Outlines
Escrito por Luh Marino | Revisado por Luh
Ela olhou diversas vezes para os lados antes de se sentir confiante o suficiente para dar mais alguns passos para dentro da boate. Atrás dela, as pessoas reclamavam pelo fato de ela estar parada no meio do caminho. Respirou fundo e deu mais passos. Trombou com uma pessoa aleatória e soltou um resmungo baixo, o qual a tal pessoa aleatória ignorou.
- Vamos lá, , Você já esteve aqui tantas vezes antes... Deixe de ser criança e enfrente seu passado. - Sussurrou pra si mesma. O segurança ao lado dela a olhou de um jeito estranho, mas não falou nada.
Finalmente começou a andar de verdade. Era estranho como aquele lugar continuava exatamente o mesmo. As mesmas luzes neon, as mesmas paredes de tijolos e as mesmas pessoas fedidas dançando. Não pode deixar de olhar para a entrada da pista vip, que ficava no andar de cima, e se repreendeu no mesmo segundo por fazê-lo.
Deu meia volta e começou a andar em direção ao bar, uma careta no rosto. Riu mentalmente de sua infantilidade. Sentou-se em um dos banquinhos na frente do balcão e chamou um dos garçons com um aceno de mão. Não demorou para que fosse atendida, e pediu uma bebida qualquer apenas para aquecer.
A garota ao seu lado estava absurdamente bêbada e ele não aguentava mais a esfregação que ela insistia em fazer nele. Soltou um resmungo alto e tirou as mãos da moça de sua coxa. Seu amigo parou de se agarrar com a namorada e o olhou estranho.
- Vou no bar pegar alguma coisa. Já volto. Ou não. - Murmurou.
- Ah, qual é, ! Aproveite melhor essa noite; do que adianta vir pruma boate e ficar com essa careta e esse mau-humor todo?
Ignorou o amigo, e rumou em direção ao bar. Sentou-se ao lado de uma garota que não parecia estar com um humor melhor que o dele próprio e pediu um whiskey duplo.
sentia que conhecia o homem que sentara ao seu lado, mas não falou nada; apenas continuou tomando seu drink. Viu que ele pediu whiskey duplo, algo forte, e riu internamente ao perceber que não era a única que havia ido apenas para encher a cara e afogar as mágoas.
Deixou algumas notas no balcão, virando o resto de sua bebida. Agarrou sua bolsa e levantou, indo em direção a onde lembrava ficar o banheiro. Ignorou as cantadas que levou no meio do caminho e, ao finalmente chegar no pequeno toalete, soltou um suspiro de alívio.
Parou em frente ao espelho, de cabeça baixa, e apoiou as mãos na pia. Respirou fundo algumas vezes, levantando a cabeça e passando a mão pelos cabelos em seguida. Sentiu o celular vibrando dentro da bolsa, e não demorou a pegá-lo.
Cadê você? Eu e Joey já estamos do lado de dentro, perto do bar. Xx Ash
Rolou os olhos com a mensagem da amiga. Não bastava arrastá-la até ali, ainda queria que presenciasse ela e o namorado em seus momentos íntimos.
- Ok, , sem enrolação. Esqueça que foi aqui que você conheceu seu ex, que você ainda ama. Esqueça que também foi aqui que ele terminou contigo e, na verdade, era por isso que você não vinha há meses.
Uma moça saiu de uma das cabines e a olhou tão estranho quanto o segurança que estava na porta. Deveria ser um sinal de que talvez, e só talvez, deveria parar de falar consigo mesma em voz alta em lugares públicos.
- Vai nessa, amiga. Você consegue. – A tal moça falou antes de sair do banheiro. riu sozinha; a mulher já deveria estar bêbada.
Saiu do cômodo enquanto guardava o celular de volta na bolsa e não percebeu uma pessoa vindo em seu caminho. Trombou com a pessoa e, pelo físico, notou que era homem. Já havia tomado duas bebidas diferentes e, por isso, seu equilíbrio já não estava dos melhores. Por sorte, o homem a segurou pela cintura antes que ela caísse no chão. Repreendeu um suspiro que quis escapar pela pegada firme do cara, e olhou para cima, apenas para se dar conta que era o mesmo que havia sentado ao seu lado no bar.
- Cuidado aí, moça. – Ele disse, sorrindo fraco, e ela agradeceu com o olhar. Ficaram em um silêncio constrangedor por alguns segundos.
