Really don't care

Escrito por Sam K. | Revisado por Mariana

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  Depressão pode ser citada como o mal do século, uma doença para gente sem Deus ou até mesmo um distúrbio afetivo que tem por entre suas causas a tristeza, pessimismo e a baixa auto-estima. Eu nunca poderia afirmar para mim mesma que estava com depressão, para todos eu continuava sendo a mesma de sempre; alegria se vem e se vai, como quando duas semanas após ser pedida em casamento, fui recebida com um "Isso não dará certo" do meu ex futuro marido. Doía como a ponta de uma lança encravada em meu peito, era tanta angústia dentro de mim que eu, no maior dos clichês, iniciei minha rotina de doces, comida, filmes românticos e dramáticos, lágrimas.

  Era uma manhã normal de sexta-feira e, como todos os dias que seguiriam minha vida; eu acordava, tomava um rápido banho, vestia-me, fazia um simples café da manhã, retirava o lixo e sentava-me ao balcão da cozinha, tentando ao máximo me concentrar e corrigir aquelas inúmeras páginas de livros. Minha mãe avisara-me que tanto meu irmão e seu amigo quanto Amy viriam me visitar algum dia que não me recordo e nesse mês. Eu só não esperava que os três chegassem enquanto eu praticava aeróbica na simples e pequena academia particular. O resultado daquela droga de amnésia: conhecer o lindo do amigo do meu irmão enquanto estava grudenta, suada e completamente descabelada. Obrigada, amnésia.
  — O que diabos vocês estão fazendo aqui? —reclamei após todos entrarem.
  — A sua mãe te avisou. —respondeu Amy dando de ombros e jogando-se no meu sofá, folgada.
  — Isso, a mamãe te avisou. —repetiu David indo fuçar minha cozinha atrás de kit kats, era sempre assim.
  — Vocês não podiam ter ligado, mandado e-mail, sinal de fumaça pra dizer quando vinham? —reclamei novamente, encarando o único calado da casa: o tal amigo bonito do meu irmão. — E como você traz um amigo seu que eu nem conheço sem me apresentar a ele? —bufei ao ver meu irmão comendo de forma calma seu doce. — DAVID! —esbravejei e joguei-lhe uma almofada, enfurnando-me no meu quarto em seguida.
  — O que deu nela? —ainda ouvi David perguntar, recebendo um suspiro de Amy como resposta.

  Três horas depois

  Como alguém consegue dormir por três horas consecutivas fedendo a peixe morto? Obrigada, eu consigo. Levantei-me com preguiça, retirando minha roupa e adentrando a suíte de meu quarto e tentando relaxar ao banhar-me com uma água morna. Estava tudo perfeito, ou não. Aos poucos ouvi um alto barulho de coisas sendo arrastadas, murmúrios pela sala de estar e algo caindo. O que diabos estava acontecendo?
  Minutos depois enrolei-me num roupão e corri ao local onde ouvi o barulho, observando duas pessoas arrastarem meus móveis e ligarem eletrodomésticos que não pertenciam a mim, bebidas e caixas estavam no chão da cozinha. Oh, não, eles queriam dar uma festa!
  — Não e não, David, você não é mais um adolescente de 16 anos, idiota, eu quero que você devolva tudo isso e arrume minha casa, agora! —berrei.
  — Eu sei que seu relacionamento de anos acabou, mas você realmente precisa ficar tão nervosa? —questionou Amy, fazendo-me perguntar para mim mesma quem minha amiga havia se tornado.
  — Eu quero paz! Há duas semanas eu ia casar e agora tenho que lidar com meu irmão idiota e minha ex melhor amiga! —esbravejei irritada. — Quer saber de uma coisa? Façam a droga dessa festa, agora, se eu acordar amanhã e encontrar sequer um resquício de que houve uma festa aqui, eu mato vocês, com arame farpado e ainda torturo! —ameacei-os, o que os fez rir e consequentemente me fazer rir.
  — Você tem que deixar de ser tão doida, mas a gente sabe que você adora uma festa! —disse David abraçando-me.
  — Não mais, vou pegar o máximo de comida que eu conseguir, vestir um pijama e tentar ver alguns filmes no porão, lá chega a ser melhor que meu quarto mesmo. —sorri e finalmente pude observar o amigo do meu irmão que digitava freneticamente em seu celular. — Hey, você é , não é? Oh, meu Deus, como você cresceu!
  — Ela já começou. —murmuraram Amy e David em uníssono. Fiz uma careta e sentei-me ao lado de .
  — Cara, eu realmente não acredito que não te reconheci. — falei puxando-o para um caloroso abraço.
  — Isso, eu mudei um pouco, cor do cabelo, óculos, altura. —sorriu amarelo, sentindo-se talvez, desconfortável ao meu lado.
  — Tudo bem, já entendi que a presença da velha de apenas 25 anos não é mais bem-vinda, boa festa pra vocês. —eu disse enquanto virava-me para a cozinha e recolhendo algumas comidas, colocando-as numa caixa e indo ao meu quarto, onde peguei algumas cobertas grossas.
  — , eu posso ficar com você no porão? —perguntou , encabulado. Silêncio. — Quero dizer, eu não estou com clima pra festa ou algo desse tipo. —completou.
  — Claro.
  Ele realmente falou sério? Por Deus!

