Zoológico
Escrito por Fernanda Diniz | Revisado por Natashia Kitamura
Parte 1
Chamo-me , tenho 23 anos, curso Medicina Veterinária, estou no último ano, eu sempre gostei muito de animais, mas me apaixonei mesmo quando tinha 5 anos de idade, meu pai me levou para conhecer o zoológico, eu me encantei por um animal em especial, a girafa, em minha casa, tudo, mas tudo mesmo é sobre girafa, copos de plástico, roupa de banho, roupa de cama, ‘ursinhos’ de pelúcia, enfeites de mesa, estojo, caderno, tudo que tenho, tem que ter algo relacionado a girafa, pode parecer meio infantil, mas eu sou extremamente apaixonada por elas.
Após me apaixonar por animais, resolvi fazer faculdade de medicina veterinária, eu queria cuidar das girafas, como se fosse minhas filhas. Quando passei no vestibular, eu mal pude acreditar, eu estava no último ano de faculdade, estava fazendo estágio no zoológico de São Paulo, eu escolhi ser a guia na ala das girafas, minha maior paixão, amava o que fazia, além de explicar, ajudava o veterinário e seus assistentes, o que mais estava na ala que eu sempre ficava era , o cara mais chato de todos os tempos, ele tem a minha idade, e pra variar também estudamos na mesma faculdade, várias universidades em São Paulo e eu tenho que estudar com ele. Eu devia ter jogado pedra na cruz para acontecer isso, eu sou muito azarada mesmo, ele adora me encher o saco, fica me chamando de bravinha, marrentinha, esquentadinha e por ai vai.
Ele é um mala sem alça, gosta de me encher, se acha o garanhão, pega todas as garotas que passa em sua frente, mas o que ele mais gosta de fazer é implicar comigo, todos acham essa atitude bem infantil, mas ele cansa a beleza de qualquer pessoa.
Hoje era mais um dia de trabalho, iria sempre empolgada, uma escola iria visitar o zoológico e teria que acompanha-los durante o passeio, adorava essas excursões, eu mostrava toda a minha paixão por todos os animais, além de me divertir, fazia o que amava.
A excursão estava marcada para as 14h, eu estava arrumando as coisas para apresentar, começaria com um vídeo super engraçado mostrando as regras em uma sala, depois iriamos ao tour do zoológico, eu tinha muito o que mostrar, primeiro iriamos para as alas dos animais selvagens, por eles terem acabado de serem alimentados, seria mais tranquilo, depois iriamos para a ala dos animais pesados, tipo elefantes, rinocerontes, hipopótamos, e por ai vai, depois íamos para a ala dos animais marinhos, seguiríamos para as aves, logo depois iriamos para a ala dos macacos, micos, chimpanzés, e afins. Por último ia na minha ala favorita, nas das girafas, zebras e cavalos. Logo depois teríamos uma apresentação da equipe de veterinários e um lanche.
O dia seria corrido, mas seria muito divertido, eu adorava guiar as crianças, sempre tinham pergunta muito interessante para fazer, criança sempre são tão inocentes, curiosas.
Eu não via a hora dessas crianças chegarem no zoológico, eu sempre ficava ansiosa quando isso acontecia. Na verdade, eu ficava mais ansiosa que as crianças.
Já se passava da 13h30, eu estava esperando o ônibus da escola na porta do zoológico, eu iria recebe-las.
- ? – ouvi a voz de me chamando, ele não me chamou por algum apelido? Alguma coisa aconteceu.
- O que você quer? – eu já disse que não nos damos bem. né?
- Tenho uma notícia para te dar. – não gostei do tom dele, algo tinha acontecido.
- Que notícia? – eu estava ficando preocupada.
- Vem comigo. – me estendeu a mão, aquilo estava muito estranho.
- E as crianças?
- Luiza vai acompanhá-los. – ele me informou, me puxou pela mão e me levou até a ala das minhas queridas girafas, meu coração começou a apertar, algo de muito ruim tinha acontecido com alguma.
- , o que está havendo? – eu estava ficando agoniada.
- Calma, . – eu não estava ficando nenhum pouco calma, eu estava ficando cada vez mais assustada e preocupada.
- , não me pede calma, o que houve? – mas que merda, será que ninguém ia me falar?
- , relaxa, nada demais, é só que te quero te mostrar uma coisa. – eu ainda não acreditava nisso cem por cento.
Não demorou muito e chegamos a ala das girafas, quando vi três girafinhas do lado de Joy, minha girafa tinha dado cria, eu não podia acreditar, meus olhos se encheram de lágrimas.
- Eu te disse que não era nada sério. – sorriu para mim, eu realmente tinha duvidado de sua palavra.
- É. – eu sorriso torto – Quem fez o parto de Joy? – me encaminhei até seu lado, para vê-los mais de perto.
