Find a Way

Escrito por Taah Oliveira | Revisado por Hels

Tamanho da fonte: |


   era o tipo de garota que muitas adolescentes invejariam: bonita, rica, popular, inteligente e dona de uma confiança fora do normal. No auge dos seus dezenove anos e moradora de São , a maior metrópole da América Latina, era o tipo de pessoa que quando queria algo, corria atrás sem medo do que enfrentaria e não desistia enquanto não alcançava seu objetivo. Por muitos era vista como arrogante e prepotente, devido é elevada autoconfiança, mas para sua melhor amiga, , era tida como um exemplo a ser seguido.
  Sua vida sempre foi muito boa. Teve tudo o que sempre quis, era considerada uma das melhores alunas do colégio - chegando a se formar com honras no Ensino Médio - e tinha todos os garotos aos seus pés. Por conta disso, nunca precisou se esforçar para conquistar ninguém. porém, a coisa mudou de figura no dia em que seu irmão, , foi chamado para um teste nas categorias de base do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro. Era final de março quando ela, juntamente com a mãe e o empresário do irmão, foi levá-lo ao clube para conhecer as instalações, a fim de que dona ficasse tranquila em deixar o filho mais novo sob boas condições de vida, moradia e treinamento. Foi aí que conheceu .
   , vinte anos, estudante de Educação Física e treinador do time infantil do Vasco da Gama. Garoto relativamente bonito, inteligente e competente; mostrou aos visitantes as instalações do clube, conversou com e tirou todas as duvidas a respeito do colégio em que estudaria. observava a tudo calada e admirada, afinal, nunca imaginou que um rapaz de vinte anos pudesse ter a maturidade, mentalidade e tranquilidade que demonstrava. Ao retornar para casa, seu pensamento voou para longe, mais precisamente para o rapaz de 1.80m e cabelos e olhos castanhos.

  DOIS MESES DEPOIS

  Passados dois meses, não conseguia tirar da cabeça, mesmo após exaustivas horas de estudo para o vestibular que prestaria no fim do ano. A principio pensou ser somente uma admiração passageira, mas percebeu que era algo mais sério quando começou a pesquisar sobre a vida do rapaz na internet e constantemente espiava seu perfil no Orkut, chegando a ficar com ciúmes quando via algum recado ou depoimento deixado por alguma garota. Sendo assim, decidiu ir até a casa da melhor amiga conversar a respeito do que estava acontecendo - quem sabe ela não poderia ajudá-la a achar uma solução para seu problema?

  - , você me acharia uma doida por sentir o que eu to sentindo? - ela perguntou, de repente, enquanto viam a sétima temporada de One Tree Hill.
  - Como assim? O que, exatamente, você ta sentindo? - perguntou, encarando a amiga com curiosidade.
  - A respeito do .
  - Quem é ? Do que você ta falando, garota?
  - Do treinador do meu irmão. não sei se você se lembra, mas ele ta jogando no time infantil do Vasco da Gama, e desde que eu fui até lá conhecer o clube, não consigo tirar o da cabeça.
  - Wow, essa é nova, apaixonada! Nunca pensei que viveria para ver esse dia chegar. - a garota disse, rindo.
  - , para de brincadeira, o assunto é sério.
  - Tudo bem, desculpa. vocês se viram quantas vezes até agora?
  - Uma única vez e acho que ele nem me notou. - ela disse, triste.
  - Por quê? você, linda desse jeito, jamais deixaria de chamar a atenção onde quer que fosse.
  - É, mas lá eu fui apenas a irmãzinha do jogador de futebol. Ele sequer sabe o meu nome!
  - , em que roubada você se meteu? Desde quando é dada a ter amores platônicos?
  - Não sei o que está acontecendo comigo. Nunca fui dessa de idealizar romances, principalmente com quem eu não conheço, mas não posso negar que bastou uma única vez pra esse cara mexer comigo.
  - E ele é bonito, pelo menos? Tem namorada?
  - Lindo ele não é, mas tem algo que me chamou a atenção desde o começo. Já sobre a namorada eu não sei, mas acho que não. Pelo que o tem falado, ele é do tipo quieto, que vai pra balada e não fica com ninguém.
  - Que nem alguém que eu conheço, não é?
  - Como assim?
  - Sua tonta, pelo que acabou de dizer, esse cara é idántico a você.
  - Claro que não! Eu sou do tipo que sai e fica com o cara mais bonito da balada, sem fazer nenhum esforço. Essa pessoa que você descreveu ta longe de parecer comigo.
  - , vamos ser sinceras, já faz muito tempo que você deixou de ser a garota descolada que vai pra balada e pega os caras mais bonitos. Desde que começou a estudar pro vestibular, no ano passado, não sai mais de casa, fica enfiada dentro do quarto com o computador ligado e não tá nem aí pro resto do mundo. A prova disso é a ultima vez que nós saímos juntas e passamos a noite fora. Faz quanto tempo?
  - Acho que quase um ano.
  - Então pronto, não preciso dizer mais nada.
  - Tudo bem, mas o foco não é esse, é o .
  - Ok, já pensou em dar um pulo no centro de treinamento num dia em que ele estiver lá?
  - Muitas vezes, mas isso agora é fora de cogitação.
  - E eu posso saber o motivo?
  - Fiquei sabendo ontem que ele vai passar três meses na Espanha fazendo estágio no Real Madrid.
  - Hum, nesse caso complica um pouco, mas espere esses três meses passarem pra ver como as coisas ficam. Quando ele voltar, o seu irmão provavelmente vai te falar e você pode, como quem não quer nada, aparecer por lá e dar um oi. Só fico pensando se ele voltar com uma namorada a tiracolo.
  - Se isso acontecer, a solução é partir para outra, começar a olhar pros caras de São e esquecer que algum dia cheguei a pensar nele. Mas você tem toda a razão, vou esperar esses noventa dias passarem pra ver como tudo vai ficar.
  - Muito bem, só toma cuidado pra não criar expectativas demais e acabar quebrando a cara.
  - você acha que eu não tenho medo de me decepcionar? De ficar aqui imaginando mil e uma situações, conversas entre nós dois e quando chegar lá na frente perceber que tudo não passou de uma confusão da minha cabeça? Já pensou se eu começo a me aproximar, crente que to abafando, e viro motivo de piada depois?
  - Isso não vai acontecer e se acontecer, paciência. Só acho que tem algo errado nessa história toda e posso até imaginar o que é.
  - O quê? - perguntou, intrigada.
  - Será que você não ta "apaixonada" pelo por que ta carente? Quero dizer, o dia dos namorados ta chegando, você já não fica com ninguém há algum tempo e eu sei como isso faz falta. Desde que o idiota do Omar te traiu você não se interessou por mais ninguém.
  - Eu sei, e você pode ter razão, mas desde a primeira vez em que eu vi o , me bateu uma coisa que eu não sei explicar. Parece que dessa vez é diferente.
  - Diferente como? Em que sentido?
  - No sentido da pessoa que ele é. você já viu um cara de vinte anos com uma mentalidade e responsabilidade de pessoas com trinta, quarenta anos?
  - Não, hoje em dia os caras de vinte anos têm a mentalidade de garotos de quinze, dezesseis.
  - Então, o é do jeito que eu descrevi, sem falar que o e a minha mãe o admiram pra caramba, o que já é meio caminho andado. Isso sem contar que ele é super atencioso com os meninos, conversa com cada um e tá sempre querendo saber se estáo bem.
  - É, do jeito que você fala, parece que esse rapaz é realmente o genro que a sua mãe pediu a Deus.
  - Aham. - ela disse e ficou em silêncio por algum tempo, até que teve uma ideia brilhante, que poderia ajudá-la a ter o cara dos seus sonhos. - Tive uma ideia genial!
  - Que ideia? - perguntou, confusa.
  - Por enquanto ainda não dá pra falar, mas daqui a três meses...
  - , o que você está aprontando?
  - Eu? Aprontando? De onde você tirou isso?
  - A senhorita acabou de dizer que teve uma ideia genial, mas não pode contá-la. Se não pode falar é porque está aprontando alguma e bem feia. Anda logo, desembucha.
  - Porra , já disse que não posso contar. - ela disse, sem paciência.
  - Não pode, mas vai. Qual é? Uma hora eu vou acabar descobrindo, de um jeito ou de outro.
  - Tá legal, você venceu. - e assim ela contou é melhor amiga tudo o que tinha planejado em sua cabeça. , a principio, achou a ideia meio absurda, mas acabou concordando que era boa e conseguiria concretizá-la.

