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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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A Namorada Quase Improvável

Escrita porRay Dias
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo 2 • O Peso da Verdade e o Medo de Sentir

Tempo estimado de leitura: 33 minutos

O carro seguia pelas ruas movimentadas de Seul, mas %Hana% mal percebia a paisagem pela janela. O vidro refletia o próprio rosto, a expressão séria e ligeiramente cansada, como se a reunião ainda estivesse reverberando dentro dela. Jisoo e Ji-Yeun conversavam no banco da frente, mas as palavras chegavam até ela em ecos distantes. O que realmente a prendia era a tensão que sentira no final da reunião.
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  Minho, com aquela forma tão natural de protegê-la, parecia ter tentado fincar território, como se dissesse sem palavras: ela não está sozinha. Já Tae… ele não precisava de frases inteiras para mexer com ela; bastava o olhar demorado, a presença forte, os gestos calculadamente simples.
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  %Hana% encostou a cabeça no vidro, respirando fundo. O coração insistia em trazer à memória o beijo que mudara tudo. Até então, era fácil se convencer de que aquilo era apenas uma atuação bem-sucedida. Mas agora… algo estava diferente.
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  “E se eu estiver confundindo tudo? E se for só carência? Ou… e se for mais?”
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  O pensamento a acompanhou até a chegada na Seoul Wave. Ao se despedir de Jisoo e Ji-Yeun — afinal, cada uma seguiria aos seus postos de trabalho —, %Hana% sorriu com esforço, carregando a sensação de que, no jantar com Tae, as palavras poderiam mudar o rumo de tudo.
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  Na BigHit, o clima era outro. Tae estava sentado no sofá da sala de descanso, ainda com o paletó do terno mal colocado, como se tivesse esquecido de tirar. Olhava fixamente para o chão, distraído, girando a aliança cenográfica que usara em eventos públicos ao lado de %Hana%.
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  — Você está calado demais — comentou Hoseok, jogando-se ao lado dele. — Geralmente você é quem faz piada quando a gente sai de reunião pesada.
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  — Não é nada… — Tae respondeu, mas a voz baixa o entregava.
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  Jungkook se aproximou, rindo:
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  — Não é nada? Você parecia um personagem de drama olhando para a %Hana%. Quase dava pra ouvir a trilha sonora.
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  Jimin gargalhou alto, batendo palmas.
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  — Eu juro que pensei a mesma coisa!
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  Namjoon, sempre mais observador, falou sem ironia:
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  — Não precisa explicar, Tae. Mas, seja lá o que for, está claro que algo mudou entre vocês. Só… não se fecha.
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  Tae suspirou fundo, apoiando os cotovelos nos joelhos.
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  — Eu não sei como vou lidar com isso. Ela marcou esse jantar, e eu não faço ideia do que vai sair dessa conversa.
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  Seokjin deu um tapinha nas costas dele, sorrindo de forma cúmplice:
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  — Se você não soubesse lidar com emoção, não seria o V. Calma… Você vai dar um jeito.
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  O comentário arrancou um meio sorriso de Tae, mas não diminuiu a inquietação.
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  — E o que foi aquilo com o tal Minho? — Jimin comentou colocando as mãos na cintura — É impressão minha, ou o cara está tentando tirar o Tae da jogada?
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  Os amigos começaram a comentar a respeito daquilo, e Taehyung notou o semblante sair de preocupado para raivoso. Ele entendeu exatamente a mesma coisa que Jimin: Minho sentia algo por %Hana% e estava torcendo para Tae não passar de uma farsa.
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B•T•S•

  À noite, %Hana% saiu do trabalho mais cedo do que o habitual. Carregava a bolsa firme nos ombros, como se ela pudesse pesar tanto quanto os pensamentos que trazia. No táxi de volta para casa, revisava mentalmente tudo o que queria dizer a Tae.
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  “Ser clara, mas não dura. Honesta, mas sem parecer confusa.”
