O Único

Escrito por Isabelle de Castro | Revisado por Angel

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Capítulo Único

Parte do Projeto Songfics - 15° Temporada // Música: Sad Serenade, por Selena Gomez

  Não acredito que consegui fazer meu melhor amigo ou talvez mais que meu amigo, se afastar de mim por causa de um garoto ridículo.
  Tudo começou no terceiro dia de aula. Eu estava conversando com perto dos armários do colégio como sempre fazíamos, quando vejo um garoto entrando no colégio, ele chamava a atenção de todos os que passavam, inclusive a minha. Ele vestia uma calça jeans, a camisa do colégio por baixo de camiseta xadrez aberta e de uma jaqueta de couro, os cabelos escuros estavam fixados em um topete, ele também usava um óculos escuro, mesmo se fosse de manhã. Quando ele estava prestes a passar por mim, ainda andando, ele olhou exatamente em minha direção e em minha frente, abaixou os óculos, olhou para mim e piscou. Fiquei em estado de choque, seus olhos azuis como a água da piscina mais limpa de todas, por um momento estavam fixados em minha pessoa. Eu não conseguia respirar praticamente, um garoto tão lindo, que mal me conhecia havia piscado para mim. Sei que não era muita coisa, mas sei que se fosse você no meu lugar, certamente piraria de qualquer modo.
  Não sei por quanto tempo tinha ficado parada no lugar, mas quando escutei meu nome sendo chamado, percebi que estava segurando o fôlego.
  - , sério que você vai ficar olhando para esse idiota?
  - , ele é um gato! Ele ainda piscou para mim. Você sabe que nenhum garoto piscou para mim.
  - Pra que se preocupar com isso, você é linda do jeito que você é. Não fique se preocupando com outros garotos. Um dia você vai achar o seu “príncipe encantado” e daí ele vai ficar piscando pra você.
  - Mas vai que demore muito? – Depois que falo o sinal toca.
  - Você vai ver que vai passar rápido. Às vezes só precisamos enxergar melhor as coisas ao redor. – Ele resmunga a última frase.
  - Assim você parece ser gay.
  - Você sabe que eu não sou e não adianta implorar para que eu vire um porque tenho muita mulher para pegar ainda. – Ele fala enquanto vamos em direção a nossa sala.
  - Hum, sei!
  Sabia que não era gay e nunca será, pois em algumas festas em que nós íamos ele pegava geral enquanto eu apenas ficava com alguns. Nossa primeira aula era de matemática, pode ser estranho, mas nós dois éramos os melhores da turma, mais eu, pois eu que ensinava a matéria pra ele duas vezes por semana. Quando chegamos na sala, me surpreendo vendo que o garoto lindo do corredor estava na minha turma, obviamente eu pirei, mas por dentro. Percebo que revira os olhos vendo que aquele lindo estava na mesma sala que nós. Sento-me na cadeira de sempre (a primeira da fileira do meio) e fico olhando para o garoto que estava sentado na última carteira conversando com alguns outros meninos, pelo jeito ele já tinha se enturmado. Não paro de olhar para ele por um segundo, olhava atentamente cada pedacinho de seu rosto, seus olhos, que agora não estavam mais cobertos pelo óculos, sua sobrancelha, sua testa, seu nariz, seus lábios, seu queixo, suas bochechas e tudo de mais, quando percebo que fui flagrada já era tarde demais, ele estava olhando para mim e um pequeno sorriso apareceu em seu rosto, mais para o lado esquerdo do rosto. Eu coro violentamente e me viro para frente, assim percebendo que a professora estava entrando na sala e pedindo para que os alunos se calassem. Olho para o meu lado e vejo que escrevia qualquer coisa em seu caderno com uma força que fazia quase a folha do caderno se rasgar.
  O resto do dia foi assim, eu olhando para , que descobri ser o nome do garoto lindo de olhos azuis piscina na chamada da aula de matemática, ele olhando para mim com seu sorriso esquerdo e revirando os olhos e resmungando “idiota” quando percebia que olhava para mim. Quando vou em direção à saída ao lado de para irmos pra casa (íamos juntos, pois éramos vizinhos), vários alunos indo em direção aos seus carros, pois muitos já dirigiam, ao passarmos perto da saída, um carro para ao nosso lado e abaixa o vidro e quando olho para ver quem era o motorista, vejo que era . Eu congelo e ia praticamente me puxando para que eu não parasse de andar.
  - Oi, gata! Quer uma carona?
  - Eu... e... eu...
  - Ela já vai comigo. – me interrompe.
  - Ah, cadê seu automóvel para falar que ela vai com você? Vocês podem facilmente ser assaltados! Aqui dentro ela vai estar muito segura.
  - ... – olho para ele – Vou te esperar em frente de casa, eu juro que não vou deixar ele fazer nada comigo. Logo estarei em casa. Não se preocupe. – Falo perto do ouvido de .
  - , eu não confio nesse cara, ele não tem jeito de ser bom... – ia continuar a falar, mas o interrompe.
  - O gatinha... se você quer carona é bom vir rapidinho se não eu vazo.
  - Até, eu juro que vou chegar logo em casa... Só é uma carona! – Falo abrindo a porta do carro.
  “É só uma carona” repito em meu consciente.
  Apesar de tudo, aquilo não foi apenas uma carona, conversamos sobre varias coisas, perguntei se ele era novo no colégio e ele falou que tinha estudado um tempo lá só que estava em intercâmbio na Alemanha. Ia dizendo as coordenadas para chegar em minha casa. Ele, apesar de estar numa velocidade mínima, ia pelo caminho certo. Quando chegamos em frente a minha casa, vejo de longe que estava na esquina vindo. Nos despedidos e antes que eu saísse do carro, se aproxima de mim e dá um beijo em minha bochecha. Ele sussurra bem próximo de mim um “até amanhã” e me dou conta que seu hálito era de menta. Dou um sorriso, solto um “até amanhã” e saio do carro com as pernas tremendo. De pouco em pouco o carro vai sumindo e vai se aproximando com uma cara não tão boa.
  - Aproveitou sua carona?
  - Muito! , você não faz ideia de como ele é gentil, romântico e muito lindo!
  - Huhum, sei. Tchau, . – Ele se despede, já entrando em sua casa.
  - Beijos, ! – Falo e vou em direção a minha moradia.