  TRÊS MESES DEPOIS

  Era início de agosto quando retornou da Espanha, porém, mal pode matar a saudade da família, visto que teve de ir a São . O motivo? Um jogo amistoso entre Corinthians e Vasco da Gama, promovido pelo time de Richard, padrinho de . A garota, com seu "jeitinho meigo e carinha de anjo" conseguiu fazer com que o padrinho marcasse uma partida entre os dois times, sob a desculpa de ver o irmão em campo. O que Richard não sabia era das segundas intenções da afilhada para com o técnico do time adversário. Sendo assim, os garotos embarcaram num avião rumo é cidade cinza.
  Saíram da cidade maravilhosa por volta de 20h15 e pousaram na capital paulista cerca de duas horas mais tarde, indo direto para um hotel descansar. No dia seguinte, um sábado, os atletas acordaram as 07h30, fizeram a higiene matinal e desceram para o café-da-manhã, que consistia em dois copos duplos de vitamina de banana para cada jogador - alguns até fizeram cara feia e tentaram não tomar, mas estava ali, junto deles, tomando conta. Em seguida, se dirigiram para o centro de treinamento onde a partida ocorreria e se arrumaram para o jogo, que teve inicio às 10h.
  Passadas quase duas horas, a partida terminou com um empate entre os dois times da categoria Infantil, em que jogava. Logo mais, os times da categoria Juvenil se enfrentaram em um jogo marcado por gols somente do Corinthians, que ganhou de 3x1. Cansados, os garotos se banharam e foram almoçar no próprio clube, que havia preparado um almoço especial para os visitantes. , a convite do padrinho, se juntou ao grupo juntamente com seus pais. Era aí a oportunidade perfeita para colocar seu plano de conquista em prática.

  - Então garotos, aproveitando a cidade? - ela perguntou, enquanto comiam.
  - Nem tem como. Logo após o almoço nós vamos embora. - Marcos, um dos jogadores, disse, triste.
  - Por quê?
  - Eu prometi aos pais dos garotos que hoje mesmo eles estariam em casa. - se intrometeu.
  - Poxa vida, vão perder a festa da com um show particular do Luan Santana?
  - Como assim? Do que você ta falando? - quis saber.
  - Ué, querido irmão, não ta sabendo que hoje é aniversário da nossa prima e vai rolar um show do Luan Santana?
  - Não.
  - Pois é, e ela ainda me garantiu que nós poderíamos conhecê-lo se quiséssemos.
  - Ah , deixa a gente ficar essa noite aqui, vai? Eu sou super fã do Luan Santana e não é sempre que temos a oportunidade de ver um show particular.
  - Se você quiser ficar, , tudo bem, mas eu e os garotos vamos voltar depois do almoço. - disse e o garoto comemorou. observou que os outros meninos do time ficaram cabisbaixos e pensou em dar um jeito nisso.
  - Gente, se vocês me dáo licença, preciso dar um telefonema. - ela disse e se retirou, retornando cerca de dez minutos mais tarde.
  - Onde você estava, minha filha? - perguntou, da outra mesa.
  - Fui resolver um problema, mas já está tudo certo. Se você e o papai concordarem, os meninos vão ter a chance de conhecer o Luan Santana essa noite.
  - Como assim?
  - Ah, eu vi que eles ficaram chateados por não poderem ver o show e liguei pra . Conversei com ela e depois de certa insistência consegui convencê-la a deixá-los ir com a gente. O único problema é a acomodação, mas acho que lá em casa tem espaço pra todos eles na casa de hóspedes.
  - , você ta falando sério? Nós poderemos ir a essa festa? - Rafael, outro jogador, perguntou esperançoso.
  - Aham, se os meus pais concordarem.
  - Por mim, tudo bem. - , o patriarca da família, disse e concordou, fazendo os meninos vibrarem de felicidade. , porém, jogou um balde de água fria na comemoração dos adolescentes.
  - Garotos, eu não queria estragar a felicidade de vocês, mas esqueceram que os seus pais pensam que mais tarde estarão todos em casa?
  - Ah , esse é o problema? A gente resolve num piscar de olhos, ligando pra casa e avisando aos nossos pais. Tenho certeza que eles não vão se importar de nos deixar passar a noite aqui. - Marcos disse.
  - Sendo assim, tudo bem. Terminem de comer e liguem pra casa. - ao ouvir isso, o grupo comemorou de verdade e terminou a refeição em paz. Mais tarde, o ônibus que os trouxe foi até a residáncia dos , deixou os jogadores e voltou para o centro de treinamento, onde ficaria guardado.

