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Luh Marino | Revisado por Luh

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  O elevador se abriu no vigésimo andar e disparou para fora, adentrando a recepção do escritório. Era uma sala comprida, com algumas poltronas nas paredes laterais e portas no fim de cada uma, de frente uma para a outra. Oposta ao elevador, estava a mesa das recepcionistas, entre as duas portas. Uma mulher e um homem dividiam a superfície enquanto falavam no telefone e mexiam em seus computadores ao mesmo tempo.
  Normalmente, perceberia que estava no andar errado, entraria novamente no elevador e apertaria o botão certo dessa vez, aquele com o número 21 – o real andar onde ele trabalhava. Mas, naquele dia, o vigésimo andar era exatamente onde ele precisava estar. Não queria precisar, mas era necessário um acerto de contas com uma certa chefe mesquinha de escritório...
  Foi até o fim do corredor e, sem ser importunado pelos dois recepcionistas, que já o conheciam, ele entrou na porta da esquerda. Havia algumas mesas, todas tomadas por pessoas de roupas sociais que pareciam aflitas enquanto abriam pastas e remexiam seus conteúdos. Havia também outras salas de frente para a porta, de onde entravam e saíam pessoas que pareciam tão angustiadas quanto as que estavam sentadas.
  Olhando para seu lado esquerdo, viu uma porta no fim do corredor e marchou até ela. Sem sequer bater ou pedir permissão, ele entrou na sala, assustando a mulher que estava sentada em sua escrivaninha, que ficava quase encostada na mesma parede da porta que ele havia acabado de ultrapassar. Quando viu quem havia invadido seu escritório pessoal, a mulher apenas sorriu de canto, voltando a mexer em algo no computador à sua frente.
  — ! — O homem praticamente gritou, fechando com força a porta e indo até a mesa de sua colega, parando de frente a ela e batendo as mãos na superfície de madeira.
   continuou com a mesma expressão calma no rosto, sem sequer se abalar com a raiva do outro. Coçou a lateral do nariz com a ponta da unha comprida e arrumou os óculos que estavam escorregando. Então, por fim levantou-se e sorriu; um sorriso de óbvia ironia.
  — No que posso lhe ajudar, ? — O apelido dele dançou na língua dela, sendo pronunciado com o mesmo sarcasmo do sorriso que o precedeu, talvez até mesmo com certo escárnio.
  — Você negou o caso do banco? — Ele perguntou, mesmo já sabendo a resposta. — O que você tem na cabeça?
   não estava bravo ou com raiva.
  Ele estava possesso.
  — Eu tenho um cérebro na minha cabeça, é isso que eu tenho. — Ela respondeu, voltando a se sentar em sua cadeira ergonômica de couro. Cruzou os dedos e apoiou os cotovelos na mesa, sustentando a cabeça com as mãos. — Aquele caso era muito arriscado. Se o banco estivesse mesmo culpa no cartório, e eu acho que tinha, ele iria afundar e nos levar com ele.
  — Mas se ele não fosse culpado, imagina o quanto nós ganharíamos com a defesa, ! — Ele rebateu, afastando-se da mesa e virando de costas para a mesma.
  Passou a encarar a janela e observou a cidade do lado de fora. A noite estava se aproximando, e o pôr-do-sol deixava o céu em uma mistura de vermelho, laranja e tons arroxeados. Aquele tipo de visão normalmente seria pacífico para ; no entanto, naquele dia em específico, ver aquelas cores quentes só o deixava com mais raiva.
  Olhou por cima do ombro, constatando que passara a ignorar sua presença ali e estava parecia procurar algo em uma das gavetas de sua escrivaninha. Ele bufou, finalmente percebendo que ela não iria tentar argumentar o porquê de sua decisão. Resmungou consigo mesmo antes de rumar em direção à porta, pronto para sair do escritório da colega.
  — Sempre um prazer te ver, . — Ela murmurou, tão baixo que por pouco ele não ouviu.
  Apenas rolou os olhos e saiu dali, batendo a porta atrás dele.
   sempre odiara . Eles se conheceram primeiramente na época da faculdade. Ele estudava na universidade estadual de São Paulo, a USP, enquanto ela fazia seu curso particular de direito na Mackenzie. A primeira vez que se viram foi em uma das renomadas festas da Mack, instituição conhecida pelos maiores eventos entre os jovens, organizados e frequentados pelos mesmos. foi arrastada pelas amigas para “cair na farra”, embora nunca tenha sido o tipo de pessoa que gosta de festejar. , por sua vez, foi a convite de uma moça que havia conhecido no shopping uma vez.
  Eles se viram no bar, e a atração foi imediata. Porém, quando foram se falar, começaram uma conversa simples e logo se viu entediado com a moça. Ela era “certinha” demais para o que ele estava procurando, e acabou falando isso em voz alta sem querer por causa da bebida. , ofendida, o xingou e xingou, falando as piores coisas que lhe vieram à mente na hora. , bravo por ter apanhado verbalmente, não pediu desculpas.
  E a antipatia entre os dois começou ali.
  Os dois se esqueceram pouco tempo depois, achando que nunca mais se veriam, porém, estavam redondamente enganados. Acabaram indo trabalhar juntos em uma grande empresa de advocacia, com o mesmo cargo – administradores dos setores. Eram os chefes, a última palavra era sempre as deles e tinham poder sobre coisas que outros funcionários sequer podiam falar sobre. Era um trabalho conjunto – agregados aos outros chefes dos outros setores, eles deveriam concordar no que fosse melhor para a empresa.
  O problema é que eles nunca concordavam.
  Se era por pura birra ou porque realmente tinham opiniões adversas sobre todos os assuntos imagináveis, nem eles mesmos saberiam informar.