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  Em casa, demorou-se mais do que o comum diante do espelho. Testou roupas diferentes até escolher um vestido simples, em tons neutros, que lhe trazia conforto sem chamar atenção demais. No banheiro, borrifou um perfume leve e ajeitou o cabelo com mãos trêmulas. Ao se olhar no reflexo, murmurou para si mesma:
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  — Não é um encontro… é só uma conversa. Só isso.
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  Mas no fundo sabia que não era apenas isso.
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  Do outro lado da cidade, Tae também se preparava. Entrara em casa ainda inquieto, mas os meninos não o deixaram se afundar no próprio silêncio. Jin apareceu no quarto com uma camisa dobrada.
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  — Essa aqui. Vai ficar bem em você. — E deixou sobre a cama.
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  Jungkook seguiu logo atrás, rindo.
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  — E tenta não fazer cara de mártir, hyung. %Hana% não vai querer jantar com um fantasma.
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  Hoseok completou, teatral:
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  — Sorri bonito, faz aquele charme. O resto acontece.
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  Entre provocações e conselhos, Tae acabou cedendo a uma gargalhada curta. O nervosismo não desapareceu, mas o apoio dos amigos lhe deu fôlego para respirar. Vestiu a camisa sugerida por Jin, ajeitou o cabelo, borrifou perfume e saiu de casa sentindo o peso da expectativa em cada passo.
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  Já passava das oito quando estacionou diante do prédio de %Hana%. O coração batia rápido demais, mas ele respirou fundo e desceu do carro. Cada passo até a porta parecia mais longo do que deveria. %Hana% surgiu pouco depois, descendo lentamente as escadas do prédio, a bolsa pendurada no ombro, o olhar dividido entre a insegurança e uma calma ensaiada.
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  Quando seus olhos se encontraram, por um instante, tudo ao redor silenciou.
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  — %Hana%… — Tae disse, num tom baixo, quase como se fosse uma confissão.
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  Ela sorriu de leve, controlada.
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  — Pronto para conversar?
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  Tae assentiu, abrindo a porta do carro para ela.
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  — Mais do que nunca.
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  E, sem perceber, ambos carregavam a sensação de que aquela noite não seria como nenhuma outra.
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  O carro deslizou suavemente pelas ruas iluminadas de Seul, e Tae manteve as mãos firmes no volante, desviando o olhar de vez em quando para %Hana%, que ajeitava a bolsa no colo. O silêncio inicial era carregado de expectativa, mas ele foi o primeiro a quebrá-lo, com um sorriso meio tímido.
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  — Então… como foi você que me chamou, acho que é justo perguntar: onde é que vamos jantar?
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  %Hana%, que observava as luzes passando pela janela, voltou-se para ele e arqueou as sobrancelhas, divertida.
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  — Eu achei que você fosse sugerir um restaurante daqueles super sofisticados, sabe? Mas… pensei em algo mais casual.
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  — Casual? — Tae inclinou a cabeça, curioso. — Tipo o quê?
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  — Tipo… pojangmacha. — Ela riu, observando a reação dele. — Uma tenda de rua. Macarrão picante, tteokbokki, talvez um soju para acompanhar. Nada de reservas, nada de pratos caros.
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  Tae abriu um sorriso genuíno, rindo em seguida.
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  — Você está falando sério?
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  — Claro que estou. — %Hana% cruzou os braços, fingindo ofensa. — Você acha que eu só vivo de cafés bonitos e sobremesas instagramáveis?
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  — Eu achei que sim. — Tae provocou, lançando-lhe um olhar de canto. — Você tem essa cara de quem posta foto até da espuma do café.
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  %Hana% gargalhou, balançando a cabeça.
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  — Não é mentira, mas… eu também gosto de coisas simples. E acho que hoje precisamos disso: leveza.
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  Tae assentiu, ainda sorrindo.
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  — Está decidido, então. Vamos para um pojangmacha.
