teste? – %Echo% parecia um pouco desconfiada para mim.
- Por que seria um teste? – retruco.
- Porque geralmente você não concorda comigo facilmente. – ela continua me encarando.
- Às vezes você se supera, não precisa ficar desconfiada, vamos apenas acordá-los. – abro a porta do quarto. – O que você está esperando? – pergunto.
- Ok. – %Echo% parecia despertar de um transe. – Depois vamos correr. – ela passa por mim falando.
- Pode deixar. – espero ela sair completamente do quarto para fechar a porta. – Só me tira uma duvida, por que você quer tanto acordá-los? – pergunto.
- Pra não me sentir mal em deixa-los sozinhos? – %Echo% faz uma careta.
- Tudo bem, vamos lá. – a puxo pela mão, apenas no caso de que ela desista de acordá-los. – Preciso falar com %Christopher% de qualquer jeito. – dou de ombros.
Caminho até o quarto que minha avó tinha acomodado %Jisung% e %Christopher% e aproveito esse momento para por meus pensamentos no lugar. Realmente estávamos ficando aqui com mais frequência, e eu era muito grata por minha avó permitir que isso acontecesse e cuidasse tão bem de nós, porém eu não queria complicar a vida dela trazendo problemas pessoais para sua casa. Eu teria que achar uma maneira de resolver esse caso o mais rápido possível, não só porque pessoas estavam morrendo, mas também pelo motivo de que eu quero que meus pais vejam que apesar de não ser graduada como caçadora, eu era capaz de ir além dos ensinamentos da academia e da Ordem. Paro na frente da porta do quarto que os meninos dormiram na noite passada, e coloco minha orelha próxima a ela para saber se eles já estavam acordados, arrancando uma risada de %Echo%, e como não ouço nenhum barulho vindo de lá, abro a porta devagar para que se eles estivessem dormindo, não se assustassem com a minha invasão.
Ao entrar no quarto me deparo com os dois dormindo profundamente, como se nada no mundo pudesse abalar seu sono, e inconscientemente solto uma pequena risada com o gesto de estar olhando para eles. Tenho que admitir que talvez eu esteja surpresa com a resistência de ambos, principalmente a do %Jisung%, pois ele é uma pessoa comum que em nenhum momento recebeu treinamento para lidar com uma situação como essa, e por incrível que pareça estava fazendo um bom trabalho em se manter tranquilo e ainda por cima ser bom o suficiente para manter o segredo do seu melhor amigo.
Ainda perdida em pensamentos me pergunto como acabei me envolvendo com eles, ou melhor, como deixei eles se envolverem comigo.
- Acorde eles de uma vez – %Echo% sussurra para mim, e eu a encaro parada na porta, e me sinto um pouco irritada pelo fato que acabou sobrando para eu acordar eles.
Para ser bem sincera, ainda encaro os dois por alguns segundos antes de acorda-los, e meus olhos nesse momento acabam fixando em %Christopher%. Era um pouco assustador pensar nisso, mas ele vinha chamando minha atenção há algum tempo. Na realidade, era como se existisse um imã que me forçava olhar para ele atentamente, e essa não era a primeira vez que me vi nessa situação. Eu realmente estava muito curiosa para saber como ele levou tanto tempo para se transformar em lobo, ainda mais quando os lobos se transformavam ainda crianças. Na verdade, olhando por esse ângulo, seu comportamento lembrava muito os lobos do ártico,
sim, os lobos selvagens que não tiveram interações diretas com humanos, a não ser os exploradores que se aproximaram para estudar o comportamento de uma matilha isolada do mundo.
- Ei. – fico parada na porta enquanto os chamo. Eu não sabia como poderia ser a reação de %Christopher% sendo acordado.
- Só mais cinco minutos, mãe. – %Jisung% resmunga e vira para o outro lado.
- Eu adoraria deixar vocês dormirem por mais cinco minutos, porém vocês precisam acordar. – falo calmamente enquanto me encosto na soleira da porta.
- %Faith%? – %Christopher% é o primeiro a despertar.
- Quem mais seria? – tenho um sorriso brincado nos meus lábios.
- Precisamos mesmo levantar? – ele resmunga e volto a deitar a cabeça no travesseiro.
- Sim. – %Echo% estava para na soleira da porta e praticamente berra em meus ouvidos.
- %Jisung%. – %Christopher% se levanta ciente de que eu não iria deixa-lo voltar a dormir, e observo de forma divertida o momento que ele tenta inutilmente acordar %Jisung%.
- Ele tem um sono pesado, não é mesmo? – me aproximo da cama que os dois estavam dormindo e observo %Jisung% atentamente. – %Jisung% está ao menos respirando? – pergunto.
- Sim. – %Chan% balança a cabeça. – É só um pouco difícil de acordar ele. – reviro meus olhos.
- Deixe comigo. – me aproximo ainda mais do garoto, pronta para fazê-lo acordar.
- O que você está fazendo? – %Christopher% segura meu braços.
- Se ele não acorda de maneira simples, devemos fazê-lo despertar da maneira mais difícil. – assopro meu punho e me preparo para bater no garoto.