  A única coisa que sabia naquele momento era que ele queria estrangular com um cinto. Ou qualquer outra coisa, na verdade. Ele havia ido confrontar a colega mais de três horas antes, mas continuava tão furioso quanto estava naquela hora. Sequer se concentrou direito no trabalho, porque tudo que ele queria era dar um jeito de demitir aquela mulherzinha desprezível...
  Saiu de seu escritório com uma pasta nas mãos e o paletó jogado nos ombros. Não aguentava ficar mais um minuto sequer no prédio sem pensar no quanto queria foder , e não no bom sentido da palavra. Apertou o botão do elevador com tanta força que poderia ter quebrado. Por sorte, isso não aconteceu, e logo se encontrava do lado de dentro do cubículo metálico, soltando um suspiro de alívio por finalmente estar indo para casa.
  Fechou os olhos e encostou a cabeça na parede fria atrás dele. Era um prédio antigo, o elevador era velho, então sabia que poderia demorar um pouco até que finalmente chegasse ao andar térreo. Porém, sentiu o movimento do cubículo parando após poucos segundos, e voltou a abrir os olhos, confuso. Olhou na plaquinha digital acima das portas: 20.
  Por que diabos ele tinha que ter parado justo naquele andar?
  Havia uma mulher do outro lado, mas ela não se juntou a dentro do elevador. Na verdade, apenas colocou o braço na frente da porta, para que esta não se fechasse, e abriu um leve sorriso de canto.
  — quer te ver no escritório dela. — Anunciou, e sentiu as orelhas esquentarem. Apenas a menção daquele nome o fazia arder de fúria. — Disse que tentou ligar no seu escritório e ninguém atendeu, você já devia ter saído.
  — Na verdade, eu não atendi de propósito. — Respondeu, sorrindo ironicamente enquanto ultrapassava a moça e marchava em direção ao escritório da colega.
  Chegando lá, fez a mesma coisa que havia feito algumas horas antes: invadiu o local sem anunciar sua presença. Antes de fechar a porta, olhou para trás, vendo que a mulher não havia o seguido. A maioria dos outros funcionários não estava ali também, e os que ainda não haviam ido embora estavam se preparando para fazê-lo.
   e estavam praticamente sozinhos. Ele poderia matá-la sem que ninguém ouvisse.
  Ele balançou a cabeça para espantar esses pensamentos e parou na frente da escrivaninha. Ela não estava ali. Por que diabos queria vê-lo se nem estava ali? Ele deu a volta na mesa, parando ao lado da cadeira ergonômica da advogada. Olhou de canto para o computador, mas este estava desligado. Puxou uma das gavetas, espiando seu conteúdo. Apenas alguns papéis rabiscados e diversas canetas sem tinta. Fechou o compartimento e abriu o de baixo. Meia dúzia de pastas entupidas de papéis, deveriam ser processos, ou contratos. Nada interessante.
  Estava abrindo a terceira gaveta, chegou a ver algo prateado, brilhante e levemente redondo, mas antes que pudesse abrir o resto e ver a peça por completo, ouviu uma tossida. Seu coração deu um pulo e ele sentiu a garganta travar. Fechou a gaveta com força, fazendo com que um barulho alto reverberasse pela sala. Levantou os olhos, notando que estava na frente da porta, de braços cruzados, sobrancelhas levantadas e um sorriso sujo no rosto.
  — Fuxicar é feio. — Ela disse, ao mesmo tempo em que se aproximava. não demorou para novamente dar a volta na escrivaninha, afastando-se da mulher.
  — Por que me chamou? — Quase gaguejou, mas conseguiu recuperar a voz a tempo. Seu coração ainda batia descompassado por ter sido pego no meio de sua bisbilhotada nas coisas pessoais de .
  — Sei que você está puto comigo e achei melhor tentar me explicar. Não quero saber sua opinião sobre o assunto, só quero lhe mostrar o meu lado.
  — Quanta democracia vemos aqui, não é? — Ele provocou, mas ela apenas rolou os olhos enquanto apoiava-se em sua mesa, de frente para ele. Ele estava de pé, entre as duas cadeiras que ficavam na frente da escrivaninha, de braços cruzados e pé batendo repetida e impacientemente no chão.
  — Pare de chorar. — Mandou. — Eu analisei com cuidado a situação do banco antes de tomar uma decisão, . Não pense que eu fui contra metade da corporação apenas porque não gosto de você. Eu não jogaria fora meus cinco anos de direito assim, não sou burra. Examinei e pesquisei a fundo o caso. Para mim, estava mais que óbvio que o banco estava, sim, metido naquele escândalo de que foi acusado. Não sei como o resto de vocês não percebeu, mas enfim.
  Ela parou para respirar e ajeitou a saia, que havia subido um pouco quando ela havia se sentado na ponta da mesa, voltando a deixá-la na altura do joelho. não havia notado aquilo antes, mas se assustou. Dificilmente ela usava saias que ficavam na altura do joelho. Normalmente, elas ficavam dois palmos depois dele; ou então ela simplesmente usava calças.
  Estranho.
  — Eu consultei o chefe antes de dar meu ultimato. Eu expliquei a ele tudo que eu havia descoberto, ou desconfiado, como quiser chamar. Dei a ele as evidências que havia encontrado, expus meus argumentos e minha posição. Ele apenas avaliou o que eu ofereci e, no final, concordou comigo.
   ficou em silêncio, absorvendo as palavras e sem saber como responder à altura. olhava para ele com uma expressão neutra, fora do comum quando se tratava daqueles dois – normalmente eles se encaravam com ódio.