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  O carro seguiu em frente, e logo a conversa escorregou para lembranças ligadas à comida. %Hana% foi a primeira a puxar o fio.
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  — Quando eu era criança, minha mãe sempre fazia kimchi jjigae nas noites mais frias. E, olha… não importava o dia que eu tivesse tido, era como se aquele prato curasse qualquer coisa.
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  — Kimchi jjigae… — Tae repetiu, nostálgico. — A minha mãe também faz. Mas a minha memória mais forte é do japchae que ela preparava no meu aniversário. Era tradição. Eu esperava o ano inteiro por aquele sabor.
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  Ele deu uma risada curta, meio envergonhada.
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  — E uma vez, no meu aniversário de oito anos, eu comi tanto japchae que passei mal.
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  %Hana% riu alto, levando a mão à boca.
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  — Eu consigo imaginar a cena! E você ainda deve ter ficado bravo, tipo: “ninguém toca no meu japchae!”.
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  — Exatamente! — Tae se animou, gesticulando com a mão livre do volante. — Eu chorava e protegia o prato como se fosse um tesouro.
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  A risada dela preencheu o carro, e por um instante, a tensão desapareceu.
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  — Sabe o que é engraçado? — %Hana% comentou, depois de recuperar o fôlego. — Essas pequenas coisas dizem muito sobre a gente. Tipo, eu posso imaginar você criança, comendo japchae, e parece que… consigo ver o menino que ainda existe aí dentro.
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  Tae a olhou por alguns segundos, mais sério agora, como se aquela frase tivesse atravessado qualquer barreira.
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  — E eu consigo ver a %Hana% que encontra aconchego em um prato simples de casa.
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  Ela desviou o olhar, mordendo o lábio inferior para esconder o sorriso que ameaçava escapar. O coração acelerou, mas não de um jeito pesado — era como se cada detalhe o aproximasse ainda mais.
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  — Bom — %Hana% voltou a falar, tentando retomar o tom leve —, mas já que você confessou um “trauma” de japchae, eu também tenho o meu.
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  — Ah, quero ouvir.
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  — Ok, mas não ria. — Ela ergueu o dedo em aviso. — Uma vez, eu tinha uns sete anos, e comi hoddeok tão quente que queimei a língua. Mas queimei de verdade! Ela inchou e eu não conseguia falar direito por três dias.
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  Tae caiu na gargalhada, batendo levemente no volante.
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  — Hoddeok assassino! Isso tinha que virar manchete no jornal.
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  — “Garota ferida por sobremesa perigosa” — %Hana% encenou, dramatizando com as mãos.
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  — “Culpado segue foragido, provavelmente escondido em uma barraquinha de rua.” — Tae completou, rindo junto.
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  O carro foi preenchido pelo som das risadas, como se os dois, naquele instante, esquecessem por completo das pressões, das empresas, dos olhares atentos.
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  %Hana% o observou de lado, ainda sorrindo. O brilho nos olhos dele não era o de um ídolo em frente às câmeras, mas o de um homem comum, genuíno. E era justamente isso que a fazia sentir que, detalhe após detalhe, estava se perdendo um pouco mais nele.
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  E, enquanto as ruas os guiavam em direção ao pojangmacha, ambos sabiam que aquela noite já não era apenas sobre uma conversa difícil. Era também sobre descobrir quem eram, juntos, nas entrelinhas de histórias simples, guardadas no sabor da memória.
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  No caminho, depois das risadas sobre comidas e memórias de infância, Tae ajeitou as mãos no volante e lançou um olhar curioso para %Hana%, como quem guardava uma pergunta desde antes.
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  — %Hana%… posso te perguntar uma coisa?
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  Ela o fitou de soslaio, um pouco desconfiada, mas assentiu.
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  — Pode.
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  — Como é exatamente a sua rotina no jornal? — Tae deixou escapar, com a voz sincera. — Quer dizer… eu sei que você é jornalista, mas nunca perguntei direito o que você faz no dia a dia.
