Skinny Love
Escrito por Luh Marino | Revisado por Luh
“Skinny Love: Quando duas pessoas se amam e são muito
tímidas para admitirem, mas demonstram de certo modo.”
O primeiro amor não é algo que se esquece. Não é algo que se esvai. O primeiro amor é pra sempre. Porque foi aquela pessoa que te ensinou a amar, a ser como você é hoje. E você pode se apaixonar outras vezes, mas quando você pensa naquele primeiro amor, você esquece até seu nome. Porque foi por ele que o seu coração bateu mais forte pela primeira vez. Foi por ele que suas mãos suaram, foi por ele que seu estômago embrulhou. Nada no mundo pode mudar o que você sente pelo seu primeiro amor. Ele sempre foi e sempre vai ser o mais especial.
Capítulo Único
13 de abril de 1990, 15h24min – Maternidade Saint Joanna, Birmingham
O garotinho pulava para tentar alcançar a janela. Mas ele era muito pequeno, não conseguia nem se ficasse na pontinha dos pés. Aquilo o deixava frustrado. Ele queria ver sua irmãzinha, oras! Queria ver suas bochechas coradinhas, seus lindos e gigantes olhos castanhos que combinavam tanto com sua carinha de joelho.
Fez um bico e cruzou os bracinhos gorduchos, virando-se de costas para a janela na parede e indo até o pai, que conversava com uma enfermeira. Quando chegou no mais velho, puxou sua calça para que ele lhe desse atenção. O pai pediu licença para a moça e olhou para o filho. Agachou-se para ficar da mesma altura que o pequeno.
- Fala, filhão.
- Emily! – Ele disse, apontando para a janela. O pai deu um sorriso e pegou o garotinho no colo, indo até o lugar.
O garoto olhou para dentro da sala, tentando identificar sua irmãzinha. Procurou, procurou e procurou, mas não conseguiu achar a garotinha no meio de tantos outros bebês parecidos com ela. Quando estava se virando para o pai, para pedir ajuda, seus olhos se focaram em uma recém-nascida próxima à janela. Ela era muito pequena, e ainda tinha a carinha de joelho de quem acabou de chegar no mundo. Seus olhos estavam abertos, movendo-se de um lado para o outro, tentando descobrir e decifrar o mundo à sua volta. Até que seus olhos se prenderam nos dele. Ela sorriu banguela, aquele sorriso torto de bebê e pelo movimento do rostinho, soltou uma risada. Ele riu com ela e logo voltou a procurar pela irmã.
Aquele rostinho nunca saíra de sua mente.
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13 de abril de 1997 – Cannon Hill Park, Birmingham
A pequena garota saltitava de um lado para o outro no gramado. Parava, coletava algumas folhas e voltava a saltitar. De vez em quando olhava na direção da mãe para ver se ela continuava no mesmo lugar.
Era tão bom passar um tempo no parque! Ela adorava a brisa fresca no rosto, o cheiro de folhas, as pessoas se divertindo... Ela iria achar mais legal se não fosse tão tímida e fosse falar com outras crianças, mas não criava coragem.
Cansada de catar folhas, ela sentou-se na grama e pegou algumas bonecas da pequena mochila rosa. Distraiu-se com sua brincadeira de mamãe e filhinha, parou até de checar a localização da mãe. Mas isso não durou muito. Em alguns minutos, voltou a olhar para os lados. Viu que a mãe continuava no mesmo lugar, lendo um livro, e virou o rosto novamente para frente, na intenção de voltar a brincar com suas Barbies. Mas seus olhos se prenderam em um garoto pouco mais a frente, rindo graciosamente enquanto era empurrado pelo pai no balanço. Sorriu com a visão, colocando as Barbies novamente na mochila e voltando correndo para o banco onde a mãe estava.
- Mamãe, mamãe! – Gritou. – Me balança ali também? – Pediu com aqueles olhinhos arregalados. A mãe sorriu com doçura e, depois de colocar o marca páginas, guardou o livro na bolsa e se levantou.
Foi de mãos dadas com a mais nova até os balanços. O garotinho já havia saído do seu e deu espaço à garotinha que parecia ser sua irmã mais nova. O pai parecia cansado, mas continuou balançando os filhos. Nossa pequena se divertia como nunca ao não sentir o chão aos seus pés e sentir o vento batendo contra o seu rosto delicado. Ria escandalosamente, o que chamou a atenção do garotinho, que passou a procurá-la com os olhinhos levemente cerrados. achou-a – que parecia ter a idade de sua irmã – levemente familiar, mas não encontrou nada que o lembrasse dela na sua memória.