  — Ele concordou comigo e foi por isso que o caso foi negado, . E não tem nada demais nisso. — Finalizou, soando estranhamente calma. não era calma. Nunca.
  Pelo menos, não quando conversava com ele.
   forçou-se a engolir as palavras que lhe foram ditas. Desviou o olhar, virando-se para encarar a janela novamente. São Paulo brilhava do lado de fora; as luzes piscando cintilantes enquanto a noite tomava conta da cidade.
  Quando voltou a olhar para frente, alguns minutos depois, continuava com a expressão calma, mas não o encarava mais. Estava com o celular na mão, deslizando o dedo sobre a tela e parecia interessada em algo que lia. voltou a ficar bravo; ela sequer parecia estar levando aquilo a sério.
  — Sabe o que me irrita? — Ele perguntou, e ela olhou para ele por cima dos óculos. — Você nunca admite nem uma mínima possibilidade de estar errada. Você não ouve as perspectivas dos outros, você quer ver tudo com os seus olhos, e só os seus. Você sempre quer estar no topo, você sempre quer estar certa. — Ela franzia o rosto enquanto ele falava. Parecia estar ficando irritada. — Mas sabe qual é o problema, ?
  Ele a chamou pelo apelido, assim como ela mesma tinha feito horas antes, e algo dentro dela pareceu acender. Ela desencostou da mesa, ficou com a postura ereta e largou o celular na mesa. Sua feição agora era de raiva.
  — Nem sempre você está certa. — Ele finalizou.
   ficou alguns segundos calada, absorvendo a crítica do outro. Seus olhos estavam semicerrados, e ela o encarava provavelmente com a mesa fúria que ele havia a encarado mais cedo. O jogo havia virado, e talvez tivesse sido inconsciente, mas a única coisa que queria era que sentisse o que ele tinha sentido.
  — , você não faz a mínima ideia do quanto você me tira do sério. — Ela disse finalmente, aproximando-se dele como uma leoa sorrateira na savana, atrás de sua caça. — É impressionante, parece que você fez um curso que ensina exatamente todas as coisas que eu mais odeio numa pessoa.
  Ela parou em frente a ele, a mesma expressão de ódio. Ele, por sua vez, estava com um sorrisinho de chacota nos lábios, como se tivesse alcançado seu objetivo.
   queria arrancar a boca dele fora da cara.
  — Eu juro que tento manter a calma com você. — A voz dela aumentou algumas oitavas, e ela estava tendo que usar todas as forças de seu corpo para não quebrar as pernas do homem à sua frente. — Eu juro que tento, , mas você é impossível!
  — Obrigado, eu tento. — Foi a resposta dele.
   abriu a boca em surpresa, e quase gargalhou. Ela grunhiu e deu uma volta ao redor de si mesma, amassando a barra da blusa social com um fechar do punho. Com isso, a peça abaixou e teve um leve vislumbre do sutiã rendado e vermelho da colega.
  Engoliu a seco e balançou a cabeça para espantar os pensamentos que começaram a invadir sua mente.
  A tensão no local era palpável, poderia ser cortada com uma faca. não saberia explicar por que, mas ele queria que ela aumentasse ainda mais, até que explodisse. Queria irritar até que ela se cansasse e fizesse algo inimaginável – tão inimaginável que sequer o próprio conseguia pensar em algo que o deixaria satisfeito o suficiente.
  Ela voltou a encará-lo, os olhos brilhando vermelho e uma veia saltando no pescoço. Ela estava a um passo de cometer homicídio e não se arrepender.
  Foi estranho, mas se sentiu quase atraído por aquela visão. Ele gostava de vê-la com raiva. Era apenas em seu instinto mais natural, mais cru.
  A junção da visão com a lembrança do sutiã fez algo nele se mexer.
  — Você me faz perder toda a paciência que eu me esforço para ter, ! — Ela berrou, assustando ao outro e até a si mesma. — Seu... seu... babaca! — Sua aproximação foi repentina, e junto com a perda da distância entre os dois, começou a levar repetidos socos na altura do peito. Ele quase riu no começo, mas então a agressão começou a ser mesmo forte, e passara a incomodar. — Idiota, mesquinho, arrogante, prepotente...
   tinha certeza que, se ele deixasse, ela continuaria a xingá-lo por horas e horas sem parar. Mas algo no modo que a boca dela se mexia enquanto ela falava pareceu muito convidativo, e antes que ele pudesse impedir a si mesmo, já havia segurado os braços da mulher com força e se aproximado dela. Trouxe-a para mais perto e colou seus lábios num beijo feroz e alucinado.
   ficou estática na mesma hora. Amoleceu os braços, deixando as agressões de lado. Abriu a boca, deixando a língua do outro passar – ele não saberia dizer se ela o fez de propósito ou foi apenas pelo espanto. De qualquer jeito, ele não se importara.
  Continuou investindo, porque ela tinha gosto de café com mel e algo nele não queria se separar dela nunca. Dentro dele, uma voz berrava para que ele parasse, porque aquilo não poderia estar certo, aquilo não poderia estar bom. não estava correspondendo e, sendo assim, ela não estava gostando e ele estava forçando-a a algo que ela não queria. Portanto, ele deveria parar. Não deveria?
  Mas esses pensamentos logo foram dissipados, porque ela conseguiu soltar os próprios pulsos do aperto dele, passando os braços pelo pescoço do homem e o puxando para ainda mais perto, se é que aquilo era fisicamente possível. ficou confuso por um milésimo de segundo antes de segurar a cintura da outra com força, trazendo-a de encontro para si. Seus corpos se chocaram e a tensão aumentou ainda mais, só que de uma outra maneira.
