A Casa do Bosque

Escrita porLelen
Revisada por Lelen

Capítulo 6

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

  Se %Emma% ainda estivesse bem em relação ao passar do tempo naquela floresta, ela e Harry estavam há horas caminhando por aquelas trilhas à procura de Niall, e o pior, sem nenhum vestígio dele. Chamavam, vez ou outra se desviavam da trilha, mas nada que pudesse indicar que o garoto estivera ali foi encontrado.
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  A esperança de %Emma% ia se esvaindo a cada passo que dava. Como poderia explicar o sumiço do irmão aos pais quando voltasse para casa? Aliás, como voltaria para casa? Ela começou a quase ter um ataque de pânico quando pensou no fato. Da primeira vez que tentara sair do bosque, perdeu seu irmão e ainda voltara para a clareira da cabana de Harry; parecia que aquelas árvores, aqueles arbustos e todo o resto tinham vontade própria e naquele instante brincavam de pregar peças em %Emma%. Não poderia ficar ali, além do mais, o que seria dela? Moraria com o peculiar rapaz que a estava guiando naquele instante para o resto da vida? Deveria esquecer de tudo e todos antes do bosque?
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  — Claro! — %Emma% foi tirada de seus devaneios pela exclamação de Harry.
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  — Desculpe, o quê? — Ela parou para encara-lo, assustada.
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  — Não estava prestando muita atenção, estava? — o rapaz perguntou sorrindo torto ao encarar a garota, que apenas meneou a cabeça, encolhendo os ombros. Por um instante ela pensara que aquela exclamação havia sido para seu pensamento anterior. Que boba ela era! — Eu dizia que os Riesen estão estranhamente quietos hoje e me perguntava o porquê. — O garoto começou a explicar novamente. — Quando me lembrei que os Riesen costumam tirar uma soneca durante o tempo de lua cheia. — Ele deu de ombros.
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  %Em% assentiu ao compreender e instintivamente olhou para o céu. Aquela área tinha as copas das árvores um pouco menos densas, o que deixava o céu amostra em alguns pontos. Ela se lembrou do comentário da professora de ciências na primeira e única aula que tivera na escola, que aquele dia — o dia da aula — era o último dia de lua cheia do mês.
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  %Emma% sentiu o coração acelerar e as mãos começaram a suar de nervosismo. Ela não fazia ideia do que poderiam ser os Riesen, mas tinha a ligeira impressão de que não eram coisas agradáveis de se encontrar num bosque estranho e assustador. Apressou o passo para ficar ao lado de seu guia e se agarrou instintivamente em seu braço quando ouviu o barulho de folhas sendo pisoteadas.
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  — Harry… — murmurou %Em% agarrando-se ainda mais ao braço do rapaz, mas sendo ignorada. — Harry…! — chamou mais uma vez.
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  — O quê? — perguntou um pouco impaciente, olhando para a expressão assustada da menina que o acompanhava.
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  — … Passamos da lua cheia há pelo menos um dia… — murmurou %Emma% por fim, os olhos grandes demonstrando todo o seu medo.
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  — Não se preocu- — A frase de Harry foi cortada.
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  — HARRY! — %Em% exclamou pulando de susto. Um enorme animal que parecia um cão selvagem, mas de tamanho gigante e presas imensas, havia pulado de trás de um arbusto, surpreendendo Harry e o abocanhando na clavícula.
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  Por mais que aquilo parecesse doer muito, o rapaz apenas se contorcia tentando se livrar do animal — ou o que quer que aquilo fosse — sem aparentemente estar realmente sentindo alguma dor. Mas deveria ser a adrenalina e o inconsciente, ao menos era naquilo que %Emma% se forçava a acreditar.
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  Ficou encarando Harry lutar contra as mandíbulas do feroz animal que aparentemente queria arrancar o braço do tronco do rapaz que, de alguma maneira, estava conseguindo se soltar. Mais uma vez estava sem reação em um momento importante no qual precisavam dela. E mais uma vez seus músculos estavam travados, sua mente confusa e inebriada pelo medo.
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  — Solte-me! — Harry exclamou com certa raiva. O enorme cão arreganhou a boca e rosnou eriçando os pelos da nuca, mas soltando sua atual presa. O rapaz deu um soco de mão fechada no grande focinho do cão — o que para seu porte, provavelmente não passou de um peteleco — que ganiu se encolhendo um pouco. — Stopio a mynd! — ele gritou em tom estridente, quase que como se estivesse extremamente irritado com o animal; o mesmo ganiu mais alto e deu meia volta, saltando de volta aos arbustos e desaparecendo.
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  A fúria estampada nos olhos verdes de Harry esvaiu-se assim que constatou que estavam — ele e %Emma% — fora de perigo. E então o torpor e a adrenalina se foram, a grande mordida que levara começou a doer infinitamente e seus joelhos bambearam, fazendo-o cair sobre a relva que ele tinha a impressão de estar úmida.
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  — HARRY! — %Emma% exclamou, as pernas finalmente se movendo como ela queria. Ainda um pouco trêmula, ela se postou ao lado do corpo caído do rapaz. — Harry? Harry? Está me ouvindo? — perguntou pousando cuidadosamente a cabeça do garoto em seu colo. Ele resmungou qualquer coisa em resposta. — Ai meu Deus… — Ela deixou escapar quando percebeu que havia uma quantidade considerável de sangue ao redor do corpo. — Tudo bem, tudo bem — disse a si mesma tentando se manter calma, mas falhando horrivelmente, já que seus olhos se encontravam marejados e ela tentava ao máximo não chorar. — Harry, fale comigo, por favor… — choramingou, virando o rosto do rapaz em direção ao seu. — Olhe para mim, o que devo fazer? — Naquele instante a garota não conseguia mais se controlar, as lágrimas finalmente transbordaram e ela começou a soluçar.
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  — Deseje… — Ouviu o murmurar fraco, quase um sopro, que Harry soltou antes de ficar completamente inconsciente.
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  Desejar? Desejar o que? %Emma% xingou internamente o rapaz, aquela não era uma situação para charadas ou brincadeiras; logo anoiteceria, ele estava ferido e algo lhe dizia que aquele enorme cão não tardaria a ressurgir para continuar o lanchinho da tarde.
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  Ela não sabia o que fazer e era isso. Aquele seria o fim de %Emma% %Kloss%. Num bosque confuso e estranho que engolira seu irmão mais velho. Com um estranho guia morador do bosque definhando em seus braços…
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  %Emma% curvou-se sobre o corpo inerte de Harry e chorou. Desejou não estar ali, perdida e encharcada de sangue alheio; desejou poder estar em casa com seus pais e Niall; mas acima de tudo, desejou que pudesse estar em algum lugar seguro onde pudesse pensar direito e cuidar dos ferimentos de Harry.
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Capítulo 6
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