- Nem tudo é resolvido na violência. – novamente %Christopher% me impede.
- Você não é nada engraçado. – faço uma careta, e me afasto.
- %Jisung%. – %Christopher% novamente começa a sacudir se amigo, que finalmente parecia estar despertando.
- O que aconteceu? – %Jisung% pergunta sonolento.
- Levante. – inclino minha cabeça para ver %Jisung% despertando. – Espero vocês na sala. – falo rapidamente, na realidade existia algo que estava me incomodando desde a noite anterior, e eu era obrigada a falar rapidamente com %Christopher%.
- Você devia ser mais suave. – %Echo% reclama ao meu lado.
- A ideia de acorda-los foi sua, mas quem fez isso no final? – a encaro com as sobrancelhas arqueadas, afinal a ideia de acordar os meninos tinha sido dela, porém no momento que bati na porta, %Echo% desistiu.
- Tudo bem, dessa vez você tem razão, a ideia de acordar os dois foi minha, mas então eu vi os dois dormindo tranquilamente e não tive coragem. – ela fala teatralmente.
- Ok. – gesticulo para ela andar logo, pois estava começando a ficar sem paciência.
- %Seungmin%. – %Echo% praticamente cantarola ao ver meu primo. – Como você está, lobinho? – ela passa por mim e vai até ele, atitude que acho um tanto quanto estranha.
- Você está bem, %Echo%? – pergunto.
- Claro. – minha amiga parecia feliz ao ver a cara feia do meu primo. – Talvez você não saiba, mas mesmo brigando com ele constantemente, estamos nos tornando cada vez mais próximos. – observo a cena enquanto %Echo% belisca as bochechas de %Seungmin% e arregalo meus olhos.
- O quão próximos...? – as palavras de %Echo% poderiam facilmente ter duplo sentindo.
- Somos apenas amigos. – %Echo% parecia se divertir com a minha cara.
- Não somos nada, você que se ilude facilmente. – meu primo não parecia estar gostando muito da brincadeira.
- Adoro sua negação, lobinho. – observo a cena se desenrolar na minha frente sem entender muito bem o que se passava na cabeça de %Echo%.
- %Echo%... – %Seungmin% parecia começar a se irritar.
- Já entendi... Ninguém precisa saber. – ela pisca para ele e eu arregalo meus olhos. – Os meninos irão demorar muito? – %Echo% volta a olhar para mim.
- Não tenho ideia. – faço um biquinho. – Eu preciso sair para correr. – cruzo meus braços.
- É só ir. – %Seungmin% resmunga.
- Acordou irritado? – o encaro de cara feia.
- Não. – sua resposta é curta e grossa e diz muito sobre seu humor no momento.
- Tem certeza? Porque desde o café da manhã você está um pouco... – balanço a minha cabeça e resolvo deixar para lá. – Quer saber, não é problema meu. – dou de ombros e me jogo no sofá. – Por que você não faz um favor para mim e chama os meninos? – bato meus olhos ao fazer o pedido.
- Já estamos aqui, não tem nenhuma necessidade de irem nos chamar. – %Christopher% aparece.
- Demoraram. – dou um sorriso fechado.
- Eu precisava fazer minhas coisas. – %Christopher% fala seriamente. – O que você queria? – ele me pergunta.
- Existe algo que precisamos conversar antes de eu sair para correr. – eu não sabia muito bem como eu iria explicar isso para %Christopher%, porém era um assunto necessário.
- Aconteceu alguma coisa? – %Jisung% me encara um pouco preocupado com o que eu iria falar, porém resolvo ignora-lo, afinal, eu não tinha nada para falar com ele no momento, apenas com seu amigo.
- %Christopher%... – chamo seu nome lentamente.
- Não gosto quando as pessoas não vão direito ao ponto. – ele parecia um pouco irritado.
- Tudo bem, eu irei direito ao ponto. – o encaro e depois olho para meu primo. – A lua de sangue está se aproximando. – faço uma careta.
- Isso não é bom, estive tão imerso em tudo que está acontecendo que eu me esqueci completamente sobre isso. – o silêncio cai sobre a sala e os meninos me encaram confusos, e meu primo é o primeiro a falar.
- E o que isso significa? – novamente %Christopher% parecia não estar entendendo o que realmente estava acontecendo, e isso era compreensivo, visto que ele tinha se transformado a pouco tempo e nem ele e muito menos %Jisung% tinham alguma ideia de como as coisas costumavam funcionar nesse mundo.
- Significa que se você não tem controle total da sua transformação, você se torna um grande perigo pra as pessoas ao seu redor. – %Echo% explica.
- E o que podemos fazer para que ninguém se machuque? – a preocupação de %Christopher% era evidente.
- Prender você. – %Seungmin% faz uma careta. – Acredito que seja a coisa mais sensata a ser feita, até porque não tem como prevermos como sua transformação será. – concordo com meu primo.
- Luas cheias em si já são perigosas para os lobos que não tem um bom controle com suas transformações. – explico. – Agora uma lua cheia de sangue... – solto um suspiro.