  Eles se beijaram por incontáveis minutos, as respirações entrecortadas se misturando e os gostos indecifráveis nas línguas. nunca havia apertado uma cintura com tanta força, mas ele sentia que se não se segurasse, iria desabar no chão. O beijo durava e durava, e nenhum dos dois parecia disposto a parar. Quando arranhou a nuca do mais velho, ele perdeu o controle, descendo os lábios até o pescoço esguio da mulher e chupando com força necessária para deixar marcas.
   empurrou até que ela estivesse novamente encostada na mesa. Passou a mão pela cintura e quadril da mulher, logo a segurando com força e impulsionando-a até que ela estivesse sentada na mesa. Ela puxou o cabelo dele, fazendo com que seus lábios se desgrudassem do pescoço dela e a cabeça do homem fosse para trás. Ele a encarou, vendo que ela estava novamente com aquela feição furiosa, os olhos brilhando por trás dos óculos.
  Ele soltou a cintura da mulher e levou as mãos ao rosto dela, tirando o acessório de seu rosto. Ela fez uma careta, provavelmente não enxergava muito sem os óculos, mas não se importava – eles estavam atrapalhando o beijo e ela ficava muito mais bonita sem eles.
  Voltou a se aproximar dela, aproveitando que o puxão em seu cabeço havia se enfraquecido um pouco. Provocou-a, roçando seus lábios no dela por milésimos de segundos. Ela avançou, querendo beijá-lo logo, mas ele foi para trás, sorrindo de lado. Ela franziu de leve o nariz em desaprovação e ele novamente voltou para perto dela.
  Deu-lhe um selinho, que ela tentou aprofundar, mas ele não deixou. Beijou-lhe o queixo e foi seguindo pela mandíbula, em direção à orelha dela. Chegando lá, passou a língua pelo contorno e se pôs a chupar o lóbulo. arranhou seus ombros por cima da camisa.
  O beijo desceu, indo para o pescoço novamente. sugou e lambeu, deixou ainda mais marcas e não poderia se importar menos. grunhiu, envolvendo a cintura do homem com as pernas e o pressionando contra ela. O estímulo fez com que ele chupasse o pescoço dela com mais vontade, em seguida dando uma mordida de leve.
   desceu as mãos dos ombros dele, indo até a gravata. Desfez o nó, mas não a tirou, apenas deixou-a larga. Desceu mais um pouco, foi até os botões da camisa social dele e foi abrindo um por um, numa paciência que chegou a deixar o homem até mesmo um pouco irritado. Ele já estava sem o paletó, havia largado o mesmo em uma das cadeiras em frente à escrivaninha, facilitando o trabalho da mulher.
  Finalmente chegou ao último botão, e havia parado seu trabalho no pescoço dela. Ajudou-a a tirar a camisa, que ela atirou longe, sem sequer olhar para onde. Raspou as unhas no abdômen dele, que não era um tanquinho, mas dava para o gasto. Passou a língua pelo lábio inferior, e a visão junto com a carícia dolorida em sua barriga fizeram com que soltasse um resmungo de dor e prazer.
  Ele resolveu fazer o mesmo com ela, passando as unhas curtas pelas pernas da mulher, desde a virilha até os joelhos, ainda por cima da saia. Chegando ao fim da peça, ele enfiou as mãos por baixo da mesma, fazendo o caminho contrário, embolando a meia-calça dela. Na metade das coxas, ele se deparou com algo que nunca imaginaria que ela estaria usando: cinta-liga. Um sorriso safado tomou conta dos lábios dele, que olhou para ela com uma sobrancelha levantada. Ela apenas sorriu de volta, de uma maneira quase inocente.
  Deu um impulso e saiu da mesa, empurrando o outro até que ele se topasse com uma das cadeiras. fez pressão contra o peito dele, fazendo com que ele sentasse. Abriu as pernas dele com o joelho e se posicionou no meio delas. Ele puxou-a para mais perto pelas pernas, passando as mãos pelas mesmas. Subiu até a cintura e procurou a abertura da saia, encontrando-a na lateral. Puxou o zíper, abrindo a peça e logo puxando-a para baixo, descobrindo as deliciosas pernas da mulher. A cinta-liga estava ali, vermelha, combinando com a calcinha rendada.
   se afastou um pouco e abaixou o tronco, voltando a beijar . Ele levou as mãos à nuca dela, embrenhando-se nos cabelos macios, perdendo-se entre os fios e não querendo sair dali nunca mais. Ela, por sua vez, levou as mãos ao cinto dele, abrindo a braguilha e louca para descobrir o que havia por baixo das calças.
   tentou levantar, querendo tirar a camisa da outra, mas ela o empurrou novamente, fazendo com que ele voltasse a se largar na cadeira. Ela sorriu quando ele lhe mandou um olhar questionador, e foi então que ele percebeu algo que não sabia como não havia notado até então. praticamente mandava na empresa. Eles dois eram os mais influentes, fora o chefe, e ela quase sempre tinha a última palavra.
  E era ela quem mandava ali também.
  Ela voltou a mão à braguilha semiaberta do cinto do homem, mas parou no meio do caminho. Seu rosto se iluminou em uma ideia que ela parecia considerar brilhante. Retornou o corpo à posição vertical e ajeitou a blusa, que havia subido um pouco, expondo parte de sua barriga. Deu alguns passos para trás e voltou a se recostar na própria escrivaninha. Cruzou os braços e sorriu maldosa. continuava estático, largado na cadeira, sem reação.
  Por que diabos ela havia parado?
  — Dispa-se. — Ela mandou, e o homem finalmente entendeu.