***

  A partir daí eu e começamos a conversar muito mais, sem perceber, fui deixando de conversar com pouco a pouco. Antes, eu saía de casa e ficava esperando em sua casa, agora, eu saio de casa e entro no carro de , pois combinamos que ele iria me pegar em casa todas as manhãs. Antes, eu chegava no colégio e ficava conversando com perto dos armários até o sinal tocar, agora, eu chego e fico no pátio junto com conversando com ele. Antes, eu sentava na primeira carteira, agora, sento na última para ficar mais próxima de . Eu mudei muito meu estilo, tanto para as roupas tanto para a minha vida, minhas notas gradualmente iam abaixando, meus pais estavam enlouquecendo com isso, mas eu não me preocupava, contando que se apaixonasse por mim, continuaria fazendo isso até nunca.

***

  - FESTA HOJE LÁ EM CASA AS ONZE! – Escuto alguém gritando.
  Era quinta-feira, eu estava com a cabeça apoiada nas coxas de .
  - Te pego às 22h50min. Agora, levanta essa sua bunda gostosa, pois vamos dar mais um rolê por aqui.
  - Hmmm... Mas tava tão bom aqui! – Me levanto e corro um pouquinho para chegar ao lado.
  - Não podemos ficar muito tempo aqui...
  - Por quê?
  - Porque sim, agora vamos! – Ele responde grosso e puxa meu braço violentamente
  - Ai!
  Em um momento enquanto nós passeamos pelo colégio, avisto um casal de adultos que se pareciam com meus pais... não, ERAM OS MEUS PAIS!
  - O que eles estão fazendo aqui?
  - Quem?
  - Meus pais, eles estão aqui no colégio!
  - Você quer ir atrás deles agora?
  - Posso?
  - Não! Ainda quero aproveitar um pouquinho mais você.
  - ! – Largo meu braço de suas mãos. – São meus pais! Eles nunca veem aqui no colégio. Eu preciso ir lá!
  - Então vá lá, garotinha do papai! – Ele se vira e continua o caminho.
  Bufo, pensando que não deveria implicar mais com ele. Me viro e vou em direção à sala em que tinha visto meus pais entrando, mas, quando por nada viro minha cabeça para um lugar qualquer, vejo e uma garota, se beijando. Não sei por que, mas um sentimento estranho percorreu meu corpo, e assim percebo que sentia falta dele e dos momentos que passamos juntos. Não deveria ter me afastado dele, pois ele era o meu melhor amigo. “Era”. Quando penso nisso, meus olhos se enchem em lágrimas e vou correndo até chegar na porta do diretor. Bato três vezes seguidas e espero até que me permitam entrar na sala.
  - Com licença, diretor Frankin.
  - Olha se não é a Srta. . Sente-se. Estávamos falando sobre a senhorita mesmo. – Olho para os meus pais e vejo que estavam decepcionados. – Chamei seus pais para conversar sobre suas notas. Desde que a senhorita começou a andar com o aluno , suas notas despencaram. Os professores repararam que você não está mais andando com o aluno e sim com o , isso foi uma surpresa para todos, inclusive para seus pais. – Olho para eles e os mesmos assentem com a cabeça. – Queria avisar que se a senhorita não se empenhar, sinto muito te avisar, mas a senhorita irá reprovar. – Arregalo meus olhos. Eu estaria com minhas notas tão baixas que estaria a ponto de reprovar de ano? Eu reprovar? Nunca! Se eu reprovasse meus planos para o futuro estariam acabados. Escuto o sinal tocar. – Agora, vá para sua sala de aula e quero que comece a se focar mais em seus estudos. Continuarei conversando com seus pais para que eles tomem uma providência em casa.