- Isso é muito ruim? – %Jisung% me pergunta.
- É péssimo. – coço minha cabeça.
- Nós ficamos dez vezes mais fortes, então realmente é sensato deixarmos você preso. – meu primo volta a falar.
- Tudo bem. – %Christopher% parecia estar aceitando facilmente o fato de que não seria fácil.
- Alguém irá ficar com ele? – %Jisung% pergunta.
- Geralmente lobos recém-transformados ficam em uma cabana protegida. – eu não sabia muito bem como minha família lidava com isso, mas a meu ver, para proteger %Christopher% e as pessoas ao seu redor, seria melhor colocá-lo em uma cabana e selá-la com pó de tramazeira.
- Não se preocupe com isso, %Faith%, iremos protegê-lo e proteger as pessoas ao nosso redor. – %Seungmin% me olha.
- E você? – pergunto para ele.
- O que eu tenho haver com isso? – meu primo parecia um pouco confuso com a minha pergunta.
- Você tem controle sobre a transformação em uma lua de sangue? – pergunto.
- Você ficaria surpresa. – ele parecia estar me desafiando a desafia-lo, porém eu não entraria nesse jogo.
- Espero que você realmente esteja falando sério sobre isso. – falo para ele e me viro para encarar %Christopher%. – Você está de acordo? – era importante que ele concordasse com isso.
- Sim. – %Christopher% balança a cabeça.
- Ótimo. – aceno com a cabeça. – E espero que você – aponto para %Jisung% – fique longe de problemas nesse dia. – faço uma careta.
- Pode deixar. – ele faz um joinha para mim.
- Agora que as coisas estão esclarecidas, eu posso sair. – abro um sorriso enorme e encaro %Echo%. – Vamos? Ou você quer falar alguma coisa? – pergunto para minha amiga.
- Vamos logo, sinto que se eu não sair nesse momento para correr irei cometer um crime. – ela fala rindo.
- Exagerada. – reviro meus olhos e a puxo pelas mãos. – Nós vemos na escola. – essa era eu mandando os meninos embora da casa da minha avó sutilmente.
Saio da casa da minha avó e logo pegamos a trilha para dentro da floresta. Talvez não fosse a melhor ideia do mundo, não depois de eu ter sido atacada lá, mas era interessante eu rever a cena do local que fui ferida, pois assim talvez eu pudesse me recordar de algo, visto que as lembranças daquele dia são vagas.
- Você lembra onde estava quando foi atacada? – %Echo% me pergunta.
- Não me lembro muito bem. – solto um suspiro, pois eu realmente queria poder me lembrar mais desse dia.
- Isso é ruim, será que sua memória não foi apagada? – ela me pergunta.
- Ou talvez o choque tenha feito eu me esquecer das coisas que aconteceram naquele dia. – fico pensativa.
- Eu fico pensando no que poderia ter acontecido realmente com você naquele dia, você tem sorte de estar viva. – fecho meus olhos e concordo.
- Felizmente nada de ruim aconteceu comigo. – dou um sorriso para ela. – Agora você tem que concordar, essa floresta tem uma áurea um pouco pesada. – faço uma pequena reflexão.
- Sim, isso é verdade. – %Echo% cruza os braços e analisa o local. – O que será que aconteceu aqui naquele dia? – ela fica pensativa.
- É o que eu procuro saber desde que saí ferida daqui. – me agacho para tentar analisar o solo, porém nada parecia de errado com ele, na realidade, fazia dias desde o meu ataque, então com certeza não haveria absolutamente nada que pudesse me ajudar no momento. – Você pediu para os meninos nos encontrarem aqui? – pergunto.
- Mandei uma mensagem para %Hyunjin%; aparentemente, %Minho% não quer atender minhas ligações. – ouço %Echo% bufar.
- O que aconteceu? – semicerro meus olhos ao perguntar.
- Nada demais, apenas tivemos uma discussão. – solto uma pequena risada, afinal, %Echo% e %Minho% tinham o temperamento muito igual, o que de certa forma acabava causando alguns desentendimentos no meio do caminho, pois nenhum dos dois gostava de dar o braço a torcer.
- Pior que eu consigo imaginar como foi a discussão de vocês dois. – continuo rindo. – E %Hyunjin% respondeu você pelo menos? – mudo de assunto.
- O que você acha? – ela me pergunta.
- Que ele já deve estar por aqui, apenas esperando o momento certo para nos pegar de forma desprevenida. – era bem a cara dele fazer uma coisa dessas.
- Podemos esperar qualquer coisa vinda do %Hyunjin%. – %Echo% concorda.
- Você devia ter mais cuidado com o que fala, seria um pouco triste acabar com você apenas com um estralar de dedos. – ouço a risada escandalosa de %Hyunjin% vindo por entre as árvores próximas a mim.
- %Hyunjin% – olho para todos os cantos a procura dele.
- Olá, princesa. – ele sussurra no meu ouvido e me viro para encara-lo.
