A Garota das Borboletas

Escrita porLelen
Revisada por Lelen

2 • Quando o menino conhece a garota das borboletas

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

— Boa tarde, Kamui — disse a garota de costas para o novo visitante, ainda dando atenção ao seu jardim. — E bem-vindo de volta, Kaneko-kun.
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  Kamui permaneceu onde estava, apenas observando a estranha garota que falava sem se voltar a qualquer lugar em específico. Ele na verdade estava com certo medo de se aproximar. Havia ouvido dos anciãos da vila que no meio daquela floresta havia uma bruxa, e aquela garota poderia ser a tal bruxa!
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  — C-como sabe meu nome? — perguntou desconfiado e pronto para correr.
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  A garota deu um pequeno riso e se levantou espanando a poeira de suas roupas nada adequadas. Ela usava calças!
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  — Eu sei de muitas coisas sobre vocês.
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  Ele queria muito perguntar o que ela queria dizer com “vocês”, mas não teve tempo e nem coragem para abrir a boca novamente.
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  — Você chegou bem na hora do almoço. — A garota se virou finalmente com um sorriso doce nos lábios. Suas feições eram suaves e seu rosto possuía uma “beleza clássica” como os adultos da vila definiriam. — Gostaria de entrar para almoçar? Sei que deve estar faminto.
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  Kamui ia negar, mas bem naquele momento seu estômago roncou audivelmente, o que fez a garota gargalhar e ele sentir suas bochechas esquentarem.
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  — Venha, Kamui, não precisa ficar com vergonha. Eu o estava esperando de qualquer forma.
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  — Você é a bruxa malvada da floresta? — o menino se ouviu perguntando antes que pudesse se refrear.
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  Mais uma vez a garota estranha gargalhou parecendo se divertir. Aproximou-se um pouco do menino e se abaixou até que seu rosto ficou à altura do visitante.
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  — Eu pareço ser a bruxa má da floresta?
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  Kamui ficou sério e observou atentamente a estranha. Ela era estranha com suas roupas inapropriadas para uma moça. E também por morar aparentemente sozinha na floresta. Mas também tinha um olhar doce e um sorriso afável…
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  — Não senhora… — ele respondeu finalmente fazendo a garota rir de novo. — Mas quem é a senhorita?
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  — Por enquanto pode me chamar de Shiori. Shiori Sasaki.
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  — Sou Kamui Murakami, muito prazer. — Ele se inclinou numa reverência de forma respeitosa.
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  Shiori sorriu e se aproximou bagunçando os cabelos negros e lisos de Kamui que fez uma careta.
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  — Vamos, o almoço está pronto! — exclamou sorridente a garota o puxando em direção ao chalé.
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  A primeira coisa que Kamui reparou quando adentrou o local foi que a pequena casa não se parecia em nada com as casinhas de sua vila. Os chawans que estavam esperando à mesa eram feitos de porcelana e havia uma coisa parecida com um fogão à lenha, mas muito mais sofisticado. Será que ela realmente não era a bruxa má da floresta?
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  A segunda coisa em que Kamui reparou foram os jarros. Os jarros empilhados de forma ordenada em várias prateleiras a um canto do chalé. Haviam lagartas e casulos neles e em alguns poucos, borboletas.
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  — Aqui está, uma boa refeição para um bom rapazinho! — Shiori exclamou servindo a comida em um dos chawans.
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  O menino sentiu o cheiro da comida e não conseguiu evitar em sair correndo para comer, murmurando um “itadakimasu” rápido e atacando o que lhe foi servido.
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  Quando Kamui terminou de comer, Shiori pareceu satisfeita.
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  Apesar dele ter estado muito ocupado com a deliciosa comida, ele não deixou de reparar na movimentação de borboletas ao redor de Shiori e como ela parecia de alguma forma se comunicar com elas. Estava prestes a falar sobre isso, mas foi interrompido antes mesmo de abrir a boca.
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  — Leve isto para sua mãe. — A garota empurrou em sua direção sobre a mesa uma trouxinha de pano contendo obentou. — Creio que deva haver o suficiente para vocês dois até o jantar.
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  Kamui abriu a boca e arregalou os olhos de surpresa. Ia recusar, mas lembrou-se de sua mãe adoentada.
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  — Não precisa ter vergonha — Shiori disse sorrindo. — E volte quando precisar. Gosto de companhia. — Piscou. — Mas agora vá, sua mãe deve estar preocupada.
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  Kamui pegou a trouxinha e agradeceu mais de uma dezena de vezes pela gentileza da jovem garota estranha da floresta e saiu correndo.
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  — Caso se perca, siga as borboletas! — Ouviu-a dizer.
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