  Saio da sala do diretor e vou direto para a sala de aula. Quando chego lá, a sala ainda não estava tão cheia e eu, querendo tomar uma providência para que não reprovasse de ano, pego meus materiais que estavam na última carteira perto da de e volto a colocá-las na antiga, que continuara vazia. Os poucos alunos que estavam na sala me olham com os olhos arregalados, pois agora eu era da “Turma do fundão” e de repente mudara para o da frente. Olho para eles com uma cara de “O que estão olhando?” e eles voltam a conversar. Enquanto a turma inteira não chega, fico fazendo desenhos aleatórios. Quando entra na sala e olha para mim com uma cara de indignação apenas levanto os ombros e fazendo uma cara de culpada. Ele bufa e vai para o seu lugar de sempre. Percebo que quando entra, há um sorriso em seu rosto, e fico ainda mais triste por saber o ‘porque’ de seu sorriso. Quando ele se senta em seu lugar, e percebo que estou ao seu lado, se espanta, pois não conversamos faz tempo. Sorrio envergonhada para ele e ele apenas acena com a cabeça. O resto da aula foi assim, eu mais triste do que o normal.
  Quando a aula termina, levanto e guardo meus materiais. passa por trás de mim e fala em meu ouvido.
  - Estou arrependido com você, mas ainda irei passar em sua casa de noite. Não irei te levar para casa hoje. Até logo, gatinha. – Ele fala, bate em minha bunda e sai de sala.
  Como assim ele não me levaria para casa? Não acredito que ele ficou arrependido comigo só por causa de eu mudar para frente. Saio de sala e percebo que estava CHOVENDO? Só me restava essa e eu não tinha trazido guarda-chuva. Obviamente meus pais já tinham voltado para o trabalho e eu não teria a chance de não me molhar. Vou pelo toldo que tinha pelo caminho até a saída e quando vou correndo pelo caminho, percebo que não há chances de eu sair ilesa, sem estar dos pés a cabeça molhada. Passo por um monte de gente com guarda-chuva, sentindo inveja delas por terem algum. Paro em frente de uma padaria que tinha um toldo e espero um pouco. Eu estava muito gelada, tremendo muito, tentava me esquentar um pouquinho esfregando as mãos em meus braços.
  - Quer uma ajuda? – Escuto alguém.
  - !
  - Sou eu! Está indo para casa?
  - Sim... O ... Ele... Ele não pode me levar, pois... Pois tinha um compromisso urgente. – Eu minto. Era ruim mentir para o .
  - Haa... Quer uma carona? – Ele pergunta, levantando um pouquinho guarda-chuva dele.
  - Claro!
  - Então vem pra cá!
  Aquilo não foi apenas uma carona, foi a aproximação de dois amigos novamente.
  - Então... Alguma novidade? – Pergunto.
  - Bom... Eu estou namorando. – Ele cora.
  - Nossa, parabéns... Eu acho. – Sussurro a última parte.
  - É... O nome dela é Vanessa e ela estuda lá no colégio. Ela é um ano mais nova.
  - Hmm... Legal.
  - E você com o ?
  - Estamos bem...
  Depois disso, apenas conversamos sobre assuntos aleatórios.
  - Está entregue!
  - Obrigada, ! – Sorrio.
  - Qualquer coisa é só gritar.
  - Tudo bem. Até!
  - Até! E se cuida ein... Não quero ver você resfriada amanhã. – Ele se despede.