As duas famílias continuaram ali por certo tempo, mas o pai se cansou e eles foram os primeiros a sair. sequer notou, mas não foi embora sem antes dar uma espiada na adorável garota da risada que era possível ser ouvida do outro lado do parque.
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13 de abril de 2002 – Birmingham School
- Ele não é um docinho? – Joana suspirava ao perguntar a , apontando discretamente com a cabeça para um garoto da oitava série. olhou para quem a amiga apontava. Ela falava de ), um dos garotos da turminha de populares. Ele olhava para a mesa onde estavam sentadas, mas desviou o olhar assim que viu que olhava para ele. A garota corou e também voltou a olhar para frente.
- Sim, Jo. Um docinho.
não podia negar que o garoto era, realmente, muito bonito. Também não podia negar que era charmoso (pelo número de garotas conquistadas) ou engraçado (pelas risadas que as pessoas davam quando estavam com ele). Também não negava que ela suspirava ao vê-lo sorrir. Nem que sua respiração ficava descompassada quando o pegava olhando pra ela, como acontecera minutos antes. Nem que seu coração ficava acelerado quando ela estava com Emily, sua irmã, e ele vinha falar com elas.
Não podia negar que sentia algo pelo garoto.
- Qual é, ! É impossível que você não queira ficar com a Joana! Ela é uma beleza! – falou, e rolou os olhos mais uma vez, olhando para a mesa onde a garota se encontrava com a amiga.
.
- , ela pode ser uma beleza, mas eu não to interessado nela. É tão difícil entender? – Percebeu que Joana também olhava pra ele enquanto falava algo com , que comia sua barrinha de cereais de morango e creme. levantou o olhar e se virou para a mesa onde se encontrava. O garoto ficou constrangido e desviou o olhar.
era a melhor amiga de sua irmã Emily, pois eram da mesma idade. adorava a garota, ela era tão legal e não ficava com vergonha de falar com ele como se ele fosse um ET só por ser um menino “bonito”. Não que se achasse bonito, ele se achava normal. Mas já cansara de ouvir a irmã mais nova reclamando do fato que todas as meninas da sala dela queriam ser amigas de Emily só para terem a oportunidade de falar com .
Mas ele não queria falar com essas meninas, porque ficava ocupado demais pensando em desculpas para falar com Emily e, consequentemente, com . Ela era super engraçada, inteligente, e o tratava como um garoto normal de 14 anos. Não queria ser o garoto mais popular da escola, não era esse seu objetivo. Só queria estudar para que conseguisse passar em alguma universidade boa, cursar música e ser feliz. E parecia ser a única garota capaz de entender isso. Às vezes, ela era até melhor que Emily – não que ela fosse uma irmã ruim, porque era a melhor irmã do mundo. Mas o compreendia de uma forma que nem ele conseguia entender. Isso porque ela era dois anos mais nova! Parecia ser dois anos mais velha, pois era a garota mais madura (e incrível) que já conhecera.
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13 de abril de 2005 – Casa de Joana Sanders, Birmingham
estava sentado em um banquinho, um dos braços apoiado no bar e o outro jogado ao lado do corpo, com uma bebida qualquer na mão. Estava completamente entediado. Daria de tudo para sair daquela festa. Estava quase começando uma reza forte para que algum incidente acontecesse, como a polícia aparecer, e ele ser obrigado a ir pra casa.
Levantou-se, deixando o copo com o líquido colorido no balcão, e começou a andar pela casa da garota que fazia 15 anos. Não era uma casa grande, mas não era uma casa pequena. Joana era a típica garota mimada, convincente o suficiente para fazer os pais saírem de casa no dia do aniversário e deixassem que ela fizesse uma festa de arromba e convidasse todo o ensino médio da Birmingham School.
Claro que, naquela noite, Joana já havia tentado convencer diversas vezes a ficar com ela. Mas ele não queria. Ela tinha uma queda pelo garoto desde que descobriu o que “queda” era, e sempre deixava claro que não queria nada com ela. Mesmo assim, Jo insistia em tentar de novo, e de novo, e mais uma vez. Não cansava nunca.
Observava as pessoas dançando na pista ao som de uma versão eletrônica de uma música qualquer quando percebeu certa movimentação na direção das escadas. Um grupo de garotos subia animadamente para o segundo andar da casa, e não deixou de ficar curioso. Continuou acompanhando o grupo com o olhar até ver que um deles olhou para trás. Voltou a observar os casais e estava saindo da área quando sua irmã apareceu.