- Idiota. – dou um pequeno tapa em seu braço. – Talvez você que devesse ser um vampiro. – reviro meus olhos, pois ele gostava de se esgueirar e sempre me dar sustos como esse.
- Não faça isso. – ele se afasta de mim reclamando. – Olá, %Echo%. – %Hyunjin% para na frente dela sorrindo.
- Esses dois. – ouço %Minho% se aproximando e o logo vou até ele.
- Senti sua falta. – faço um biquinho.
- Engraçado... Eu não. – ele começa a rir, provavelmente pela cara que eu faço no momento.
- Não sei o que está acontecendo com as pessoas ao meu redor por estarem de mau humor hoje. – começo a resmungar.
- Talvez o problema não seja as pessoas ao seu redor, e sim você. – se existia duas coisas que eu não gostava de lidar era o mau humor e a sinceridade de %Minho%.
- Vou fingir que não ouvi o que você falou. – bufo.
- Sua escolha, e apenas sua. – %Minho% caminha até %Echo%. – Foi aqui que você foi machucada? – ele me encara novamente.
- Sim. – cruzo meus braços. – Vocês conseguem sentir isso? O ar estranho nesse local? – pergunto.
- Isso cheira a magia. – ouço %Hyunjin% falar.
- Sério? – então realmente existia uma explicação para eu não me lembrar de absolutamente nada.
- Sim, mas não é magia boa. – ele parecia um pouco pensativo.
- Então isso quer dizer que estamos em maus lençóis? – %Echo% pergunta e parecia estar um pouco preocupada.
- Depende. – %Hyunjin% nos encara. – Qualquer magia pode ser perigosa. – ele parecia pensativo. – Tudo depende da pessoa que a usa. – solto um suspiro.
- O que podemos fazer? – observo enquanto %Echo% pede uma solução para %Hyunjin%.
- Vocês sabem que qualquer tipo de magia pode ser localizado. – ele começa a explicar. – Porém isso exige tempo e esforço. – fico um pouco pra baixo.
- E aparentemente não temos tempo o suficiente para isso, certo? – %Minho% me encara, esperando uma resposta.
- Você tem razão. – faço uma careta. – Então a única coisa que podemos fazer para poupar tempo, é entrar na minha mente. – olho diretamente para %Minho%, pois eu sabia que ele não iria aceitar isso facilmente.
- Não. – como esperado ele fica contra o meu desejo. – Você prometeu. – %Minho% parecia realmente sentindo com a minha atitude.
- Eu sei que prometi, mas não acho certo que pessoas inocentes paguem o preço por não conseguirmos achar o culpado. – explico.
- %Hyunjin%, não podemos achar um jeito rápido e que %Faith% não saia ferida? – %Minho% pergunta.
- Posso tentar alguma coisa, mas terei que ter %Felix% comigo de qualquer jeito. – eu não sabia o que se passava na cabeça de %Hyunjin% nesse momento, porém eu tinha certeza de que ele faria o seu melhor para descobrirmos o que estava acontecendo ao nosso redor sem ter que usar magia em cima de mim.
- Não temos tempo hábil. – a preocupação era algo que estava me assombrando nos últimos dias. – Precisa ser algo rápido. – mordo meus lábios.
- Deixe comigo. – %Hyunjin% pisca. – Acho que vamos agitar essa cidadezinha. – ele comenta.
- %Hyunjin%... – %Echo% se aproxima dele. – Não podemos chamar atenção. – massageio meus olhos, pois eu conseguia imaginar a cena dele se juntando com %Felix% e tudo virando uma bagunça.
- %Hyunjin%... – chamo sua atenção.
- Sim? – ele se vira para me encarar um sorriso enorme nos lábios.
- Essa cidade tem caçador saindo até do bueiro. – explico. – Não quero que vocês sejam prejudicados por isso.
- Não precisa se preocupar, nós conseguimos nos virar. – reviro meus olhos pela sua teimosia.
- %Hyunjin%... – se %Minho% não tivesse me interrompido, eu com certeza teria dito o que pensava no momento.
- As meninas tem razão, existem muitas coisas acontecendo nessa cidade e um passo em falso que dermos, os caçadores irão usar isso como uma forma de nos punir e iniciar uma guerra. – concordo com tudo que %Minho% fala.
- Então eu não posso agitar a cidade? – ele pergunta. – Nem um pouco? – reviro meus olhos, pois realmente era difícil tirar algo da cabeça de %Hyunjin% quando ele estava crente de que poderia fazer o que quisesse e sair da situação sem nenhum problema.
- Não! – %Minho%, %Echo% e eu falamos juntos.
- Tudo bem, não vejo graça nenhuma em trabalhar nas sombras, mas já que vocês insistem... – ele parecia um pouco chateado com a nossa recente proibição, porém eu tinha certeza de que em breve ele iria se esquecer disso.
- Em quanto tempo você acha que %Felix% pode chegar? – pergunto mudando completamente de assunto.
- Vou entrar em contato com ele, quando %Felix% chegar, eu aviso. – faço um careta.