  Como se tivesse sido fabricado especialmente para atender aos comandos de , se levantou na mesma hora, tentando abrir o cinto com pressa e se embolando todo. Queria apenas se controlar, deixar de ser o submisso ali. Empurrar até a janela e fodê-la contra o vidro, torcendo para que alguém visse.
  — . — Ela chamou, a voz tão dura quanto o pau do colega, e ele parou o que estava fazendo na hora. — Vá mais devagar. Assim eu não consigo apreciar a vista.
  Ele rosnou como um cachorro impaciente e continuou a árdua tarefa de tirar as calças, tentando se segurar para não acabar com aquilo de uma vez por todas. A peça logo estava no chão, e a chutou para o lado, voltando a olhar para .
  — Tudo? — Perguntou.
  — Tudo. — Ela confirmou, com aquele mesmo sorriso perverso.
  Ele rolou os olhos antes de arrancar os sapatos de grife dos pés e em seguida as meias, enfiando-as nos calçados e deixando-os ao lado da cadeira atrás de si. Olhou para baixo, para sua boxer preta que ostentava um volume considerável. Ele não era o homem mais sortudo do mundo, seu membro tinha o tamanho normal. Mas ele estava tão duro, tão excitado com a visão de sua colega certinha usando cinta-liga e lingerie de renda vermelha, que não duvidava que tinha até mesmo crescido alguns centímetros.
  Puxou a cueca apenas a ponto de revelar alguns pelos na área pélvica. Olhou para , seus olhos estavam ferozes, vermelhos de luxúria. sorriu. Pelo menos naquilo ele estava tendo um pouco de controle, mesmo que fosse apenas um pouco.
  Soltou a cueca, e a mulher grunhiu. Ela descruzou os braços e avançou minimamente para frente, quase indo até ele para arrancar aquela maldita boxer ela mesma, mas se impediu a tempo. Não, ela queria vê-lo tirando a própria roupa. Aquilo seria satisfação pura.
  Vendo que havia recuperado seu controle, girou levemente os olhos antes de abaixar a cueca, tirá-la e jogá-la para a mulher. Quase como se tivesse voltado a ser a certinha que ele imaginava que ela fosse, desviou da boxer, franzindo o cenho em uma feição de quase nojo. Mas então voltou a olhar para , nu em sua frente, acariciando o próprio pau, que estava ereto contra a barriga.
  Ele sorriu para ela e levou a mão até a gravata, pronto para tirá-la também. Mas foi então que voltou a se aproximar e o impediu, segurando seu punho com a mão esquerda enquanto a direita foi até o nó solto da gravata.
  — Essa você deixa. — Ela sussurrou, o rosto próximo do de , tão próximo que suas respirações eram quase a mesma.
  Ele inclinou a face apenas um pouquinho e logo estavam se beijando novamente, a mão dele no quadril da mulher e as dela enroladas na gravata dele. Ele estava completamente nu, sua excitação batendo na coxa despida de e deixando-a com um comichão entre as pernas. Ele ainda fazia questão de se mexer contra ela, esfregando aquele pedaço de carne contra a pele lisa da mulher, provocando-a ainda mais.
  A blusa de era de botões, que logos estavam sendo abertos pelas mãos ágeis de , louco para ver novamente aquele sutiã rendado vermelho. E não demorou até que ele fosse liberado da peça que o cobria, arremessada por trás da cabeça do homem e batendo na janela de vidro. Os olhos de deslizaram por todo o corpo da colega, admirando a vista, lambendo os lábios na excitação. Na verdade, o que ele realmente queria lamber era inteira.
  — Você estava planejando me foder hoje, ? — Ele pergunta, em tom provocador, passando as pontas dos dedos pela lateral do corpo dela, até que chegassem ao sutiã. Ela estava tão arrumada, tão sensual. Aquela cinta-liga e o conjunto de lingerie, tudo combinando... gostava da ideia de ter se arrumando para ele.
  — Eu estava planejando te matar hoje, , e eu gosto de ficar bonita para isso também. — Ela sorri ironicamente por um momento, antes de levantar a sobrancelha e olhá-lo com certo desprezo. — O mundo não gira ao teu redor, , e eu não me produzo e fico bonita para homem. — Ela disse, enquanto agarrava os cabelos na base da nuca dele, voltando a aproximar seus rostos. — Eu me produzo e fico bonita para mim mesma.
   grunhiu e se disparou para frente, voltando a beijá-la com fervor, chupando seus lábios e sua língua, marcando território em sua boca, vontade de berrar de tanto que estava excitado com o momento. Se alguém o perguntasse o que ele sentia por , ele provavelmente diria “ódio” e alguns sinônimos. Mas no fundo, tudo aquilo era muito mais simples.
  Desejo.
  Desejo em sua forma mais pura, selvagem, animalesca.
  Apenas desejo reprimido.
  E eles iam descobrindo aquilo rapidamente enquanto terminavam de despir a garota juntos, cada um com uma mão em um pedaço de pano. Quando se imaginou fodendo a mulher ainda de cinta-liga, seu pau latejou e doeu ainda mais. Felizmente, como se lesse seus pensamentos, aquela peça e os sapatos de salto foram as únicas coisas que ela deixou. Na verdade, queria era tirar tudo. Queria sentir pele contra pele. Mas quis agradar o colega, nem que só um pouquinho. Ele parecia realmente animado com a bendita cinta-liga.
   finalmente estava tão nua quando , seus saltos enormes ajudando para que ela ficasse da mesma altura do homem, que a olhava de cima a baixo sem parar, infinitas vezes. Eles continuavam se beijando, enquanto as mãos passeavam livremente pelos corpos um dos outros.
   tomou um dos seios dela com a mão, apertando e massageando, ao mesmo tempo em que descia os beijos pela mandíbula, pescoço, clavícula da mulher, deixando seu rastro em cada centímetro de pele. Quando chegou ao outro seio, beijou em volta antes de tomar o mamilo rosado na boca, lambendo, chupando e mordiscando.
   andou para trás até que estivesse encostada na escrivaninha. Empurrou as coisas um pouquinho na outra direção, apenas para que tivesse um espaço maior na mesa para se apoiar. ainda tinha seus seios na boca e nas mãos, se deliciando com a carne salgada de suor, não queria largá-la nunca.