- , você viu a ? Ela disse que ia ao banheiro uns 10 minutos atrás e não voltou. – Imediatamente ficou preocupado.
- Você procura ela por aqui e eu procuro ela lá em cima. – Emily assentiu e eles se separaram.
temia pela garota. Os meninos da Birmingham School não eram os mais puros e ele não queria nem pensar no que poderia acontecer com ela se um deles pensasse em fazer algo com ela...
Sentiu um calafrio quando se lembrou dos garotos que vira há pouco. Subiu as escadas correndo e começou a abrir todas as portas. Encontrou banheiros vazios, banheiros com casais; quartos vazios, quartos com casais; dispensas vazias, dispensas com casais... E não achou . Estava dando meia volta para voltar para o primeiro andar e ajudar a irmã lá embaixo quando viu uma cordinha pendurada no teto. Correu até o fim do corredor e puxou a porta/escada que daria para o sótão.
Subiu as escadas e deu de cara com uma cena que preferia nunca ter visto na vida. Eram cinco caras. Enquanto três seguravam deitada no chão, os outros dois tentavam tirar sua roupa. Ela chorava e esperneava, mas eles eram muito mais fortes que ela, claro. A raiva que tomou conta de deu coragem o suficiente para que ele praticamente pulasse em cima dos grandalhões e socasse eles com a maior força que tinha.
Não que fosse muito grande.
levou vários socos, mas conseguiu botar medo o suficiente para que os idiotas fossem embora. Olhou na direção de . Ela estava sem blusa, a calça semiaberta, encolhida no canto do sótão, chorando. não demorou a correr até ela e abraçá-la como se sua vida dependesse disso. Apertou-a em seus braços e sentiu a garota retribuir, rodeando sua cintura.
- Shh... Tá tudo bem, . Vai ficar tudo bem. – Ele tentava acalmá-la, mesmo sabendo que poderia demorar, já que o choque era muito grande.
- Eles... Eles tentaram... E-eles— não deixou a garota continuar.
- Tudo bem, . Não precisa me explicar. Não vai acontecer de novo. Eu não vou deixar que eles cheguem perto de você, tudo bem? – Ela não respondeu, apenas concordou com a cabeça.
ficou ali, abraçado a ela até que controlasse as lágrimas. Ajudou a garota a se vestir novamente, e a levou pra casa. Prometeu novamente que nada faria mal a ela e não foi embora até que ela dormisse. Nunca se sentira tão preocupado na vida. Emily não costumava entrar em encrencas, e se entrasse, sabia lidar com elas sozinha. Mas era uma garota frágil e dependente de uma força maior, alguém que a defendesse.
estava determinado a ser esse alguém.
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13 de abril de 2006 – Aeroporto Internacional de Birmingham
- Vou sentir sua falta. – As lágrimas estavam quase escapando dos olhos da garota, que teimava em não se deixar mostrar fraca por um momento. , por outro lado, não se segurou e abraçou-a com toda sua força.
Desde o ano anterior, os dois haviam virado melhores amigos. Emily odiava isso, pois morria de ciúmes de com , e de com . E ficava mais brava ainda por, aparentemente, ser a única a perceber que eles eram feitos um para o outro. Lily chegava a achar bizarro o quando eles se completavam, eram a perfeita definição de “alma gêmea”. Mas os dois idiotas pareciam não perceber isso! vivia pregando que gostava de , mas ele não gostava de volta. E insistia em negar qualquer sentimento.
Ali, olhando a melhor amiga se despedir do irmão, Emily ) sentia um aperto no peito que nunca sentira antes. Não queria que fosse embora. Claro, era ótimo ele ir estudar em Yale, afinal, é uma ótima faculdade. Mas ela era egoísta o suficiente para querer que ele ficasse ali.
Foi quem cortou o abraço. Olhou diretamente nos olhos de e, após alguns segundos, deu-lhe um beijo demorado na bochecha. fechou os olhos com a sensação, e quis sentir aquilo para sempre. Nunca se cansava de . Queria que ela fosse com ele, mas não podia. Na verdade, queria que Yale magicamente não fosse mais em Connecticut e se mudasse para Birmingham, para que ele pudesse ficar próximo de quem gostava.
Atenção: Última chamada para o voo 2327 com destino ao Aeroporto Internacional de Bradley.