  Enquanto os garotos se organizavam nos quartos da casa de hóspedes, foi até seu quarto e ligou para .

  - , tenho ótimas notícias! - ela disse, eufórica.
  - O que aconteceu?
  - O vai passar a noite aqui em casa.
  - Há?
  - Foi isso mesmo que você ouviu.
  - Sério? E como você conseguiu essa proeza?
  - Conversando com a e a convencendo a me deixar levar quarenta e cinco convidados a mais.
  - O quê?
  - É sério. Eu pedi pra ela me deixar levar os jogadores dos times na festa; consequentemente o vai também. Fala sério, eu sou foda, né?
  - Aham. Já sabe o que vai fazer pra conquistar o bonitão?
  - Ainda não, mas a senhorita bem que podia pegar umas dicas com o seu irmão.
  - Ta, eu vou ver o que posso fazer, mas quero algo em troca.
  - O que você quiser, se tiver ao meu alcance.
  - Vai ter que me ajudar com o .
  - Ta falando do meu primo?
  - Exatamente.
  - Mas ele tem namorada. Quer ficar com ele mesmo assim?
  - Amiga, em que mundo você vive? Seu primo terminou com aquele projeto mal feito de Richie há mais de um mês!
  - Não sabia, ninguém me falou nada.
  - Falou sim, e fui eu, mas acho que a senhorita estava pensando muito num certo técnico do time do Vasco da Gama pra prestar atenção. De qualquer forma, vai me ajudar ou não?
  - É claro! Pode apostar que nessa noite você entra pra família pela porta da frente. Ah, e antes que eu me esqueça, vai dormir aqui, né?
  - Lógico! E perder a oportunidade de comer o bolo de chocolate da tia no café-da-manhã? Nem pensar! - nisso entrou no quarto.
  - , vou ter que desligar, minha mãe chegou. Mais tarde eu te ligo pra combinarmos os detalhes da festa. Beijos. - e desligou.
  - , é o seguinte: O seu irmão vai dormir contigo.
  - Por quê?
  - Vamos até a sala e eu explico. - as duas Saíram do quarto da garota e se dirigiram é sala, onde , e companhia se encontravam. - , como eu disse para a sua irmã, você vai dormir no quarto dela.
  - Por quê? - ele quis saber.
  - Na casa de hóspedes não cabe todo mundo e nós decidimos colocar os garotos no seu quarto.
  - Poxa mãe, fala sério! Eu fico quase um mês sem vir em casa e quando venho tenho que dormir com a minha irmã? Isso é injusto! - ele reclamou.
  - Ah, é? E quem vai dormir no quarto da ? Sim, porque alguém vai ter que passar a noite lá.
  - O ?!
  - Não, de jeito nenhum deixá-lo no mesmo cômodo que a sua irmã.
  - Qual o problema, mãe? - perguntou. - Eu não sou mais nenhuma criança e tenho certeza de que o não vai fazer nada.
  - Não foi isso que eu quis dizer. é só que... - disse, envergonhada.
  - Além do mais, a vai dormir aqui, não vamos ficar sozinhos, se é isso que te preocupa.
  - Eu posso continuar no hotel ou dormir na sala, se quiserem. - disse, envergonhado.
  - Não senhor, de jeito nenhum. No meu quarto tem espaço de sobra pra nós três.
  - A ta certa, eu fui meio inadequada. , me desculpe, você dormirá no mesmo cômodo que ela e a , sem problemas. - disse, sem graça, e o assunto foi encerrado.

  Mais tarde, por volta de 18h, chegou é residáncia dos para se arrumar junto com a amiga. Ao chegar ao quarto de , se surpreendeu ao vê-la numa conversa animada com ; as duas trocaram olhares cúmplices e disse, sorrindo:

  - Oi gente!
  - Oi ! - respondeu, mais animada que o normal.
  - Oi. - disse, retribuindo o sorriso.
  - , esse é o , técnico do . , essa é a , minha melhor amiga.
  - Prazer em conhecê-lo, . - disse, abraçando o rapaz.
  - O prazer é meu. me falou muito de você. - ele disse.
  - Falou bem ou mal?
  - Muito bem.
  - Acho bom.
  - Não acredito que achou que eu fosse falar mal de você. Tudo bem que de vez em quando a senhorita é bem chatinha e irritante, me enche o saco por causa do Restart e só quer saber do nojento do Cristiano Ronaldo, mas te considero minha irmã e jamais faria isso. - se intrometeu.
  - Não, eu ouvi o que eu penso que ouvi? A é fã de Restart? - questionou.
  - Sou, por quê? O que você tem contra eles? - a própria perguntou.
  - Absolutamente tudo. Fala sério, ! Com tantas bandas pra você gostar, foi escolher justo essa, com um bando de garotos que se vestem como arco-íris e cantam músicas bobas?
  - Poxa , achei que você fosse um cara legal. - ela reclamou.
  - E eu sou, acontece que não suporto essa bandinha de fashion coloridos.
  - Vixi, já vi que você e a são da geração Legião Urbana, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso e Cia. Dois chatos que nasceram na época errada.
  - O que só mostra que nós temos um excelente bom gosto musical. - ele riu e assim os três ficaram conversando sobre vários assuntos até a noite, quando os chamou para jantar.

  às 20h30, mais ou menos, todos foram se arrumar para a tão esperada festa de . Enquanto se banhava, foi escolher sua roupa; mais tarde, a posição se inverteu. Eis que uma situação meio constrangedora se instaurou no quarto, já que entrou no cômodo sem bater, pegando apenas de lingerie.

