Mon Étoile Éternelle
Escrito por Lyra M. | Revisado por Debbie
23h40
Eu andava calmamente pelas ruas do centro da cidade, tão conhecidas por mim. O frio da noite era cortante, mas não era isso que mais me incomodava. Era tarde, e poucas eram as lojas que ainda estavam abertas. A floricultura era uma das exceções e, ao passar por lá, comprei um buquê. Sempre achei engraçado você gostar de flores, ao contrário de mim; sempre as achei sem graça. Acho que acertei em comprar cravos vermelhos, pareciam ser suas preferidas. Nada de rosas. Clichês demais, como você dizia. As lembranças me assolavam, e senti vontade de chorar, mas me controlei.
23h55
Você se lembra de como era quando estávamos juntos? Sempre pensamos que nunca fosse acabar. De fato, nunca acabou, nem vai acabar, não de verdade. Lembro-me de cada noite que passamos em claro, falando sobre amenidades e olhando para as estrelas. As lágrimas voltaram a encher meus olhos. Tinha que ser forte.
23h59
Agora tudo parece tão surreal, como um passado distante, ou uma fantasia que nunca se tornou realidade. Se lembra de quando víamos aviões, e pensávamos ser estrelas? Você ria de mim por pensar que se tratava de estrelas cadentes, mas, no final, sempre fazia um pedido junto comigo. Sempre soubemos que os desejos nunca se realizariam, afinal, não eram estrelas de verdade, mas era divertido, não é mesmo? Costumávamos dizer que nada poderia nos separar, uma vez que nem mesmo as estrelas podem separar o céu. Oh, nem mesmo sei porque me pergunto, é claro que não se lembra de nenhuma dessas coisas. A primeira de muitas lágrimas caiu, mas não me preocupei em secá-la. Era inútil. Quanto mais eu tentasse pará-las, mais eu choraria. Já tinha me acostumado com a rotina.
00h00
Meia-noite. Doze de junho, dia dos namorados. É tão triste que chega a ser engraçado como as coisas podem mudar em tão pouco tempo, não acha? Mesmo com todos os planos que eu sempre tive mania de fazer e que você sempre dizia serem inúteis. Bem, você estava certo. Nenhum deles vai se realizar. Há dois anos, você se declarou pra mim. Há dois anos, aceitei ser sua namorada. Há um ano, você me deixou.
Interrompi os pensamentos quando passei pelos portões prateados que atravessava quase toda semana. O lugar em si não me fazia bem, mas sua presença me acalmava. Minha força de vontade se renovou, como sempre acontecia quando te via, e sequei minhas lágrimas. Coloquei as flores no seu túmulo, ao lado de um pequeno porta-retratos com sua foto. Nunca esquecerei seu sorriso, tenho certeza. Ele costumava iluminar toda a cidade, ainda que pelo mais bobo dos motivos. De onde você está agora, em meio às estrelas que tanto admiramos, me diga: você ainda sorri, por saber que de fato nada físico pôde nos separar? É uma pena que eu nunca poderei saber a resposta.
Feliz Dia dos Namorados.