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#006 Temporada

Angels
Avenged Sevenfold



Volta no Tempo

Escrita por Belle Castro | Revisada por Natashia Kitamura

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*2023* - The faster we run now, the closer the gun now

  A bebida estava presente em todo o meu corpo, na minha corrente sanguínea e em meus pensamentos. Aquela sensação de desespero me abrangia novamente pela milésima vez. Os pensamentos eram todos embaralhados em meio a minha embriaguez. Estava esquecendo do que vivia agora e apenas relembrando de minha vida antigamente, quando eu era feliz e tinha certeza.
  Já deveria ser umas 3 horas da madrugada e eu permanecia sentada no banquinho do bar do centro da cidade. Não sabia mais quantos copos já havia bebido, mas apenas queria mais para poder eliminar a dor que me contaminava.
  Depois de mais 3 shots da bebida mais forte do local, me levantei cambaleando após deixar uma nota de 100 em cima do balcão sem querer o troco. Fui em direção ao meu carro já procurando a chave e logo entrei no mesmo.
  Dirigia bem lentamente, sem querer saber se estava errada por dirigir após beber ou não. Apenas queria dirigir apenas mais uma vez, em direção ao mesmo local em que ia com meu filho todos os anos após a morte de meu amado.
  E dirigi até parar.

*2018* - Show me where the angels die

  Caminhávamos lentamente em direção ao local onde estava enterrado. O pequeno ao meu lado ia olhando para todos os lados do cemitério onde estávamos, olhando as flores e os nomes das pessoas enterradas no campo. Ele sabia o porquê de estarmos naquele local, mas a dor que sentia não era a mesma que a minha. Quando veio a falecer, tinha apenas 1 ano, então não havia muitas memórias de seu pai, mas eu havia convivido mais de 5 anos com , meu marido.
  - Mamãe! - Escuto me chamar um pouco mais a frente de mim. - Achei o papai!
  Me aproximo dele e olho para a lápide onde continha o nome daquele que eu já amei.


1981-2014

  Já fazia 4 anos desde que ele havia falecido e sempre que eu voltava para cá, as memórias de quando vi seu corpo em meio as ferragem do carro se atolavam em minha mente e não iam embora pelo menos até a próxima semana. Tentava viver minha vida da forma mais calma possível, para que eu pudesse relaxar e não ficar pensando na forma trágica em que havia ido embora. Mas sempre, antes de fechar os olhos, a cena daquele dia voltava.
  Era um pouco difícil viver somente eu e o pequeno e, apesar de tudo, eu ainda chorava às vezes à noite e sabia que ele ouvia.
  Era complicado seguir em frente quando aquele que era o amor de sua vida havia falecido, tentei algumas vezes, mas nunca ia para frente com os relacionamentos.
  Aquela fatídica noite não deixava meus piores e mais profundos pesadelos. Estava incrustada em cada fécula do meu ser. E estaria lá para sempre.

*2014* - Now I've lost my own way home

  - , você vai conseguir vir para casa pra janta?
  - Não sei ainda, querida. Pretendo ir, mas a pilha de documentos nem ta perto do fim, no entanto, caso não consiga chegar, deixa no microondas um prato pra mim. - Ele falou o que eu já esperava.
  
- Tudo bem, amor.
  Desligo e vou terminar de preparar o meu jantar. Já era a mesma cena há pelo menos um mês. chegava em casa tarde da noite e eu ficava sozinha em casa sem ter meu marido por perto. A empresa dele estava com diversos problemas internos e isto apenas dava uma enorme dor de cabeça nele e no sócio. As dívidas que eles possuíam eram gigantescas e por causa disto e outras coisas, ambos eram capazes de virar a noite tentando planejar e organizar documentos e projetos futuros para conseguir pagar as contas pendentes.
  Eu ficava de lado milhares de vezes e quando havia a oportunidade de ele estar comigo, tentava fazer com que ele desabafasse um pouco, mas nunca conseguia. havia mudado tanto nos anos que decorreram após termos nos conhecido. Ele já não era mais o mesmo homem alegre.

*2007* - Once a steady gaze and charming smile

  - Com licença. - Falei entrando na sala do Departamento de Acidentes no 10° andar. Havia um homem na primeira mesa e ele levantou a cabeça. - Eu vim entregar estes documentos para a Laura.
  - Ah... Ela não está aqui agora. Mas pode deixar aqui que eu entrego pra ela quando chegar. - Ele levantou da cadeira e veio em minha direção.
  - Tudo bem. - Dou um pequeno sorriso a ele.
  - Qual teu nome? - Eu faço uma careta estranhando. - Pra eu falar pra ela. - Ele da uma risadinha.
  - . Do departamento de RH, 8° andar.
  - Beleza, do 8° andar. - Ele pega o documento e dá uma piscadinha que me fez corar.
  Quando estou quase saindo da sala, escuto-o falar:
  - Sou o do 10° andar.
  Vou em direção às escadas com um sorriso no rosto.

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Took the road but should have chased the stars

Nesta madrugada de sexta-feira, um acidente ocorreu no centro da cidade. Uma mulher morreu após bater o carro na parede do túnel central. Peritos apontaram que a mesma se encontrava embriagada e dirigindo em alta velocidade no momento da batida. Ainda não se sabe se foi acidental ou intencional a batida. Os documentos apontavam que sua identidade era , de 29 anos de idade.

FIM