  - Er... Desculpe, não sabia que você estava aqui. - ele disse, envergonhado, tentando não olhar para o corpo praticamente desnudo da garota.
  - Não, tudo bem, eu deveria me arrumar no banheiro. Pode continuar aí, vou para lá. - ela disse, pegando a roupa e se dirigindo ao local; teve que desligar o chuveiro para abrir a porta, mas não se importou, já que deu boas risadas do ocorrido. Ao sair, a olhou boquiaberto.
  - Uau, você ta linda! - ele disse, deslumbrado. não economizou na produção e estava realmente bonita num vestido de renda branco e curto sobre meia-calça preta fio 80, sandália de salto alto preta, cinto preto marcando a cintura e cabelo solto.
  - Obrigada, você também. - ela disse, vendo-o com uma camiseta branca por baixo de uma blusa de moletom preta, calça jeans e tênis branco.
  - Gente, to pronta. Vamos? - disse, saindo do banheiro segundos depois, usando uma camisa xadrez vermelha e preta, calça de couro preta e bota de cano longo na mesma cor da calça. O cabelo estava preso num coque descontraído.
  - Aham. - ela respondeu e os três se dirigiram para a sala, onde os jogadores se encontravam, juntamente com os pais de . Dessa forma, foram para o clube onde a festa ocorreria.

  Cerca de dez minutos depois de terem saído de casa, chegaram ao local e, após cumprimentarem a aniversariante e seus familiares, foram se sentar em mesas reservadas para eles. Mais tarde, depois de servido o jantar, foi anunciado o show do Luan Santana, que subiu ao palco e cantou todos os seus sucessos, levando todas as adolescentes ao delírio. Assim que o show terminou, um DJ assumiu o comando do som e agitou a pista de dança com uma playlist super atual e variada. Como prometido a , deu um jeito de falar com e ele pareceu bem interessado na melhor amiga da prima; com o casal apresentado, resolveu ir até seu alvo, que estava encostado numa pilastra, próximo a pista de dança.

  - E aí , ta gostando da festa? - ela perguntou, sorrindo.
  - Muito. Adorei o jantar e o show foi bem legal. E você, ta gostando?
  - Aham, mas podia ser melhor.
  - Por quê? - ele perguntou, curioso.
  - Dança essa musica comigo? - ela perguntou, referindo-se a Til The World Ends, da Britney Spears, que começava a tocar. Decidiu ignorar a pergunta feita por ele, por achar que não era hora para palavras.
  - Mas eu nem sei dançar. - ele argumentou.
  - Não se preocupa, é só se deixar levar pela música.
  - Tudo bem, mas se eu pisar no seu pé, não reclame. - ele disse, rindo, e o casal foi para o meio da pista. Lá, começaram a se mover no ritmo da melodia e iniciou uma dança sensual, numa tentativa frustrada de chamar a atenção de , que apenas a olhou sério.
  - , o que você está fazendo? - perguntou, parando-a.
  - Apenas dançando, ué.
  - Não, você não está apenas dançando, ta se insinuando para alguém.
  - E daí? Qual o problema? você, por acaso, está com ciúme?
  - Claro que não, só não acho legal o que você ta fazendo.
  - Por quê?
  - Porque nós estamos no meio dos seus familiares, pode pegar mal pra você e até pra mim, que não tenho nada a ver com isso.
  - Já que é assim, por que não fica comigo?
  - Há? Do que você ta falando?
  - Eu quero ficar contigo. Caso não tenha percebido, é o que eu to tentando fazer desde que você chegou.
  - Mas você é irmã do , não posso fazer isso.
  - Por acaso existe alguma regra, algum estatuto que diga que é errado ficar com a irmã de um dos jogadores do time que você treina?
  - Não, mas...
  - Então pronto. Vamos lá, , não faça todo o meu esforço pra trazer o seu time aqui ter sido em vão.
  - Eu não to entendendo mais nada, . O que tem a ver você querer ficar comigo com o jogo que o Richard marcou? - ele perguntou, confuso.
  - Você não acha que o tio Richard marcou esse jogo é toa, né? Eu o convenci a fazer isso, na intenção de te encontrar. Desde a primeira vez em que a gente se viu eu não consigo te tirar da cabeça! Sei que pode parecer extremamente ridículo, mas você mexeu comigo de tal forma que eu nem sei explicar ao certo.
  - , isso não pode acontecer. você é irmã do , seria completamente errado eu me envolver contigo.
  - Caramba, ! Eu sou maior de idade, vacinada e sei muito bem o que estou fazendo. Custa você olhar pra mim como uma mulher, não como a irmã do goleiro do time que você treina? Que saco! - ela retrucou, sem paciência.
  - Ok, você é uma garota bonita, super legal, engraçada e tudo o mais, mas não tem como ficarmos juntos. Por mais que uma coisa não tenha nada a ver com a outra, o fato de você ter essa ligação com o vai ser sempre um empecilho; não me sentiria bem fazendo isso com ele.
  - Do jeito que você fala, até parece que eu sou a ex-namorada e você o melhor amigo do meu irmão.
  - Claro que não.
  - Quer saber, não vou insistir, você sabe o que faz. Só acho uma pena não termos tentando; teríamos dado certo juntos. - ela disse, derrotada, e se afastou. Na hora, sentiu-se culpado, mas não péde fazer nada; achava aquela atitude errada e não voltaria atrás.

  , ao sair de perto do garoto, foi correndo pra casa, sem se despedir de ninguém. Depois da decepção que tivera com , se trancar no quarto e não sair de lá por nada nesse mundo parecia a melhor solução. Apesar de saber que poderia ser rejeitada, em sua cabeça tudo daria certo e os dois passariam ótimos momentos juntos. Porém, o pior não era isso e sim o fato de que havia se declarado a ele, dito tudo o que sentia na esperança de que, sabendo de seus sentimentos, o rapaz passasse por cima de tudo e a olhasse como uma mulher, não como a irmã mais velha de .
  Passados quase cinquenta minutos, ligou para a amiga, que só foi atender após a dácima chamada.

  - O que foi, ? - perguntou, com a voz cansada.
  - Onde você está? Estamos te procurando para irmos embora.
  - Podem vir tranquilos, estou em casa.
  - O que aconteceu? você ta com uma voz péssima e o ta super sério.
  - Amanhã a gente conversa sobre isso, só vou te pedir pra me dar um toque quando estiver chegando em casa.
  - Pra quê?
  - Pra eu fingir que to dormindo. não quero que o veja o estado em que eu me encontro.
  - E o que eu digo para os seus pais? Eles vão querer saber por que você voltou mais cedo sem avisá-los.
  - Ah, diz que eu fiquei com sono e decidi vir antes de todo mundo.
  - Tudo bem, você é quem sabe. Fica bem, ta? - concordou e desligou o celular. Em seguida, apertou ainda mais o edredom contra seu corpo, na tentativa de dormir, o que só aconteceu uma hora depois, quando todos, incluindo e , já estavam deitados em suas camas, dormindo o sono dos justos.