  Deu uma última chupada no mamilo esquerdo, e então os beijos foram descendo lentamente. Passaram pela barriga, diversos selinhos na região do umbigo, até que ele estivesse muito próximo da parte mais quente do corpo de . Ela tremeu um pouco só de imaginar, só pela visão de ajoelhado e com a cara entre suas pernas.
  Assim ele o fez, ficou na posição enquanto abria as pernas de . Quase desmaiou com a visão. E que visão mais linda...
  — Você está tão molhadinha, não tem nem ideia. — Sussurrou, se aproximando da intimidade da colega. Sua respiração bateu na virilha dela, que tremeu mais um pouco.
  — Eu tenho, sim, uma ideia, na verdade... — Gemeu em resposta.
   sorriu antes de beijar lentamente as partes internas de cada coxa da mulher, sugando a virilha dela e finalmente chegando ao sexo, respirando contra a pele sensível, fazendo um arrepio nascer na nuca de e percorrer toda sua coluna. Ele esticou a língua e lambeu toda a extensão da intimidade dela, passando pelos grandes e pequenos lábios, lambuzando e molhando ainda mais a área a até chegar ao clitóris. Lambeu levemente em volta do botão, sabendo que ir direto ao ponto não seria tão prazeroso.
  Voltou a explorar o resto do sexo de . Mordidinhas suaves, sugadas e beijos eram deixados em cada centímetro de pele, e a advogada já estava com a cabeça jogada para trás e as mãos apertando com força a borda da escrivaninha. ficou nessa brincadeira até que rebolou, se esfregando contra seu rosto. Ele soltou um risinho contra a região sensível, espalhando novos calafrios pelo corpo da colega, e abocanhou tudo de uma vez. Ele a beijava intensamente como se o fizesse contra a boca dela, totalmente incansável, delicioso e intenso. Beijava com força, com certa paixão, como se nunca houvesse colocado a boca em algo mais gostoso na vida toda. E, de certo modo, nunca havia.
   não saberia dizer quanto tempo ficou ali, sugando e se aproveitando daquela bucetinha tão doce; , muito menos. Estava perdida no prazer, gemendo, suando, sua mente completamente em branco e tudo que ela conseguia pensar era que poderia ficar ali para o resto de sua vida, sentindo a língua e boca de contra seus lábios, contra sua pele, contra ela inteira. Não se cansaria nunca.
  Um nó começava a se apertar em seu baixo ventre quando parou, talvez sentindo o que estava acontecendo. Ela fez cara de brava, desaprovando a ação do colega. Ele passou dois dedos na entrada de sua vagina, melando-os e levando-os até a boca de em seguida. Ela os envolveu com os lábios e provou seu próprio gosto, e fechou os olhos quando sentiu a língua dela contra si.
  — Você quer que eu... — Ela começou a perguntar sobre um possível boquete, um pagamento, quando parou de chupar os dedos do outro, mas ele a interrompeu.
  — Não vou aguentar ficar mais um segundo sem meter em você.
  Ela arfou e sorriu, demorando mais alguns momentos até se desencostar da mesa, as pernas trêmulas demais para se colocar em pé. Indicou a cadeira com a cabeça, e seguiu a ordem, indo se sentar, se masturbando lentamente e pensando no quão boas as coisas estavam prestes a se tornar. andou até ele, e quando já estava próxima o suficiente, tirou a gravata do pescoço do outro, e depois de perguntar se podia, o vendou. Ele sorriu, animado com a perspectiva de algo diferente.
  Achou que iriam começar imediatamente, mas os barulhos do salto contra o chão denunciaram que ela voltara a se afastar. Ele ouviu uma das gavetas da escrivaninha dela sendo aberta e, em seguida, barulhos metálicos. voltou para perto dele e se colocou entre suas pernas.
  — Se você não gostar do que eu vou fazer, me diz. — Ela avisou, antes de pegar o braço esquerdo de e prendê-lo no braço da cadeira com uma algema.
  Ele se arrepiou quando o metal frio entrou em contato com sua pele quente, fervendo, mas não reclamou. Seu pau latejou mais uma vez, e ele estava querendo quebrar tudo, subir pelas paredes de tesão. Quanto tempo mais demoraria até que ele estivesse dentro de ? Porque era só isso que ele queria.
  Ela prendeu o outro braço do colega e saiu do meio das pernas dele, as fechando um pouco. Em seguida, subiu na cadeira também – dando graças aos céus por ela ser mais larga que o comum –, um joelho de cada lado do quadril de . Segurou seu membro com cuidado entre as mãos delicadas, posicionando-o logo abaixo de sua entrada, e foi... sentando... lentamente...
   fechou os olhos por trás da venda, e automaticamente tentou levar as mãos à cintura de , logo voltando à triste realidade: ele estava preso. Não iria conseguir tocar em .
  Isso quase o desesperou.
  Quase, porque foi aí que se apoiou nos braços da cadeira, nos braços de , e levantou o quadril, pronta para continuar os movimentos de sobe-e-desce que iriam levá-los às alturas, e foi então que esqueceu novamente que estava preso e se permitiu relaxar.