- Ligue para %Echo%. – aponto para minha amiga. – Ela é a única que está com o celular. – sorrio.
- Não comprou um ainda? – %Minho% me pergunta. – E o wendigo? Pensou em como irá acabar com ele? – por um momento eu realmente tinha me esquecido dele.
- Sem tempo. – respondo a primeira pergunta. – E sobre o wendigo, ele ainda não apareceu, então quando ele vir atrás de mim, pensarei em alguma coisa. – dou de ombros.
- Você recebeu uma pancada na cabeça por acaso? – %Hyunjin% parecia atordoado com a minha resposta.
- Eu não tenho tempo de ir atrás de um wendigo no momento, eu tenho que resolver esse caso antes dos meus pais de qualquer jeito. – finalizo.
- Isso está virando um desafio. – observo %Echo% colocando as mãos em seu rosto.
- Desafio por quê? – %Minho% pergunta talvez curioso para saber o que minha amiga tinha para falar.
- Parece que estamos em uma corrida para vencer os pais de %Faith% de qualquer jeito. – balanço minha cabeça, pois não era tão verdade assim.
- %Echo%... – talvez %Echo% tenha exagerado um pouco.
- É verdade, %Faith%. – a fisionomia de %Echo% é séria.
- Acho um pouco exagerado você falar que estamos em uma corrida para vencer meus pais. – suspiro.
- Talvez %Echo% esteja certa. – para %Minho% concordar diretamente com alguma coisa que %Echo% tenha dito, é porque ele sentia o mesmo.
- Sabemos como você é um pouco competitiva. – olho %Hyunjin% da cabeça aos pés, porque ele era uma pessoa competitiva, não eu. – Não me olhe assim, %Faith%, você sabe que é isso. – continuo encarando ele. – Pare! – solto uma risada ao vê-lo ficar um pouco sem graça com meu gesto, pois eu sabia que ele sabia sobre o que eu estava me referindo apenas com o olhar.
- Tudo bem, vamos parar por aqui. – olho para o relógio. – Tenho que voltar para casa da minha avó e depois para minha casa, antes que meus pais apareçam por lá. – eu não duvidava muito que meus pais pudessem aparecer do nada na casa da minha avó apenas para mostrarem ter algum interesse na filha deles, e mesmo que isso seja um gesto completamente falso da parte deles, eu sabia que míseras palavras iriam atormentar minha avó e meu avô por muito tempo, e eu não queria isso para as pessoas que estavam me acolhendo a todo o momento.
- Odeio ter que me despedir de você. – %Hyunjin% se aproxima de mim e abre os braços. – Mas sei que é necessário. – concordo com ele.
- Não se esqueça de falar com %Felix%, quanto antes conseguirmos essas informações, mais rápido iremos acabar com tudo. – sorrio para ele e o abraço. – E, por favor, tome cuidado enquanto circular pela cidade. – peço com gentiliza.
- Pode deixar. – %Hyunjin% desfaz o abraço e eu vou até %Minho%.
- O mesmo para você, a situação entre lobos e vampiros está quente demais. – olho para ele atentamente. – Não quero que você se machuque.
- O mesmo vale para você. – %Minho% me puxa para um abraço e novamente me surpreende, pois geralmente ele não demonstrava esse tipo de feição carinhosa na frente das pessoas.
- Você realmente é o %Minho% que conhecemos? – %Echo% pergunta.
- Não me irrita. – ele puxa %Echo% para os seus braços depois de me soltar.
- Isso parece tanto com um filme de romance. – %Hyunjin% deixa escapar e eu arregalo meus olhos.
- Um dia quem sabe eu escreva a incrível história de uma caçadora e de um vampiro. – entro na onda de %Hyunjin%.
- Vocês irão morrer pelas minhas mãos. – %Minho% aponta para %Hyunjin% e eu.
- Não seja exagerado. – pisco para ele. – Estamos combinados então? – pergunto para os meninos.
- Espere uma ligação nossa. – %Minho% acena.
- Ok. – me despeço mais uma vez dos dois antes de ver ambos irem embora.
- O que você acha? – %Echo% me pergunta de repente.
- Sobre o quê? – a encaro.
- Acha que esse método de rastreio da magia anterior irá da certo? – noto a preocupação em seus olhos.
- Se isso não der certo, infelizmente terei que quebrar minha promessa e fazer o que acho correto ser feito. – suspiro e olho ao redor novamente. – Eu só quero acabar com isso o mais rápido possível para que eu possa seguir com a minha vida. – eu estava sendo sincera quando disse que queria acabar com tudo isso de uma vez.
- Espero que não demore muito, pois estou começando a ficar aflita. – %Echo% realmente parecia inquieta, e talvez ela estivesse mais inquieta do que eu imaginava.
Saindo da trilha e caminhando até a casa da minha avó, percebo um carro muito conhecido estacionado na frente da garagem e solto um suspiro, afinal, por que meus pais tinham que inventar de aparecer assim do nada? Eu sabia que eles estavam ali não por estarem preocupados comigo, mas sim porque queriam saber se eu tinha uma resposta para tudo o que estava acontecendo nessa cidade, até porque a verdade era uma só, eles não se importavam comigo.