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  %Hana% riu, ajeitando a franja atrás da orelha.
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  — Minha rotina? Bom… digamos que não é nada glamouroso. Eu passo horas em frente a um computador, revisando textos, ajustando palavras. Tenho que apurar informações, entrevistar pessoas, correr atrás de fontes, lidar com prazos que parecem sempre impossíveis.
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  Ela suspirou, meio divertida.
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  — A verdade é que o jornalismo é 20% escrever e 80% sobreviver ao caos.
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  Tae riu da definição, balançando a cabeça.
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  — Isso soa ainda mais intenso do que a minha vida.
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  — Não exagera. — %Hana% sorriu. — Você vive em arenas lotadas, viajando pelo mundo. Eu… escrevo sobre isso.
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  — É justamente aí que eu queria chegar. — Tae ergueu a sobrancelha, curioso. — Você já escreveu alguma matéria sobre mim?
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  %Hana% sentiu o rosto esquentar. Mordeu o lábio inferior, tentando escapar da pergunta, mas os olhos atentos dele a deixaram sem saída.
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  — Talvez.
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  — “Talvez”? — Tae sorriu, se inclinando levemente no banco, provocativo. — Isso soa suspeito.
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  Ela suspirou e acabou cedendo.
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  — Sim. Já escrevi. Algumas vezes, na verdade. Mas… eram coisas mais formais, de entretenimento, análises de carreira. Nada muito pessoal.
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  — E você falou bem de mim? — Tae perguntou, divertido, mas com uma pontinha de curiosidade real.
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  — Hm… — %Hana% fingiu pensar, virando o rosto para a janela. — Talvez. Depende da época.
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  Ele riu alto, a gargalhada ecoando pelo carro.
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  — Isso significa que teve época que não.
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  — Claro. — %Hana% virou-se para ele, rindo também. — Eu era apenas a jornalista, não a fã.
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  As palavras dela ficaram ecoando no ar, e por alguns segundos Tae apenas a observou, como se aquele detalhe dissesse muito mais do que parecia.
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  Pouco depois, o carro estacionou perto de uma rua movimentada, onde o brilho das lâmpadas penduradas iluminava uma fileira de barracas cobertas por lonas laranja e vermelhas. O cheiro de comida quente invadia o ar, misturando-se à fumaça que escapava das chapas e panelas. Pessoas sentadas em mesas pequenas riam alto, brindando copos de soju e compartilhando pratos que fumegavam sob o frio da noite.
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  — É aqui. — %Hana% anunciou, com um sorriso satisfeito.
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  Os dois desceram do carro. Tae ajeitou o boné e a máscara no rosto, tentando disfarçar sua presença, mas havia um brilho juvenil nos olhos dele, como se fosse uma aventura inusitada estar ali.
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  Eles caminharam lado a lado pelo corredor de mesas improvisadas, desviando das pessoas que passavam apressadas, enquanto observavam os pratos nas mesas. O som das panelas tilintando, das conversas misturadas e da voz de uma senhora chamando clientes para experimentar o tteokbokki enchia o ambiente de vida.
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  — E aí? Qual vai ser? — Tae perguntou, olhando em volta.
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  — Acho que uma boa mesa perto do canto, para não chamar tanta atenção. — %Hana% sugeriu. — E… precisamos de soju. Isso é obrigatório.
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  Encontraram um espaço vazio perto de uma das extremidades da tenda. As cadeiras de plástico eram baixas, a mesa de metal refletia a luz amarela das lâmpadas, e havia um clima de simplicidade acolhedora.
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  Sentaram-se, e enquanto a dona da barraca se aproximava para anotar os pedidos, Tae olhou para %Hana% de maneira mais séria.
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  — %Hana%… posso perguntar outra coisa?
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  Ela notou a mudança no tom e assentiu, mais contida.
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  — Pode.
