Pride&Stripes

Escrito por Brubs Mota | Revisado por Pepper

Tamanho da fonte: |


Capítulo 1

   deveria estar celebrando. Deveria. Afinal, não é todo dia que seu time ganha um klassiker e com isso a Champions League. Quem dirá quando seu time agora têm as mais reais chances de se sagrar o primeiro clube alemão a ter uma tríplice coroa! Você têm todos os motivos para estar feliz, pensava ela, mas nãããão! Você se prende logo ao único pensamento capaz de te entristecer!, se xingava mentalmente por se deixar levar para o estacionamento e já não mais se importava com o paradeiro de seu primo. Provavelmente, um dos rapazes levaria pra casa se fosse necessário. Nem mesmo as luzes que enfeitavam a sede do clube por conta da ocasião especial a deixavam feliz. E você adora essas luzes!, lembrou-se enquanto caminhava a duros passos até o seu carro.
  – ? - virou-se automaticamente ao ouvir seu apelido, encontrando Manuel Neuer com o cenho franzido. - Onde vai? A festa é pelo outro lado. - levantou a mão, colocando o polegar sobre seu ombro.
  – Preciso vê-lo. - respondeu com um pouco mais de urgência do que esperava. Não havia sentido em mentir, mas também não tinha a intenção de soar tão desesperada e isso a fazia se odiar.
  – Oh. - recuou minimamente, tentando encontrar o que dizer. - Cuidado com a viagem. - não pôde deixar de sorrir ao ouvir isso. Manuel tinha quase dois metros de altura e uma generosa massa muscular, mas era tão bobo quanto uma criança de 3 anos. Aquelas quatro palavras transmitiam uma mensagem muito mais complexa que, tinha certeza, só ela entenderia. A preocupação de Manuel era clara embora ele não soubesse como expressá-la.
  – Aproveite a festa e, por favor, fique de olho em Basti pra mim, sim? - Manuel sorriu, puxando-a para um abraço apertado.
  – Pode deixar comigo! - ainda sorrindo, ele a soltou e seguiu em direção ao carro. Olhou para trás ao alcançar o veículo, vendo um ainda sorridente Neuer acenando em sua direção.
  Como era de se esperar, grande parte das ruas de Munique refletiam a festa que acontecia na sede do Bayern o que impossibilitava que o trânsito seguisse. Mas ninguém ligava pra isso. Ninguém além de . O melhor (lê-se: único) plano que pôde traçar, foi logo posto em prática e não demorou para ela percebesse que deveria estar sendo procurada por seu primo, Bastian, nesse exato momento. Seu celular tocava incessantemente, cada vez um número diferente piscando na tela enquanto ela esperava pelo trem que a levaria à Dortmund.