  Cinco horas depois; 2:20am.

  I got this feeling on the summer day when you were gone
  (Senti algo num dia de verão quando você não estava aqui)
  I crashed my car into the bridge, I watched, I let it burn
  (Bati o carro em uma ponte. Assisti. Deixei-o pegar fogo)
  I threw your shit into a bag and pushed it down the stairs
  (Joguei suas coisas em uma mala e a empurrei pela escadaria)
  I crashed my car into the bridge

  Era um tanto quanto irônico uma música falar sobre um relacionamento acabado, até porque eu realmente não tinha jogado as coisas de Henry pela escadaria. Eu deveria ter feito. Era madrugada e meus olhos permaneciam abertos, o filme passava na TV do porão, porém era impossível ouvir algo que não fosse I Love It da Icona Pop tocando.

  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)

   encarava-me e suas olheiras começavam a formar embaixo de seus olhos, ele revirou os mesmos e enfiou seu rosto por entre as cobertas, deitando no meu colo em seguida.

  I got this feeling on the summer day when you were gone
  (Senti algo num dia de verão quando você não estava aqui)
  I crashed my car into the bridge, I watched, I let it burn
  (Bati o carro em uma ponte. Assisti. Deixei-o pegar fogo)
  I threw your shit into a bag and pushed it down the stairs
  (Joguei suas coisas em uma mala e a empurrei pela escadaria)
  I crashed my car into the bridge
  (Bati o carro em uma ponte)

  — Você consegue ouvir o que eu digo? – me perguntou. Acenti. — Eu meio que gosto de você.
  O quê?
  — O quê? —respondi.
  — Eu meio que gosto de você, não sei bem, acho que foi por culpa do verão na Califórnia, que nós ficamos, você sabe. —disse.
—   Ahn, eu deveria ter uma resposta pra isso, certo?

  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)

  You're on a different road, I'm in the Milky Way
  (Você está numa estrada diferente, estou na Via Láctea)
  You want me down on Earth, but I am up in space
  (Você me quer na Terra, mas eu estou no espaço)
  You're so damn hard to please, we gotta kill this switch
  (Você é tão difícil de agradar, temos que desligar esse botão)
  You're from the 70s, but I'm a 90s bitch
  (Você é dos anos 70, mas eu sou uma garota dos anos 90)

  Mas não me deixou falar absolutamente nada, ele apenas me beijou, e bem, tirou os cobertores que estavam entre nós, diminuindo gradativamente o frio que ali fazia.

  I love it!
  (Eu adoro isso!)
  I love it!
  (Eu adoro isso!)
  I got this feeling on the summer day when you were gone
  (Senti algo num dia de verão quando você não estava aqui)
  I crashed my car into the bridge, I watched, I let it burn
  (Bati o carro em uma ponte. Assisti. Deixei-o pegar fogo)
  I threw your shit into a bag and pushed it down the stairs
  (Joguei suas coisas em uma mala e a empurrei pela escadaria)
  I crashed my car into the bridge
  (Bati o carro em uma ponte)

  E quem se importaria se estivesse quase transando com um cara dos sonhos de qualquer pessoa? Eu, obviamente, não me importava.

  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)
  I love it, I love it
  (Eu adoro isso, eu adoro isso)

  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)

  Por um momento pensei em quão boa aquela festa tinha sido para mim, ou seria, até a manhã seguinte.

  You're on a different road, I'm in the Milky Way
  (Você está numa estrada diferente, estou na Via Láctea)
  You want me down on Earth, but I am up in space
  (Você me quer na Terra, mas eu estou no espaço)
  You're so damn hard to please, we gotta kill this switch
  (Você é difícil de agradar, temos que desligar esse botão)
  You're from the 70s, but I'm a 90s b*tch
  (Você é dos anos 70, mas eu sou uma garota dos anos 90)

  E mesmo que eu estivesse a uma galáxia de distância do cara que eu beijava, nós poderíamos dar um jeito nisso, nós não nos importávamos mesmo. Foi enquanto procurava algo nos bolsos de sua calça e ria nervoso, eu apenas gargalhava e me decidia sobre o que fazer com algo do relacionamento passado. Péssimo momento pra pensar nisso, mas fazer o quê?

  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)
  I love it, I love it
  (Eu adoro isso, eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)
  I love it
  (Eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)
  I love it, I love it
  (Eu adoro isso, eu adoro isso)
  I don't care
  (Não me importo)
  I love it!
  (Eu adoro isso)

  No dia seguinte eu iria até a casa de Henry, entregaria suas coisas, deixaria um bilhete em letras de médico e diria a mim mesma: Eu não me importo.

FIM



Comentários da autora


Nota da autora: O que dizer sobre uma fanfic que fiz em duas horas em vez de estudar pra prova de álgebra e geometria e de filosofia? Deixei tudo pra última hora porque não tive um pinguinho de inspiração pra escrever nenhuma história com a fanfic, fui pensando e deu nessa porcaria. Desculpem-me por ser tão ruim e, enfim, é isso aí.
Beijos e abraços pra todos, Sam.