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  — Já se passaram dois meses desde aquela entrevista. — Ele a encarou, fixando os olhos nela. — Naquele dia, você me fez uma pergunta. Você queria saber quem eu era de verdade, atrás do ídolo. Então… agora que você conviveu comigo todo esse tempo… você já tem a resposta?
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  %Hana% ficou em silêncio por alguns instantes. O som do ambiente parecia se misturar em segundo plano, deixando apenas os olhos dele diante dos dela. Respirou fundo antes de responder.
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  — No começo, eu achava que você era exatamente o que mostrava nos palcos. Confiante, distante, quase inalcançável. Um personagem. Mas, aos poucos, eu percebi que você… é muito mais humano do que eu imaginava.
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  Tae engoliu em seco, atento.
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  — Eu vi seus defeitos, suas inseguranças, suas manias bobas. Vi você brincar com os meninos, se irritar, se fechar… e também vi o quanto você se importa com eles, e com o que transmite ao mundo. Você é intenso, mas também… muito mais doce do que eu esperava.
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  %Hana% desviou o olhar, mexendo nos dedos sobre a mesa.
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  — Então, sim. Acho que agora eu sei quem você é. E talvez… seja alguém que eu não consigo parar de olhar.
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  O silêncio que seguiu foi denso, mas não desconfortável. Tae manteve os olhos nela, a expressão misturando surpresa e algo que ele tentava conter, mas não conseguia.
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  — %Hana%… — ele começou, a voz baixa — você não tem ideia do quanto isso significa pra mim.
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  Ela ergueu os olhos, encontrando o dele novamente, e pela primeira vez percebeu que Tae parecia vulnerável, exposto.
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  — Mas agora é a minha vez. — %Hana% retomou, firme. — Eu quero saber o que você pensa sobre mim. Depois de todo esse tempo… quem é a %Hana% que você vê?
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  Tae apoiou os cotovelos na mesa, inclinando-se levemente para frente, sem desviar o olhar.
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  — Eu vejo alguém que não tem medo de me enfrentar. Que me desafia. Você não olha para mim como se eu fosse um ídolo, você olha como se eu fosse só… eu.
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  Ele respirou fundo antes de continuar.
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  — E, sinceramente, isso é o que mais me assusta e o que mais me atrai. Porque quando você me encara desse jeito, eu não sei como me esconder.
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  As palavras pairaram entre eles, e %Hana% sentiu o coração acelerar.
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  Tae sorriu de leve, quase como um segredo dividido.
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  — Então… essa é a %Hana% que eu vejo. A mulher que consegue me enxergar inteiro, mesmo quando eu tento me esconder.
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  O soju chegou à mesa, interrompendo o momento, mas ambos sabiam que a conversa tinha deixado algo mais forte no ar, um fio invisível que agora os unia de forma impossível de ignorar. As pequenas garrafas verdes foram colocadas sobre a mesa junto com os copinhos de vidro transparente, que refletiam a luz amarelada da tenda. A dona do lugar trouxe também uma panela fumegante de tteokbokki, uma porção generosa de pajeon e uns espetinhos de carne. O cheiro era convidativo, e o calor dos pratos contrastava com o frio lá fora.
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  Tae esfregou as mãos, animado, como um garoto prestes a abrir um presente.
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  — Uau, isso tá com uma cara ótima.
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  %Hana% riu da expressão dele, tirando o casaco e ajeitando-o no encosto da cadeira.
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  — Você parece mais empolgado do que quando ganha um prêmio.
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  — Mas claro! — Tae ergueu os olhos, teatral. — O soju e o tteokbokki nunca me decepcionam.
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  Ela gargalhou e, pegando a garrafa, começou a servi-lo. Tae esticou o copinho com as duas mãos, como manda a tradição, e inclinou levemente a cabeça em agradecimento.
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  — Da próxima, eu sirvo. — ele disse, com aquele sorriso que parecia genuinamente leve.