Entro dentro de casa silenciosamente e ao notar que meus pais não estavam na sala caminho de forma silenciosa procurando por eles.
- O que você está fazendo? – %Echo% sussurra.
- Quero saber onde meus pais estão e se eles estão falando alguma coisa. – sussurro de volta.
A casa da minha avó não era tão grande quanto aparentava ser, na realidade, ela tinha apenas um andar, porém a distribuição dos locais na casa era um pouco confuso, mas eu conhecia a casa com a palma da minha mão, então caminhei silenciosamente até chegar na cozinha, o cômodo mais afastado da casa.
- Isso é um absurdo. – rapidamente coloco minhas mãos na boca para abafar qualquer som que eu pudesse fazer.
- Vamos lá Pat, o que é um absurdo? - a voz da minha avó não parecia nada feliz, pelo contrário.
- Se vocês não dessem corda para as ideias de %Faith%, ela não iria se meter nesse caso! - meu pai berra e eu arregalo meus olhos, um pouco surpresa pela falta de controle dele.
- Não fale besteiras, Pat, você sabe que nossas palavras não importam para ela. – parecia que meus avós e meu pai estavam reunidos na cozinha, então me aproximo mais um pouco para continuar ouvindo a conversa deles.
- %Faith% tem se afundado cada vez mais no submundo, você devem achar isso maravilhoso, mas para uma caçadora é realmente perigoso. – reviro meus olhos, pois não era como se meus pais se preocupassem com meu bem estar, na verdade, eles só tinham medo de serem repreendidos pela Ordem por conta das minhas atitudes.
- Você está insinuando que é nossa culpa? – vovó pergunta irritada.
- Quanta hipocrisia. – escuto meus avós sussurrarem.
- O que está acontecendo? – dou um pulo para trás assim que escuto a voz de %Seungmin% batendo no meu ouvido.
- Fique quieto. – coloco meu dedo indicador nos seus lábios e peço silêncio para ele e %Echo% que quase deu um berrinho ao ouvir a voz do meu primo.
- A mandem para casa. – fico mais atenta na conversa. – E peçam para que ela pare de caçar, talvez %Faith% escute vocês. – fecho meus olhos e os massageio em sequência, meus pais já deviam ter aprendido há muito tempo que quando coloco alguma coisa na minha cabeça, era muito difícil de mudar.
- Desculpe, Pat, mas não irei fazer isso. – vovó fala.
- O que seu pai está fazendo aqui? – diferente de mim, %Seungmin% não precisava se esgueirar pelos cantos para poder ouvir conversas alheias.
- Você acha que se eu soubesse, eu estaria tentando ouvir a conversa deles? – me viro para encarar meu primo.
- Você está certa. – observo %Seungmin% inclinando a cabeça para o lado para continuar ouvindo a conversa e faço a mesma coisa.
- Mamãe, seja consciente pelo menos uma vez na sua vida. – ouço meu pai pedindo. – %Faith% se envolver nessa briga só irá piorar as coisas para ela. – dou o meu melhor para não invadir a cozinha nesse exato momento e pedir para que meu pai se retire, eles nunca se preocuparam comigo, então por que agora ele tinha tanto medo de eu me envolver nisso?
- Não insista, Pat. – acredito que vovó dá o assunto por encerrado, pois logo em seguida %Seungmin% me empurra para entrarmos na cozinha.
- Olá tio. – meu primo invade a cozinha com uma confiança enorme.
- %Seungmin%. – meu pai não parecia muito feliz em ver meu primo. – Pensei que você estivesse em Nova Iorque. – baixo minha cabeça e solto uma risada. – O que é engraçado, %Faith%? – ele me encara.
- Nada demais. – gesticulo com a mão. – Apenas fiz a mesma pergunta quando encontrei %Seungmin%. – dou de ombros. - O que você está fazendo aqui papai? – pergunto.
- O que você acha? – meu pai não parecia feliz em me ver ao lado do meu primo. – Sua avó nos ligou ontem à noite avisando que novamente você ficaria aqui. – faço um biquinho enquanto meu pai continua gesticulando loucamente com as mãos.
- Pelo que você pode ver, estou ótima. – ergo meu dedo polegar para cima.
- Você não está bem, %Faith%, e acho que você deve se afastar do caso. – meu pai continua falando.
- Por que você não a deixa decidir o que quer? – %Seungmin% fica ao meu lado e muda sua postura ao falar com meu pai.
- Não se meta nisso, vira lata. – meu pai fala entredentes. Não era novidade para ninguém que meu pai não suportava %Seungmin% ou qualquer pessoa da sua própria família.
- Não se esqueça de que ainda sou forte o suficiente para matar você. – meu primo continua com uma postura firme e eu solto um xingamento baixo.
- Será que todas as reuniões familiares tem que ser assim? – pergunto, chamando a atenção de todo mundo.
- Nunca tivemos reuniões familiares antes. – meu pai bufa. – Pegue suas coisas, vamos para casa. – ele usa um tom autoritário.