- Eu te conheço de algum lugar? – Ela perguntou ao lembrar que esse pensamento já havia lhe ocorrido.
- Bom, eu faço parte de uma banda meio famosa... – não o deixou terminar.
- All Time Low! Mas é claro, minha irmã tem pôsteres de vocês pelo quarto inteiro. – Rolou os olhos, mas tinha um sorriso nos lábios. O garoto, que ela ainda não sabia o nome, se encostou na parede em uma pose sedutora.
- Hm, então sua irmã é nossa fã? – Perguntou em um tom de voz estranho. – Qual o nome dela?
fechou a cara.
- Ela tem treze anos.
O garoto saiu rapidamente da postura e coçou a nuca, obviamente constrangido, o que fez a garota rir.
- Bom, minha amiga tá ali me esperando, então... Eu vou indo. – Ela disse, também meio sem graça, e ele fez que sim com a cabeça.
- Tudo bem. Te vejo por aí?
- Talvez.
Três horas.
Três fucking horas que ele estava ali, na mesma mesa, bebendo as mesmas coisas, ouvindo as mesmas estupidezes... Ele sequer sabia se a palavra estupidezes existia. O que ele sabia? Que ele não aguentava mais.
- Eu vou... Dar uma volta.
- Outra volta, ? – A garota que ainda não havia desistido de ficar com ele perguntou. Ele rolou os olhos com a insistência dela.
- Sim, outra volta. A última que eu dei foi três horas atrás, Patrícia. E não é como se você não soubesse respirar sem eu estar por perto. Se vira. – Ele resmungou de volta e se arrependeu ao ver o olhar que ela lhe lançou. A coitada não tinha culpa nenhuma. Ele quem estava ali, sem paciência nenhuma. Tudo que queria era ir embora.
Se levantou da cadeira, pegando sua cerveja e saindo sem rumo pela boate. Pensou na garota que encontrara na porta do banheiro. Ela não parecia estar nas melhores condições, também. Talvez, se ele a encontrasse novamente, eles poderiam lamentar suas vidas juntos.
Riu do seu pensamento e desistiu da ideia, mas a considerou de novo no minuto seguinte. A tal garota estava novamente no bar, olhando com certo nojo para um casal ao seu lado que se agarravam sem se importar com a presença dela. Ele riu antes de começar a andar em sua direção. Ela não notou até que ele se sentasse em um banco ao lado dela.
- Quanta animação. - A garota olhou para ele um pouco surpresa, antes de rir e abaixar a cabeça, escondendo o rosto corado.
- Não é como se eu quisesse estar aqui, de qualquer jeito… - Ela murmurou, mas conseguiu ouvir.
- Entendo.
Eles ficaram alguns minutos em silêncio e pôde jurar que a viu abrindo a boca algumas vezes, mas em nenhuma delas saíram palavras. Ele também queria conversar, mas não sabia como começar a tal conversa. Virou de frente para o balcão e pediu outra cerveja.
- Vai entrar em coma alcoólico assim. – Ela disse, finalmente levantando a cabeça e olhando pra ele. Ele também se virou para ela e soltou um sorriso. – Qual seu nome, mesmo?
- . E o seu?
- . Mas eu prefiro . – Ela respondeu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Ele sorriu com isso; dava a ela um ar mais inocente. Apesar de que o fato de ela estar em uma boate enchendo a cara era o bastante para que soubesse que ela não era nada inocente, afinal, era uma mulhet adulta. Mas não deixava de ser interessante.
Ela riu e bateu no ombro dele de leve, enquanto ele gargalhava. nem se lembrava do que eles realmente estavam falando, mas, àquela altura, ela achava graça de tudo. Perdera as contas de quantos drinks bebera, mas não se importava. e ela estavam conversando há o que parecia horas, e ela poderia continuar por dias. Estava finalmente se divertindo na presença de um homem – depois do término do namoro, ela havia ficado um pouco misândrica e se recusara a sair com qualquer homem que fosse.
Estava se considerando sortuda. Quando finalmente deixou de lado a baboseira toda de estar na fossa e resolveu sair para se divertir, de cara conheceu alguém legal. Talvez não fosse o cara perfeito para casar, namorar, sequer ficar. Mas ele era engraçado e estava mantendo a mente da garota ocupada. Apenas aquilo já era o suficiente.
- Ah, , você é engraçada… - soltou, após terminar de rir, completamente embolado nas palavras por conta da embriaguês.