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  %Hana% serviu também para si mesma, e os dois levantaram os copos.
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  — Então… um brinde a quê? — ela perguntou.
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  Tae pensou por um instante, encarando-a com olhos brilhantes.
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  — A respostas honestas.
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  Ela ergueu a sobrancelha, surpresa com a escolha. Mas sorriu, tocando o copo no dele.
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  — A respostas honestas.
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  O soju desceu quente pela garganta, trazendo aquele leve calor imediato. %Hana% fez uma careta involuntária, apertando os olhos.
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  — Ah, eu nunca vou me acostumar com isso.
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  Tae riu alto.
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  — Como assim? Essa é a alma do pojangmacha!
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  — A alma… ou o veneno. — ela rebateu, divertida.
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  Entre risos, começaram a beliscar o pajeon. Tae pegou um pedaço com os hashis, mas o pedaço se despedaçou antes de chegar ao prato dele.
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  — Aish… — ele murmurou, frustrado.
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  — Você é uma estrela mundial, mas não consegue lidar com um pajeon. — %Hana% provocou, com um sorriso debochado.
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  — Ei! — Tae ergueu o dedo indicador em defesa. — No palco eu danço perfeitamente, mas aqui… isso é território perigoso.
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  Eles riram juntos, e o ambiente parecia ter perdido qualquer formalidade. O som das vozes ao redor, os brindes de outras mesas e a fumaça que saía da panela criavam um cenário intimista, quase como se aquele fosse o mundo deles por uma noite.
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  Depois de algumas rodadas de soju, Tae se recostou um pouco na cadeira, observando %Hana% com um sorriso preguiçoso. Havia algo nos olhos dele que não era mais só brincadeira, era atenção genuína.
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  — Sabe… — ele começou, girando devagar o copo entre os dedos. — Quando a gente começou essa história, eu achava que você ia ser… diferente.
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  %Hana% arqueou a sobrancelha.
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  — Diferente como?
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  — Pensei que seria mais fria. Mais distante. Uma jornalista curiosa, que queria só cavar algo para o jornal. — Ele suspirou. — Mas não foi isso que eu encontrei.
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  %Hana% desviou o olhar, mexendo no prato de tteokbokki.
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  — Talvez eu tenha tentado, no começo. Quando fiz aquela pergunta, por exemplo… Depois eu quis separar as coisas, sabe? Mas… — ela hesitou, tomando mais um gole de soju antes de continuar — eu não consegui. Porque você não é só o “V” que o mundo conhece.
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  O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelos ruídos do ambiente. Tae a observava como se cada palavra fosse um presente inesperado.
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  — %Hana%… — ele disse, baixo — eu não sei se você tem ideia do quanto é raro alguém olhar para mim desse jeito.
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  Ela voltou os olhos para ele, surpresa com a vulnerabilidade na voz. Tae inclinou-se para frente, apoiando os braços na mesa.
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  — Todo mundo me vê como um ídolo. Como alguém perfeito, ou como um personagem. Mas você… você me vê como um homem. Isso é assustador, mas é também a coisa mais… libertadora que já senti.
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  %Hana% ficou alguns segundos sem saber o que dizer. O soju a deixava mais corajosa, mas também mais sensível às palavras dele.
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  — Eu vejo você como você é, Tae. Com todas as suas contradições. E… eu gosto disso.
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  Os olhos dele brilharam de uma forma diferente, como se aquela frase tivesse atravessado qualquer barreira.
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  — Gosta? — ele repetiu, quase incrédulo.
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  Ela sorriu, tímida.
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  — Gosto. Mesmo quando você é irritante.
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  Ele riu, relaxando o ombro, mas o sorriso permaneceu carregado de algo mais. Tae pegou o copinho, virou mais um gole de soju, e pousou o vidro vazio na mesa com calma. Então, inclinou-se novamente para frente, os olhos fixos nos dela e impulsivo começou a falar:
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  — A %Hana% que eu vejo… é a mulher que não me deixa mentir para mim mesmo. — A voz dele saiu baixa, mas firme. — Você não tem ideia de como isso mexe comigo.
