I'll never give you up

Escrito por Maraíza Santos | Revisado por Natashia Kitamura

Tamanho da fonte: |


Parte do Projeto Songfics - 12ª Temporada // Música: Let Love Bleed Red, por Sleeping With Sirens

  Eu olhava deitado naquela cama já fazia bastante tempo, acho que já havia se passado mais de meia hora que eu estava sentada na cadeira ao lado dele.
  Você está dormindo sozinho, eu estou acordada. Enquanto você sonha comigo hoje à noite, eu estou perto de onde você está?
  Ele tinha seus olhos cobertos de ataduras. Parecia cansado, estava mais magro e seu corpo estava mole. Sorri. Eu estava tão feliz por saber que ele estava vivo. Ele estava vivo. Meu amor estava vivo.
  Três meses depois do nosso namoro descobrimos que ele estava com câncer nos olhos e que em pouco tempo o câncer ia se alastrar. Lembro de passar um bom tempo em choque quando ele me contou. Na real, quem imagina que isso vai acontecer conosco? Mesmo com o meu professor sempre falando o quanto é possível que daqui aos próximos anos um em cada três pessoas pode ter câncer, eu não conseguia imaginar que aconteceria com .
  Deite-me, e me diga tudo ficará bem, as coisas vão ficar bem.
  Daí veio o medo: a cirurgia era delicada. Tudo indicava que ele morreria, mas tinham que tentar. E bem, nunca fui uma pessoa cheia de esperanças.
  O câncer era grande e já estava atingindo outros sentidos deles, inclusive o olfato; já estava com as forças falhas e estava condenado, mesmo assim continuava acreditando que poderia ser curado. Ele é pra mim um guerreiro. Sua mãe havia me dito que ele continuava lutando por minha causa, ele sabia o quanto difícil era pra mim, já que eu tinha perdido meu irmão em um atropelamento.
  Isto poderia significar tudo ou nada você toma o que é real, eu lhe darei tudo de mim.
  Isso pode parecer egoísta, eu sei; sinceramente, acho que não mereço em tê-lo. Ele definitivamente merece mais, muito mais. Eu não queria que ele morresse, porque eu não aceitava outra pessoa que eu amava saísse da minha vida de novo. Olhei pra janela e me perdi pensando em nosso ultimo dia antes da cirurgia.
  Eu vou ser a sombra em sua porta. Eu serei a traça em sua luz, porque você merece muito mais.
  O meu épico relógio da Dora Aventureira - que meu irmão de cinco anos me dera - apontava 2am e ainda estávamos acordados em cima daquele telhado. Eu deveria sair dali e ir pra casa antes que minha mãe percebesse que eu havia saído tarde demais e fosse ligar pra polícia. Observei-o olhar para as estrelas dos céus atrás dos seus óculos, seu olhar sério e perdido como se não estivesse naquele lugar junto comigo.
  - Como seria se a gente... – Hesitei - Casasse?
  - Seria... – Ele olhou pra mim – Ótimo. Seria... – Ele soltou uma risada nasalada – Eu não sei o que dizer quanto a isso.
  - Entendo... – Olhei pra frente já me criticando por ter tocado no assunto.
  - Eu gostaria que nossos filhos fossem... Iguais a você – O fitei e ele voltou a olhar para o céu – Você sabe... Simpáticos.
  - Eles deveriam ser lindos iguais a você – Comentei e ri de lado – Sabe... Tímidos o bastante pra serem atraentes.
  - Minha timidez é atraente? – Ele ergueu uma das sobrancelhas – Eu achava que era meu defeito.
  - Temos que olhar os dois lados da moeda – Rimos.
  Oh, aqui onde nós nos encontramos, estendidos para saber por que nós não pertencemos.
  Levantei um pouco a cabeça e pude ver uma das minhas constelações preferidas. Sorri apontando para cima.
  - Órion – Sorri alegre pra ele.
  - Cadê? – Ele se apressou para ver – As três Marias! – Arrumou os óculos e sorriu.