  Ele estava dentro dela.
  Parecia que aquele beijo entre eles havia ocorrido há anos, sendo que não havia se passado mais de uma hora, mas a queria tanto que era como se ele estivesse há vidas querendo transar com aquela mulher tão deliciosa. Ele estava com a cabeça nisso quando ela sentou com violência, e então ele soltou um gemido e viu pontos brancos, rolando os olhos e apertando as mãos em punhos, tentando se controlar. Ele não podia vê-la, mas tinha certeza que sorria de vê-lo tão instável sob ela.
  Seu ritmo era lento e torturante, e ela o apertava levemente dentro de si, causando a pressão mais perfeita que ele poderia imaginar. Ela subia e descia, subia e descia, subia e descia, e não cansava em momento algum, e sentia que nunca iria se cansar. Se impulsionou para frente, colando os lábios no colo dela, beijando, lambendo, querendo deixar marcas, querendo marcar território, querendo berrar: “Sou eu que estou comendo ela. Eu!”. Nunca se sentira tão orgulhoso. Nunca sentira uma conquista tão maravilhosa, com um prêmio tão íntimo e magistral.
   começou a ir levemente mais rápido, dificultando os beijos de contra sua pele. Mas ela não se importava; apertava os braços do outro com força, cravava as unhas na pele dele, gemia descontroladamente e poderia se ajoelhar no milho e jurar que nunca havia sentido tanto prazer na vida, nunca havia sentindo um encaixe tão impecável. O sexo era o melhor que ela já havia provado, ela queria lamber inteiro, transar com ele pelo resto da eternidade e nunca ficaria satisfeita.
  As respirações eram altas, um dos sons que poderiam ser ouvidos na sala, fora os gemidos e a deliciosa pressão de pele contra pele. O aperto de em seus braços deixava ainda mais agitado, louco para se livrar daquelas algemas e apertar a cintura da colega, ditar seu ritmo como ele bem quisesse; mas por outro lado, aquilo estava tão deliciosamente indescritível que ele agradecia a por tê-la por cima, pois assim ele só precisava aproveitar o aperto que sua buceta tão molhada fazia em seu pau toda vez que ela forçava os músculos internos contra ele.
   sentiu quando aproximou seus rostos, as respirações voltando a se misturar. Ela o tomou em seus lábios e, ao mesmo tempo em que se mexia rápida e incessantemente contra ele, também o beijava de maneira lenta, criando um contraste adorável. Eles se engoliam de todos os jeitos possíveis; aquilo estava tão bom que eles haviam se esquecido de todos os xingamentos trocados inúmeras vezes antes, de todas as brigas e discussões e discordâncias. Eles adoravam cada mísero segundo sujo daquilo, aproveitavam como se fosse o último momento de suas vidas, como se não houvesse mais nada após aquilo.
  Não deveria ser tão bom...
  De maneira nenhuma, em nenhum mundo imaginável, aquilo deveria ser tão bom quanto estava sendo.
  , com uma súbita vontade, tirou a gravata dos olhos de , permitindo que ele tivesse sua visão de volta. E quando ele a teve, soltou um som gutural e quase desmaiou. As sensações, os barulhos, já estavam o deixando louco antes, mas quando ele finalmente viu se movimentando freneticamente, fazendo sexo com ele, sua feição de prazer – a testa franzida, os olhos fechados, os lábios pressionados um contra o outro com força –, tudo aquilo foi o estopim, ele voltou a se lançar contra ela, engolindo seu seio esquerdo, chupando e lambendo com vontade. E foi o ato que levou ao limite. Ela gemeu mais alto que o normal, suas pernas tremendo e começando a falhar, o nó que estava em seu há um tempo finalmente se soltando. Algo dentro dela explodindo, reverberando diversas ondas de prazer que contornavam seu corpo até chegarem e se concentrarem em sua buceta encharcada que se apertou contra .
  Ele sorriu; ela havia gozado.
  Ela se acalmou aos poucos, diminuindo a velocidade, por fim se jogando contra ele, respirando sem ritmo contra o ombro do homem, por vez dando beijos leves em sua pele suada.
  Mas ainda não havia gozado. Ele ainda estava dentro dela, quente, ardendo, querendo se aliviar. Querendo se soltar das algemas, pegá-la no colo, pressioná-la contra a maldita janela e fodê-la até que estivessem os dois entorpecidos de prazer, perdendo o equilíbrio de prazer.
  Gentilmente, se afastou, levantando-se do colo do advogado. Caminhou de maneira meio torta até a escrivaninha, onde havia deixado as chaves das algemas. Voltou ao encontro do outro e soltou-o. Já livre, massageou cada um dos pulsos antes de se levantar, puxando a colega contra ele e voltando a beijá-la. Lentamente, começou a empurrá-la até que ela contornasse a cadeira e fosse até a parede atrás deles, ainda sugando sua língua e seus lábios, tentando animá-la novamente para que ele pudesse se satisfazer também.
  — O que você está fazendo? — Ela perguntou quando sentiu a superfície gelada do vidro da janela contra suas costas.
  — Fica quieta. — Foi a resposta que deu, rangendo os dentes.
  Ele estava finalmente conseguindo o controle que queria desde o começo, e iria usar a nova aquisição, é claro, a seu favor.
  Beijou o rosto, o pescoço, as orelhas e o colo de , ao mesmo tempo em que explorava o corpo dela com as mãos, querendo excitá-la de novo. Ela, percebendo finalmente o que estava acontecendo, sorriu de lado, passando as mãos pelos ombros de . Seu membro ainda duro voltava a se roçar contra a pele ultra sensível de seu clitóris, causando certo prazer.