***

  Escuto o meu celular vibrando e já sabia que estava em frente de casa. Desço pela escada que tinha do lado de fora da janela do meu quarto e vou em direção ao carro.
  - Ta gostosa, ein gata!
  - Obrigada! Você também não está nada mal.
  Fomos em direção à casa que teria a festa. Apesar de tudo, não estava me sentindo mal por causa da chuva nem por eu estar saindo escondida no meio da noite, eu estava elétrica. Chegando à festa, tudo estava muito colorido, o cheiro de bebida infestava o local, apesar disso não estava desconfortável. Fomos passando pelas pessoas que estavam dançando e se divertindo indo em direção a um lugar qualquer.
  - Eu já volto gata! Vou dar um alô para a galera. – Ele me da um selinho bem rápido que não sinto nada.
  Sigo com o olhar indo em direção a um grupo de meninos que o esperavam.
  Se passa muitos minutos e não volta. Eu, cansada de esperar, vou a sua procura e quando o acho, não gosto de nada do que vejo. Ele estava quase “comendo” uma garota perto da escadaria. Me aproximo já vendo o barraco que eu iria fazer, quando escuto.
  - Mas, você não estava com aquela menina, a ?
  - Aquela nojentinha? Ela já tá no meu pé desde o primeiro dia de aula, não quero ver ela nunca mais. Eu não consigo nada com ela, é só uma virgem de nada. Eu to na seca faz tempo e ela não abre as pernas pra nada. Mas hoje, vou te fazer delirar.
  Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, não conseguiria ficar mais nenhum segundo naquele lugar. Eu corria sem parar, não enxergava direito, quando eu esbarro em alguém.
  - ?
  - ? – eu chorava compulsivamente
  - ! O que houve? Calma! Sou eu... Calma.
  - ! Por favor... nunca mais me deixe ficar longe de você! Por favor!
  - Claro... Você é a única para mim... Tudo vai ficar bem agora! – Ele me abraça de lado.
  - Me desculpa, você é o único que eu queria agora, você é o melhor amigo do mundo, talvez... muito mais que um amigo, você é o único pra mim... O único... O único que eu amo... O único que sempre amei.

Fim!



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