- Desculpe, mas não posso. – faço uma careta.
- Como? – papai parecia não acreditar nas minhas palavras. – Você resolveu se rebelar mais um pouco? – ele me pergunta, sério.
- Papai... – eu ia dar uma reposta à altura, porém sou interrompida.
- %Faith%? – acredito que finalmente %Echo% criou coragem para entrar na cozinha e se revelar para o meu pai, não que ele já não soubesse que ela estava aqui.
- %Echo%? – meu pai praticamente berra ao ver minha amiga ali, quase como se estivesse realmente surpreso em vê-la ali.
- Olá Pat. – minha amiga fica atrás, sem dar nenhum passo ao ver meu pai parado na cozinha.
- Desde quando você está aqui? – o olhar do meu pai passa de %Echo% para mim e por fim para na minha avó.
- Hã? – %Echo% tenta se fazer de desentendida. – Talvez eu deva ir para o quarto? – ela aponta para a porta.
- Você fica. – minha avó manda. – Vamos resolver tudo isso agora. – ela passa a encarar todo mundo. – Se sentem. – ela praticamente ordena e até meu pai a obedece.
- Droga! – xingo e vou me sentar.
- Eu quero saber tudo o que está acontecendo, e não quero mentiras. – meu pai cruza os braços como se fosse um garoto mimado e faço uma careta.
- O que você quer saber? – ergo minha sobrancelha para ele.
- O que %Seungmin%, e principalmente %Echo%, estão fazendo aqui? – ele procura se apoiar na mesa e nos encarar
- Desde que eu não tenho pais, posso tomar qualquer decisão quando o assunto é minha vida. – %Echo% parecia decidida em não baixar a cabeça para o meu pai.
- É isso? Eu quero saber o motivo de você ter desistido da academia. – meu pai engrossa a voz.
- Simples. – %Echo% sorri. – Sua sogra enlouqueceu completamente desde que teve que expulsar %Faith% da academia. – minha amiga estava mais relaxada do que antes. – Por conta disso eu resolvi sair e vim até %Faith%. – ela termina sua explicação, e ao olhar para as feições do meu pai, ele não estava nada feliz.
- Minha família sempre considerou você parte da família, e é assim que você nos retribui? – papai pergunta.
- Não sei onde você achou que sua família me considerava parte da família, porque, para ser bem sincera, a única família que tenho aqui é %Faith%, e você ou sua esposa não estão inclusos nela. – baixo minha cabeça para não ver a reação do meu pai, pois tinha certeza de que não conseguiria conter uma risada.
- %Echo%... – ele a repreende. – Você deve voltar imediatamente para a academia.
- Sinto muito, mas não irei. – ela cruza seus braços. – Me sinto muito confortável aqui. – coloco a mão por cima da minha boca para esconder um sorriso.
- Vocês estão ficando loucos. – meu pai parecia desacreditado. – Eu quero que vocês entendam que as coisas não estão boas, e vocês duas estão incluindo humanos num assunto da Ordem. – arregalo meus olhos, ficando surpresa pelo meu pai saber que tínhamos %Jisung% conosco.
- Aquele garoto é bastante perceptível. – meu pai faz uma careta ao se referir a %Jisung%. – E ainda por cima, você está metida com lobos, vampiros e bruxos.
- Isso não é nenhuma novidade para nós. – %Echo% conseguia falar demais quando queria.
- Vocês duas são um caso perdido. – meu pai balança a cabeça.
- Se elas são um caso perdido, o que você está fazendo aqui ainda? – %Seungmin% pergunta.
- Porque, diferente de vocês, eu quero resolver as coisas. – eles ficam se encarando por um tempo.
- E como você tem tanta certeza de que não estamos fazendo o mesmo? – meu primo pergunta.
- Vocês estão apenas atrapalhando. – papai se levanta.
- Aonde você vai? – minha avó agarra o braço do meu pai.
- Estou farto de tentar por alguma coisa na cabeça de vocês. – ele para e olha diretamente para mim. – Você será a única culpada pela sua morte e pela morte dos seus amigos. – a frase que ele fala fica presa na minha mente, porém eu faria o possível para que ela não se tornasse realidade. – Nos vemos em casa. – ele não parecia feliz.
- Ok. – as palavras saem pausadamente da minha boca. – Acho que depois disso vou descansar na sala. – aponto para a porta atrás de mim e começo a sair de lá.
- %Faith%. – %Echo% corre até mim e entrelaça seu braço no meu. – O que iremos fazer agora? – ela me pergunta.
- Continuamos de onde paramos. – começo a tossir de repente.
- Você está bem? – %Echo% me pergunta preocupada e eu aceno com as mãos, caminhando até o sofá.
- Acho que temos que terminar isso logo, meus pais estão à beira da loucura. – começo a resmungar.
- Seus pais irão causar problemas para nós, isso sim. – eu não tinha ideia de que %Seungmin% estava nos seguindo, por isso fico surpresa quando ele se joga em um sofá ao lado do meu.