   respirou fundo ao chegar na frente da casa de Marco. Estava tudo apagado e preocupantemente silencioso. Ela sabia que ele estava se culpando por todo o ocorrido - por terem perdido a final da Champions League para o Bayern - e que, provavelmente, ele estaria descontando sua raiva em si mesmo. Vagarosamente, ela subiu os degraus que a levariam até a porta de seu melhor amigo.
  – O que você quer? - antes mesmo que ela pudesse bater, a porta se abriu revelando um visivelmente mau disposto Marco Reus.
  – Nossa, você tá horrível. - saudou com uma brincadeira típica entre eles e Marco bufou, rumando para o sofá onde se jogou com descaso e logo fez o mesmo trajeto que ele, sentando-se no outro extremo do móvel.
  Dali, ela pôde observá-lo de melhor maneira, com inexplicável angústia ao fazê-lo. A única de luz provinha da televisão cuja programação não se importou em descobrir qual era, seus olhos estavam focados em Marco. A coloração avermelhada de seus olhos revelava seu choro num passado não tão distante assim. As manchas não tão profundas, mas ainda assim extremamente perceptíveis sob seus olhos denunciavam a falta de descanso do rapaz. E seu cabelo... Seu precioso cabelo não lembrava em coisa alguma o mesmo que Marco tanto prezava em deixar impecável. Estava simplesmente um caos. Estava simplesmente refletindo tudo aquilo que o rapaz parecia estar vivendo: um verdadeiro caos.
   não pôde deixar de sentir um aperto no coração ao perceber que ele estava assistindo ao VT do jogo que o deixara assim. Ela sabia que ele estava remoendo cada mínimo erro que cometera naquela noite como se fosse o pior dos pecados. Ela deixou escapar um suspiro audível, chamando assim a atenção de Marco, embora ele não a encarasse diretamente.
  – O que veio fazer aqui? - perguntou seco, sem desviar os olhos da televisão.
  – Ver como você estar e, consequentemente, te ajudar. - respondeu serena e Marco soltou um breve riso sem humor.
  – Você deveria estar em Munique. Deveria estar junto deles.
  – Eles não precisam de mim, Marco. - mais uma vez, um amargo riso sem humor pôde ser ouvido.
  – E quem disse que eu preciso?
  E foi isso. Essa simples pergunta foi o suficiente para que sentisse que seu coração havia sido apunhalado sem dó nem piedade. Ela não conseguia pensar em nada além de como fora estúpida ao ponto de deixar a celebração de um ato histórico por causa dele. Nisso e, claro, em estapeá-lo com toda sua força. se levantou de súbito, cerrando os punhos na tentativa de controlar o que sentia naquele momento.
  – Você tem razão. Você tem toda razão! Eu deveria estar junto dos meninos agora, comemorando essa vitória mais que merecida! Eu deveria estar me embriagando agora, isso só pra começar!
  – Se acha isso, o que ainda está fazendo aqui? - perguntou sem filtrar a rispidez de sua voz e impediu seu queixo de cair, concentrando ainda mais a sua raiva.
  – Eu não acredito! Não acredito que deixei meu clube, que deixei meus amigos por isso. - apontou para ele. - Eu não acredito que vou levar o maior esporro da minha vida, que vou ficar dias sem falar com Basti por causa desse idiota que você é, Reus! O que eu tinha na cabeça pra vir atrás de você? Céus! O que o Manu - e esse foi o estopim para que Marco se levantasse com toda a fúria que sentia no momento. Odiava quando citava Manuel Neuer, principalmente porque os tablóides sempre os aclamavam como o “casal perfeito”, coisa que eles não eram. Eles nem chegavam a ser um casal! Odiava quando o citava, odiava quando os via juntos. Odiava, acima de tudo, a intimidade que os dois se permitiam ter. Intimidade essa que, para Marco, só ele tinha direito. - estava pensando quando me deixou vir?
  – Então, volta, ! Volta pro Neuer! Volta pro seu mundo perfeito! Faz que nem o Götze e vai pra Munique! - ele explodiu, sem nem ao menos sentir (ou se importar) e parou de súbito, esbugalhando seus olhos. Ela não sabia o que mais a assustava: a fúria com que falava ou o fato de tê-lo ouvido chamá-la e ao seu melhor amigo pelos sobrenomes, algo que ele nunca fazia. Ela não sabia mais no que pensar, não sabia mais o que dizer. A dor nos olhos de Marco era quase palpável. Ela sabia que ele se sentia traído. Como não se sentir assim?, foi o que pensou quando recebeu uma ligação dele durante a madrugada do mesmo dia em que Mario Götze disse aos dois que aceitaria a proposta do gigante da Baviera e seria jogador de um dos maiores rivais do Borussia Dortmund na próxima temporada. Por ser bávara, talvez fosse uma das maiores beneficiadas com a ida de Mario para seu time do coração, mas ela se sentia como Marco e praticamente toda a torcida borussiana.
  – Marco, eu...
  – Vai embora, . - declarou num sussurro firme, seus olhos gritando o contrário enquanto mais uma lágrima solitária cruzava seu rosto rumo ao chão.
  – O quê? - perguntou pasma.
  – Vai embora. - repetiu um pouco mais ríspido e ela arfou em descrença (e, de certa forma, desespero). Ela nunca o vira tão desolado. Nunca o vira tão... Ela não sabia nem que palavra usar! queria correr até ele, abraçá-lo, enxugar suas lágrimas, dizer que tudo ficaria bem porque ela estava ali com ele, mas ela não o fez. Algo a prendia. Por mais incrível que pareça, seu orgulho pesava mais que tudo o que ela sentia por Marco.
  Sem dizer mais uma única palavra, saiu em disparada, sem ao menos olhar para trás para que ele não visse o quão perto de chorar ela estava.
  Marco encarou a porta aberta por onde cerca de meia hora atrás sua melhor amiga havia passado e enterrou seu rosto em mãos, xingando-se de todos os nomes existentes por tê-la deixado ir no momento em que, ele sabia, mais precisavam um do outro. Ele não teve coragem de se mexer um único centímetro após a saída de . Tudo o que conseguira fazer desde que vira ela sair a passos duros de sua casa, foi chorar. E chorar. E chorar mais um pouco. Horas de viagem, ele pensava, Malditas horas de viagem, enfurnada num trem, preocupada com você enquanto deveria estar festejando e é assim que você retribui. Sendo um completo imbecil! Chutou a primeira coisa que viu pela frente, sentindo-se frustrado por ser apenas uma almofada e não algo que o pudesse fazer uma dor maior que aquela causada por suas últimas palavras.
  Ele levantou o olhar, direcionando-o para os portarretratos sobre a lareira. Os primeiros traziam fotos da sua família, suas irmãs, uma de cada lado, beijando suas bochechas e algumas outras fotos com seus primos e seus pais. Haviam também fotos com seus companheiros de time e algumas com seus companheiros de seleção. E em meio a todas essas, estava a sua foto favorita, a mesma que o fazia sorrir instantaneamente. Nesta, cobria o rosto com as duas mãos enquanto estava encolhida no sofá de Marco vestindo uma camisa do Borussia Dortmund cujo número, claro, era 11. Ele lembrava desse dia com clareza: era o dia de seu aniversário e viera de Munique para passar o dia com ele. Quando ele chegou do treino, a encontrou deitada no sofá, assistindo a alguma comédia romântica e, para sua surpresa e alegria, ela vestia a camisa do seu time. Se passou um bom tempo até que ela concordasse em tirar a tal foto. Ele sabia o quanto aquele gesto (de vestir a camisa do Dortmund) significava para ela. Sabia que ela não decidira aquilo de um dia para o outro. Sabia o quão difícil foi para ela abrir mão de seu orgulho para fazê-lo sorrir.
  E agora, lá estava ele. Despejando toda a fúria que sentia de si mesmo numa pessoa que já havia sacrificado tanto por ele. Que, mais uma vez, ignorara as consequências de seus atos para estar com ele. Marco vasculhou a sala com o olhar, focando nas chaves de seu carro e respirou fundo, buscando por tudo o que fosse precisar para sair de casa.

