Kill Bill
– Senhorita Ivy, obrigada pela deliciosa refeição! Fico feliz em vê-la alegre, sei que o término…
Sorri falsamente para a cliente e a agradeci, rezando para que ela e todos aqueles que comentavam sobre a minha vida desaparecessem da pensão. Senti a mão de alguém no meu ombro, e ao me virar, me deparei com Gian pronto para apartar alguma briga que viesse a acontecer. Meu melhor amigo sabia mais do que qualquer pessoa o quão meu temperamento era curto, e morar em um reino onde o hobby dos cidadãos era a fofoca, não combinava nem um pouco comigo.
– Oh, isso não deveria causar tanto espanto para as senhoritas. Afinal, ela é tão madura, é claro que lidaria bem com a situação. Estamos do seu lado, senhorita Ivy!
O seu entusiasmo foi direcionado à Gian, que as acompanhou para a porta antes que eu pudesse reagir. Realmente, eu sou tão madura que assim que descobri toda a verdade, decidi conhecer outros rapazes, já que como uma cliente disse “há diversos lordes por esse reino, basta sair e encontrá-los, da mesma forma que o seu ex fez.”.
Isso tudo não se passa de uma merda, sinceramente, já que eu só o quero.
E se eu não posso tê-lo, ninguém poderia.
Blake Aspen O’Brien é um raio de sol no meio do céu nublado, trazendo consigo uma tranquilidade que acalmava os meus dias. Eu até não me reconhecia quando estava em sua presença, e os que nos assistiam se assustavam em como a tão famosa “mad dog” do reino de Bellary havia mudado. Nosso primeiro encontro foi na tarde que eu e Gian nos mudamos e viemos parar em um dos vilarejos de Dellavecchia, um reino vizinho ao antigo. Desacostumada com as calorosas boas vindas, me vi afastada de toda a comoção e ele veio na minha direção, com dois copos em suas mãos, oferecendo uma bebida quente para espantar o frio. Depois disso, não tinha quem não percebesse a nossa aproximação, e o que parecia ser apenas uma amizade, se transformou em um relacionamento. Eu e Blake estudávamos gastronomia juntos, e ao descobrir sobre a minha saga com Gian, o rapaz se viu maravilhado em nosso conhecimento sobre os diversos pratos de vários locais.
Oh, se eu soubesse antes.
A vila pequena dobrava de tamanho para falar que daqui há meses estaríamos casando – independente de eu não ter a intenção –, além de colocarem mais expectativas em nós dois do que os envolvidos. Por um momento eu também achei que teríamos algo duradouro, um laço que de acordo com Aspen “estava escrito nos céus”, no entanto, suas palavras não passavam de letras vazias e sem significado no momento em que o rapaz decidiu que tudo bem terminar o nosso relacionamento sem me comunicar. O que mais me irritava é que acima de tudo, os sentimentos que eu nutria por ele ainda estão aqui, e eu odiava vê-lo feliz se eu não sou o motivo.
Acho que a minha raiva seria nula se ele não aparecesse com outra cinco dias após sumir, e o até então “ciúmes” que nunca senti foi trazido a tona, e pelos deuses, como eu gostaria de não ter o gostinho desse sentimento. Eu fico pensando no quanto fiz e ignorei meus próprios problemas para ajudá-lo, e em todos os momentos eu agi pelo amor. Sem estar bêbada ou usando algo ilícito, apenas pelo amor que foi jogado fora um minuto depois que não lhe servia mais.
Eu poderia matar o meu ex, apesar de amá-lo.
Todo o meu esforço foi em vão, e não tenho noção de como a região leste de Bellary descobriu sobre o assunto, todavia, a estadia que completava uma semana me dava mais dor de cabeça do que imaginava. Não satisfeito em ser um filho da puta em Dellavecchia, Blake pensou que seria uma ótima oportunidade se inscrever para o mesmo curso que o meu, o que me faz lembrar que infelizmente a nossa inscrição foi feita enquanto estávamos juntos. O que era para ser um aprendizado incrível se tornou em um seminário ruim, onde até o gosto da comida ficava amargo. Não importa o lugar e a hora, Aspen sempre dava um jeito de passar por mim com a sua nova namorada, e independente de eu tentar conversar com o garoto, era sempre uma vontade de um lado só, o que me irritava.