- Eu. – eu me virei para ele, como assim ele tinha feito?
- Por que não me chamou para ajudar? – eu queria ter participado desse momento tão especial.
- Eu tentei, mas ela estava com muita dor e não tinha como te chamar. – ele pareceu irritado. – Ou eu te chamava e ela morria, ou eu fazia e te chamaria logo depois. – pensando por esse lado, ele tem razão. – Eu me limpei e fui te chamar, nem avisei ninguém fui, direto a você, porque sei o tanto que você as ama, está bem?
- Ok, desculpa, obrigada mesmo por estar por perto. – eu sei que tinha errado em cobrar para me chamar.
- Não precisa agradecer. – por que ele estava sendo tão gentil comigo? Nós nunca nos dávamos bem.
- Mais uma vez, obrigada. – eu me senti que devia dar uma trégua, ele tinha feito tanto, ele saiu da ala para nos dar mais liberdade com meus animais. – Hey, girafinhas, como vocês são lindas. – eu estava encantada por aqueles animalzinhos em minha frente. – Tenho que dar nome por vocês, vou pensar. – olhei cada um, tinha 2 machos e uma fêmea. – Red. – peguei a fêmea, ela seria uma linda girafinha. – Sam e Sky – acariciei os dois machos, eu estava mais que apaixonada por aqueles bichinhos ali na minha frente.
Parte 2
Eu e nunca se damos bem, isso não é novidade para ninguém, só que a grande notícia é que eu sempre a achei linda, durona, determinada e isso me encantou, mas por algum motivo desconhecido, brigávamos mais do que qualquer outra pessoa.
Quando eu a conheci na faculdade, eu vi uma garota apaixonada por animais, uma garota que sabia o que queria, estava ali por puro prazer, uma garota encantadora, uma garota que conquistaria o mundo com sua personalidade e paixão, eu sempre apostei nisso e ainda continuo.
Aí vocês me perguntam, por que eu e ela não se dá bem e briga tanto, né? Para falar a verdade, eu tenho vergonha até de me lembrar, eu fui um idiota, eu apostei com os garotos da faculdade que eu conseguiria dar um beijo nela, já que ela dava fora em todos que se aproximavam. Eu consegui, mas do pior jeito possível, ela estava mal, tinha perdido um familiar, eu me aproximei, para consolar, na verdade, eu queria era ganhar a aposta e só. Me fiz de amigo, a consolei e quando ela estava na minha, eu simplesmente a beijei, ela se deixou levar pelo momento, os meninos filmaram, ao cessar o beijo eu simplesmente me arrependi de ter aproveitado do momento, no dia seguinte o beijo estava na internet, ela sendo zoada, eu defendi, eu me arrependi, ela nunca mais olhou em minha cara e eu fiquei com as lembranças do beijo. Anos se passaram e nada mudou, eu simplesmente tentei de todas as formas, mas ela nunca me perdoou.
Para ficar um pouco perto dela. Eu encontrei uma forma, mesmo sendo uma que não me agrade, enchendo seu saco, a irritando, dando apelidos, mas só assim para me dirigir a palavra a ela, nunca me senti tão inútil, nunca me senti que nem um idiota, eu tinha a magoado, ela uma garota tão legal, tão encantadora, eu joguei um amizade que podia acontecer por causa de coisa de moleque, uma aposta, um beijo, eu aprendi com os meus erros, eu tinha 17/18 anos quando fiz a burrice.
Eu só queria pedir perdão, eu queria concertar tudo, mas ela nunca me deu espaço para isso, ela nunca quis voltar naquele maldito dia. Eu fiz várias coisas, tentei ser simpático, não deu certo, só levei patada, tentei ser carinhoso, levei coice, tentei ser amigo, levei cortadas, tentei ser gentil, levei porrada, eu desisti e continuei sendo o idiota que eu sempre fui, mas eu sabia que não podia mais magoá-la.
Ao chegar na ala das girafas, como todo dia para ver se tinha alguma coisa, para ver se estavam bem, hoje era mais à risca porque teria visitas, e vi Joy deitada, com uma cara nada boa, me aproximei dela, relei em sua barriga, ela se contraiu, ela estava para parir, eu teria que fazer o parto, se não todos ali morreria, ela estava quente, estava mais do que na hora, corri até o ambulatório e peguei os primeiros socorros e as coisas necessárias, voltei rápido para a ala e comecei os procedimentos, Joy já estava em pé, sinônimo de que iria começar, quando vi as perninhas de uma girafa, as segurei, Joy a expulsou, logo depois veio mais uma, fiz o mesmo procedimento e veio o último, que foi um pouco mais complicado, mas deu tudo certo, assim que acabou Joy deitou-se ao lado de seus filhotes e lambeu cada um, como todo animal faz. Observei a cena, iria ficar encantada com isso, pedi que Luiza acompanhasse a escola no lugar de , ela aceitou de prontidão, fui até a entrada, encontrei-a olhando para a porta ansiosa para a chegada das crianças, ela estava tão linda, me aproximei a chamando, como sempre grossa. Levei-a até a ala, mostrando a cena mais linda, tive que responder várias perguntas, mas estava eufórico para a reação dela, que ficou com os olhos brilhando, ela era tão apaixonada em suas girafas. Logicamente ela começou a pedir explicações e eu me irritei um pouco, mas tentei ser o mais gentil possível.