Capítulo 2

  – O que diabos te deu na cabeça pra sair daqui no meio da madrugada? E se te acontecesse alguma coisa? Me diz, , e se...
  – Ouviu? - Tobias perguntou e, com ar de risos, respondeu positivamente. - Ele está bêbado, você sabe, mas não está errado. - ela suspirou, acenando com a cabeça como se seu primo pudesse vê-la. O sol já se fazia majestoso no horizonte e ela se fazia descansar na varanda da casa de Mats Hummels. Assim que descobrira que sua prima havia partido para Dortmund, Tobias ligou para Mats e pediu que a abrigasse, algo que ele atendeu alegremente, afinal, também era sua amiga. Mats a encontrou nas proximidades de um parque que ela tanto adorava e não permitiu que ela contestasse quando disse que ela iria ficar na sua casa.
  – Eu sei.
  – Ele chorou. - não pôde evitar uma gargalhada ao ouvir isso. Imaginar seu primo bêbado não era difícil, mas bêbado e em lágrimas era completamente hilariante. Mats, que acabara de chegar à varanda com dois copos de chocolate quente, sorriu ao ouvir a risada da garota. Talvez isso seja um bom sinal, pensou. - Não ria, , isso é sério! - ordenou Tobias também com o tom risonho.
  – Pare de rir primeiro!
  – Infelizmente, vou ter que parar, mas não por sua causa. Eu tenho um irmão bêbado que vai se sentir chateado por causa de minha risada. – Boa sorte com isso.
  – Você volta ainda hoje? - suspirou com essa pergunta, encarando Mats ao seu lado. O rapaz franziu o cenho e ela suspirou mais uma vez, dando de ombros.
  – É bem provável, mas só vou partir à noite. Ainda não recuperei toda a energia que perdi nessa viagem. - Mats sorriu, puxando a menina para deitar a cabeça em seu ombro. Ela não pôde deixar de sorrir com esse simples ato. - Isso se Mats não me expulsar da casa dele, é claro.
  – Acho que o real problema vai ser ele te deixar ir embora. - Tobias riu, causando em a mesma reação.
  – Isso é tudo, Tobi?
  – Por hora, .
  – Desculpa pelo susto, ok? - pediu num sussurro e Tobias riu levemente.
  – Você é uma Schweinsteiger, . Isso significa que você tem um lado selvagem e é inevitável assustar as pessoas de vez em quando. - ela sabia que um enorme sorriso convencido nos lábios e não pôde deixar de rolar os olhos.
  – Ainda bem que eu sou uma também, senão coitado do meu pai.
  – Ele ia adorar! Por que você acha que ele casou com uma Schweini? - perguntou e pôde ouvir alguma coisa se quebrando ao fundo.
  – Tudo bem, Tobi. Acho que já está na hora de você cuidar do Basti antes que ele quebre mais alguma coisa.
  – Eu te amo, .
  – Também te amo, Tobi. - ele gritou alguma coisa como “Bastian, não se atreva!” e findou a ligação, fazendo com que suspirasse. Mats a entregou uma xícara, recebendo um sorriso visivelmente forçado como resposta, o que o fez franzir o cenho.
  – Hey. - chamou e a garota o encarou. - Desde quando você força um sorriso pro mundialmente famoso chocolate Hummels? Isso não se faz, mocinha! Vai deixá-lo amargo! - riu levemente, lhe mostrando um grande sorriso logo em seguida. - Assim é bem melhor.
  – Obrigada por me abrigar, Mats. - disse enquanto ele tomava um pouco de seu chocolate quente.
  – Não me agradeça ainda, . O terror ainda não começou. - piscou, fazendo a menina rolar os olhos e finalmente tomar do conteúdo de sua xícara. - Como foi a comemoração em Munique?
  – Você sabe. Todos ficando bêbados, tentando embebedar o tio Jupp, Dante tentando ensinar os meninos a sambar... Essas coisas. - ela deu de ombros, comentando sem muito ânimo enquanto colocava a xícara na mesinha ao seu lado e Mats apenas assentiu. - E como estão os meninos?
  – Lewy voltou pra casa, foi resolver algumas coisas do casamento. O resto de nós... Bom, a boa notícia é que não morremos. - ele sorriu e se esticou para abraçá-lo, o que fez seu sorriso crescer. Ela estava pronta para se desculpar e começar um discurso de “Quem sabe não são vocês na próxima temporada” quando um barulho que ela classificou como irritante se fez ouvir, fazendo com que os dois partissem o abraço. Mats ainda sorrindo, pediu licença e antes de se levantar, afastando-se para atender a ligação.
  Enquanto ouvia vagamente as respostas que Mats dava à pessoa do outro lado da linha, se permitiu pensar no que estaria fazendo caso o desfecho do acontecimento de horas atrás fosse diferente. Provavelmente, ela e Marco estariam discutindo sobre o que deveriam fazer para o café da manhã e quais desenhos eram os mais indicados para assistir. Riu sem nem ao menos perceber ao pensar nisso. Por mais que ambos fizessem questão de serem tratados como adultos sérios e responsáveis [o que eram, algumas vezes], os dois se comportavam como crianças quando se juntavam. Os dois e, claro, Mario Götze. Mario ainda tinha a desculpa de ser o mais novo “Ainda posso me comportar assim”, ele chegou a dizer algumas vezes.