Eu deveria planejar uma vingança, pagar na mesma moeda. Fazê-lo pedir perdão pelo que me fez passar em todos esses meses que namoramos, por me fazer sofrer tanto por amor.
– Gian? – meu amigo me olhou curioso, terminando de limpar os copos. – Eu deveria matar o meu ex. E a sua namorada.
– Não que eu discorde – o rapaz encostou a cintura no balcão, suspirando. –, mas, você não o ama?
– Apesar de sim, amá-lo, já apontei minha espada para tanta gente – ponderei. – Não é justo que eu me sinta desse jeito.
Joguei o corpo na cadeira, batendo os pés no chão; dizem que o primeiro amor é um misto de sensações, e que se for para ser, será. Eu não acreditava nisso, e ter o meu mundo virado de cabeça para baixo dessa maneira é totalmente injusto.
Será que isso é amor? Sinceramente, como acreditar que Blake me amava se me trocou tão rapidamente, como se eu fosse descartável? Talvez só eu tenha amado na relação, e continuarei nutrindo esse sentimento até sabe-se quando. Contudo, se eu pudesse dar um fim na causa desse sofrimento, talvez eu daria. Mesmo não sendo a melhor ideia.
- Ivy – Gian puxou minha mão –, é melhor aceitar a situação do que prosseguir pensando que é melhor estar presa do que sozinha. E não diga que não teve essa ideia, porque sei que teve. – lhe dei a língua, tendo ciência de que no fundo, tudo o que ele falava estava certo. – Agora, se quiser se vingar dele por ele ter roubado a nossa ideia para a competição, eu sei de um jeito.
É, eu deveria matá-lo.
Agora, não por ter me feito de idiota, mas por demonstrar ser tão filho da puta mais uma vez e ter usado a nossa receita como sua na competição. Gian e eu somos iguais; se as pessoas tinham medo do meu temperamento, é por não conhecerem o meu melhor amigo por debaixo da máscara. Mais do que eu, sei que sua vontade também é de apontar a espada para Blake, no entanto, em prol da minha sanidade, ele se mantinha contido, tentando ao máximo estar presente comigo e me acalmando.
– Eu deveria realmente acabar com ele, certo?
– Concordo. – deu de ombros.
– Mas não posso. – soltei o ar pesadamente. – Arabella pediu que eu não matasse ninguém no caminho.
– Oh, pelo menos alguém consegue por juízo na sua cabeça! – bati de leve no seu braço, o fazendo rir.
– Meus dois melhores amigos fazem isso, está bem? Aposto que ela vai querer se vingar pela gente… Contudo, que tal me contar o seu plano?
Gian gargalhou, sabendo que eu não abriria mão de uma pequena peça. Mesmo que eu ainda ache que viver no inferno seria melhor do que permanecer sozinha, e apesar de ainda amar Aspen, eu não deixaria tudo nas mãos do destino ou do karma – por mais que eu soubesse que você colhe o que planta. E definitivamente, Blake colheria o inferno que escolheu por criar.
Fim
N/A: Eu adoro essa música, e a fic ficou curtinha, mas eu estava animada para escrever uma personagem que nem a Ivy. Ela irá aparecer nos próximos capítulos da A Vilã Da Casa Bellerose, então se quiserem saber mais dela, deem uma lida na long! E também pretendo trazer mais histórias dela e do Gian, já que essa foi uma short bem curtinha mesmo e não deu para trabalhar mais na sua personalidade.
Espero que gostem!
AHHHHHHHHHHHH EU AMEEEEI <3
Como não vi essa relíquia antes, essa música é tudo e acho que casou super bem com a personagem *-*
Meu, cada dia fico mais curiosa para ler essa long, ela está aqui piscando na minha reading list das fanfics do site hehehehe
Agora é oficial, preciso ir lá para ver mais da Ivy bem vingativa como moi, e ver o desfecho dessa vingança de milhões ^^
Oiii, Fe! Fico muito feliz que tenha gostado!!!!
E leia a long também! Vale a pena e tem vingança também! A Ivy demora para aparecer nela, mas pretendo trazer outra história só dela