  No dia seguinte, acordou por volta de 10h e viu que também estava acordado.

  - Bom dia. - ele disse, ao vê-la se levantar.
  - Bom dia. - ela respondeu, ainda meio sonolenta, se dirigindo ao banheiro, onde fez sua higiene matinal. Saiu quinze minutos depois, com uma toalha de banho e um roupéo nas mãos, indo para a piscina aquecida dar um mergulho.

  Era mais ou menos 10h35 quando se cansou da natação e decidiu sair da piscina, dando de cara com sentado numa espreguiçadeira.

  - Será que a gente podia conversar? - ele perguntou, enquanto ela pegava a toalha que havia levado e se enxugava.
  - Eu não tenho nada pra falar contigo. - disse, séria.
  - , por favor, eu não quero que fique esse clima estranho entre nós.
  - Tudo bem, , não temos nada a ser esclarecido. você já deixou claro que não quer ficar comigo por eu ser irmã do e eu entendi muito bem. Pode ficar com a consciência tranquila, sou adulta o suficiente pra encarar uma rejeição de cabeça erguida; você não foi o primeiro nem será o ultimo cara na face da Terra a me dar um fora.
  - Mas eu...
  - Chega, assunto encerrado. - ela disse e entrou, não dando a ele chance de resposta. Encontrou acordada e as duas conversaram sobre o ocorrido na noite anterior, além, é claro, de falarem sobre , que não resistiu aos encantos da melhor amiga da prima.

  Por volta de 16h, após o almoço e um rápido passeio pela cidade cinza, os jogadores do Vasco da Gama e seu treinador partiram para casa. Como esperado, ninguém desconfiou do que havia acontecido entre e .

  CINCO MESES E MEIO DEPOIS

  Passados mais de cinco meses, a vida de tomou um rumo inesperado: A garota, que havia prestado vestibular para Jornalismo na Universidade Federal Fluminense foi aprovada e teve que se mudar para o Rio de Janeiro, juntamente com , que decidiu cursar Moda. As duas amigas, em comum acordo com os pais, decidiram alugar um apartamento no centro da cidade para que não tivessem que procurar uma repéblica e conviver com pessoas que não conheciam. Com isso, e resolveram levar para morar com elas.
  No dia da mudança, vinte de fevereiro, foi ao clube conversar com os dirigentes sobre a transferência do irmão. Estava apreensiva quanto a um possível encontro com , já que apesar de ter se passado tanto tempo, tinha consciência de que o rapaz ainda mexia com ela.

  - , com quem eu falo sobre a sua mudança? - ela perguntou, ao encontrar-se com o irmão em São JanUério.
  - Acho que com o e o Leandro, responsável pelo alojamento.
  - Onde esse Leandro está?
  - Não sei, vou ver. - saiu e voltou dez minutos depois com ambos, Leandro e , em seu encalço.
  - Boa tarde, dona . Sou Leandro, responsável pelos garotos do alojamento. - o senhor de 70 anos e cabelos brancos disse, estendendo a mão direita.
  - Boa tarde, senhor. - ela disse, apertando cordialmente a mão que lhe foi estendida.
  - Oi . - disse, têmido.
  - Oi. - ela disse, sem conseguir encará-lo.
  - Então, o disse que você tem algo a me dizer. - Leandro disse, interrompendo o que poderia se transformar num momento constrangedor.
  - É verdade. Eu e uma amiga passamos no vestibular da UFF e vamos nos mudar pro Rio. Com isso, nossos pais acharam melhor que o venha morar com a gente, para deixá-los mais tranquilos.
  - Tudo bem, mas ele continua treinando, não é?
  - Sim, só tem um problema.
  - Qual?
  - Nós não vamos parar em casa e provavelmente vamos nos alimentar na universidade. Tem problema o clube continuar a fornecer as refeições pro ?
  - Olha, é meio complicado, já que ele passa a não ser mais nossa responsabilidade.
  - , na boa, por que não deixa as coisas como estáo? O papai e a mamãe vão gastar um dinheiro do caramba pra te manter aqui e ainda querem que eu me mude? é um gasto a mais. - se meteu.
  - Acontece que isso não depende de mim, . A mamãe quer você com a gente pra ficar menos preocupada.
  - Liga pra ela e diz que não tem necessidade, que eu vou ficar bem aqui e te chamo se precisar de qualquer coisa.
  - Ok, vou ver o que posso fazer. - ela se afastou e ligou para a mãe. Quinze minutos depois retornou para junto dos três e disse: - Tudo bem, você pode ficar morando aqui.
  - Graças a Deus. Posso voltar pro alojamento? - ele perguntou.
  - Pode. Antes me dá um beijo, né seu chato? - ela disse e o irmão a abraçou e beijou, além de bagunçar seu cabelo. Em seguida, retornou ao alojamento, onde foi jogar vídeo-game com os outros garotos.
  - Então, ele vai ficar mesmo? - Leandro perguntou, assim que saiu.
  - Sim, mil desculpas por tá-lo feito perder o seu tempo vindo aqui.
  - Tudo bem, se me dáo licença, preciso ir ao departamento médico. Tchau. - seu Leandro disse e saiu, deixando e sozinhos.
  - Er... Parabéns por ter passado no vestibular. - ele disse, envergonhado.
  - Obrigada. - ela disse, têmida.
  - Vai fazer que faculdade?
  - Jornalismo, e a vai cursar moda.
  - Nossa, que legal! Vamos poder nos ver sempre a partir de agora.
  - Por quê? - ela perguntou, confusa.
  - Eu estudo na UFF também, só que o meu curso é Educação Física.
  - Ah, é verdade. Agora eu tenho que ir, terminar a mudança.
  - Se você quiser, eu posso te ajudar. Já estava mesmo indo embora.
  - Não precisa se incomodar, eu e a damos conta de tudo.
  - Por favor, me deixa ajudar. Se for pra casa agora não vou ter nada pra fazer.
  - Ok, já que você insiste... Meu apartamento é no Leblon.
  - Meio longe daqui e da universidade, não acha?
  - Eu sei, mas foi o único lugar que conseguimos encontrar de ultima hora.
  - Tudo bem. - ele sorriu e foram de taxi até o apartamento das garotas, onde encontraram arrumando suas roupas super estilosas no armário de seu quarto; quando os viu, sorriu e cumprimentou , que imediatamente foi procurar algo pra fazer. Dessa forma a tarde passou, entre risos, brincadeiras, móveis arrastados e uma reclamação da vizinha de baixo. é noite, o garoto aproveitou para levá-las a uma pizzaria perto dali e o trio passou bons momentos juntos. Em seguida, deixou as garotas no apartamento e foi para sua casa, feliz por tá-las reencontrado.