   sentiu seu coração apertar, desejando ardentemente que aqueles dias voltassem. Dias em que os dois discutiam apenas por coisas banais que seriam esquecidas quase que imediatamente nos próximos minutos. Queria poder estar com ele agora, rindo de todos os comentários contrários que fossem feitos sobre a amizade dos dois, tanto da parte da torcida do Bayern como da torcida do Borussia Dortmund. Rindo até mesmo dos rumores de que estavam envolvidos romanticamente. Ela não pôde evitar um suspiro. Por vezes e vezes já teve de provar a si mesma que o que sentia por Marco era apenas consequência da proximidade que tinham. Todas as vezes que o vira com outras garotas, o incômodo que sentia era apenas preocupação. Todas as vezes que seu time perdia uma partida, a viagem que fazia até Dortmund para consolá-lo e animá-lo era apenas cuidado. Todas as vezes que se sorria ao ouvir Sven e Mario a chamando de Senhora Reus, era apenas para encobrir a vontade de mandá-los passear num lugar não muito decente.
  O que dizer então do desejo de beijá-lo quando ele estava perto demais? Ou das inúmeras vezes que teve de se esforçar para não continuar abraçada a Marco pela eternidade? O que dizer sobre a instantânea sensação de lar que sentia ao estar com ele? Para , aquilo era apenas fruto de sua imaginação. Ela não podia se sentir daquele jeito perto de seu melhor amigo. Afinal, ele era seu melhor amigo.
  – ? - os dedos de Mats estalaram pela décima vez na altura dos olhos da garota que deu um pulo, levando as mãos ao peito logo em seguida.
  – Mein Gott, Hummels! Não precisa me matar! - ele comentaria sobre o fato de estar claramente sonhando acordada, mas d
ecidiu que, nas condições atuais, o melhor a fazer era apenas se desculpar.
  – Perdão, ! - Mats a puxou para um abraço apertado, colando suas bochechas e a garota desatou a rir, afastando-se quase que imediatamente.
  – Se a Cathy souber que eu cheguei a essa distância de você - apontou para si mesma, depois para Mats. -, morremos!
  – Você fala como se nós já não...
  – Nein! - ela apontou, trazendo Mats aos risos. - Estávamos bêbados, depressivos e solitários, aí tivemos a estúpida ideia de ficar. E, se bem me lembro, prometemos nunca mais tocar no assunto.
  – Prometemos? - Mats forjou seriedade e os olhos de se arregalaram, fazendo com que, mais uma vez, ele desatasse a rir.
  – Hummels, eu vou te matar! - ela gritou, estapeando os braços do rapaz enquanto o mesmo ria. Não demorou muito para que ela percebesse que percebesse que seus tapas não tinham efeito, então ela desistiu, cruzando seus braços. - A quem você contou?
  – Ao Nuri, talvez ao Lewy e ao Marcel. Eu tava bêbado, !
  – Ainda bem que esses três são de confiança, porque senão Cathy começaria o dia preparando um funeral. - ela bufou e Mats arqueou uma sobrancelha, preparado para soltar mais uma mentira.
  – Talvez eu tenha contado a um certo Mario Göt...
  – VOCÊ O QUÊ? - voltou a se levantar e Mats deu de ombros. - Se isso chegar no ouvido do Marco, eu juro que... - não terminou a frase e Mats apressou-se em pensar numa estratégia para impedir que ela se sentisse mal novamente.
  – Lukasz ligou. - ele disse, lembrando de minutos atrás. - Nós temos que fazer umas coisas no clube, não vai demorar muito. Se quiser vir, eu...
  – Desculpa, Mats. - pediu, nem se dando ao trabalho de forçar um sorriso. - Eu não acho que seja uma boa ideia aparecer por lá.
  – Não, tudo bem. Se você se sente melhor assim. - ele apenas assentiu. - Fique à vontade, , você sabe que está em casa. Eu não vou demorar, prometo.
  – Obrigada, Mats. - disse simplesmente, encarando seus próprios pés e, relutante, o rapaz voltou para o interior da casa.
   bateu em sua própria testa, xingando-se mentalmente por ter estragado uma tentativa de Mats de ajudá-la. Ele queria te animar, idiota, pensou ela, Por que você tinha que lembrar do outro? Antes que pudesse continuar a se martirizar, sentiu seu bolso vibrar e xingou o aparelho por não permitir que ela passasse um minuto sequer pensando em sua própria desgraça. Olhou para a tela do celular, encontrando ali seu rosto estampando uma expressão maleficamente divertida enquanto Mario beijava a sua bochecha. Ela rejeitou a chamada imediatamente. Fizera um esforço para responder às mensagens preocupadas de Manuel porque o mesmo ajudou e atendeu seu primo porque, afinal de contas, devia explicações a ele. Tinha até mesmo respondido ao esporro que havia recebido de Lukas Podolski via WhatsApp por ele ser uma das únicas pessoas de quem ela aceitava ouvir sermão.   A qualquer outra pessoa que a tenha ligado ou enviado uma mensagem - Philipp, Arjen, Thomas, Jerome, Javi e os outros meninos do time -, se limitou a responder com um simples “Vou ficar bem”. Se resolveria com eles mais tarde.
  Ela estava determinada a também ignorar Mario, mas desistiu desse plano quando teve de rejeitar a chamada pela sétima vez no mesmo minuto. Se ele a ligasse mais uma vez, ela atenderia. Mas a ligação não veio. Ao invés disso, o alerta que chegou foi o de uma mensagem (que, ela tinha certeza, não trazia palavras muito amigáveis).