  — Vai logo. — Ela sussurrou no ouvido do colega, sabendo que ele estava tendo que se moderar para não atacá-la.
  — Se você pede com tanto jeitinho...
  Apertando as coxas dela, ele fez pressão para que ela pulasse, e assim ela o fez. Ele a pegou no colo no mesmo instante, cruzando as pernas dela atrás de suas costas, contornando seu quadril. Seu pau automaticamente entrou em contato com a entrada da vagina de , que suspirou ao senti-lo tão próximo novamente. Soltou o ombro de , onde estava anteriormente apoiada, apenas para levar a mão até o encontro de suas intimidades, podendo então encaixar-se nele.
  Após o encaixe, se ajeitou, segurou com mais força e olhou-a no fundo dos olhos antes de se lançar para frente com vigor, chocando seu corpo contra o da mulher. Os dois fecharam os olhos e gemeram ao mesmo tempo, sentindo uma conexão absurda demais para os padrões um do outro.
   continuou naquele ritmo acelerado e impaciente, metendo fundo e forte dentro de , fazendo um som alto cada vez que suas peles se colidiam naquele movimento esplêndido de vai e volta que não queria acabar nunca. As respirações e os gemidos eram quase como se saíssem de apenas uma pessoa apenas, o suor que escorria pelas testas e costas, alagando um ao outro, alagando a si mesmos.
   girava o quadril a cada vez que voltava para dentro da carne de , acertando todos os pontos necessários para que ela fosse ao céu e voltasse infinitas vezes dentro de milésimos de segundos. Ele apertava as penas dela contra si, apertava as pernas dela entre as mãos ásperas, querendo mantê-la próxima, querendo se fundir a ela. A janela atrás deles estava molhada, embaçada pelo calor dos movimentos, os gemidos de aumentavam cada vez mais e, em determinado momento, ela chegou a se perguntar se ainda havia alguém do lado de fora de seu escritório que pudesse ter ouvido tudo que estava se passando ali dentro; mas no momento seguinte se enterrou nela mais uma vez, lambendo seu pescoço, e os pensamentos se dissiparam.
  Quando os gemidos de começaram a se transformar em gritos, teve de calá-la com um beijo ardente. Ele rosnava contra a boca dela, seu membro pulsando dentro dela, sua mente se concentrando apenas nela. , , . Há anos ele queria comê-la daquele jeito, tão cru, tão bárbaro e primitivo. Mas essa vontade havia ido embora naquele primeiro momento em que se conheceram e ela o xingou. Mas ali estava o desejo novamente, e ele estava se realizando, e não queria se separar daquele monumento de mulher nunca mais.
  Ele grunhiu mais alto contra os lábios da colega quando sentiu que iria gozar. já estava no seu ápice, e a feição de prazer dela apenas ajudou para que o de se aproximasse ainda mais rápido. Tentou se afastar, sair de dentro dela para que não gozasse ali, mas ela não permitiu. O prendeu entre as pernas, impossibilitando o afastamento.
  — Eu estou na pílula e estou limpa. — Conseguiu resmungar entre os gemidos.
   apenas assentiu, travando a mandíbula e deixando-se levar, sentindo seu membro latejando e encharcando por dentro, deliciando-se e extasiando-se, vibrando e tremendo contra a mulher, sentindo que ela fazia o mesmo contra ele. Os espasmos se espalhavam pelos corpos, que iam amolecendo-se aos poucos.
  Ele soltou as pernas da mulher, deixando-a se apoiar no chão enquanto tentavam retomar ritmos para suas respirações e batimentos cardíacos. colocou a mão ao lado da cabeça de , precisando de suporte para tentar se recuperar da transa que havia acabado de acontecer, a melhor transa que ele já tivera na vida.
  Aos poucos, foram se separando, passeando pelo escritório enquanto pegavam suas roupas, cada peça jogada em um canto do cômodo; e tentando não pensar em como deveriam agir agora ou a partir do dia seguinte, pois sabiam que mentalizar aquilo apenas os deixaria sem graça. E o momento não era propício para sentirem vergonha ou qualquer sentimento parecido.
  Após alguns minutos, terminou de colocar a gravata e virou-se para encarar . Ela estava apoiada na escrivaninha, como fizera diversas vezes durante o dia, como se estivesse naquela posição há horas. Como se nada tivesse acontecido.
  Não falaram nada. Apenas se encararam, trocaram olhares cheios de sentimentos ocultos, uma tentativa de contato, um contato tão íntimo quanto o que acabaram de ter. sorriu uma última vez, seus olhos voltando àquele brilho vermelho de sempre, e agora não iria saber distinguir; dizer se aquilo era ódio ou desejo. Provavelmente os dois.
  Ele pegou seu paletó, que ainda estava jogado em uma das cadeiras, antes de rumar para a porta. Abriu-a e olhou uma última vez para a colega, que o encarava daquele jeito neutro de sempre.
  Por um momento, ele se preocupou como seria ter que encarar no próximo dia de trabalho. Mas ao ver o modo como ela estava pacífica, naquele mesmo jeito típico dela, ele relaxou e se deixou sair do escritório sem despedidas. Ele sabia como as coisas correriam. Ele sabia que eles se olhariam e se tratariam como sempre se trataram e olharam.
  Com ódio.
  Ou, ainda melhor: desejo.

Fim



Comentários da autora
Espero que gostem, pessoal! Escrevi essa fic com bastante dedicação, espero que tenha ficado tão boa quanto pareceu na minha cabeça usaduha. Se gostaram, não deixem de chegar minhas outras histórias no meu Tumblr. Mil beijos e até a próxima! <3