  DUAS SEMANAS DEPOIS

  Duas semanas mais tarde e teve outra reviravolta em sua vida, dessa vez na área sentimental. Com o inicio das aulas no curso de Jornalismo, conheceu , uma garota com jeito de nerd, de personalidade meiga e romântica, que acabou se tornando sua amiga. Ela tinha um irmão chamado - garoto bonito, gentil, educado e divertido, estudante de Engenharia Mecatrônica e que gostava de rock alternativo - e a aproximação entre ele e foi acontecendo de forma natural, o que resultou em um inevitável relacionamento. Quanto a , apesar dos pesares, os dois se tornaram amigos e ela já nem se lembrava que ele havia lhe dispensado meses antes. porém, não podia negar que ele ainda mexia com seus sentimentos e sentia-se extremamente vulnerável.
  Se para as coisas estavam ainda um pouco confusas, para , a cada   dia que passava, mais claros seus sentimentos ficavam. A convivência com a filha mais velha dos possibilitou a ele que a conhecesse e admirasse, despertando nele uma forte atração. Quando pensou em se aproximar ela apareceu com um novo namorado, tornando tudo mais difícil, pelo menos a principio, mas ele não desanimou e foi é luta.
  No começo tentou se aproximar usando a velha tática do melhor amigo que um belo dia se declara, o que não funcionou, visto que ela não lhe dava abertura para tal. Resolveu, então, apostar no "admirador secreto" enviando flores, cartões, músicas que sabia que ela gostava, bombons e mais uma série de coisas, que não provocaram mais que uma ou outra briga entre e . Desmotivado, resolveu deixar pra lá e esperar que o tempo se encarregasse de colocar tudo no lugar.
  Um belo dia, durante uma festa da universidade promovida pela turma da Medicina, se surpreendeu ao ver aos beijos com o namorado; a forma como as coisas pareciam estar entre o casal deixaram-no enciumado. Igor, amigo do garoto e um dos anfitriões, pareceu perceber e foi falar com ele, no momento em que a música That Should Be Me, do Justin Bieber, começava a tocar.

  - é cara, deu mole. - ele disse, dando um tapinha nas costas do amigo, que mantinha os olhos fixos no casal.
  - Há? Por que ta dizendo isso? - perguntou, voltando a si.
  - Você não tira os olhos daquela garota, ta na cara que rolou ou ta rolando algo entre vocês e você ta se mordendo de ciúmes por vê-la com o .
  - Claro que não, Igor. Só estou vendo até que ponto ela vai por causa da bebida. - ele inventou a primeira desculpa que lhe veio é cabeça.
  - Ah ta, e eu sou o Justin Bieber. - Igor disse, irúnico.
  - Por falar nisso, quem foi o imbecil que colocou esse idiota na lista do DJ? ninguém merece!
  - É, mas até que essa música tem tudo a ver contigo. você é quem deveria estar no lugar do , beijando a e fazendo todas aquelas coisas bobas que casais apaixonados fazem.
  - Não viaja, irmão. não tem nada a ver o que você ta dizendo.
  - Tem certeza que não? Um passarinho me contou que a tentou ficar contigo meses atrás e você a dispensou por ela ser irmã de um dos goleiros do time que você treina.
  - Quem te falou isso? - perguntou, surpreso.
  - Sinto muito, eu conto o milagre, mas não falo o nome do santo.
  - Tudo bem, se não quer falar o problema é seu.
  - Na boa , se eu fosse você deixava de ser bobo e corria atrás, recuperava o tempo perdido.
  - E você acha que eu já não tentei fazer isso? O problema é que ela não ta nem aí pras coisas que eu fiz.
  - O que você fez? Aposto que não foi o suficiente.
  - Já tentei me aproximar como amigo, fiz o papel de admirador secreto, e nem assim ela largou o engomadinho do .
  - O negócio é ser direto, chegar até a e falar tudo o que você pensa, colocá-la na parede.
  - Não acho que essa seja uma boa ideia. As pessoas normalmente não gostam de serem pressionadas, com ela não seria diferente.
  - Acontece, querido amigo, que usar as táticas convencionais não está funcionando, portanto, é hora do tudo ou nada. Parte pra cima da gata e não a largue por nada nesse mundo.
  - Como eu vou fazer isso?
  - Por enquanto eu não sei, mas vou te ajudar. Agora, vê se controla esse ciúme e disfarça; as pessoas podem perceber e vai pegar mal pra ti. - o rapaz concordou e Igor foi atrás da namorada, deixando-o sozinho com seus pensamentos.

  UM MÊS E MEIO DEPOIS

  Um mês e meio depois da festa, a sorte de mudou. e tiveram uma briga feia por causa de uma ex-namorada do garoto, que ficava ligando para e a ameaçando; a tal garota dizia que se ela não terminasse com , sofreria as consequências, experimentaria toda a sua fúria. Assustada, decidiu conversar com o namorado a respeito, porém, a resposta obtida foi o oposto do esperado, já que ele se recusou a acreditar, dizendo que a ex-namorada era um amor de pessoa, jamais faria uma coisa dessas. Revoltada e magoada, pediu um tempo e se afastou, na esperança de que o namorado visse que estava errado e voltasse ao normal, o que não aconteceu, obviamente.
  Ao saber do ocorrido, viu aí a oportunidade perfeita para conquistá-la. Com a ajuda de Igor, bolou um plano praticamente infalível e tinha certeza de que muito em breve estaria em seus braços. Aproveitou um fim de semana em que os pais estariam viajando e deixou tudo preparado. Em seguida foi até o apartamento de , torcendo para que estivesse em casa. Tocou a campainha e esperou que alguém atendesse. Para sua surpresa, quem abriu a porta foi .