Afastei-me, a deixando com seus animais, não fui embora, eu queria vê-la, eu na verdade, muitas vezes, a observava cuidando delas, eu era extremamente encanto com isso, era uma das cenas mais lindas que já tinha visto.
Tomei uma distância para poder observa-la, ela tinha a alma tão jovem, uma inocência de criança, um amor puro ali, com os animais seus olhos brilhavam de uma forma que nunca achei que seria capaz de encontrar em alguém, mas sempre me surpreendia em seus traços de beleza e delicadeza, ela podia ser uma pessoa durona, mas ali eu a via como ela era de verdade, uma garota cheia de vida, cheia de energia, uma pura paixão, um amor que não seria roubado por nada, uma garota que sabia o que queria e lutaria até conseguir. Vocês devem estar me achando o maior boiola de todos, mas eu adorava observa-la, sim, eu sou extremamente louco por ela, que nunca vai me perdoar por eu ter feito o que fiz, na real? Nem eu me perdoou, eu sou tão imbecil.
Eu precisava tomar uma atitude antes que eu enlouquece, eu precisava disso, eu precisava tentar pelo menos, mesmo que levasse mais um coice, eu precisava ter pelo menos tentado.
Vê-la brincando com as girafas, me fez ver que eu precisava tomar essa atitude e logo, me aproximei sem que ela percebesse, me agachei ao seu lado, foi quando ela me olhou, eu a encarei, aqueles olhos azuis me encantavam, eu não consegui falar nada, eu só fiz a coisa que eu precisava fazer. Levantei-me, a puxando para cima, colando seu corpo no meu e a tomando em meus braços, colei meus lábios nos dela, era um selinho, ela ainda não estava entendendo muito, abri meus lábios, ela repetiu meu ato, dando passagem para a minha língua, aquilo foi a deixa, ela se entregou, nossas línguas tinham uma perfeita sincronia, era o encaixe perfeito, que nem quebra-cabeça, ela envolveu meu pescoço em seus braços, eu apertei mais a sua cintura, para tentar nos aproximar mais, como se isso fosse possível, estávamos nos fundindo praticamente.
Mesmo só tê-la beijado uma única vez, eu sentia falta daquilo, pois tinha sido melhor beijo que já tinha dado, nenhum se comparava ao dela. Já beijei milhares, mas nenhuma me fazia sentir o que ela me faz, eu sentia uma paz, tranquilidade, uma sensação boa passava pelo meu corpo, uma frio percorria minha espinha, meu coração acelerava, sentia uma coisa na barriga, era uma sensação estranha, mas ao mesmo tempo boa, na realidade, muito boa.
Ela se afastou, como se algo a acordasse, eu não queria que ela se afastasse, eu sei que ela iria brigar comigo, mas poxa, eu não estava mais aguentando isso.
- , o que significa isso? – ela parecia confusa.
- Isso significa que eu sou um idiota e que eu sou louco por você. – eu sei que não era suficiente, mas foi o que eu conseguia pensar em mais nada.
- Você só pode estar de brincadeira com a minha cara, né? Ou é outra aposta? – ela ainda não tinha me perdoado e com razão.
- Não , não é isso, eu realmente estou apaixonado por você, eu sei que parece ser idiotice, mas porra, desde aquela merda que eu fiz, eu não consigo parar de pensar em você, sim, faz 5 anos, mas só hoje eu resolvi tomar coragem. – eu precisava desabafar.
- , você me magoou muito, você me usou, eu precisava de apoio e você me fez de palhaça. – ouvir aquilo estava sendo duro demais, mas era a mais pura verdade.
- , me perdoa, por favor, eu sei que fui um imbecil, eu sei que não mereço, mas me dá uma chance. – eu estava implorando.
- Você tem que fazer por merecer o meu perdão, me mostra que eu posso confiar em você, que não fará aquilo de novo – eu iria fazer tudo que ela mandasse, eu iria provar que a merecia.
- Eu vou te provar – foi a única coisa que falei, logo saindo dali, eu acho que nunca quis tanto uma coisa como eu queria fazer com que ela confiasse em mim, essa seria a minha meta.