- Obrigada, - sorriu - mas eu sei disso. - Eles riram juntos novamente. - Você também não é tão chato quanto eu pensei, .
- Pensou que eu fosse chato?
- Minha irmã normalmente só gosta de gente chata. Ela gosta de você, então… - Riram mais uma vez.
E, depois daquilo, riram muitas outras vezes.
- Quem acendeu o sol? - reclamou, colocando o travesseiro na cara para bloquear a luz.
O travesseiro, aliás, cheirava a morango.
- Bom dia, flor do dia. - Ouviu uma voz conhecida chamar. jogou o travesseiro longe e quase pulou da cama, apenas pra perceber que a cabeça estava doendo como se tivesse sido atingida por uma bigorna. , que estava parada ao lado da janela, riu e continuou abrindo as cortinas.
- Relaxa, nada aconteceu. Minha amiga nos achou absurdamente bêbados num canto da boate e ela e o namorado nos trouxeram para o meu apartamento. Eles devem ter assumido que estávamos juntos, porque colocaram nós dois na minha cama. - Explicou. a olhou confuso. - A não ser que tenhamos acordado no meio da madrugada para fazer alguma coisa, você continua virgem. - Brincou e soltou uma gargalhada logo em seguida. A cabeça de doeu ainda mais, porém ele riu junto.
- Tem alguma coisa pra minha cabeça aí? - Pediu com a voz rouca.
- Várias coisas. Eu estava igual, senão pior que você, quando acordei. - Terminou de arrumar as cortinas em uma posição que ela gostasse e se virou para o garoto, que continuava jogado na cama. - Café e aspirina na cozinha. Também tem um café da manhã, caso você queira. Mesmo não sendo mais manhã. - Terminou e entrou em uma porta, que supôs que fosse o banheiro.
Se levantou, percebendo só naquele momento que estava sem camisa, e foi de encontro a outra porta. Soltou um resmungo quando viu que era um closet, e foi para a porta que sobrava, encontrando o corredor. Andou até achar a cozinha, onde encontrou o café e a tão amada aspirina. Tomou o remédio, em seguida sentando-se no balcão, onde algumas comidas esperavam para serem devoradas. o fez com gosto.
As vozes que saíam da televisão eram as únicas coisas que poderiam ser ouvidas além das respirações dos dois adultos jogados no sofá. ainda estava com dor de cabeça demais para conseguir dirigir, então aconselhou que ele ficasse lá até que se sentisse melhor. Ele já havia mandado mensagens para os amigos, para que não se preocupassem, e agora estava junto da garota assistindo uma comédia romântica qualquer que passava na TV.
Um toque de celular estrondosamente alto fez os dois pularem, e se apressou para atender. Viu que era Ashley, e rolou os olhos antes de apertar o verdinho.
- Fala.
- E aíííi?! - Ouviu a voz animada da amiga e não conseguiu segurar um sorriso. - Como estão você e o garanhão?
- Que garanhão, Ash?
- O que estava com você ontem! - A ficha de caiu.
- Não estamos juntos, só bebemos e compartilhamos nossas frustrações amorosas. - Respondeu e ouviu rir atrás dela, ainda largado no sofá.
- Então por que ele ainda está aí?
- Porque está com dor de cabeça, Ashley. Já ouviu falar em ressaca? Pare de ser chata! - respondeu, rolando os olhos mais uma vez, e a amiga soltou uma gargalhada.
- Vou deixar os pombinhos em paz. Só queria saber se você estava bem, mas tenho certeza de que, com um homem desses, você está mais que bem. E se ainda não está, se joga e aproveita, amiga.
- Você é impossível. - soltou uma gargalhada, e foi acompanhada pela amiga.
- Eu tento. Mas estou falando sério! O cara é o maior boy magia!
- Ok, Ash, já entendi. Tchauzinho. - Desligou antes que a amiga tivesse a chance de falar mais alguma coisa. - Ela é meio doente.
- Entendo. - riu. - Mas, então... Por que estava enchendo a cara ontem? Imagino que você tenha me
contado, mas não é como se eu lembrasse de muita coisa.
soltou um suspiro, um pouco chateada por ter que falar daquilo. Dentre todos os assuntos possíveis, escolhera o pior. Sentou-se novamente ao lado do garoto no sofá, agarrando uma almofada.
- Foi onde conheci meu ex. E foi onde ele terminou comigo, algumas semanas atrás. Na pista vip, pra ser mais exata. Nas duas ocasiões. - Preferiu esconder o fato de que, na verdade, estava solteira há alguns meses.
soltou um uivado baixo, murmurando alguma coisa que a garota não entendeu.