  - , o que você ta fazendo aqui? - perguntou, surpreso.
  - O que você ta fazendo aqui pergunto eu, .
  - Vim falar com a .
  - O que você quer com ela? - quis saber, num tom de arrogância.
  - Não é da sua conta. Ela ta aí ou não?
  - Não.
  - , quem é? - perguntou, de dentro do apartamento.
  - Ninguém, amor. - o namorado respondeu.
  - Não me chama de amor, já disse mil vezes que detesto isso. E outra, se não tem ninguém, por que a campainha tocou?
  - Deve ter sido o vento. - ele disse, sorrindo de lado para , que o olhava sério.
  - Ah, é? O vento agora tem mãos pra tocar a campainha? Anda logo, sai da frente. - ela disse, empurrando-o e dando de cara com o estudante de Educação Física. - ?
  - Oi , tudo bem?
  - Tudo ótimo, e você?
  - Melhor agora. - ele disse, abrindo um sorriso.
  - Então, o que te traz ao meu apartamento?
  - Na verdade...
  - Ei, se não perceberam eu estou aqui. - se meteu, voltando a atenção para si.
  - Fazendo não sei o que. Já te mandei embora, deveria ter ido há bastante tempo. - disse, de cara feia.
  - Acontece que eu ainda não terminei a nossa conversa.
  - Então a termine aí fora, sozinho. Vem , entra que aqui dentro está mais fresco. - ela disse, puxando o garoto para dentro do apartamento e deixando o ainda namorado do lado de fora, com cara de tacho.
  - Gostei de ver, colocou aquele babaca no lugar dele. - sorriu, ao se sentar no sofá da sala.
  - Estava precisando disso. anda me enchendo muito o saco, to ficando sem paciência. - disse, sentando-se ao lado dele.
  - Hum. A ta aí?
  - Não. Desde que o se mudou pra cá ela não para em casa, vive com o meu primo pra baixo e pra cima.
  - Sim, eu os tenho visto bem juntinhos na faculdade. Ele é da turma do Igor, né?
  - Aham, e a ta cada vez mais apaixonada. Mas vem cá, não foi pra perguntar da minha melhor amiga que você veio, foi?
  - Claro que não, vim te chamar pra sair.
  - Me chamar pra sair? E você quer ir pra onde?
  - Pensei em irmos ao show da Katy Perry. Um amigo ia com a namorada, mas ela passou mal e ele me deu os ingressos.
  - Hum, Katy Perry? Acho ótimo! Tava doida pra ir, mas o não queria me levar.
  - Então vai se arrumar.
  - Quanto tempo eu tenho?
  - Acho que uma meia hora.
  - Falou. - ela disse, rindo, e foi para o quarto, retornando exatos trinta e cinco minutos depois. A roupa escolhida por ela foi uma saia de cintura alta preta, camiseta branca por baixo de uma jaqueta estampada e pumps dourados de salto alto. O cabelo preto estava solto e liso.
  - Nossa, você ta linda!
  - Obrigada. Vamos?
  - Sim, meu carro está lá embaixo.
  - Uau, vamos de carro? não sabia que dirigia.
  - Há muitas coisas sobre mim que você não sabe. - ele disse, dando uma piscadinha misteriosa e saindo com ela em seu encalço. Ao chegarem ao térreo, viram o Honda Civic preto fosco dele estacionado em frente ao prédio e se dirigiram até o veiculo. Em seguida partiram para o show, chegando cerca de quarenta e cinco minutos depois.

  Durante mais ou menos uma hora o pseudo-casal conversou, riu e se divertiu, enquanto um DJ agitava a galera com um house psicodélico. Mais tarde, por volta de meia-noite, Katy Perry subiu ao palco contagiando a todos com suas músicas agitadas e letras divertidas durante duas horas seguidas.
  Terminado o show, foi levar em casa. No meio do caminho, porém, resolveu "sugerir" é garota que fossem para a casa dele.

  - , o que você acha de irmos lá pra casa? - perguntou, de repente.
  - Por quê? Qual o problema em voltarmos para o meu apartamento? - ela perguntou, confusa.
  - É que eu vi a e o saindo de uma boate e o clima entre eles tava pegando fogo. não acha melhor deixá-los é vontade?
  - Tudo bem, mas não seria problema eu dormir na sua casa? Digo, seus pais podem se incomodar e eu não quero ser um peso pra ninguém.
  - Meus pais foram viajar, só voltam semana que vem.
  - Tem certeza? Porque se for mentira eu vou ficar muito chateada contigo.
  - Você tem a minha palavra.
  - Ok então. - ela concordou e ele seguiu o rumo de sua casa, dando graças a Deus por sua desculpa esfarrapada ter funcionado.

  Chegaram ao apartamento quarenta minutos depois e pode observá-lo. A decoração era bem clean, com paredes em tons de bege e móveis marrons. A sala era decorada com quadros de paisagens e uma TV de quarenta e duas polegadas com home-theater imperava no meio do cômodo, que continha também dois sofás de madeira.