Parte 3
estava fazendo de tudo para conquistar o coração de , não estava fácil, mas ele não estava disposto a desistir, ele iria conseguir, não importava o tempo, faria com que ela o perdoasse.
Já tinha passado três semanas do beijo, não queria aceitar que estava a conquistando cada vez mais, e que estava sim, se apaixonando por ele. estava esgotando suas ideias criativas, foram músicas, poemas, cestas e nada adiantou, ele precisava de algo mais criativo, uma coisa que a conquistaria de vez, uma coisa que tinha certeza que ela iria ficar surpresa, uma coisa que ela nunca imaginaria, mas o quê? Essa era a maior dúvida de .
estava encantada com as surpresas que fazia, mas ainda não se sentia confiança para perdoar. Mas ele estava se esforçando, ela não podia negar, ele estava fazendo de tudo, será que era mesmo verdade o que ele tinha falado? Ela ainda estava muito ferida, ela tinha acreditado na compaixão dele, tinha desabafado, para depois ele fazer o que fez.
tinha pedido a todos ajuda para fazer algo inesquecível, mas nada o agradou, estava andando pelo zoológico, fazendo ronda, vendo se tinha lago errado, quando passou pela ala das girafas teve uma ideia, iria dar uma para , que ficaria no zoológico, mas em seu nome, ela seria proprietária do animal, correu para falar com o administrador.
- Sr. Júlio. – o chamou.
- , entra. – eles se davam muito bem. – Em que posso ser útil? – se sentou.
- Eu queria saber se tem como comprar um animal do zoológico, mas sem tirar daqui, só colocar no nome de uma pessoa. – era a ideia mais criativa que ele tinha tido e sabia que ia amar.
- , você sabe que é complicado isso. – Júlio começou, tirando todas as esperanças de . – Mas, sim isso é possível. – aquilo fez sorrir de orelha a orelha.
- Quanto custa a girafinha que nasceu há três semanas? – ele tinha visto como tinha se identificado com o animal.
- Bom, como você é funcionário e como o animal continuará aqui, nós podemos fazer por R$2800,00. – sabia que seria caro, mas tinha suas economias.
- Pode parcelar? – ele nunca conseguiria pagar à vista.
- Óbvio, . – ele estava ficando cada vez mais animado. – Eu sei que vai dar pra , e eu aprovo isso. – sabia que ele iria sacar, ele tinha ajudado muito.
- Obrigado Júlio, amanhã eu trago uma parcela, podemos fazer 5xR$560,00? – era o que ele podia pagar.
- Claro , sem problemas. – Júlio estendeu a mão para , que apertou – amanhã você assina os papeis e coloca no nome da está bem? – confirmou com a cabeça. – Mas pode já contar a novidade para ela. – ele sorriu, não deixou de acompanhar.
saiu animado da sala, precisava contara para o que tinha feito, só que precisava de pensar em como contar, precisava arrumar as coisas, correu para a ala das girafas, encontrando ali, brincando com Red, que nem tinha noção que ela seria sua.
- . – a chamou, ela se virou, ela tinha um sorriso singelo em seus lábios.
- Oi . – ela o cumprimentou.
- Você já quis ter uma girafa? – perguntou na lata mesmo, não tinha preparado nada.
- Sempre, mas é quase impossível, não tem onde colocar, não é? – ela riu meigamente.
- E se eu disser que você tem uma? – ele sorriu de lado.
- Como assim? – ela não entendeu.
- Eu acabei de comprar a Red para você. – ele contou.
- Oi? – ela não estava entendendo nada.
- Eu sei o tanto que você ama girafas, e eu pensei, por que não dar uma girafa para ela? – ele falava como se fosse a coisa mais simples.
- Você está tentando me comprar? - ficou confuso.
- O quê?
- Uai, isso tudo é para me provar que eu posso confiar em você? Me dando uma girafa? – ela estava irritada.
- Não , não é comprar, é te presentear com uma coisa que você goste, com uma das suas maiores paixões, é realizar um dos seus sonhos. – estava abalado, achando que tinha fracassado. – Desculpa por fazer você pensar que eu estava te comprando, não era a minha inte…
- , cala a boca. – ela se aproximou e colou seus lábios nos dele, que se dane, ela não podia mais esconder o que sentia, estava a conquistando. O beijo era cheio de desejo, carinho e sentimentos, ali eles expressavam o que sentiam.
'Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: Gradativamente e de repente, de uma hora para outra' – Hazel Grace
E assim começou um amor, em um zoológico, na ala das girafas, elas presenciaram o começo de tudo, aquele beijo a três semanas e o começo de uma história de amor.
FIM
Olá leitoras, hoje eu trago a minha fic sobre o projeto surpresa, um tema que me deu bastante trabalho, mas que saiu uma história até que muito interessante. Espero que gostem. E não deixem de comentar.