Nossa Serenata

Escrito por Maria Brossa | Revisado por Natashia Kitamura

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Parte do Projeto Songfics - 15ª Temporada // Música: Sad Serenade, por Selena Gomez

  Meu estômago se revirava em mil voltas. Não conseguia conter meu nervosismo, essa seria a primeira vez que eu apareceria publicamente depois de problemas pessoas ocorrido naquela mesma semana. Peguei o microfone e minha mão estava tão trêmula, era horrível o estado em que eu me encontrava. Precisava me acalmar, o espetáculo começaria em dez minutos e eu precisava ficar confiante para aquela noite. Minha aposta máxima seria na minha música, esperava que ela me tranquilizasse e que a cada nota tocada pela banda, me desse mais confiança para continuar no palco.
  Havia uma grande coxia que dividia os bastidores da plateia e tudo isso dava um grande mistério na noite. Não fazia ideia do público que estava no estádio naquele dia e a curiosidade foi me deixando mais ansiosa e pilhada. “Fo-co”, repeti na cabeça acompanhada de um gesto com as mãos que me faziam olhar pra frente. Sem medo, vai dar tudo certo.
  O que mais me intrigava naquela noite não era a plateia, o palco, a banda ou minha roupa. me deixava nervosa, na verdade, não era exatamente ele. Era o fato de tudo ter acabado uns dois dias antes do último show de minha turnê. Não imaginava que íamos acabar o namoro assim, sem nenhuma trégua a dar. Mas aconteceu dessa forma, poderia ter sido pior, mas concordamos que seria melhor para nós dois. Para mim, ele era um atraso, e para ele eu era uma bomba de problemas. Mas não tinha mais tempo para pensar, a bateria tremia com as baquetas violentas, essa era a minha entrada.
  Subi no palco com passos firmes no chão, requebrando um pouco ao som da guitarra que brigava com a bateria, logo vieram todos os outros instrumentos e o primeiro verso da música veio na ponta da língua.
  Não tinha nenhum relógio para ter certeza de quanto tempo se passou, mas tinha noção de que quase uma hora havia ido embora, e a lista de músicas preparadas para aquele show continha uma nova canção, escrita por mim nas últimas 28 horas. Seria tocada pela primeira, era fresca, era boa, era minha e eu estava louca para cantá-la.
  Pausa na apresentação. Precisava trocar de roupa a correria era tremenda atrás do palco, precisava ser rápida. Enquanto colocava os sapatos, o vestido, e todo o resto do figurino, cantarolava a música, não podia errar a letra de jeito nenhum. Esse show tinha de ser perfeito, e essa canção mais ainda. “Happier times, flash through my mind...”. Cada palavra cantada era uma parte de minha história com , esperava que no palco eu não chorasse. Estava tão triste apesar de tudo ter sido uma escolha mútua.
  “We both say it’s over, and I believe it this time”
  Meus pés já estavam no palco quando cantei mais uma vez os primeiros versos da música. “All the pain that I hide, let it play through the night”. A melodia se agitou e logo eu estava pulando no palco, era tão contagiante!
  “A sad, sad serenade. Sad serenade. We almost got it right”
  E foi a o melhor de todos. O melhor namorado, o melhor amigo, o melhor qualquer coisa. E tivemos muitos acertos juntos. Apesar de diferentes, completamente diferentes, ele era um acerto. E dos grandes! era o cara ideal, aquele com quem eu tinha planos, mesmo que comigo, ele não tivesse plano algum. Nós quase conseguimos ser um só. Quase conseguimos continuar juntos adiante.
  Mas a minha canção não era apenas para mim ou para . Não era minha intenção machucá-lo com aquelas palavras, só queria mostrar pra todas aquelas pessoas lotando o estádio, que eu estava me sentindo como numa triste serenata, triste e romanticamente frustrada. Era uma minha letra para todos os corações quebrados daquela noite. E eu consegui, transformei todo o nosso amor, nosso afeto, carinho, lembranças numa arte. A fiz ser tocada e apreciada por outros, pelo menos um pedacinho de nós.
  “I won't regret what I won't forget. Memories and your number, are all I have left.”
  Esse verso me machucava. Muito! Me cortava por dentro. Daquela noite em diante, eu não teria mais nada dele. só me deixou o gostinho das memórias e seu número gravado no meu celular e eu não o apagaria da lista mesmo que pra sempre carregasse decorado em minha mente. Algumas fotos, as cartinhas bobas recebidas, os rabiscos no meu caderno... Não tinha muita coisa, mas me contentaria com as lembranças.
  E mesmo que tudo me doesse tanto, de dentro pra fora, cortante como navalha, eu o desejava o melhor, afinal ele merecia. Eu jamais poderia ser má com o rapaz, jamais seria mal comigo. Ele tinha um grande futuro pela frente, a juventude ainda era sua amiga e nada poderia parar ele. A não ser por mim. Eu era seu freio, e se para ele seguir em frente nos planos, sonhos, desejos, fosse necessário que nos separássemos, eu o faria e foi exatamente o que aconteceu. Só me decepcionava um pouco pensar que ele não lutou muito por mim. Fora meio inesperado, mas é como dizem: Se é para o bem, eu digo amém!
  “All the love that we made, turn it up let it play. A sad, sad serenade.”
  As pessoas na pista e nas arquibancadas dançavam junto a mim. Estava adorando cantar meus últimos sentimentos ao ar. Era muito bom liberar tudo aquilo, minha trágica melodia. Meus fãs pareciam aprender a letra pela continuidade das palavras, estava tudo tão maravilhoso! Aquela era minha noite, minha música, meu amor e meu momento preferido. Meu brilho e minha voz, minha triste serenata, naquela noite, soava como a mais linda musica já cantada.
  “In your head, in your heart. Turn it up, make it stop. Tonight all over the world, the most beautiful song ever heard”