“Eu quero saber onde você está e não me venha com frescuras de ‘quero ficar sozinha’. A culpa não é minha se o Reus é um belo de um filho de uma égua, então você vai me dizer onde você está agora.”

  Sem carinhas, sem abraços, beijos ou corações. Para Mario não ter usado nenhum caractere extra, significava que ele estava realmente irritado com algo. Ela quase podia imaginar como ele estava ao digitas tais palavras. Provavelmente, bufando de raiva e xingando-a de todos os nomes possíveis. se permitiu sorrir minimamente, pois sabia que aquela era apenas uma forma de demonstrar a preocupação que ele sentia.
   sabia que assim que o dissesse, não demoraria muito para que Mario aparecesse exigindo falar com ela. Por isso, digitou simplesmente:

“Mats”

  – Você tem certeza? - Marco perguntou e Kuba negou vagarosamente com a cabeça enquanto esfregava seus olhos. - Nem ouviu ninguém comentar nada?
  – Marco, eu nem sabia que a estava na cidade até você aparecer na minha porta em plena madrugada. - a frase saiu torta devido ao bocejo do homem e Marco passou as mãos pelos cabelos, assentindo.
  – Por favor, se ouvir qualquer coisa me liga. - pediu e o outro assentiu. - Obrigado e desculpa te acordar. - Kuba abanou as mãos no ar e fechou a porta logo em seguida enquanto Marco marchava de volta ao seu carro, bufando em frustração.
  Já era a nona casa que ele visitava em busca de informações sobre e era a nona vez que recebia uma negativa como resposta. não era amiga de muitas pessoas do time, na verdade, ela só conhecia realmente os rapazes que faziam parte da seleção alemã. Ele não conseguia imaginar onde ela podia estar. Após descontar parte de sua frustração na porta do seu carro, Marco bateu no volante, chutando tudo o que seus pés podiam alcançar e xingou-se mais uma vez. Ouviu seu celular tocar e puxou o mesmo do bolso, atendendo sem ao menos ver quem o ligava.
  – O que...
  – Ela está na casa do Mats. É melhor você correr até lá e consertar a merda que fez ou eu te mando pessoalmente pro inferno. - Mario disparou e desligou logo em seguida.
  Marco não precisou de outro segundo para dar partida no carro e seguir rumo ao outro lado da cidade.

