Capítulo 3
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"Eu sei que você está pesado na minha consciência, e não há ninguém dormindo ao lado do seu travesseiro. Se você vai ser minha constante, você tem muito que descobrir e eu também."
A brisa da noite era leve, trazendo consigo o aroma distante de café e o som abafado das ruas movimentadas. Do lado de fora da cafeteria, as luzes amareladas iluminavam suavemente a calçada. Eunha se despediu com um sorriso rápido, ajustando a alça da bolsa no ombro.
— Meu carro chegou. Vou deixar vocês... conversarem — disse ela, lançando um olhar sutil para %Yeonji% antes de se afastar.
%Yeonji% apenas assentiu, enfiando as mãos nos bolsos do casaco, enquanto %Jeonghan% manteve o olhar fixo no chão por alguns segundos. Agora sozinhos, o silêncio entre eles parecia mais pesado do que antes, mas também carregava uma tensão silenciosa que nenhum dos dois se apressou em quebrar.
%Jeonghan% foi o primeiro a falar, a voz baixa, quase hesitante.
%Yeonji% ergueu os olhos para ele, surpresa pela pergunta simples, mas genuína.
— Eu estou bem… na medida do possível. — ela deu de ombros. — E você?
Ele hesitou por um instante, chutando levemente uma pedrinha no chão.
— Não sei. Acho que estou tentando descobrir.
%Yeonji% apenas assentiu, sentindo o peso daquela resposta pairar no ar. A brisa passou por eles de novo, fazendo-a apertar o casaco ao redor do corpo.
— E… você já seguiu em frente? — A pergunta escapou dos lábios de %Jeonghan% antes que ele pudesse medir o impacto.
%Yeonji% franziu o cenho, inclinando ligeiramente a cabeça.
Ele passou a língua pelos lábios, desviando o olhar por um momento.
— Digo… se você está conhecendo alguém. Saindo com outra pessoa.
%Yeonji% o encarou em silêncio por alguns segundos, surpresa pela direção da conversa.
— Por que isso importa pra você, %Jeonghan%? — A voz dela era calma, mas havia um toque de provocação, como se quisesse entender de onde vinha aquela pergunta.
%Jeonghan% suspirou, passando a mão pelos cabelos.
— Eu só… pensei que talvez você tivesse seguido em frente. Não sei.
%Yeonji% cruzou os braços, o olhar fixo no dele.
— E se eu tivesse? Isso mudaria alguma coisa?
Ele abriu a boca para responder, mas nenhuma palavra saiu. O silêncio entre eles ficou ainda mais denso.
— Você sumiu, %Jeonghan%. E agora quer saber se eu estou com outra pessoa?
Ele sentiu o rosto esquentar, mas manteve a postura.
— Não é isso. Eu só... — %Jeonghan% parou, buscando as palavras certas. — Quero entender onde a gente está.
%Yeonji% riu sem humor, balançando a cabeça.
— Acho que nem você sabe, %Jeonghan%.
Por um instante, ficaram apenas se encarando, como se cada um esperasse que o outro quebrasse o muro invisível entre eles.
— Eu não estou com ninguém, se é isso que quer saber — Disse %Yeonji% por fim, a voz mais baixa.
%Jeonghan% sentiu o peito apertar, mas não sabia se era alívio ou algo mais confuso.
— Então por que parece que você está tão distante de mim?
%Yeonji% sorriu de lado, mas seus olhos não acompanharam o sorriso.
— Talvez porque você tenha sido o primeiro a se afastar.
Aquelas palavras ficaram suspensas no ar, cortando qualquer resposta que %Jeonghan% pudesse ter.
Por um momento, o mundo lá fora seguiu seu ritmo — carros passando, vozes distantes — mas ali, na calçada da cafeteria, tudo parecia parado.
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"Eu te amo de um jeito bagunçado, isso torna difícil encontrar as palavras para dizer. Não há melhor hora ou lugar..."
%Jeonghan% ficou em silêncio por alguns segundos, digerindo as últimas palavras de %Yeonji%. O vento frio passou entre eles, trazendo um arrepio sutil que a fez apertar ainda mais o casaco ao corpo. Ele percebeu o gesto e, sem pensar muito, murmurou:
— Você ainda mora aqui perto, não é?
%Yeonji% ergueu o olhar, um pouco surpresa pela pergunta, mas assentiu lentamente.
— Sim, só algumas ruas daqui.
%Jeonghan% respirou fundo, enfiando as mãos nos bolsos do casaco.
— Posso te acompanhar até em casa. Está escurecendo.
%Yeonji% arqueou uma sobrancelha, analisando a expressão dele. Não havia arrogância ou segundas intenções naquela oferta. Era só %Jeonghan%, do jeito que ela conhecia — ou achava que conhecia.
— Você nunca se preocupou com isso antes — Ela provocou suavemente, sem perder o tom leve.
%Jeonghan% deu um meio sorriso, olhando para o chão.
— Antes eu não precisava me preocupar. Agora… não sei. Achei que seria bom.
%Yeonji% hesitou por um instante, mas acabou soltando um suspiro resignado.
Sem dizer mais nada, os dois começaram a caminhar lado a lado. Os passos ecoavam suavemente nas calçadas vazias, acompanhados pelo som distante de carros passando. O silêncio entre eles era confortável, mas carregava uma tensão tênue, como se cada um esperasse que o outro puxasse um assunto.
%Jeonghan% chutou levemente uma folha seca no caminho, quebrando o silêncio.
— A Eunha parece estar cuidando bem de você.
%Yeonji% soltou uma risada baixa.
— Ela tenta. Mas, às vezes, nem eu consigo cuidar de mim.
Ele olhou para ela de canto, absorvendo aquelas palavras.
Ela parou por um segundo, virando-se parcialmente para ele.
— Entende mesmo, %Jeonghan%?
Ele encontrou o olhar dela e, por um momento, pareceu que o mundo desacelerava.
— Mais do que você imagina.
%Yeonji% desviou o olhar, continuando a caminhar. O prédio dela logo apareceu à vista, iluminado por uma luz fraca na portaria.
Eles pararam em frente ao portão, e o silêncio voltou a se instalar.
%Jeonghan% hesitou, passando a língua pelos lábios antes de falar.
— Obrigado por não ter me mandado embora.
%Yeonji% soltou um sorriso cansado.
— Eu já fiz isso uma vez. Não acho que conseguiria de novo.
Ele apenas assentiu, sentindo o peso daquela frase.
— Então… boa noite, %Yeonji%.
Ela deu as costas, caminhando até a porta. %Jeonghan% permaneceu parado, observando-a até que ela desaparecesse dentro do prédio.
Só então ele soltou o ar que nem percebeu que estava prendendo e virou-se para ir embora, sentindo que, apesar de todo o peso entre eles, algo havia mudado. Talvez não fosse suficiente para consertar o que havia se partido, mas era um começo.
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