- Você?
- Oi?
- E você? - repetiu a pergunta, e viu que ficou um pouco mais agitado.
- Quase a mesma coisa... Eu tava na fossa. Mas, talvez, por um pouco mais que algumas semanas. - Finalizou, e se arrependeu de ter mentido. Se falara a verdade, ela também deveria ter falado.
Ficaram em silêncio novamente, voltando a como estavam antes de Ash ligar. A garota colocou as pernas em cima do sofá e as abraçou, apoiando o queixo nos joelhos. Ficaram daquele jeito por um bom tempo, pois não sabiam o que falar. Não sabiam se deveriam falar alguma coisa.
ouviu os passos atrás dele e soube que a garota o encontrara. Havia descoberto uma sacada enquanto foi ao banheiro, e resolveu ficar ali para admirar a vista do apartamento. morava bem no centro da cidade, e os prédios não eram muito bonitos, mas achava relaxante.
- Ah, aqui está você. Achei que tinha ido embora. - Ela se posicionou ao lado dele, sorrindo, e o encarou. Ele continuou olhando para frente.
- Estou pensando em ir, mesmo. Já é fim de tarde.
deixou o sorriso morrer levemente, e sentiu certo prazer ao ver que ela não queria que ele fosse embora. Ele também não queria ir; a garota era a melhor companhia que ele tivera em algum tempo. Depois do silêncio desconfortável, eles arranjaram um assunto menos chato e se conheceram melhor, e tinha certeza que não se divertia daquele jeito com apenas outra pessoa há meses.
- Bom, tudo bem. Já te passei meu telefone, não é? - perguntou, se remexendo um pouco, e o garoto também se virou para encará-la.
- Já. Vamos marcar alguma coisa um dia desses. Posso te apresentar aos caras da banda. - sorriu, voltando para dentro do apartamento, sendo seguido pela garota.
- Claro! Minha irmã surtaria se soubesse que eu conheci o ídolo dela. - Riram, e abriu a porta, enquanto recolhia sua jaqueta do sofá.
Ele parou em frente a ela, e pensou como poderia se despedir adequadamente. Uma ideia pulou em sua mente, e ele a ignorou brevemente antes de reconsiderar. Estava fazendo bastante isso ultimamente.
- Posso... Posso tentar alguma coisa? - fez que sim com a cabeça, e respirou fundo antes de abaixar a cabeça, encostando seus lábios aos dela.
ficou surpresa de início, mas então fechou os olhos e se deixou levar. Agarrou a camisa de com uma das mãos, a outra ainda mantendo a porta aberta. O garoto colocou as duas mãos dele na cintura dela, e eles se beijaram por uma boa quantidade de tempo. Era o encaixe perfeito.
se descolou dela e sorriu, abrindo os olhos para encontrar os dela ainda fechados. Quando ela os abriu, continham um jeito excitado e surpreso, e o sorriso de só aumentou.
- Ela surtaria ainda mais se soubesse disso. - disse, a voz fraca, e ela e o garoto soltaram uma gargalhada.
beijou suavemente a testa dela antes de sair do apartamento, indo de encontro às escadas. Ela ficou encarando o corredor vazio por um tempo, antes de finalmente voltar à realidade, fechando a porta e se encostando nela.
Talvez ele não fosse o cara perfeito para casar, namorar, ou até ficar. Mas nunca sequer ligou para perfeição, mesmo. Ela era sortuda por encontrar um cara legal logo na primeira vez que saíra de casa. Não iria desperdiçar aquilo. Mandou à merda tudo que rodava em sua mente, inclusive o ex, e se concentrou na sensação de ter os lábios de contra os dela. Eles eram o encaixe perfeito - e nunca sequer ligou para perfeição.
I'm just a moment, so don't let me pass you by
(Sou apenas momentâneo, não me deixe passar)
We could be a story in the morning, but we'll be a legend tonight
(Poderíamos ser uma história de manhã, mas seremos uma lenda nesta noite)
I'm just a moment, so don't let me pass you by
(Sou apenas momentâneo, não me deixe passar)
Make 'em speak our names in a dead lane which
(Faça-os falarem nossos nomes em uma pista morta)
Cause you and I, we're alive
(Porque eu e você, nós estamos vivos)
But just for the moment
(Mas apenas por um momento)