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  Ela engoliu em seco, sentindo a intensidade na forma como ele a encarava. Tae continuou:
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  — Eu já estive rodeado de pessoas que só diziam o que eu queria ouvir. Mas você não. Você diz o que pensa, até quando eu não gosto. E, de alguma forma, eu sempre acabo precisando ouvir exatamente isso.
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  %Hana% se manteve em silêncio, absorvendo cada palavra. O calor do soju parecia correr pelo corpo, mas a intensidade do olhar dele a deixava ainda mais vulnerável. Tae sorriu, um sorriso pequeno, quase melancólico.
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  — Então, se você quer saber… a %Hana% que eu enxergo é a mulher que consegue me desarmar, mesmo quando eu passo a vida inteira tentando parecer invencível.
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  %Hana% desviou os olhos por um instante, sentindo as bochechas queimarem. Tentou disfarçar, pegando um pedaço de tteokbokki, mas a mão tremia levemente. Ele percebeu, e sem resistir à vontade, riu baixinho.
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  — Você fica ainda mais bonita quando tenta esconder o que sente.
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  Ela suspirou, semicerrando os olhos.
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  — Você fala demais, sabia? — Ela comentou risonha, sentindo-se absurdamente seduzida pela postura e palavras dele.
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  — E você me faz falar mais do que eu devia. — Tae rebateu, com aquele sorriso de canto que parecia perigoso demais.
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  A noite seguiu, entre brindes, provocações e silêncios carregados de coisas não ditas. Cada gole de soju parecia trazer mais coragem, mas também mais sinceridade. E, enquanto dividiam aquela mesa simples em uma rua qualquer de Seul, ambos sabiam que algo tinha mudado. A farsa, as reuniões, a pressão das empresas… nada disso parecia importar tanto quanto o que estavam descobrindo um no outro, detalhe por detalhe. O jantar no pojangmacha não era só uma distração. Era o começo de algo que nenhum dos dois estava pronto para admitir em voz alta, mas que já estava escrito no jeito como se olhavam.
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  Quando terminaram de beliscar os últimos pedaços do pajeon e o tteokbokki já esfriava no centro da mesa, Tae se levantou de repente. %Hana% o olhou surpresa, ainda segurando o copinho de soju.
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  — Onde você vai? — ela perguntou, franzindo o cenho.
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  — Pagar a conta, claro. — respondeu, como se fosse óbvio.
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  — Mas eu te convidei! — ela rebateu, quase se levantando também. — Eu pago.
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  Ele riu baixo, balançando a cabeça enquanto ajeitava o casaco.
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  — %Hana%… relaxa. Eu cresci em Daegu, você sabe? A gente não deixa a outra pessoa pagar quando é especial.
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  Ela abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram. Apenas manteve o olhar fixo nele enquanto ele se afastava até o balcão improvisado, onde a senhora do pojangmacha recebia o dinheiro e agradecia com uma reverência. Tae voltou alguns minutos depois, com aquele sorriso de canto que parecia sempre pronto para provocar. Estendeu a mão para ela.
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  — Vamos andar um pouco?
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  %Hana% olhou para a mão, hesitou por um instante, mas acabou aceitando. Sentiu o calor da palma dele quando se levantou. E, por algum motivo que não quis admitir em voz alta, não largou de imediato.
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  Saíram da tenda, e o ar frio da noite bateu em cheio. As ruas movimentadas estavam cheias de risadas, passos apressados, vozes misturadas. Neon refletia nas poças no asfalto, e o cheiro de comida de rua misturava-se ao do soju recém-aberto em outras mesas. Caminharam lado a lado, sem pressa, os ombros quase roçando. Depois de alguns metros, %Hana% respirou fundo e quebrou o silêncio.