  - Uau, seu apartamento é lindo! - ela disse, admirada.
  - Gostou? Tudo coisa da minha mãe, ela é que cuida dessa parte.
  - Adorei, tem muito bom gosto.
  - Tem mesmo, é uma pena ela ter viajado, vocês iam adorar se conhecer. Quer alguma coisa? Vinho, cerveja, suco?
  - Um vinho seria uma boa. não bebemos nada a noite inteira.
  - Porque não quis. Eu te falei que não precisava ficar no refrigerante só por minha causa.
  - Ah ta, e qual a graça de beber sozinha?
  - Nenhuma, vai.
  - Então pronto. - sendo assim, não teve alternativa a não ser concordar e ir até a cozinha, pegar uma garrafa de vinho, duas taças e retornar a sala.
  - Um brinde a uma das noites mais divertidas da minha vida, é nossa amizade e ao fato de Katy Perry ter escrito uma das minhas músicas preferidas, I Kissed a Girl. - ele disse, erguendo sua taça.
  - Um brinde. - ela disse, retribuindo o gesto, e ambos se sentaram no sofá para conversar. Durante algum tempo o papo fluiu de maneira agradável e divertida, até que resolveu agir. Levantou-se, foi até o rádio e o ligou. A música que começou a tocar foi Find a Way, da banda Safetysuit.
  - Gosta dessa música?
  - Sim, mas por que ela ta tocando?
  - Sei lá, achei que merecíamos uma trilha sonora adequada.
  - Pra quê? O que você tá aprontando?
  - Não to aprontando nada, só fazendo o que deveria ter feito há muito tempo. - ele disse, aproximando-se dela devagar, pegando a taça que ainda estava em uma de suas mãos e colocando-a na mesa de centro.
  - Como assim? Do que você está falando?
  - Disso. - ele disse e a beijou. A princípio ela tentou lutar, batendo em seu peito, mas ele foi mais rápido e segurou seus braços com força, impedindo qualquer movimento da garota. Quando viu que não tinha como resistir, deixou-se levar, aproveitou o beijo o máximo que pode e só se afastou ao perceber que precisava de ar.
  - O que você fez, ? - ela perguntou, ainda se recuperando. - Eu tenho namorado!
  - E daí? Ele não ta aqui e você sequer gosta dele.
  - É claro que gosto! De onde você tirou que eu não gosto do ?
  - Não foi o que pareceu na sua casa.
  - Ta, mas o que isso importa pra você? Alias, por que ta fazendo isso? Há mais de oito meses atrás eu tentei ficar contigo e você disse que não podia porque eu era irmã do . O que te fez mudar de ideia?
  - Eu apenas percebi que você é muito mais do que a "irmã mais velha do ".   Desde que se mudou e nós passamos a conviver, eu pude ver que você não é só uma garota bonita e inteligente. é divertida, responsável, autêntica, sensível, distraída e tem mais um monte de qualidades que eu poderia enumerar, mas pra isso perderíamos a noite inteira e não é essa a minha intenção. O que eu quero dizer é que eu passei a te admirar de verdade e acho que me apaixonei, não foi nada planejado, mas aconteceu e eu to me sentindo um babaca por estar aqui te dizendo isso depois de ter te dado um fora.
  - Então quer dizer que é ridículo gostar de mim? Por que é que eu ainda perco meu tempo com você?
  - Claro que não, de forma alguma. O que eu quero dizer é que ta sendo estranho estar diante de você dizendo o que eu sinto. Sempre fui um cara que, apesar de não sair por aí espalhando as minhas conquistas, tive todas as garotas que quis e só namorei sério uma única vez, é difícil admitir que uma garota me conquistou do jeito que você fez, chegando ao ponto de me fazer mandar flores e pagar de admirador secreto esperando que você mandasse o pastar e olhasse pra mim como olhou a oito meses atrás.
  - Como é que é? você era o admirador secreto? - ela perguntou,surpresa.
  - Sim.
  - Não pode ser. você me fez brigar várias vezes com o por causa dos presentes e cartões e nunca chegou a dizer nada? O que você quer, hein ?
  - Você é o que eu quero.
  - Mas é errado! Eu tenho namorado, não posso traí-lo!
  - , esquece que o babaca do existe e fica comigo, pelo menos essa noite. Pode ser errado porque eu fui um idiota e você tem namorado? Pode, mas eu não to nem aí e sei que, do mesmo jeito que você tem mexido comigo, em algum lugar aí dentro, o que você sentia está guardado.
  - Mesmo assim. E ainda tem a Univ...
  - Quer saber, problema seu se não concorda comigo, só tenho uma coisa a te pedir: Será que nós podemos estar errados esta noite? Pensar apenas em nós dois, sem se importar com o resto do mundo? Caramba, é tão difícil assim esquecer os outros e pensar só em você, nos seus desejos? - ele disse e em resposta ela o beijou.

  O beijo, que começou lento e calmo, se transformou em algo urgente, transbordando desejo. não demorou muito e já estavam no quarto do garoto, suas roupas jogadas em algum lugar do cômodo, enquanto sentiam um ao outro pela primeira vez. O que não imaginavam é que poderia ser a primeira e última vez.

  NO DIA SEGUINTE...

  No dia seguinte, ao acordar por volta de 11h, sentiu a cama vazia no lugar em que antes estava . Curioso, levantou, vestiu suas roupas e foi procurar por ela no restante da casa, porém, o que encontrou foi apenas um bilhete da garota, que dizia o seguinte:

  "Querido ,
  Me desculpe por sair sem ao menos me despedir. Acontece que recebi uma ligação da Universidade de Cambridge - na Inglaterra - há algumas semanas, na qual fui informada de que devo me apresentar daqui a dois dias para o inicio das aulas no curso de Jornalismo. Esse é um sonho antigo que eu venho tentando concretizar em segredo há alguns muitos anos, mas só agora tive a oportunidade. Embarco hoje no voo das 13h da British Airlines.
  Beijos, .

  P.S. Sinto muito se fui egoísta em não te contar sobre essa viagem, mas depois do que foi dito ontem é noite, eu precisava te ter ao menos uma vez para ter certeza de que tudo não passou de um sonho. Talvez você esteja com raiva de mim nesse exato momento - e eu te entendo perfeitamente por isso -, porém, quero que saiba que essa foi uma das noites mais maravilhosas da minha vida e vai ficar guardada em minha memória. não posso prometer que ficaremos juntos para sempre, mas se quiser e ainda estiver disponível, quando eu voltar daqui a quatro anos, podemos nos encontrar e retomar nossa história do ponto em que paramos. Fique com Deus e até qualquer dia."

  Ao terminar de ler, sentiu-se mal. Então ela estava indo embora depois de tudo que havia acontecido entre eles? Olhou o relógio e viu que já era 11h10. Arrumou-se o mais rápido que pode e foi para o aeroporto. No caminho, pegou um engarrafamento e, ao chegar lá, encontrou somente e olhando pelo vidro enquanto o avião que levava rumo a uma nova vida decolava.

FIM



Comentários da autora


  Oi gente, tudo bem? Aqui está mais uma fanfic pra entreter ou entediar vocês. Sei que essa história tem muitas falhas - e eu peço desculpas por todas elas -, mas uma amiga minha ficou enchendo tanto o saco pra eu mandá-la que aqui está. Se vocês gostarem, é provável que uma continuação seja escrita, porém, só deverá ser postada em Janeiro, quando acaba toda essa tormenta de vestibular, Enem e afins que tá a minha vida. Beijinhos e até a próxima.

  P.S. Eu não tenho nada contra o Restart, respeito quem faz um som no estilo deles - caso alguém tenha se ofendido com a forma como falei sobre a banda. Apenas os citei como um colega meu, que é adepto da "geração rock anos 80", o faria.