- O que você quer dizer com isso? – pergunto.
- Eles querem encrenca, e talvez tenham achado a formada perfeita para conseguir isso. – o encaro um pouco confusa.
- E de que forma seria? – o encaro enquanto espero por uma resposta.
- Usar você. – ele sorri como se tivesse razão.
- Talvez eles realmente estejam vendo uma oportunidade nisso tudo, e é por isso que temos que capturar o culpado dessas mortes. – faço um biquinho. – E a propósito, adorei o modo que você enfrentou meu pai. – faço um joinha para ele. – E %Echo%... – olho para minha amiga – eu sempre serei sua família, jamais pense o contrario. – seguro a mão da minha amiga com força.
- Sei que Pat pode até ser seu pai e um dos melhores caçadores que já conheci na minha vida, mas nada do que ele fale me fará voltar para a academia sem você. – ela me olha com desespero.
- Acho que nunca cheguei a perguntar, mas as coisas estão tão ruins assim na academia? – a questiono.
- Você sabe em partes o que aconteceu, mas acredito que não sabe que, depois da sua expulsão, sua avó foi até o submundo, certo? – prendo minha respiração, pois %Hyunjin% tinha comentado comigo sobre isso.
- Então esse é o motivo de %Faith% estar proibida de entrar no submundo? – semicerro meus olhos, até %Seungmin% parecia saber dessa minha restrição no momento.
- Sim. – %Echo% como sempre falando demais. – Na realidade, ela foi até o submundo atrás do %Minho%, mas não o encontrou. – ela sorri. – Se não me engano, essa foi à mesma época que um dos guardas dele foi morto. – as mãos de %Seungmin% fecham em punhos.
- %Echo%... – faço uma careta, pois esse assunto ainda era delicado, e mesmo ela sabendo disso, minha amiga fez questão de mencionar.
- Então todo mundo ainda continua falando sobre o guarda do %Minho%? – meu primo pergunta.
- É claro! O cara foi estraçalhado. – arregalo meus olhos, minha melhor amiga não tinha filtro em suas palavras. – E ele era um dos melhores guardas do %Minho%, o coitado foi pego totalmente desprevenido, seu pai fez um ótimo trabalho. – prendo minha respiração, pois eu não tinha ideia de como meu primo iria reagir a isso.
- E depois? – %Seungmin% pergunta.
- Essa morte criou certo atrito entre vampiros e lobos. Acredito que as coisas não estão muito boas, e não me surpreenderia se %Minho% procurasse vingança, o cara, além de ser guarda dele, era seu primo. – baixo minha cabeça com a informação.
- Parece que teremos uma batalha pela frente. – meu primo fala decidido.
- Sinceramente? – %Echo% olha para ele. – Acredito que Celine e Levi não irão permitir que isso aconteça.
- Então o que você acha que irá acontecer? – %Seungmin% parecia um pouco curioso com a resposta de %Echo%.
- A verdade? É capaz de eles entregarem seu pai. – novamente arregalo meus olhos.
- Como você sabe sobre isso? – resolvo me intrometer na conversa.
- Antes de vir aqui, encontrei com %Hyunjin%. – ela sorri para mim. – Não estava conseguindo falar com %Minho%, então não tive escolha a não ser ir até o submundo. – %Echo% continua falando. – Eu vi o caos de perto, pensei que iam me matar, a propósito. – ela dá de ombros.
- As coisas devem estar tensas por lá. – tiro o esmalte da minha unha.
- Não quero pensar que eles iriam entregar um dos nossos, apenas para satisfazer o desejo de vingança dos vampiros. – meu primo parecia estar tentando convencer a si mesmo, e não a nós. Na realidade, era possível que algo do gênero acontecesse, afinal, o tratado entre lobos e vampiros estava sendo mantido de maneira firme até meu tio fazer isso.
- Apenas vamos torcer para não ter nenhuma guerra. – %Echo% se levanta do sofá.
- Isso seria impossível. – meu primo fica ereto.
- A situação não está boa para o seu pai, %Seungmin%, e aposto que não exista saída para ele caso Celine e Levi decretem que ele deva ser entregue. – apesar das palavras duras de %Echo%, nós sabíamos que se Celine e Levi, reis do submundo ordenassem, não haveria como meu tipo escapar.
- Por que isso tem que acontecer tudo junto e em um momento tão crítico? – ele parecia um pouco atordoado.
- Porque assim é a vida. – faço uma careta ao falar. – Sinto muito, %Seungmin%, mas nesse momento não há nada que possamos fazer pelo seu pai. – eu sabia que a única pessoa que poderia acabar de uma vez com tudo isso era %Minho%, mas conhecendo ele como eu conhecia, eu tinha certeza de que ele faria meu tio sofrer um pouco antes de liberta-lo.
- Apenas aceite, %Seungmin%, melhor estar preparado. – %Echo% dá um sorriso para ele.
- Sinceramente? Não estou preparado para isso. – ouço um sussurro vindo dele, porém decido ficar quieta, afinal, eu não tinha nada para falar no momento.