Capítulo 3

  Mats desceu do carro com o cenho franzido. Marco Reus estava parado literalmente na porta de sua casa com a maior cara de brisa possível. Ele estava inquieto, Mats podia afirmar isso e mais do que tudo: ele sabia exatamente o motivo que o trazia ali.
  – Vai pra casa, Reus. Ela não quer te ver. - disse ao passar por ele, colocando a chave na porta.
  – Você não entende, eu preciso falar com a ! - a voz de Marco era suplicante, ele nem ao menos tratou de disfarçar isso.
  – Você não entende, ela realmente não quer te ver. - Mats disse ao entrar em casa, largando suas coisas em qualquer lugar. - Ela tá muito magoada, Marco...
  – Ela não é a única.
  – Talvez o melhor para os dois seja ficar afastad...
  – Não, você sabe que é impossível. - declarou e Mats rolou os olhos. - Por favor, me deixa falar com ela.
  – Hummels? É você? - , que ainda estava no andar de cima, se fez ouvir.
  – 5 minutos! Se eu passar disso, você pode me expulsar a vassouradas!
  – Mats? - mais uma vez, a voz não tão distante da garota chegou até eles e Mats rolou os olhos, esticando sua mão até o pequeno móvel ao lado da entrada, pegando ali as chaves de seu carro que ali foram colocadas há pouco mais de 30 segundos.
  – Eu esqueci a porta aberta e não é minha culpa se você invadiu minha casa em busca de consolo. - disse, fazendo menção de sair do lugar, mas o agora sorridente Marco Reus o abraçou antes que pudesse fazê-lo.
  – Danke! Danke! Danke! Danke! - repetia o loiro e Mats logo se desvencilhou de seus braços, finalmente deixando a casa com um último aviso:
  – Se vocês quebrarem alguma coisa, eu te mato! - apontou e Marco apenas concordou com a cabeça, fechando a porta atrás de si.
  Antes de fazer qualquer coisa, ele decidiu repassar seu plano para que não cometesse erros e foi só aí que percebeu que não havia plano algum. Se limitou a xingar-se mentalmente e estapear a própria testa em punição. Ouviu passos no andar de cima e sentiu seu coração acelerar enquanto ele não tinha tempo de fazer nada além de soltar um sonoro e doloroso suspiro antes que aparecesse no topo da escada, compartilhando da mesma expressão de desespero que estava no rosto do rapaz.
  Seus cabelos ainda estavam úmidos do banho que acabara de tomar, a forma como Marco os achava mais bonitos. Ela vestia um agasalho branco com as cores da Alemanha formando a taça da Eurocopa e shorts que, provavelmente, pertenciam à Cathy. Ele não pôde evitar um mínimo sorriso ao ver que os pés da garota estavam revestidos por meiões com as cores do Borussia Dortmund, mas esse sorriso logo desaparecera já que a expressão de não era das melhores.
  – Mats! - ela chamou, esperando ansiosamente por uma resposta que, ela sabia, não viria. - Mats, onde você está?
  – Ele não está. - disse Marco quando finalmente encontrou sua voz que, vale ressaltar, também não era das mais firmes no momento. - Mandei uma mensagem agora a pouco perguntando se podia vir aqui e ele disse que não estava em casa.
  – Então, o que veio fazer aqui?
  – Eu precisava falar sobre o que aconteceu com alguém. - enfatizou, dando o primeiro passo em direção à garota, que estava concentrada demais em não fraquejar diante dele para perceber.
  – E você escolheu o Mats aleatoriamente porque...
  – Você realmente acha que eu falaria com o Sven sobre você? - mais uma vez, Marco se viu completando a tarefa de dar mais um passo sem que gritasse com êxito.
  – Ele é a pessoa mais indicada pra...
  – É, eu sei. Mas eu não estaria diante de você se tivesse recorrido a ele. - suspirou, fechando os olhos em seguida e resolveu que decidida a não se deixar comover pela tristeza que estava presente nos olhos de Marco.
  – Ele disse que não demoraria. - declarou simplesmente, marchando em direção ao quarto que Mats a oferecera. Marco não tardou em seguir seus passos, entrando no mesmo cômodo que sua melhor amiga apenas segundos após ela tê-lo feito.
  – , eu preciso que você me escute. - disse enquanto ajeitava algumas roupas sobre a sua cama e ela riu sem humor.
  – Precisa? Se bem me lembro, você disse que não precisa de mim. - replicou e ele sentiu seu coração afundar. Mas é claro que ela responderia algo desse tipo. Ele foi idiota o suficiente para falar algo assim e ela seria esperta o suficiente para lembrar disso.
  – E se bem me lembro, eu também minto. - Essa foi boa, pensou Marco ao ver que parar imediatamente o que fazia para encará-lo. Se tivesse um plano, chamar a atenção da garota seria o primeiro passo e agora ele havia conseguido.
  – Eu vou perguntar uma única vez e eu espero que a resposta seja breve porque, caso não tenha percebido, eu quero distância de você. - não escondeu sua frustração. Ela realmente não o queria ali e fez questão de deixá-lo ciente disso. Embora a ausência dele a magoasse, ela precisava ser forte, precisava se manter firme e não ceder à única pessoa que tinha o poder de mudar seu humor num instante. - O que você quer, Reus?
  – Você. - respondeu antes mesmo que pudesse pensar, mas não hesitando em manter essa como a sua resposta final. Já via sua respiração se tornar cada vez mais pesada por motivos que ela não conseguia explicar. Os olhos de Marco estavam fixos nos seus e não indicavam nenhum sinal de brincadeira.
  – O-o-o que v-você disse? - balbuciou e Marco cuidadosa e lentamente se aproximou da garota.