  - Não é tão difícil achar – Dei os ombros.
  - Você vai dá uma ótima astrônoma – Ele falou. – E vai ser uma ótima mãe. – Ele me abraçou de lado com cuidado para que não caíssemos – E vai ser uma ótima esposa. E uma ótima mulher.
  Abri um sorriso enorme olhando para seus olhos e não pude conter as lágrimas. abraçou-me com mais força enquanto eu afundava na camisa verde musgo dele.
  - Calma, vai ficar tudo bem. – Ele sussurrava enquanto fazia carinho em meus cabelos.
  Eu não quero perdê-lo. Não quero que ele vá embora. Quero ter meu futuro com ele. Por que ele? Tantos psicopatas, estupradores, pedófilos, assassinos que merecem morrer, por que ele? Por que logo o garoto que me fazia feliz? Por que logo quem eu amava?
  - Não, não vai. – Falei molhando sua camisa.
  - Talvez eu sobreviva você sabe que tem chance... – Ele contrapôs – Eu vou voltar, eu prometo.
  - Não faça promessas que não pode cumprir. – Dei pequenos murros em seu peito e ele segurou meus pulsos olhando pra mim.
  - Eu te amo – Ele falou – Eu. Te. Amo.
  - Eu também te amo – Abracei-o com mais força ainda em lágrimas.
  - Não perca as esperanças. Não desista de mim. – Ele disse retribuindo o abraço.
  - Eu não quero te perder. – Falei soluçando.
  - E não vai. – Ele assegurou. – Só não desista...
  - Eu não vou. – O interrompi – Eu nunca vou desistir de você.
  Fui despertada dos meus pensamentos depois que vi que se mexia, sorri.
  - Wow, tenha calma, você ainda está se recuperando da cirurgia, lembra? – Falei me levantando e apertando a mão dele.
  - ? É... Você? – Ele pergunta sem se mexer.
  - Sim, amor, sou eu. – Digo sentindo as lágrimas querendo sair de meus olhos.
  - Você não desistiu de mim... – Sua voz por mais dificultosa que fosse, estava animada.
  - Eu disse que não ia desistir. – Coloquei o dedo em sua boca impedindo que ele falasse alguma coisa. – Eu não vou ser como a Mônica de A Culpa é das Estrelas. – ele riu.
  - Ah, – Ele diminuiu o sorriso. – Nós... Íamos assistir ao filme juntos.
  - Não se preocupa com isso, – Acariciei seu rosto – pense só que você vai ficar bem, ok?
  - Ok. – Ele respondeu sorrindo. – Ok, .
  - Ok, . – Sorri e o selei os nossos lábios. Quando nos afastamos eles segurou meu rosto e acariciou. Fechei os olhos enquanto ele desenhava meu rosto com seus polegares.
  - Nunca vou me esquecer de seu rosto. – Ele sussurrou. – E nem quero esquecê-lo.
  Sempre lembrarei o seu rosto e nunca substituirei o seu lugar aqui do meu lado.
  - Agora, eu vou chamar o seu médico e avisar que você acordou. – Afastei as suas mãos de meu rosto.
  - Obrigado. – Ele disse – Sabe... Por está aqui, mesmo... Com tudo isso.
  - De nada – Sorri tímida mesmo sabendo que ele não estava me vendo. – Nunca substituirei seu lugar aqui comigo. – Apertei sua mão tentando passar segurança a ele.
  Mesmo sabendo que ainda tínhamos muito para andar e muito pra enfrentar, mesmo sabendo que a luta contra o câncer não havia acabado de uma vez, mesmo sabendo que agora ele havia perdido seus olhos, eu estava muito grata por ele estar vivo. Eu nunca vou desistir dele. Nunca.



Comentários da autora


Eaew, queridões! O que acharam da fic? Bem, a história me veio junto com todos que viam me dizer como foi ter assistido “A culpa é das estrelas’’, eu não assistir ainda porém já li o livro. Sinceramente, eu não sou a maior fã do John Green por não gostar de ler muito romance (Irônico, não?), mas a história coadjuvante do Issac me fez refletir bastante e ela é a base dessa fanfic. Espero que tenham gostado e se poder comentem. Obrigada .