Ouviu-se a voz nos autofalantes e, finalmente, permitiu que suas lágrimas escapassem. Deu um último abraço em e deixou a família do garoto se despedir. Não queria ver a cena do garoto indo para o avião, então resolveu sair dali antes que chorasse mais do que devia.
foi embora ser ter uma última visão de sua .
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13 de abril de 2014 - Cannon Hill Park, Birmingham
As mãos dele suavam. Ele quase tremia. Não parava de olhar para os lados. Inclusive, percebeu que algumas pessoas que passavam o encaravam como se ele tivesse algum problema.
Na verdade, tinha.
estava nervoso como nunca estivera. Voltara dos Estados Unidos – onde morava desde que foi cursar música em Yale – há pouco tempo. Visitara toda sua família e passara dias apenas sabendo do que havia acontecido com as pessoas de quem era próximo. Relutou, mas em um momento, sua curiosidade falou mais alto e ele perguntara a Lily sobre .
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A garota por quem fora apaixonado por todos esses anos.
É verdade que não admitira isso pra ninguém. Nem pra Lily, nem pra – seu melhor amigo – e muito menos para a própria . Na verdade, se recusava a admitir tal sentimento até para ele mesmo. Não queria se ver preso a alguém do outro lado do Oceano.
Emily contou que elas continuaram amigas, apesar de ter perdido o contato quando se mudara de Connecticut para Nova York, após seis anos de curso. Esses dois anos que ficou sem falar com sua lhe pareceram uma eternidade, e pedira para Lily falar com a garota e pedir para que ela fosse até o Cannon Hill Park. Nenhum dos dois sabia, mas foi ali que eles se viram pela quase primeira vez. Porque a primeira, de verdade, foi em 1990. tinha poucos dias de vida, assim como Emily, e acabou por vê-la na maternidade enquanto procurava por sua irmãzinha mais nova.
avistou de longe um garoto com os característicos cabelos desgrenhados, e o brilho de seus olhos lhe chamou a atenção de cara. Não pode deixar de sorrir. não mudara em absolutamente nada.
Estava parado no meio do parque, uma solitária rosa rodando entre os dedos, a postura claramente nervosa. Olhava para os lados procurando alguém, mas não pareceu vê-la. tomou isso como vantagem. Se aproximou lentamente do garoto, fingindo ser uma pessoa qualquer que passava por ali. Apenas quando parou em frente a que ele dirigiu seu olhar a ela. Primeiramente pareceu confuso, e então a reconheceu.
não teve tempo nem de dizer oi, pois no segundo seguinte já estava abraçando-a, finalmente, depois de mais de 6 anos sem se verem.
O abraço de sempre foi forte, e amava isso. Enquanto ele se agarrava à sua cintura, passou seus braços pelo pescoço do garoto, apertando-o contra si. Eles estavam se abraçando tão apertado que pareciam querer fundir seus corpos um contra o outro.
Depois que o abraço foi quebrado, olharam um nos olhos do outro e sorriram.
- Oi, .
- Oi, .
E então ninguém falou mais nada, porque suas bocas ficaram ocupadas em tomar conta uma da outra, e explorar uma à outra, e e se preocupavam em amar um ao outro como deveriam ter feito há um bom tempo. O beijo não era calmo, contudo, não era selvagem. Era um beijo cheio de paixão, saudade e uns sentimentos que não podem ser decifrados, porque essa era a relação dos dois. Cheia de paixão, saudade e alguns sentimentos que não podem ser decifrados. A sensação era tão boa, de uma completude tão... completa, que eles não queriam mais se separar. Poderiam ficar ali, e o mundo poderia desmoronar ao redor deles, e poderia acontecer uma chuva de meteoros e um apocalipse zumbi, e eles continuariam ali, grudados.
Quando o beijo foi interrompido, apenas se olharam novamente e sorriram mais uma vez. Não precisavam de palavras, não precisavam de gestos. Precisavam apenas um do outro.
- Finalmente. – Foi o que disseram. Juntos.
Juntos, como sempre estiveram.
Nota da autora: Skinny Love é minha terceira short. Eu comecei ela nop começo do ano, se não me engano, mas só agora consegui terminá-la.
Ela é meio baseada em algumas experiências, mas só a parte da demonstração do amor, porque (infelizmente) não chegamos a ficar juntos. )': uaheueh
Espero que gostem da fic assim como eu gostei! E comentem. ^-^
Nota da beta (NÃO sou a autora!): Comente! Não demora e deixa a autora feliz e inspirada. Qualquer erro, me avise no betagemdaluh@gmail.com ou em um dos meus contatos no meu tumblr de betagem!