  – Eu disse que eu quero você, . Eu sempre quis. - ela piscava freneticamente, incapaz de conseguir formar um pensamento concreto. balançou a cabeça negativamente, cruzando o quarto em direção ao banheiro, mas antes que ela pudesse alcançar, Marco a segurou gentilmente pelo braço, puxando-a para si. - , eu...
  – Vá pra casa, Reus.
  – Eu não posso, . Eu preciso de você, eu amo você. - ela balançou a cabeça negativamente, repetindo que ele deveria ir pra casa enquanto negava a possibilidade de Marco ter dito que a amava. Ele nunca havia dito isso à ela, por isso acreditava fielmente que era apenas a sua imaginação. - , você me ouviu? Eu te amo, eu... Você está me escutando?
  – Sim, Reus! Eu estou te escutando! - embora seu tom fosse firme, fez o maior esforço do mundo para manter a compostura. - Eu fiz uma pergunta, você respondeu. Agora faça um favor a si mesmo e vá pra casa. - declarou seca, livrando-se de Marco e seguindo para o banheiro, onde rapidamente se trancou, encostando-se na porta com os lábios prensados na vã tentativa de prender seu choro. Já Marco, encarava a porta com descrença. Você mereceu isso, disse a si mesmo após alguns segundos. Ele sabia que ainda o odiaria, mas ele não sairia dali tão cedo. Não sem antes fazê-la entender o que ele estava guardando para si mesmo já há um bom tempo.
  – Não sei se você lembra - ele começou, falando alto o suficiente para ter certeza de que o ouviria, caminhando em direção à porta do banheiro, sentando-se de costas rente à mesma, cruzando suas pernas. -, mas nos conhecemos numa situação bem parecida. - Marco riu levemente e a garota se perguntou se ele havia enlouquecido. não conseguia entender o motivo que o havia feito ficar, o que ainda o dava esperança quando ela mesma tinha certeza de que, se fosse ela do outro lado, já teria ido embora. - Era aniversário do Mario e estavam todos aqui, Poldi, Basti, André... Inclusive a tão famosa prima dos Schweinsteigers que por algum acaso havia se trancado no banheiro. - balançou a cabeça, rindo novamente.
  – Não foi por acaso... - a voz de chegou fraca aos ouvidos de Marco, mas ainda assim certas. Ele não pôde impedir que as pontas de seus lábios se levantassem num sorriso mínimo. - Eu estava em apuros, precisava me esconder. - ele riu brevemente mais uma vez.
  – Fugir do Lars não significa estar em apuros.
  – Você fala isso porque não era você. - o sorriso nos lábios de Marco ficava mais firme a cada segundo passado. Ele sabia que ela estava fazendo beiço, provavelmente com os braços cruzados e fechando os olhos, ele até a visualizava dessa maneira.
  – E eu agradeço a Deus por isso! - disse em tom brincalhão e pode ouvir uma breve risada de . O silêncio se fez presente novamente, trazendo consigo a mesma tensão de antes, mas de uma forma mais leve. Marco jogou a cabeça para trás, encostando-a na porta enquanto soltava um audível suspiro. - Você sabe que eu realmente quis dizer aquilo, não sabe? - do outro lado da porta, ela tentava traçar um plano para fugir do assunto que parecia estar lhe rondado mais do que o necessário nas últimas horas e o único que conseguiu achar aceitável foi fazer-se de desentendida.
  – Sobre o quê?
  – Eu te amo, . - ao ouvir isso, ela fechou os olhos com força, mordendo os lábios. Pense, pense, pense, repetia mentalmente ainda em busca de uma escapatória.
  – É claro que ama! Eu sou sua melhor amiga, babaca. - ela riu e ele suspirou. Conhecia demais aquele tom pra saber que ela queria escapar do assunto de todo jeito. Mas agora que ele já tinha falado, ele não voltaria atrás.
  – Eu sempre tive certeza de que era a única pessoa no mundo capaz de te fazer feliz. Capaz de te tratar da forma como você merece... - ele suspirou. - Até hoje.
  – Até mesmo pessoas felizes brigam, você sabe. - ela tentava manter sua voz num tom cômico e pretendia fazer isso até o final da conversa, se necessário fosse para que ele esquecesse do assunto.
  – Isso significa que eu te faço feliz?
  – Mais do que imagina.
  – Mesmo que eu seja o maior idiota da história?
  – Talvez seja isso o que tanto me faz feliz.
  – Nós seríamos um ótimo casal, não acha?
  – Ja. - ela respondeu antes que pudesse impedir, colocando as mãos sobre a boca no instante seguinte enquanto Marco se impedia de sorrir, mordendo os lábios. - Quer dizer, seríamos. Mas não somos um casal.
  – Ainda. - sussurrou para si mesmo, na tentativa de ganhar confiança para continuar e pôde ouvir murmurando um “O quê?”. - Mas podemos ser, você sabe.
  – Você fala como se isso fosse possível. - riu sem humor e Marco franziu o cenho.
  – Por que não seria?
  – Você é Marco Reus.
  – E você é . - ela rolou os olhos.
  – Não digo nesse sentido. Digo no sentido de você ser Marco Reus, estrela do Borussia Dortmund e a grande promessa do futebol alemão, além de ser muito, muito bonito. Digo no sentido de que você é provavelmente o solteiro mais cobiçado de Alemanha!
  – E isso me impede de ser seu namorado, porquê... - ele sugeriu, ainda tentando entender onde ela queria chegar.
  – Porque você é Marco Reus. Você deveria namorar supermodelos e atrizes que são tão lindas que me fariam até pensar duas vezes antes de chegar ao lado delas.
  – Claro, até porque você acabaria humilhando as pobres com a sua beleza. - ele devolveu e grunhiu, levando as mãos ao rosto.
  – Marco, quer parar de brincadeiras? Estou falando sério! - declarou com raiva, permitindo que suas mãos caíssem em punhos sobre seus joelhos.