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  — Tae… tudo está muito bacana. A gente já está um pouquinho bêbados, mas… precisamos falar sobre o que a empresa quer da gente.
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  Ele desviou o olhar para ela, os olhos semicerrados em atenção.
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  — Você fala do quê, exatamente?
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  Ela ajeitou a bolsa no ombro, sem encará-lo diretamente.
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  — Do término falso. Eles querem que a gente encare isso oficialmente. Fazer o público acreditar que acabou… mesmo que nunca tenha sido real.
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  O sorriso de Tae desapareceu devagar. Continuou caminhando, mas havia um peso novo no ar.
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  — Eu sei. — respondeu, baixo. — A reunião hoje deixou isso bem claro.
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  — Pois é. — %Hana% assentiu. — Só que… — parou por um instante, olhando para os próprios pés — eu não sei se consigo fingir que nada aconteceu nesses dois meses. Fingir que não significou nada.
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  Tae parou de andar. Virou-se de frente para ela, as mãos enfiadas nos bolsos do casaco, como se buscasse segurar a inquietação que o tomava.
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  — Você acha que não significou nada pra mim?
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  Ela levantou os olhos, surpresa com a intensidade da pergunta.
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  — Não foi isso que eu quis dizer…
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  — Para você significou alguma coisa? — Tae interrompeu, a voz firme, mas não dura. — Porque pra mim… não foi só uma farsa.
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  O coração de %Hana% acelerou. O frio da noite parecia desaparecer diante da seriedade com que ele a olhava. Tentou responder, mas a garganta travou por um instante. Eles haviam parado de caminhar e Tae deu um passo adiante ficando de frente para ela e reduzindo a distância entre eles.
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  — %Hana%, desde aquela primeira entrevista… você chamou a minha atenção com sua beleza, sua postura… Na verdade, eu já fiquei de olho em você desde que soube que te veria de novo. A primeira vez que te vi em uma coletiva, você era apenas uma assistente e desde então eu sempre ficava atento nos jornalistas, e aí, dessa vez, você estava lá. E eu fiquei pensando se em algum momento você faria uma pergunta para mim, ou se seu foco seria perguntar apenas para os outros. Quando você fez aquele movimento… Apesar de notar que sua pergunta era uma forma de explorar a minha intimidade e até, soou como um ataque à minha imagem… Apesar disso, eu estava intrigado. Louco para desvendar a natureza profissional e como aquela mulher reagiria se eu a ignorasse. Eu fui um pouco pirracento sim, mas já pensava em te procurar quando o tumulto acabasse. Nunca imaginei que o tumulto, na verdade, te traria até mim. Eu tentei resistir, tentei manter tudo no campo da atuação. Mas agora… — fez uma pausa, inspirando fundo — não dá mais pra fingir que eu não sinto nada.
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  %Hana% piscou, confusa entre o medo e a coragem que o soju lhe dava.
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  — Tae… eu também… — a voz falhou, e ela desviou o olhar. — Mas é exatamente isso que me assusta. Porque se seguirmos esse caminho, as coisas podem sair ainda mais do controle.
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  Ele inclinou o rosto, tentando buscar os olhos dela novamente.
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  — Ou podem finalmente estar no controle. No nosso controle.
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  %Hana% mordeu o lábio, sentindo o peso da escolha pairar no ar. Ao redor, as pessoas seguiam suas rotinas — risadas, passos, vozes misturadas. Mas entre eles, o mundo parecia ter parado. Por um instante, ela quis apenas se perder na sinceridade que via nos olhos de Tae. Mas a racionalidade a puxava de volta.
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  — E se a gente… Digo, se a gente assumir que quer se conhecer melhor, como os outros vão reagir? E se tudo virar contra nós?
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  Ele suspirou, baixando o olhar por um momento antes de encarar novamente.
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  — Então, pelo menos, a gente vai saber que tentou viver algo verdadeiro.
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Capítulo 2
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