  – E o que te faz pensar que eu estou brincando? - Marco perguntou no mesmo tom, com um pouco mais de sutileza. - , não me importa o quanto você que não é possível qu...
  – Mas isso não é possível, Marco! - ela explodiu. - Não é possível que sejamos um casal!
  – Me dê um motivo, . Um único motivo que nos impede de ser um casal!- permaneceu em silêncio, o que fez o coração de Marco acelerar. - ? - chamou novamente, mais uma vez não recebendo resposta. Marco se levantou instantaneamente, colando seu ouvido na porta na tentativa de descobrir o que estava se passando dentro do cômodo. Seu coração se apertou em seu peito ao perceber que ela estava chorando. - Nein, nein, nein, nein... - ele bateu na porta, deixando seu desespero à mostra a cada palavra dita. - , por favor, não chore. , por favor, não! - ele repetia, mas continuava sem resposta alguma, o que fazia com que Marco se sentisse cada vez mais próximo das lágrimas. - ... - ele implorou mais uma vez, deixando suas mãos baterem na superfície da porta uma última vez, encostando sobre elas sua cabeça.
  Marco não conseguia pensar em mais nada além de como tirar dali e, principalmente, fazer seu choro cessar. Mas ele se sentia tão inútil... Quer dizer, não conseguia pensar numa única forma de fazê-la abrir a porta e após tentar se declarar, havia feito chorar de novo. Talvez aquele fosse o fim. Talvez eles nunca tenham sido feitos um para o outro, ao contrário do que ele sempre pensara. Talvez...
  Click.
  O rapaz se afastou mínima e imediatamente da porta, olhando abismado para a mesma. Uma pequena brecha fora aberta e, ele tinha certeza, por ela o espiava.
  – Marco? - chamou enquanto a respiração do rapaz se tornava irregular. - Marco?
  – Ja? - ele perguntou de volta, ainda inseguro em sua voz.
  – Você precisa de um motivo?
  – Para quê?
  – Um motivo que nos impeça de ser um casal. - respondeu num sussurro e Marco engoliu seco. - Você precisa?
  – Não. - ele disse com certa dificuldade, ainda tentando encontrar a firmeza de sua voz. - Não importa o que me diga, não existe um motivo suficientemente bom que nos impeça de... - se impediu, lembrando de um pequeno e importantíssimo detalhe. - Quer dizer, a não ser que você não me am... - ele não conseguiu concluir. Não havia pensado nessa possibilidade: não amá-lo de volta. Se sentiu estúpido por não pensar em algo tão lógico quanto isso.
  – Eu te amo, Marco. - sua voz veio suave e um tanto vacilante, mas suas palavras foram o suficiente para fazer com que o rapaz esquecesse de respirar, em puro choque. Ele piscou algumas vezes, ainda sem acreditar no que havia ouvido, mas mentalmente uma parte de sua consciência o estapeava. Não era isso o que você queria ouvir?, brigou consigo mesmo, Agora aja feito homem!
  – V-vo-você... - pigarreou, tentando recuperar sua voz. - Você me ama? - ele pôde ver, pela brecha, que pendeu a cabeça para o lado, mordendo o lábio.
  – Sim, quer dizer... Pelo menos eu acho. - confessou. - Descul...
  – Não, não, não, não, não! - ele se aproximou bruscamente, colocando sua mão por sobre a de , que segurava firmemente na dobra da porta. - Isso já está de bom tamanho pra mim, juro. Você acha que me ama, isso é uma coisa ótima. Mesmo! E se iss... - ele se interrompeu ao perceber que faltava muito pouco para que explodisse em risadas. - Muito desesperado? - levantou as sobrancelhas, entortando a boca e a garota simplesmente assentiu, se permitindo rir no instante seguinte.
  Marco aproveitou o momento para puxá-la para junto de si, não contendo a vontade de juntar seus lábios num só. estava surpresa, mas nem por isso se impediu de beijá-lo de volta. Não conseguia entender como o sabor dos lábios de Marco lhe fosse tão familiar. Já ele, não conseguia parar de sorrir. Não era capaz de lembrar quantas vezes havia imaginado essa cena e ela sempre lhe parecia cada vez mais distante. Agora, aqui estava ela em seus braços, correspondendo a cada toque, a cada movimento dele. Os dois se separaram minimamente, com sorrisos discretamente embabascados e um brilho indiscutível nos olhos ao se encararem sem dizer uma palavra.
  – Você sabe que não vai ser fácil, não é? - ela começou, num sussurro e Marco levou sua mão ao rosto de , acariciando sua bochecha. - Sabe que não vão ser poucas as vezes que eu vou torcer contra o Dortmund, não sabe?
  – Acredite, eu vivo com isso a bastante tempo. - ele riu levemente e fechou os olhos, rindo também. - Isso não me impediu de te amar durante todo esse tempo, não é agora que o fato de você estar torcendo pro time errado vai me atrapalhar. - sem abrir os olhos, acertou uma tapa no braço do rapaz, que riu mais uma vez, puxando-a para um abraço.
  – Desculpa. - ela pediu num fio de voz.
  – Pelo quê?
  – Por não ter certeza de... Você sabe.
  – Não se preocupe com isso, . - sussurrou de volta, depositando um beijo na testa da garota que no instante seguinte levantou a cabeça para olhar nos olhos de Marco. - Você não precisa ter certeza de nada agora. Só de que eu te amo. Se você tiver certeza disso, pra mim, já basta.
  – Isso não é justo com você.
  – Não, não é. Mas eu até prefiro desse jeito. Vai fazer com que eu me empenhe mais. - franziu o cenho.
  – Se empenhar para quê exatamente? - ele sorriu largamente.
  – Para fazer com você se apaixone por mim. Não vai ser fácil, eu sei, mas vai valer a pena. E eu tenho certeza de que vai ser bem divertido. - piscou e rolou os olhos, beijando-o logo em seguida.

FIM



Comentários da autora